quinta-feira, 31 de julho de 2014

Questões de educação e conhecimento: os fazeres e os seres

Rosely Sayão, psicóloga e colunista também da Folha de São Paulo (caderno Cotidiano, todas as terças feiras) tratou em sua última coluna, intitulada de Ser e Fazer, de uma questão muito interessante e contraditória, ou para usar a sua expressão, equivocada. A questão é a de que, por nossos exemplos, temos transmitido aos mais jovens a impressão de que a coisa mais importante em nossa vida é o trabalho, o que dá um destaque significativo à vida profissional e a toda a preparação que deve ser feita para permitir e assegurar a cada um a realização nessa pequena dimensão de nossa vida pessoal.
A autora não desconhece a importância do trabalho em nossa vida, seja por assegurar nossa sobrevivência, seja por permitir que por meio dele possamos interferir na vida em grupo e até obter reconhecimento social. Entretanto, assinala que é por nossa vida pessoal, conceito de maior amplitude, que estamos em condições de realizar nosso potencial produtivo e não o contrário, o que pode ser ilustrado pelo fato de algumas pessoas poderem passar certo período de tempo sem exercer uma atividade profissional, e ainda assim, conseguirem suportar o lapso de tempo até que nova atividade remunerada seja encontrada, em razão de continuarem dando curso a sua vida pessoal.
Segundo ela, a vida profissional, equiparado ao fazer, por mais importante que seja, não pode se sobrepor ao Ser, identificado a nossa vida pessoal.
Em sua argumentação trata de várias situações de pessoas que, já formadas e no exercício de uma profissão, acabam descobrindo novas áreas de interesse, novos campos de atuação que as leva a mudar o rumo de seus fazeres, e permite que se realizem de forma mais completa como seres humanos. Afinal, como ela coloca, cada profissão pode ser exercida em uma variedade muito grande de campos e o que devemos ter sempre em mente é que a escolha do curso universitário, por exemplo, ou de uma formação qualquer voltada para o trabalho, não pode restringir a vida profissional, senão ampliá-la.
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No caso de Rosely, mais preocupada em cuidar de problemas dos jovens e de suas escolhas, principalmente aquelas relativas a que curso fazer, para que curso prestar vestibular e se preparar, a abordagem que amplia e não restringe as escolhas, a abordagem que permite aos jovens perceberem que a escolha de uma profissão não pode ser considerada uma camisa de força, etc. além de valorizar mais o que cada um é em essência que aquilo que faz ou poderia vir a fazer, tiraria dos ombros de cada um deles uma grande responsabilidade, causadora de tensão e angústia.
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Na mesma direção, mas em outro contexto, assisti ontem a palestra promovida pelo prof. Dr. Renato Janine Ribeiro, da USP, em que uma das questões por ele abordadas foi a da inclusão social, especialmente aquela de raiz, ou seja a inclusão pela educação, diferente da inclusão importante, mas efêmera pelo consumo.
Chamo de raiz, porque concordo com ele que a educação, ao contrário dos demais bens de consumo, é aquilo que ninguém pode nunca mais nos tirar, uma vez obtida.
Aliás, esse sempre foi meu discurso, em relação ao comportamento frente a um assalto e à reação que muitos que já experimentaram essa situação alegam ter de impotência, de pequenez, por ter seus valores tão arduamente conquistados retirados de sua posse.
Sempre afirmei, mesmo que apenas por uma questão de marcar posição, que desde que me levassem os bens materiais, não me sentiria afetada, já que esses, com meu trabalho e conhecimento e preparo, seria capaz de obter novamente. Não poderiam, entretanto, levar de mim, aquilo que sou, meu cérebro, meu corpo, meu espírito.
Mas, Janine Ribeiro, em certo momento tratava exatamente do fato de que estamos em salas de aulas - a palestra era para o grupo de professores dos cursos superiores do Centro Universitário UNA - formando e treinando, muitas vezes, profissionais, quando o curso superior deveria ter como preocupação maior, formar pessoas de forma inteira e ética. Ou seja, estamos preocupados em formar pessoas para se engajarem no mercado de trabalho, para aprenderem rotinas e fórmulas de solução de problemas, quando o ensino universitário, UNIVERSAL no sentido de abrangente da formação humana, deveria se preocupar em colocar e apresentar problemas, não soluções.
Afinal, as soluções mudam com o tempo, as técnicas e ferramentas evoluem, e o conteúdo de nosso aprendizado caduca, fica obsoleto. Razão porque não há mais a formação, se é que já houve em algum instante do tempo, que ao término, apresenta o profissional pronto e acabado.
Na verdade, como é comum, ou era, em alguns sites que estão passando por mudanças, estamos em permanente construção. 
E mesmo aqueles que, em algum momento aprenderam e tiveram a oportunidade de dominarem técnicas, como foi citado pelo palestrante, da máquina fotográfica analógica, tornando-se os profissionais mais gabaritados de fotografia, perderam completamente o sentido e o espaço, tão logo tenha sido desenvolvida a máquina digital. 
O que exige, de cada profissional, um constante reconhecimento socrático de que só sabem que não sabem mais nada. Situação que exige de cada um, uma disponibilidade e abertura para um eterno recomeçar. 
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Trato dessas questões, aqui, porque sempre foi minha preocupação deixar claro para meus alunos, que eles não devem se preocupar em saber as fórmulas certas e ideais para conquistar empregos e colocações, mas em identificar as situações que vivem, os problemas que os cercam e analisar suas causas, para discutirem soluções. Cientes de que nem sempre terão as soluções corretas ou as melhores, o que apenas irá contribuir com o aprendizado de cada um deles. Cada solução tentada e frustrada, aponta sempre uma falha, mas também aponta um avanço, ao menos para os que reconhecendo suas limitações e falhas, empenham-se ainda mais para continuar buscando outras soluções mais completas.
Nesse sentido, aprendendo com os erros é que acredito que nós seres humanos, somos material em permanente evolução, que se faz sim, em grande parte das vezes, por tentativa e erro. Desde que os erros sejam absorvidos e deles possamos extrair lições. 
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Por isso que, às vezes, sinto-me frustrado, em saber que os saberes codificados, obrigam-nos a apresentar conceitos e modelos, sem os quais os alunos não seriam capazes de serem reconhecidos como aptos a enfrentarem o mundo e fazerem seus ofícios. Porque essa apresentação, por mais que seja feita de forma cada vez mais criativa, com os recursos tecnológicos cada vez maiores de que dispomos, na verdade corre o risco de virar apenas uma nova forma de dourar a pílula, ou uma forma inovadora de apresentar o velho conteúdo que, dos alunos, não exige uma reflexão mais elaborada, uma dosa maior de imaginação, senão o velho hábito de ouvir, gravar ou decorar, e aplicar, alguns com êxito, outros com algum desconforto. Mas poucos cientes de que estão fazendo algo que vale realmente a pena. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pitacos apenas para registro

