quinta-feira, 10 de julho de 2014

Argentina na final

Para mim, vergonhosa é a expressão mais leve que pode ser usada para expressar o comportamento de parte de nossa imprensa e seus comentaristas de araque.
Vergonhosa por que, ao contrário de incentivarem a união das pessoas, dos povos, etc. acabam sendo os principais incentivadores de um comportamento que, mais cedo ou mais tarde, irá descambar para discussões, agressões, barbárie, etc.
Refiro-me, especificamente, ao comportamento de gente como o tal de Mano, que não apenas se acha, mas foi contratado pela FoxSports2 para comentar os jogos da Copa do Mundo, entre os quais o de ontem, entre Holanda e Argentina.
Pois, durante toda a Copa, optei por acompanhar as transmissões divertidas, bem humoradas, engraçadas, diferentes e, como diz o Paulo Bonfá, totalmente excelentes daquele canal. E, mesmo que em algumas ocasiões tivesse restrições a uma ou outra brincadeira ou piada ou comentário, a verdade é que cheguei a recomendar a amigos que assistissem ao canal.
Mas ontem não consegui mais me conter e mudei de canal. Por culpa do tal Mano que de engraçado ou divertido não tem absolutamente nada. E que pelo visto nada entende de futebol, a julgar pelos "sábios" comentários com que nos brindou.
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Que as pessoas brinquem e gozem e torçam contra os "hermanos" argentinos faz parte da própria disputa e das gozações que envolvem o futebol e qualquer competição esportiva.
Assim, acho muito divertido o comentário do Zé Simão, na Folha, quando diz que está correndo risco de ser preso por falsidade ideológica, por já ter assumido nessa Copa a nacionalidade iraniana, suíça, belga, holandesa, ou seja de cada um dos adversários da seleção argentina.
De Zé Simão não é de se esperar outra coisa, senão humor de qualidade. Leve. Que a mim, e admito até que possa estar enganado, parece ser apenas uma gozação, uma forma de brincar com nossos vizinhos, os argentinos, sem mais qualquer outro ranço.
Mesmo quando ele brinca, como o fez ontem, que a rainha Holanda ficaria dividida por ser de nacionalidade argentina. E completa dizendo que se vê sua nacionalidade pelo próprio nome: Máxima. Como todo argentino que se acha o máximo.
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Na transmissão da FoxSports2 ontem, contando com a presença de Murilo Couto, a quem acho bastante engraçado, houve um momento, logo no início do jogo que o comediante perguntou se tinha de comentar de forma isenta ou poderia torcer. A resposta que obteve, de que poderia fazer o que quisesse, inclusive torcer, foi seguida de um "vamos Holanda" que me pareceu apenas mais um outra gozação.
Mas talvez por não suportar a concorrência de alguém que sabe fazer humor, e que roubaria a cena, o tal Mano, presente na transmissão como comentarista esportivo, resolveu que ia torcer também. E fazendo comentários de quem ou não estava enxergando o jogo, ou não sabendo brincar e fazer piadas, resolveu apelar e ficar todo o tempo criticando a Argentina.
Fazendo considerações sobre o jogo que traziam a marca, não disfarçada, de uma rivalidade com os hermanos, que supera a mera zoeira esportiva.
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Mudei de canal, ontem, e não voltaria a ver nem a recomendar a qualquer pessoa assistir a qualquer programa em que esse infeliz participasse.
Mas, infelizmente não é apenas esse comentarista que tem feito comentários tão rancorosos em relação a nossos vizinhos.
Datena, na Band, também faz comentários que parecem mais próximos ao menosprezo aos argentinos, que a uma gozação nos limites do futebol.
E não é apenas o Datena que adota tal postura, já que os comentários que ele costuma adotar em seu Brasil Urgente são sempre muito curiosos: embora nunca digam claramente certas coisas que poderiam ser consideradas como induzindo à violência ou capazes de insuflar o povo a, por exemplo, fazer justiça com as próprias mãos, percebe-se que, nas entrelinhas é esse o conteúdo de suas opiniões. Ou esse o risco que essas opiniões podem suscitar.
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Em relação ao futebol, e particularmente quanto ao jogo de ontem, a Argentina, que tinha uma defesa considerada muito fraca e um ataque infernal, embora ontem completamente desfalcado e desfigurado, deu ontem uma aula tática, abrindo mão de um ataque mais agudo para procurar cercar o meio de campo, de forma a blindar mais sua defesa.
Ao dar um nó no meio campo da Holanda, já que até Messi ficou por ali, marcando e fechando espaços, surpreendeu a Holanda que não encontrou qualquer brecha para suas investidas pelas pontas, a ponto de ter apenas uma oportunidade real de perigo durante todos os 90 minutos de jogo.
Na prorrogação, o sempre perigoso Robben, teve mais uma oportunidade, mais em decorrência do cansaço dos zagueiros argentinos e do excelente e impressionante vigor físico do holandês.
Jogando com a defesa protegida, e mais compacta, a Argentina conseguiu encurralar a Holanda em seu campo, trocando passes até que surgissem, como aconteceu, quatro oportunidades de ataque, em que levaram perigo ao gol da seleção laranja.
Até esse momento, confesso que não conseguia me definir em relação à qual das seleções eu torcia para chegar à grande final de domingo, contra a fortíssima e embalada seleção alemã.
Foi na cobrança de pênaltis que me defini, torcendo pela Argentina tão somente porque, em minha opinião, foi quem mais fez por merecer durante todo o jogo. Embora Denílson, na Band, tivesse dito que a Holanda foi melhor.
E o goleirão mão de manteiga da Argentina acabou calando a boca de tantos que o criticaram, mostrando porque é o goleiro da seleção hermana e assegurando a passagem para a final.
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Foi um jogão e, até por minha origem sul-americana, deveria torcer para a Argentina na final de domingo.
Mas, confesso que depois de ter visto o show de bola que a máquina alemã deu, na partida contra o Brasil, fico pensando em que, mesmo mais inclinado a torcer por nossos vizinhos, seria uma injustiça que a Alemanha não levasse o troféu.
Concluo, então, que o melhor é assistir ao jogo, como quem gosta de futebol, e torcendo para que o futebol seja o grande vencedor do confronto. E, para não fugir à obviedade e ao lugar comum, que ganhe o time que se apresentar melhor em campo.

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