LUTO
Que se faça uma postagem sem qualquer referência a mais uma vergonha decorrente da Copa, como a queda da alça do viaduto da Pedro I, cuja obra foi apressada para que pudesse ser entregue ainda a tempo da realização dos jogos...?
Que mais uma vez, sabe-se lá porque os deuses resolveram que seria em BH que a tragédia iria ter lugar, punindo trabalhadores, pais e mães de família, deixando crianças órfãs...?
(Que as famílias das vítimas possam ter a força e o conforto necessários para enfrentarem esse terrível momento por que estão passando...)
***
Mas como é possível entender...
Que a mídia brasileira, que tanto
criticou o ranking das seleções de futebol criado e divulgado pela FIFA,
alegando entre outras razões a ausência de critérios claros e passíveis de
verificação, sem conseguir disfarçar sua insatisfação com a péssima colocação
do Brasil, agora patrocina o maior carnaval para repercutir o absurdo de David
Luiz, nosso zagueiro ter sido escolhido o melhor jogador da Copa até a fase de
oitavas?
Que David Luiz, que em minha
opinião devia até ser advertido por conduta antidesportiva, já que saiu
comemorando como se fosse ele, o autor de um gol em que não conseguiu alcançar
a bola, tocada contra as próprias redes por um jogador chileno, foi apontado como sendo superior a jogadores
do porte de Messi, o próprio Neymar Jr. e James Rodriguez? Logo ele, que nem
mesmo foi eleito o melhor jogador das partidas em que esteve em campo, já que
Neymar foi considerado – injustamente, em minha opinião - o melhor contra a
Croácia, prêmio que deveria ter sido dado a Oscar? Isso para não dizer que
Messi foi eleito o melhor em campo em todas as partidas da Argentina, e que o
jovem colombiano foi, ao menos o autor das jogadas plasticamente mais
elogiadas, inclusive do gol mais bonito?
Que estejam, agora, cobrando de
Felipão o fato de ele ser turrão, estar desatualizado, logo ele cujo currículo
inclui como uma de suas últimas conquistas o fato de ter conseguido rebaixar o
Palmeiras para a segunda divisão do futebol nacional?
Que a mídia esteja cobrando
de Felipão o fato de ter jogado uma responsabilidade muito grande sobre os
ombros de seus comandados; logo ele que, quando assumiu a vaga de Mano, em um
golpe sujo de que fez parte, como é comum dizer, levemente constrangido, deu
uma declaração de que, jogando em casa, com o apoio da torcida, era dever o
time brasileiro ser o campeão mundial, o que fez a imprensa comemorar que agora
tínhamos no comando técnico do time, um experimentado vencedor, com discurso de
vencedor?
Que toda a imprensa, que para
combater o governo de plantão e a presidenta candidata á reeleição apostou em
que a Copa do Mundo seria um fracasso, com baderna, desordem, manifestações
populares temperadas por atos de vandalismo e reação policial violenta;
mobilidade urbana completamente caótica, tanto no transporte das seleções nas
cidades, quanto em seus deslocamentos entre as cidades-sedes das realização dos
jogos; fique agora surpresa com o fato
de que nenhuma de suas apostas se viabilizou. Que muito ao contrário a
realização da Copa está se dando de forma tal que tanto a FIFA e os
responsáveis pela organização dos eventos, quanto toda a imprensa mundial se
curvem para reconhecer que estamos realizando senão a melhor, uma das melhores
Copas de todos os tempos.
E como não entender então, que
depois de terem vendido o caos em pílulas diárias, a imprensa de forma geral,
ou alguns de seus órgãos estarem atônito com o resultado da última pesquisa
eleitoral que trouxe a novidade de que a população, não tendo visto as
labaredas de fogo tomar conta do circo, ou nem mesmo terem visto de perto o
circo e seu picadeiro, passaram a atribuir o bom ambiente que tem caracterizado
os jogos ao governo, à presidenta que, por esse motivo, apresenta crescimento
nas suas intenções de voto?
Que o fato de Joaquim Barbosa ter
pedido, voluntária e precocemente, sua aposentadoria do Supremo, agora que já
se preparava para abandonar a cadeira de presidente daquela Corte, em que tanto
abusou de seu poder passageiro e temporário, não indica nenhum golpe ou
tentativa de tomada de poder de assalto?
Que sua saída expressa apenas e tão
somente seu inegável medo de cair no ostracismo, ele que por meios autoritários
e não necessariamente justos, presidiu o Poder Judiciário a que pertencia,
indicado exatamente pelo partido que agora alegam estar tramando um golpe
contra nossas instituições?
Que em um país em que é unânime o
diagnóstico de que a Educação caracteriza a principal mazela de nosso povo,
aqueles que pautaram sua vida e sua conduta na incansável luta pela melhoria da
qualidade da educação, como são exemplos, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro,
Leonel Brizola, Cristovam Buarque sejam ignorados ou condenados ao
esquecimento?
Que a noção de respeito às
instituições, uma das noções mais caras e cultivadas das repúblicas
democráticas modernas, e que nos Estados Unidos, por exemplo, reservam o
tratamento de presidente por todo o período restante de vida, a todo aquele que
já ocupou o cargo maior do Poder Executivo, por vontade expressa de seus
cidadãos, aqui no Brasil seja tão desprezada, a
ponto de ex-presidentes terem um tratamento sem qualquer respeito e até
uma presidenta, no exercício do cargo, ser alvo de palavrões e ataques que
apenas desmerecem aqueles que os protagonizaram?
Que os autores e partidários do
Plano Real, que comemorou 20 anos nesse início de julho, venham a público para
criticar a política econômica do atual governo, acusando a equipe econômica de
estar deixando a inflação escapar a seu controle, por força de o índice do
IPCA, que mede a aceleração dos preços, estar há mais de três anos muito superior à
meta prometida à sociedade, e perigosamente próxima do teto do intervalo de
confiança do sistema de metas? Logo eles que, não satisfeitos de quebrarem o
país em 2002, por força de um câmbio completamente equivocado, entregaram uma
inflação que atingiu a mais de 12,53% no último ano de seu (des)governo.
Que no último ano de mandato do
PSDB e do presidente FHC, não apenas o IPCA apresentou variação de mais de
12,5%, como o próprio INPC também variou mais de 14%, o IGPM mais de 25,3% e o
IGP-DI mais de 26,4%, índices que revelam a ocorrência de uma significativa
dispersão dos preços e, portanto, conforme afirmação de Pérsio Arida ao jornal
Valor Econômico, uma séria anomalia no
funcionamento do sistema de preços - pilar de sustentação do sistema de
mercado, mas que nem por isso foi objeto de qualquer alerta ou consideração,
naquela oportunidade, como a inflação que se projeta de 6,46% (medida pelo
IPCA) para esse ano de 2014.
Que é sempre melhor sentar no
próprio rabo e ficar dando opiniões em relação ao dos outros, especialmente se
os outros são nossos adversários...
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