Finalmente, como estampado em nossas folhas, Aécio reconhece ter feito uso do aécioporto de Cláudio, onde pousou de helicóptero. Entretanto, se reconhece e passa a admitir a utilização da pista, seus assessores desmentem veementemente o fato de que, na briga judiciária em curso, tendo como matéria de fundo o valor da desapropriação do terreno, sua família pode ter ganhos significativos. 
Como noticiado, a questão é que havia uma dívida anterior não saldada com o Erário mineiro, e a grana da desapropriação seria suficiente para liquidar o débito, com lucros.
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E, repetindo a mesma atitude do anão diplomático brasileiro, mais dois países, Chile e Perú convocaram no dia de ontem, seus embaixadores credenciados em Israel para consultas e explicações. Eufemismo que representa o desacordo de ambos com o nanismo moral e ético do Estado israelense e seus mandatários.
Que é bom que se diga, continuam bombardeando escolas e prédios civis e matando civis de forma indiscriminada, entre os quais crianças e mulheres. 
Além de terem bombardeado a estação geradora de energia de Gaza, agravando ainda mais a situação da população que agora passa a ser atendida por energia fornecida pelo Egito.


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E como não há limites para a defesa dos interesses ditos do mercado, o dono de consultoria econômica, colunista da Folha e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwarsman, publica hoje uma defesa da análise realizada pelo Banco Santander, e enviada aos clientes de maior capacidade de renda, o que os torna aptos a aplicarem no mercado financeiro. 
Para o consultor, não apenas o que foi expresso no documento nada tem de controverso, pois apenas aponta fatos acontecidos e divulgados já na imprensa, como a reação à análise revela apenas, MAIS uma forma de censura.
Tudo isso para provar que o cinismo não tem limites, uma vez que, dominados pelos analistas e interesses do mercado, o colunista muito convenientemente se esquece que as notícias que utiliza para mostrar que as opiniões espelham voz corrente, são sim manifestações da voz corrente dos próprios analistas de mercado. E, como tal, por eles influenciado. 
Como o colunista pode ter intenções outras, mas não é ingênuo, mais que admitir que já chefiou a área econômica do próprio banco Santander, deveria era reconhecer que tais notícias e os episódios que elas tratam podem ter sido, como seguramente o foram em parte, fruto de um ambiente criado por força, e visando os interesses desses setores financeiros.
Curioso, é que as notícias que começam a ser divulgadas, indicam que, puxado pelo Itaú e Bradesco, os lucros do setor bancário apresentaram crescimento mesmo em uma economia onde quem ganha dinheiro produzindo passa dificuldades.
Ah! Banco do Brasil e Santander, logo ele, não apresentaram o mesmo desempenho de seus concorrentes.

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E para mostrar que continua tudo como dantes, no quartel ou melhor na esculhambação que é nosso futebol brasileiro, somos informados de que Felipão não apenas recebeu 4,5 milhões de reais por força do rompimento de seu compromisso com a CBF, como já está empregado.
Agora no Grêmio e nem completados mais que 18 dias de ter deixado o cargo na seleção brasileira, como um dos protagonistas de um dos maiores vexames da nossa seleção.
Sinal de que renovação é palavra que não existe no futebol de nosso país, como o demonstra o fato de Luxemburgo e seus projetos mirabolantes estarem de volta no Flamengo, Dunga de volta à seleção nacional, e agora Felipão...
Pelo currículo de todos eles, e pelas últimas lembranças de cada um, podemos esperar que Luxemburgo conduza o Flamengo à mesma situação que o deixou quando de sua última passagem pelo time carioca, ou seja, em vias de ser rebaixado. 
Felipão conduza o Grêmio ao mesmo lugar honroso a que conduziu o Palmeiras, na segunda divisão. E Dunga consiga mostrar que em futebol dominado por interesses escusos, em geral, extremamente lucrativos, o que menos interessa é a capacidade de dirigir e inovar no campo de jogo, e sim de intervir em negociações que envolvam somas e porcentagens cada vez mais elevadas.

