sexta-feira, 4 de julho de 2014

Como é possível entender????

LUTO

Que se faça uma postagem sem qualquer referência a mais uma vergonha decorrente da Copa, como a queda da alça do viaduto da Pedro I, cuja obra foi apressada para que pudesse ser entregue ainda a tempo da realização dos jogos...? 
Que mais uma vez, sabe-se lá porque os deuses resolveram que seria em BH que a tragédia iria ter lugar, punindo trabalhadores, pais e mães de família, deixando crianças órfãs...?

(Que as famílias das vítimas possam ter a força e o conforto necessários para enfrentarem esse terrível momento por que estão passando...)

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Mas como é possível entender...

Que a mídia brasileira, que tanto criticou o ranking das seleções de futebol criado e divulgado pela FIFA, alegando entre outras razões a ausência de critérios claros e passíveis de verificação, sem conseguir disfarçar sua insatisfação com a péssima colocação do Brasil, agora patrocina o maior carnaval para repercutir o absurdo de David Luiz, nosso zagueiro ter sido escolhido o melhor jogador da Copa até a fase de oitavas?

Que David Luiz, que em minha opinião devia até ser advertido por conduta antidesportiva, já que saiu comemorando como se fosse ele, o autor de um gol em que não conseguiu alcançar a bola, tocada contra as próprias redes por um jogador chileno,  foi apontado como sendo superior a jogadores do porte de Messi, o próprio Neymar Jr. e James Rodriguez? Logo ele, que nem mesmo foi eleito o melhor jogador das partidas em que esteve em campo, já que Neymar foi considerado – injustamente, em minha opinião - o melhor contra a Croácia, prêmio que deveria ter sido dado a Oscar? Isso para não dizer que Messi foi eleito o melhor em campo em todas as partidas da Argentina, e que o jovem colombiano foi, ao menos o autor das jogadas plasticamente mais elogiadas, inclusive do gol mais bonito?

Que estejam, agora, cobrando de Felipão o fato de ele ser turrão, estar desatualizado, logo ele cujo currículo inclui como uma de suas últimas conquistas o fato de ter conseguido rebaixar o Palmeiras para a segunda divisão do futebol nacional?

Que a mídia esteja  cobrando de Felipão o fato de ter jogado uma responsabilidade muito grande sobre os ombros de seus comandados; logo ele que, quando assumiu a vaga de Mano, em um golpe sujo de que fez parte, como é comum dizer, levemente constrangido, deu uma declaração de que, jogando em casa, com o apoio da torcida, era dever o time brasileiro ser o campeão mundial, o que fez a imprensa comemorar que agora tínhamos no comando técnico do time, um experimentado vencedor, com discurso de vencedor?

Que toda a imprensa, que para combater o governo de plantão e a presidenta candidata á reeleição apostou em que a Copa do Mundo seria um fracasso, com baderna, desordem, manifestações populares temperadas por atos de vandalismo e reação policial violenta; mobilidade urbana completamente caótica, tanto no transporte das seleções nas cidades, quanto em seus deslocamentos entre as cidades-sedes das realização dos jogos; fique  agora surpresa com o fato de que nenhuma de suas apostas se viabilizou. Que muito ao contrário a realização da Copa está se dando de forma tal que tanto a FIFA e os responsáveis pela organização dos eventos, quanto toda a imprensa mundial se curvem para reconhecer que estamos realizando senão a melhor, uma das melhores Copas de todos os tempos.

E como não entender então, que depois de terem vendido o caos em pílulas diárias, a imprensa de forma geral, ou alguns de seus órgãos estarem atônito com o resultado da última pesquisa eleitoral que trouxe a novidade de que a população, não tendo visto as labaredas de fogo tomar conta do circo, ou nem mesmo terem visto de perto o circo e seu picadeiro, passaram a atribuir o bom ambiente que tem caracterizado os jogos ao governo, à presidenta que, por esse motivo, apresenta crescimento nas suas intenções de voto?

Que o fato de Joaquim Barbosa ter pedido, voluntária e precocemente, sua aposentadoria do Supremo, agora que já se preparava para abandonar a cadeira de presidente daquela Corte, em que tanto abusou de seu poder passageiro e temporário, não indica nenhum golpe ou tentativa de tomada de poder de assalto? 

Que sua saída expressa apenas e tão somente seu inegável medo de cair no ostracismo, ele que por meios autoritários e não necessariamente justos, presidiu o Poder Judiciário a que pertencia, indicado exatamente pelo partido que agora alegam estar tramando um golpe contra nossas instituições?

Que em um país em que é unânime o diagnóstico de que a Educação caracteriza a principal mazela de nosso povo, aqueles que pautaram sua vida e sua conduta na incansável luta pela melhoria da qualidade da educação, como são exemplos, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, Cristovam Buarque sejam ignorados ou condenados ao esquecimento?

Que a noção de respeito às instituições, uma das noções mais caras e cultivadas das repúblicas democráticas modernas, e que nos Estados Unidos, por exemplo, reservam o tratamento de presidente por todo o período restante de vida, a todo aquele que já ocupou o cargo maior do Poder Executivo, por vontade expressa de seus cidadãos, aqui no Brasil seja tão desprezada, a  ponto de ex-presidentes terem um tratamento sem qualquer respeito e até uma presidenta, no exercício do cargo, ser alvo de palavrões e ataques que apenas desmerecem aqueles que os protagonizaram?

Que os autores e partidários do Plano Real, que comemorou 20 anos nesse início de julho, venham a público para criticar a política econômica do atual governo, acusando a equipe econômica de estar deixando a inflação escapar a seu controle, por força de o índice do IPCA, que mede a aceleração dos preços,  estar há mais de três anos muito superior à meta prometida à sociedade, e perigosamente próxima do teto do intervalo de confiança do sistema de metas? Logo eles que, não satisfeitos de quebrarem o país em 2002, por força de um câmbio completamente equivocado, entregaram uma inflação que atingiu a mais de 12,53% no último ano de seu (des)governo.

Que no último ano de mandato do PSDB e do presidente FHC, não apenas o IPCA apresentou variação de mais de 12,5%, como o próprio INPC também variou mais de 14%, o IGPM mais de 25,3% e o IGP-DI mais de 26,4%, índices que revelam a ocorrência de uma significativa dispersão dos preços e, portanto, conforme afirmação de Pérsio Arida ao jornal Valor Econômico,  uma séria anomalia no funcionamento do sistema de preços - pilar de sustentação do sistema de mercado, mas que nem por isso foi objeto de qualquer alerta ou consideração, naquela oportunidade, como a inflação que se projeta de 6,46% (medida pelo IPCA) para esse ano de 2014.


Que é sempre melhor sentar no próprio rabo e ficar dando opiniões em relação ao dos outros, especialmente se os outros são nossos adversários...

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