segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pitacos do retorno do futebol para o consumo interno. Falhas do Galo, Marias voando e Dunga

Se o segundo tempo do Galo contra o Lanús, na quarta-feira passada, na Argentina, encheu a todos nós atleticanos de esperança,  resultado do futebol de alta qualidade e toques rápidos que foi praticado, a partida de sábado, contra o Bahia voltou a acender as luzes de advertência.
E não porque o Galo vai jogar contra um time argentino, o que torna o jogo sempre um perigo, já que os times argentinos são considerados "encardidos", como vários comentaristas andaram falando.
O problema maior é que o Atlético continua apresentando uma série de deficiências e, analisando friamente, é até difícil apontar um setor que não esteja funcionando a contento.
Se em Lanús, no primeiro tempo, o time errou muitos passes e Ronaldinho Gaúcho foi figura completamente nula em campo, ao menos o meio-campo com Pierre e Donizete jogou firme, sério, espanando a bola como desse, de acordo com a filosofia de que "bola para o mato, se o jogo é de campeonato".
Marcos Rocha, em sua volta depois da contusão foi, mais uma vez e para mim, sem qualquer surpresa, um dos principais, senão o melhor jogador do time. Emerson Conceição jogou como sempre, deixando todos nós torcedores, e seus companheiros muito inseguros.
No ataque, além de Ronaldinho apagado, Tardelli jogava de forma bisonha, e Maicosuel mostrava disposição e dava alento à torcida.
No segundo tempo, entretanto, com a entrada de Jô, no lugar de um André apagado, e Guilherme, no lugar de R10, armando jogadas e, principalmente colocando a bola no chão e saindo jogando, o Galo melhorou muito, inclusive com Tardelli voltando a apresentar o futebol brilhante que o consagrou como ídolo da Massa.
Mas no Independência, no sábado, o time completamente desfigurado foi muito frágil. Abusou de errar passes, mesmo com Guilherme em campo, compondo o ataque com Jô e Maicosuel.
O meio campo, de Eduardo, que achei que de muito inseguro no primeiro tempo, transformou-se em jogador perigoso, sempre tentando fazer jogadas de efeito e sem objetividade, ou como os comentaristas estão dizendo hoje, sem ser agudo.
Marcos Rocha continuou jogando um bolão, mas o resto da defesa, talvez sentindo a falta de proteção do meio falhou em algumas jogadas, poucas, o que valeu, inclusive que o Bahia saísse na frente no marcador. Em um gol com falha de toda a defesa, de Alex Silva que não deu combate e foi se afastando para trás, até o momento em que pulou virando-se de costas, o que acho um absurdo para qualquer defensor. Pior, no meio da área, nem Jemerson, nem Leo Silva estavam marcando o defensor baiano, Titi, que pulou sozinho. Para piorar as coisas, embora fosse um bola muito difícil, achei que Victor foi dar um golpe de vista, evitando de atirar-se na bola.
Na volta para o segundo tempo, novamente Levir mexeu para valer, e a entrada de Luan pôs fogo no jogo e no time, que conseguiu empatar e dar um sufoco no Bahia.
Entretanto, isso acabou forçando o time a se abrir e, embora o meio-campo passasse a acertar os passes, o que já representou uma melhora notável, Eduardo continuava querendo enfeitar e dar toques de classe, e o miolo de defesa continuou inseguro, falhando muito, por falta de maior proteção na cabeça de área.
Curiosamente, Guilherme não jogou bem, deixando muito a desejar e a entrada de Pedro Botelho, se deu mais força às jogadas de ataque, acabou deixando vazios que Barbio acabou tentando explorar.
Não fora Victor, reabilitando-se plenamente, o Bahia poderia ter marcado ao menos dois gols em jogada de contra-ataque, mostrando como que um ataque leve, ágil, rápido coloca nossa defesa pesada em situação sempre de intranquilidade.
Bem, ao menos arrancamos um empate, o que é muito pouco para quem tem qualquer pretensão de obter uma classificação que permita voltar a disputar a Libertadores. Quanto ao título, embora ainda haja muita água a rolar, até o final da 38ª rodada, há que se admitir que está ficando cada vez mais distante.
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E a razão, infelizmente, é que o Cruzeiro, nosso maior e pior rival, está sobrando. Voando em campo. Como se o time fosse o único que tivesse levado a sério e se aproveitado do período de interrupção em decorrência da Copa. O que apenas demonstra o que é uma gestão séria e profissional.
Afinal, o Cruzeiro manteve praticamente todo o plantel campeão no ano passado. Marcelo Oliveira mostra cada vez mais o excelente técnico que é. O time ainda andou se reforçando, logo ele que já tem o que muitos consideram o elenco mais forte e equilibrado dos times da série A do futebol brasileiro.
Infelizmente, é preciso admitir, ainda tem o ataque mais acertado e com maior número de gols, e o artilheiro, Ricardo Goulart, que está também jogando em altíssimo nível.
Pena, porque estão em uma disparada no campeonato que vai tornar muito difícil, a continuar assim, que algum time consiga tirar a diferença de pontos que já vão abrindo.
O que não indica que a defesa esteja bem, e que no jogo de ontem, o resultado tenha sido justo, já que o Palmeiras parece, pelo que alguns analistas comentaram, ter jogado melhor no segundo tempo.
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Não estou virando casaca. E já estou secando o time de Marias, desde logo.
Mas, que dá para ficar muito chateado, ao ouvir Alexandre Kalil dizer que o torcedor que esperava reforços é bobo, uma vez que os reforços já estão no clube, em seu Departamento Médico, não tem comentário. Afinal, esse é o nosso presidente, e um time que tem um presidente que já está se tornando folclórico, tamanha a sua verborragia e declarações destemperadas, não pode almejar coisa muito diferente do que temos assistido.
Porque uma coisa é ser passional, torcedor, campeão, outra diferente é ser arrogante e pensar que o torcedor não merece mais respeito e consideração.
Parece que o presidente que tanto defendeu, xingou a torcida que não desejava e era contra, e tanto tempo perdeu com a contratação de Autuori, não aprende mesmo.

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O novo técnico da seleção

Depois de convidar Gilmar Rinaldi para coordenador técnico da seleção, embora o ex-jogador não tivesse qualquer credencial para ocupar o cargo, a imprensa está anunciando a volta de Dunga para a seleção brasileira.
Dunga, que chegou a técnico da seleção principal sem qualquer experiência anterior na função, embora tenha mostrado algum preparo, mostrou também uma prepotência e arrogância que acabaram por causar problemas. Problemas que abrangem desde a convocação de um grupo fechado por antecipação, formado menos pela qualidade dos jogadores mas como forma de homenagear os jogadores mais fiéis ao treinador e deixando de lado, por pura teimosia, jogadores que estavam muito melhores tecnicamente, como foi o caso de Ganso e Neymar.
Se os  números de Dunga na seleção não são ruins, muito ao contrário, o problema maior do treinador, além dessa característica muito aplaudida de ser cabeça dura, travestida sob o nome de profissional de opinião própria e autonomia, é estar vinculado a toda uma situação que se queria implodida na CBF, o que faz com que a torcida pelo êxito de seu trabalho, acabe sendo reforçar essa estrutura carcomida e corrupta que vem, há anos, dominando a CBF e que já passou da área de ser detonada. De tão podre que se encontra.

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