terça-feira, 29 de julho de 2014

A despedida de R10

Ronaldinho Gaúcho chegou ao Atlético completamente desacreditado, como uma aposta de alto risco. Sua passagem pelo Flamengo, embora exitosa no inicio, havia chegado ao final de uma forma que poderia ser chamada, no mínimo, de melancólica.
Não por culpa do atleta que, embora jogando mal e mais presente em festas e boates, não recebia do clube carioca os valores acertados, estando reclamando atrasados que atingiam os 40 milhões de reais.
Como sempre, em lugar de admitir sua responsabilidade, o clube carioca, com apoio de grande parcela da midia, que fica babando ovo dos times do Rio e do Flamengo, em especial, procurou desmoralizar o jogador, passando ao ataque e baixando o nível de forma tal que até imagens de R10 em um hotel, acompanhado de uma moça que deixava seu quarto, foram divulgadas.
O Flamengo só não explicou porque ao ter acesso às imagens gravadas pelas câmeras de segurança, não adotou qualquer medida disciplinar, fingindo não ver o que depois mostrou ao Brasil inteiro.
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Ronaldinho foi um golpe de marketing e, devo admitir, de genialidade da direção do Atlético, com méritos para Kalil, claro, mas principalmente para Cuca, que por amizade com Assis, intermediou a vinda do craque.
E ao ser anunciado, com desconfiança de grande parcela da massa atleticana, de minha parte corri para me associar ao Galo na Veia, antes que fosse anunciada a data da estréia daquele que já tinha sido eleito duas vezes o melhor jogador do mundo.
Estréia contra o Bahia, no Independência.
Em minha avaliação, Ronaldinho desacreditado precisava mostrar ao Brasil e ao mundo que ainda era o jogador que encantou a tantos admiradores do futebol arte, e que o Flamengo e não ele é que estava errado na disputa.
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Postei aqui, especialmente contra o Vitória no último jogo do time do Galo pelo campeonato brasileiro do ano passado, e na última partida antes do embarque para Marrocos que a volta de Ronaldinho de uma contusão muscular que o mantivera afastado do campo, era uma bênção.
Lembro-me que, encantado com a facilidade que o craque tinha de jogar, descobrir espaços e companheiros livres para tocar a bola, fazer lançamentos sempre perigosos, comentei do prazer de vê-lo em campo, superior ao próprio resultado do jogo, vencido pelo Atlético.
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Da trajetória do camisa 49 e depois camisa 10 pelo campo, desncessário dizer alguma coisa. Entretanto, há situações e imagens marcantes, como aquela do dia em que a Galoucura o homenageou, estampando um grande painel com sua mãe, então em recuperação de um câncer. Na foto, aparecia a mãe do ídolo e o retrato do craque, com votos de recuperação plena a D. Miguelina.
Foi ele também o comandante do passeio que permitiu ao Galo e a um clube brasileiro vencer, em território argentino, pela primeira vez, um time da terra, por uma sonora goleada de 5 a 1.
E foi também ele quem primeiro calou de forma definitiva a voz arrogante do imbecil Paulo Morsa, para quem o Atlético não iria longe na Libertadores de 2013, por ser um grande cavalo paraguaio.
Posteriormente, em jogo contra o São Paulo, vencido pelo time paulista, já com o Galo classificado na fase de grupos, declarou que o São Paulo ganhou porque aquela partida representava a sua classificação, enquanto para o Galo, a partida poderia representar um teste para as etapas seguintes.
Quis a sorte que os dois voltassem a se enfrentar na fase exatamente seguinte. E o Galo, contrário a todos os prognósticos, superou o tricolor paulista, tendo Ronaldinho declarado que na hora do jogo para valer a história era outra.
O Galo, como se sabe, foi campeão, mas Ronaldinho já nas partidas finais, apresentava menor rendimento que o esperado dele. 
No campeonato brasileiro foi poupado em várias ocasiões e, embora tivesse feito inclusive gols no Marrocos, não conseguiu comandar o time de forma a escapar do vexame na disputa do Mundial de Clubes.
Em 2014 pouco entrou em campo e, quando entrou agora, com Levir, acho que não mereceu do técnico o respeito merecido.
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Importante deixar claro que não culpo Levir, por sua decisão de sair, embora ele afirme que foi a relação como treinador que o fez tomar a decisão de rescindir o contrato. 
O problema é que, com Autuori, o time não jogava nada, e muitos jogadores eram acusados de estarem fazendo corpo mole, especialmente, influenciados por problemas extra-campo, como a frequência de baladas noturnas.
Ao chegar, imediatamente a imprensa se lembrou de que Levir, em passagem anterior pelo Galo, adotou uma postura mais de disciplinador, não se importando de tirar do time jogadores tido como intocáveis como Éder e Renato Gaúcho.
Essa história era relembrada para mostrar que Levir não se intimida nem se intimidaria com quaisquer estrelas que estivessem sob seu comando, o que é positivo.
Mas, no caso de Ronaldinho, houve certa prepotência de Levir. Em minha opinião, uma certa necessidade de confirmar o que dele diziam os comentaristas, de seu rigor e seriedade, o que o levou a ser implacável com Ronaldinho.
Afinal, estava no campo contra o Lanús, na partida em que o Galo foi derrotado pelo time argentino, na disputa da partida final da Recopa. E é verdadeiro que R10 não estava jogando bem, tendo inclusive perdido um gol, no ínicio do segundo tempo, tentando encobrir o goleiro, mas dando oportunidade para que o beque interceptasse a bola. 
O problema é que Maicosuel não jogava nada. Que o meio campo era uma avenida, parecendo que Pierre tinha problemas intestinais que o impediam de correr. E nem vou insistir em falar da zaga, que parte da imprensa ainda elogiou, considerando Léo Silva como o melhor do jogo????
Mas, quem foi sacado do time para a entrada de Luan, nosso talismã, foi Ronaldinho. 
E, depois, ao final, mais uma vez Levir dizia que em suas estatísticas, R10 pouco fazia ou fez, ao passo que Emerson Conceição foi até elogiado como um jogador em evolução.
Confesso que ainda estou procurando encontrar a evolução de Emerson, que se melhorou no final do jogo, contribuindo para que o Galo vencesse na prorrogação e se tornasse campeão, voltou a jogar o mesmo futebol pobre e sem qualquer qualidade contra o Sport, no Recife.
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Por esse motivo, entre outros, entendo sim que Levir quis provar que era mesmo rigoroso, e sempre ouvi falar e acredito que todo mundo que tem alguma coisa a provar, não tem confiança em sua própria capacidade.
R10 não foi desrespeitado por Levir, mas outros mereceram tratamento mais condescendente do técnico e continuam recebendo tal tratamento. E com R10 ele foi completamente inflexível.
Mas, se não foi desrespeitado R10, Levir faltou sim com alguma consideração especial, em minha opinião, ao passado do craque. Que não merecia, depois de tanto quanto fez pelo Galo, o tratamento e a despedida que estamos vendo acontecer.
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Obrigado R10, o jogador de maior qualidade técnica que vi passar pelos gramados com a camisa do Galo. Diferente de outro craque que foi o Reinaldo, que era mais incisivo, até por jogar no comando do ataque. Mas R10 não foi eleito duas vezes o melhor do mundo, nem foi campeão da Copa de 2002, por acaso.
É um monstro. E joga como um monstro.
E agradeço poder te-lo visto em atuação.
Vá e seja feliz, Ronaldinho, jogando onde for que você possa continuar desfilando sua qualidade, que é a própria matéria prima da magia e encantamento do futebol.
Obrigado por tudo.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: Inflação, juros elevados e medidas prudenciais de redução do compulsório

Quando o Banco Central começou a adotar uma postura mais condizente com a de uma economia estabilizada, atendendo a reclamos de várias categorias empresariais, no sentido de promover uma distensão de sua política monetária e reduzir as taxas de juros a patamares mais civilizados, foi alvo de críticas contundentes dos analistas de mercado, mais propriamente do mercado financeiro.
Tal fato não deveria ser surpresa, já que é lícito que aqueles que tenham seus interesses prejudicados e comecem a ver seus ganhos se escassearem venham a reagir, mesmo que suas perdas se revertam em benefício da maioria da sociedade.
Afinal, esse é o espírito do capitalismo, a busca da maximização de sua função utilidade, no caso do consumidor, do prazer máximo pelo consumo, mesmo que de produtos danosos ao meio ambiente, por exemplo, ou no caso de empresários, da maximização de seu lucro. Tal regra vale, claro, inclusive para o parasita social que extrai seus ganhos da atividade especulativa, que nada agrega para o aumento da capacidade e da riqueza do país.
A reação e as críticas são o famoso jus esperneandi, ou o direito de berrar se se sentir prejudicado.
Mas é preciso lembrar que a queda das taxas de juros capitaneada pela redução da taxa básica, a Selic, no país, teve início ainda na gestão de Meirelles, no período final do governo Lula, como resposta à crise internacional, que por esse e outros motivos, virou marolinha em nosso país.
Lula entregou o governo a sua sucessora com crescimento de 7,5% do PIB, em grande parte motivado por novos investimentos e maiores gastos de consumo, em função de juros menores.
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Só para lembrar, ao tomar posse na presidência do Banco Central, o ministro Tombini junto ao COPOM adotou, como primeiras medidas, uma elevação das taxas de juros, no país, em parte com a justificativa de procurar reduzir a inflação.
Foi apenas em agosto de 2011 que começou a política destinada a reduzir a SELIC a níveis mais adequados. Mas estamos antecipando as coisas.
Retornemos pois, ao tempo de Meirelles à frente do Banco Central, e da queda da Selic, mesmo que tímida, para impedir que fôssemos alcançados pelo tsunami da crise internacional.
Porque naquela oportunidade, ao mesmo tempo que reduzia a taxa de juros, o Banco Central tratava de adotar medidas de caráter prudencial, tornando mais apertadas as condições para a concessão de empréstimos pelas instituições financeiras.
Entre as medidas prudenciais, a obrigatoriedade de comprovação de capital no valor de 100% das operações de crédito concedidas, ou seja, a consideração de um risco no patamar de 100% para ponderar os ativos de crédito, exigências de provisionamento em percentuais mais elevados para operações de tesouraria como as de derivativos e swaps, etc, todas eram medidas que juntas à elevação do compulsório cobrado dos bancos, permitiriam assegurar a solidez do sistema financeiro nacional, justo no momento em que o sistema internacional se desmanchava.
Nos meios econômicos e financeiros, não foram poucos os que comentaram do sinal contraditório das medidas adotadas, já que ao tempo em que juros eram reduzidos, as medidas prudenciais elevavam o custo do financiamento para os bancos, podendo comprimir suas margens.
No entanto, enquanto a política de matiz keynesiano era adotada e começava a funcionar, o mercado era obrigado a admitir que, parte do êxito brasileiro em contornar a crise foi devido à intervenção e às medidas que o Banco Central adotava, que limitavam a capacidade de operar irresponsavelmente dos bancos.
O próprio Comitê da Basileia resolveu adotar uma postura mais intervencionista e a propor a adoção de medidas de cunho mais prudencial, para evitar que novas crises pudessem surgir no futuro, ou que tivessem a mesma intensidade.
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Quando começou a política de queda da Selic no governo Dilma, visando estimular o aumento da demanda agregada, os critérios de supervisão prudencial não foram abonados, sendo alguns deles até ao contrário, melhorados.
Razão porque melhorou a qualidade do crédito, o que se comprova com a redução das taxas de inadimplência, independente de ter se ampliado a concessão de crédito.
Entretanto, com a pressão sempre muito presente e influente dos interesses  prejudicados dos setores financeiros, e a resistência à queda mostrada pelas taxas de inflação, que insistem em permanecer acima do centro ou alvo da meta, flertando sempre com o limite máximo fixado pelo sistema, o Banco Central foi obrigado a infletir sua política e começou a elevar sucessivamente a Selic.
Ora, se a economia quando estava com a Selic em queda ampliava seus controles regulamentares, e se a estabilidade das instituições financeiras do país é suficiente para assegurar a existência de capacidade para enfrentar crises, por que não reduzir PARTE APENAS das restrições à ampliação do crédito,  em momento em que o crédito está mais reduzido e a inadimplência menor?
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Não há pois, em minha opinião, qualquer problema em se reduzir o compulsório nesse momento, colocando mais dinheiro em circulação, em mais uma tentativa de estimular o consumo e a demanda por investimentos, principalmente essa, voltada para as pequeno e micro empresas.
Exceto a questão a ser verificada e discutida, de o modelo baseado em estímulo ao consumo já estar chegando a seu limite, ou seja, já estar se esgotando.
Mas, do ponto de vista do mercado financeiro é no mínimo injusto, ou desonesto, vir apontar que tal medida, contrária à da elevação da taxa de juros emite sinais contrários ao mercado.
Ora, o que mudou afinal, se como comentei acima, foi assim que as coisas funcionaram nos últimos tempos?
Ao subir a taxa de juros, a que os economistas conservadores e parte a mídia que ignora o assunto, atribuem a capacidade de combater e reduzir a inflação, os preços irão cair segundo a cartilha da teoria mainstream.
Se os instrumentos para debelar a inflação já estão em funcionamento, porque a necessidade de se manter controles prudenciais tão estritos, já que a própria taxa de juros mais elevada assusta e afasta o tomador do crédito?
Importa observar que a maior ou menor quantidade de dinheiro em circulação não é o elemento fundamental para o combate à inflação, já que a teoria insiste em política de juros elevados, tão somente.
Ou o que temos é o conflito, ou trade-off, entre controle da quantidade de moeda versus controle dos juros, que se acaba fazendo com que a autoridade ao estabelecer uma das variáveis como fixa, perda a condição de controle sobre a outra. O que deveria ao menos, levar à aceitação de que nem sempre são os juros o remédio universal para a cura da inflação.
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De mais a mais, o fato de os bancos não terem a obrigação de recolherem mais compulsório nem mesmo assegura que irão criar mais operações de crédito, ampliando a quantidade de dinheiro em circulação.
Mesmo admitindo-se que o multiplicador dos meios de pagamento seja ampliado, o que supõe que outras variáveis mantiveram seus valores constantes, há que se recordar  que restrição de crédito, devido a problemas de assimetria de informação, devem ser levados em consideração, como decorrência de problemas de seleção adversa (afinal a maior quantidade de dinheiro a ser emprestado, o será a juros mais altos) ou mesmo de outros tipos de riscos, como é exemplo o risco moral (moral hazard).
Ou seja, os bancos podem ter mais dinheiro para emprestarem, mas menos disposição de correrem riscos de emprestá-los, em um momento em que os bons devedores, os adimplentes, estão temerosos de tomarem mais créditos, em função de estimativas pessimistas - espalhadas pelos mesmos analistas de mercado e órgãos da midia - sobre a evolução da economia brasileira e a manutenção dos empregos e dos salários reais.
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Logo, a adoção das medidas de redução do compulsório nem é contraditória como querem fazer crer, nem haverá necessariamente elevação do crédito e do consumo, como espera o governo e as forças de oposição criticam.

Futebol e a fragilidade do Galo de branco; o Aécioporto e outras aeronaves; de anões e de planos B possíveis

Sinceramente, não entendo a razão de o Atlético insistir em entrar em campo com esse uniforme de camisas brancas, como se fosse uma noiva pura e imaculada, o que faz o time do Galo assemelhar-se a um grupo de homens sem quaisquer vícios, especialmente, que NÃO JOGAM.
Ontem, mais uma vez, com tal uniforme, o time até correu e tentou jogar mas, honestamente, sem qualquer contundência, sem qualquer objetividade.
Então, não dá para falar que faltou raça ou disposição ao time do Atlético, porque há que se reconhecer que alguns jogadores deram tudo de si, esforçando-se, como por exemplo Diego Tardelli, que já ao final do jogo ainda insistiu em dar alguns piques.
Outros jogadores também jogaram com garra e vontade, como mais uma vez Marcos Rocha, o próprio Pierre, que substitui técnica por garra e disposição, e até mesmo Jô, embora no caso de nosso avante, continua o problema de ele ter de voltar para buscar a bola e, com ela no pé, sente falta de alguém, lá no miolo da área para receber a bola. Miolo de área onde ele, Jô, deveria estar...
Mas, comecei falando do uniforme, e confesso que embora parece ser mera desculpa, há muito tempo que ao ver o Galo entrando de branco, já me bate um medo e um desânimo muito grande.
E insisto, nem entendo porque a necessidade de trocar de uniforme, já que listras pretas e brancas não se confundem com listras rubro-negras, como vários jogos históricos e memoráveis nos comprovam.
Então, não sei se a mudança de uniforme é por conta da televisão ou não, mas, parece-me que Flamengo e Botafogo jogaram ontem com seus uniformes tradicionais e isso não afetou a transmissão ou qualquer coisa que o valha.
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Do jogo de ontem há pouco a falar. Victor, Marcos Rocha, alguma coisa de Pierre, de Jô e pouquíssimo de Guilherme, jogador que está se notabilizando pela característica de jogar mal ou aquém do que dele se espera e de seu potencial, toda vez que começa como titular.
Destaque maior merece a peneira furada que é a defesa do Galo, que vem reeditando, jogo após jogo, as mesmas falhas de sempre. Ontem então foi terrível. Primeiro gol, falha de Emerson Conceição seguida de falha de posicionamento do miolo da defesa.
Quanto ao segundo gol, merece entrar em qualquer videocassetada, como exemplo literal do que se chama de a defesa bater cabeça. Leonardo Silva e Réver as torres imóveis conseguiram entrarem na mesma bola, atrapalhando-se mutuamente, e sem conseguir nem mesmo fazer a penalidade que Léo Silva tentou em vão. Durval não se desequilibrou e acabou chegando frente à frente de Victor para liquidar a fatura.
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Pode-se alegar que o time estava cansado. Ok, afinal foram 120 minutos de muita luta na quarta-feira, quando se sagrou campeão da Recopa 2014. Mas, em minha avaliação, esse cansaço serve apenas para justificar a pouca agilidade que o Atlético tinha para subir ao ataque, já desde o início do jogo. A bola caía nos pés de algum jogador do Galão e ao invés de sair um contra-ataque rápido, o que se via era uma lentidão exasperante. Isso é cansaço, claro.
Mas, o cansaço não serve para explicar porque Guilherme pouco apareceu para o jogo, já que ele não jogou toda a partida na quarta-feira. Não serve para explicar as atuações apagadas de Donizete e Pierre, ou não serve para explicar as falhas que continuam acontecendo na lateral esquerda. Ou pior, as seguidas falhas de nossa dupla de área, vítimas de qualquer atacante veloz, minimamente hábil.
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O drama maior é que Levir culpa (não pude perder o trocadilho!) a falta de treinos, ele que teve todo o tempo de interrupção da Copa do Mundo para ir treinar, inclusive na China, e depois na Argentina...
O que ele não tem, é elenco, isso sim. E por isso, o time - que Kalil acha suficientemente bem montado- figura na parte de baixo da classificação no Campeonato.
Enquanto isso, o nosso pior adversário vai dando demonstrações cada vez mais cabais de que veio disposto a reeditar esse ano, a trajetória que lhe deu o título no ano anterior.
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Anão diplomático

A verdade, sem querer render muito mais o assunto, é que às  vezes é melhor ser mero anão diplomático que anão moral, coisa que parece os líderes que comandam os bárbaros ataques à população civil da Faixa de Gaza se esmeram em ser.
O que acaba criando, injustamente, uma imagem ruim para toda a população de Israel, que não pensa de mesma forma e nem concorda com as atrocidades que estão sendo cometidas naquela região do globo.


De aviões e helicópteros

Aécio está nas nuvens, acreditando estar cada vez mais garantida sua presença no segundo turno da disputa eleitoral.
Razão talvez que explique, se há alguma, sua proximidade a fatos e eventos não suficientemente apurados, como o do helicóptero dos Perrela ( o famoso caso do helipóptero) ou mais recentemente, dos aeroportos construídos com recursos públicos, em terras particulares de parentes próximos do "menino do Rio e ex-governador de Minas". Ambos os casos para os quais não há explicação nem o que falar.
No primeiro deles, Aécio nada tinha a ver com o helicóptero. Aliás, nem mesmo o seu proprietário tinha, segundo apurado pela imprensa mineira.
No segundo dos casos, Aécio mostrou documentos suficientes para justificar a importância de se construir um aeroporto em cidade tão industrializada, rica e de tanto potencial econômico como Cláudio. Município em cujo entorno, ficamos informados agora, situa-se e faz parte a cidade de Divinópolis.


Campos e Lula

Interessante, para dizer o mínimo, a hipótese de que, na eventualidade de Dilma não conseguir manter seu desempenho e começar a mostrar queda nas pesquisas de intenção de voto, depois de iniciado o  horário de propaganda eleitoral, o plano b de Lula seria o apoio a Eduardo Campos.
Que o neto do governador Arraes tem muito mais a contribuir com o país que o PSDB e seu candidato, especialmente com a parcela do país mais necessitada, isso não há dúvidas, mas ainda assim, a ideia parece mais uma jogada publicitária, para que Aécio não obtenha os votos necessários para a ida ao segundo turno. Afinal, é muito difícil, mesmo enfrentando resistência dentro de suas próprias fileiras, de um presidente no exercício do cargo não chegar ao segundo turno.
Para certa parcela da população e a maioria do eleitorado, se Campos chegasse seria menos maléfico que o candidato dos banqueiros.
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E, mais uma vez a midia impressa (Folha de São Paulo) trouxe a avaliação de grupos de consultoria financeira internacionais, que apontam em seus relatórios a vitória do candidato do partido dos banqueiros, ou cujo nome de maior projeção na área econômica é o banqueiro Armínio Fraga...
Nomura e Santander, banco espanhol que recomendou a seus clientes mais Vips, nas entrelinhas que tudo fizessem para impedir Dilma de chegar a um segundo mandato, sob a ameaça de haver retrocesso nas condições econômicas do país, com elevação da inflação, queda da bolsa, desemprego e outras cositas mas, que impedem os vips de continuarem ampliando seus lucros e ganhos especulativos.
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Enquanto isso, Dilma continua mal assessorada, e preferindo ouvir e dar atenção a um Mercadante, ministro que acho pouquíssimo confiável, que a um Gilberto Carvalho, que sem interesse em ficar apenas bajulando, foi a voz que, no meio dos amigos, se preocupou em alertar para o fato de que nem tudo é róseo e que há erros na estratégia da presidenta.
Por isso, não fosse Lula, foi fritado e quase viu seu lugar arder em chamas...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

E os Imortais vão passando para outros planos: e aumenta nossa indigência intelectual

Primeiro foi Ivan Junqueira, poeta, membro da Academia Brasileira de Letras e como tal imortal, no início do mês de julho.
Depois, foi o baiano João Ubaldo, também imortal, também membro da Academia, escritor, romancista.
Nem bem tínhamos superado o susto, no dia seguinte à morte de João Ubaldo, chega a notícia da perda do mineiro Rubem Alves, também escritor e um dos principais educadores do país, filósofo da educação, para quem ensinar é um ato de alegria, e como tal deve ser exercido com paixão e arte. Segundo o wikipedia, um ofício que deve ser "como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias. Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer."
De Rubem Alves, e seu pensamento capaz de subverter os padrões tradicionais, transcrevo abaixo um texto seu que trata da inteligência. Texto que deveria ser mais divulgado e explorado, não fosse o conservadorismo que domina nossa sociedade e até mesmo, curiosa e contraditoriamente, nossas escolas. Eis o trecho:

"Veio-me a idéia de que a inteligência muito se parece com o pênis. Não se assuste: o mundo está cheio das analogias mais estranhas. Pois o que é o pênis? É um órgão que, no seu estado normal, é um apêndice ridículo, flácido, que realiza funções excretoras automáticas, que não demandam grandes reflexões. Mas, se provocado pelo desejo, ele passa por curiosas metamorfoses hidráulicas que lhe dão a capacidade de ter prazer, de dar prazer e de criar vida. Se não há desejo, é inútil que a cabeça lhe dê ordens."

Esse o pensamento provocador do mestre, a quem rendo minhas homenagens como cidadão brasileiro, e como professor que procuro ser.
Curiosa é a imagem por ele evocada do circo, do picadeiro e do palhaço, exatamente as imagens tão caras a esse outro imortal, membro da ABL desde 1989, que nos deixou ontem, o poeta, escritor, teatrólogo, e gênio da raça, Ariano Suassuna.
O que nos leva a concluir que Deus, que diziam ser brasileiro, está talvez tentando nos mostrar que, ou nós, povo brasileiro assumimos nossas responsabilidades e nossos destinos, construindo um país melhor, com mais educação e mais consciência, com mais dedicação e respeito, com mais seriedade, sem perder a capacidade mágica do riso jamais... ou Ele vai começar a retirar de nosso convívio, um a um daqueles seu mensageiros que Ele nos enviou, que ele nos emprestou para que aprendêssemos e cujos ensinamentos ainda não conseguimos sequer entender e muito menos colocar em prática. 
Com isso, os imortais vão partindo para outras esferas e planos. E nós, aqui, ficando reduzidos cada vez mais a um ambiente sem graça, cada vez mais indigente de humanismo e de brilho intelectual.

Galo campeão da Recopa e o Galo na Veia - uma lição de como tratar mal quem sustenta os grandes clubes de todo mundo

Passado exatamente um ano da conquista da Taça Libertadores da América, na noite de 24 de julho de 2013, o Atlético voltou ao Mineirão para conquistar, na virada de 23 para 24 mais um título internacional no âmbito da América do Sul, a Recopa.
Porém ao contrário da partida realizada há um ano atrás, em que precisava em primeiro lugar reverter a vantagem conquistada pelo time paraguaio do Olímpia, em casa, ontem a vantagem era do time mineiro, que vencera o jogo de ida pelo placar - injusto pelo que criou de oportunidades, mínimo.
E, ao contrário também da partida em que conquistou o maior título de sua existência centenária, por ter vencido ao longo dos noventa minutos de jogo, pelo placar necessário, de 2 a zero, jogando bem, ontem o Atlético jogou muito abaixo da crítica para um time que é grande e deseja permanecer no topo do futebol continental.
Ontem, o Atlético jogou mal, muito mal, a ponto de perder a partida nos noventa minutos de jogo.
Felizmente, se há um ano, ter vencido pelo placar de dois a zero levou a partida para a prorrogação e, depois de mantido o empate em zero, para as penalidades máximas e as defesas de São Victor, ontem, ao contrário, a prorrogação acabou sendo vencida pelo Atlético, pelo mesmo placar de dois gols a zero.
Galo campeão da Recopa, o que é espetacular para o time do Atlético, que aumenta sua sala de troféus, com um troféu internacional de algum valor, e também para o futebol mineiro, que vê, no campeonato brasileiro, outro time das Gerais disparando lá na frente, tanto na série B, com o Coelhão, quanto na divisão principal, com (infelizmente!) nosso principal adversário.
***
Mas, o título não deve servir para cobrir o sol com a peneira, como diz o ditado popular. O Atlético ganhou, foi campeão, mas jogou mal demais, sendo difícil até saber se no primeiro tempo de jogo, onde o miolo de nossa defesa com Léo Silva e o retorno de Réver, bateu cabeça o tempo todo, e Emerson Conceição conseguiu errar todas as jogadas de que participou ou que tentou executar.
Aliás, foi de erro de Emerson na intermediária que nasceu o primeiro gol do Lanús, de empate, nem bem a torcida atleticana acabara de comemorar o gol de pênalte convertido por Tardelli, em lance em que Ronaldinho Gaúcho alçou a bola sobre a área e houve um toque de mão de um jogador da zaga argentina.
O meio campo do Atlético, se não prima pela qualidade de saída de bola, errando muitos passes, e mostrando uma fragilidade muito grande na hora de ir à frente ajudar o ataque, não conseguiu ontem nem acertar as jogadas em que é reconhecidamente competente: a destruição de jogadas do ataque adversário. Donizete, completamente perdido, inseguro, não conseguia acertar quase nada, sendo envolvido com facilidade pelas triangulações e troca de passes argentinas. Pierre, o pitbull, não marcava ninguém, apenas cercando, cercando, ameaçando dar o bote, sem nunca ter êxito.
Quando tentou atacar diretamente o adversário, cometeu as faltas de sempre, e recebeu um cartão amarelo, razão talvez para que passasse a jogar sem a sua habitual disposição.
Com Emerson Conceição falhando tanto, e a zaga se embolando, pesada e sem mobilidade, o quadro agravou pela ausência de cobertura dada pelos volantes, muito lentos e falhando além da conta.
Estava tão feia a coisa, que Salvador Silva, considerado um tanque, jogador pesadão e até, ao meu juízo, um pouco acima do peso, entrava como queria pelo miolo de área, o que obrigava a que a defesa do Galo fizesse falta atrás de falta, todas próximas à área, perigosas, do que resultou, no meio do primeiro tempo, o segundo gol do Lanús, o gol da virada sobre o Galo. Gol que levava o jogo para a prorrogação e penalidades.
Não falei de Marcos Rocha, ou Victor, porque se o goleirão não teve culpa nos gols que tomou, tendo no segundo deles, inclusive feito uma defesa parcial milagrosa, o lateral mostrou que é o maior lateral direito, hoje, de nosso futebol brasileiro. Preciso, seguro, desarmando as jogadas do ataque argentino, o que não é de seu feitio e não é sua característica principal. Mais uma vez nasciam de seus pés as mais lúcidas jogadas de ligação entre a defesa e o meio, e seus laterais, em dado momento do jogo, transformaram-se na mais mortal arma de o Atlético chegar ao ataque e levar perigo ao gol adversário.
Marcos Rocha destruiu, subiu ao ataque, marcou, lançou, foi perfeito na cobertura das falhas dos pesadões Réver, completamente fora de ritmo de jogo, e Léo Silva.
***
Ao voltar para casa, ouvindo o comentarista da Itatiaia, achei curioso o fato de não ter havido qualquer referência dele à atuação de Marcos Rocha, em minha opinião, o melhor jogador em campo, disparado. Entretanto, não sei a que jogo ele assistia, viu Léo Silva acertar tudo que tentou no segundo tempo do jogo, quando o Lanús partiu com tudo para cima, e mais uma vez, a zaga atleticana bateu cabeça e chegou sempre atrasada à bola.
Mas, a verdade é que a Itatiaia é a rádio do esporte de Minas, mas isso não significa que seus profissionais sejam os melhores, nem o comentarista de ontem, muito ruim em minha opinião, nem o locutor, especialmente se comparado ao Caixa ou mesmo ao Alberto Rodrigues.
***
Mas voltemos ao jogo. Para premiar Marcos Rocha, foi de seus pés que saiu o lançamento para o segundo gol do Galo, o gol de empate e que voltava a nos por com a mão na taça.
Gol do apagado Maicosuel. Que não jogava bem, fazendo companhia a Ronaldinho Gaúcho que também não acertava nenhuma jogada mais contundente, ou a Tardelli que, às vezes perdia bolas bisonhas no ataque.
Jô esforçava-se, pulava e escorava a bola para os companheiros, na famosa tática do chutão e do bumba-meu-boi adotada pelo Atlético, mas jogava muito longe da área, o que prejudicava seu futebol. Não foram raras as vezes que veio buscar a bola no meio campo, sem ter para quem lançar lá na frente, em seguida, lugar que deveria estar sendo ocupado por ele.
***
No segundo tempo, Maicosuel estava tão apagado que parecia ter ficado no vestiário. R10 jogando mal, mas tentando nitidamente cercar o adversário em seu campo. Tardelli e Jô, Pierre e Donizete, e o miolo da zaga permaneceram com as mesmas falhas do início do jogo, o que permitiu ao Lanús dominar e partir para cima do Galo, o que fez com que  atacasse com perigo e chutasse a gol muito mais que o Atlético
A impressão que tive é que Levir armou o time para que ficasse esperando o Lanús em seu campo, contando com o fato do time argentino ter que vencer a qualquer custo e dar espaço para as jogadas de contra-ataque.
Mas, para que tal tática desse certo, Pierre e Donizete teriam de dar o bote, destruir a jogada do time adversário e não ficar cercando, cercando, cercando, e ir recuando, recuando, como estavam fazendo. Com isso, o Lanús continuou toda hora fazendo trocas de passes ligeiras, à frente da zaga, que continuou dando espaços e sem marcar a ninguém. Não fosse novamente Marcos Rocha, tirando a bola de cabeça no meio da área, ou cortando umas duas ou três vezes para a linha de fundo, o time hermano teria conseguido seu objetivo.
A boa notícia é que depois de tanta insistência, Emerson Conceição começou a ganhar confiança, e passou a jogar bem, levando perigo em suas descidas ao ataque.
Aí veio a substituição de R10, feita por Levir, para a entrada de Luan.
Se a entrada do jogador aloprado do Galo foi correta, em minha opinião Levir errou, mais uma vez ao substituir Ronaldinho. Que mais uma vez deu a nítida sensação de que não gostou, dessa vez saindo de campo acenando à torcida que o reverenciava, como quem se despede de todos que tanto o aplaudiram todo esse tempo.
Fosse eu o técnico, teria tirado Maicosuel primeiro, apagadíssimo em campo, como já observado acima. Ou então, tirado a ambos, ao mesmo tempo, com a entrada também de Guilherme. Como foi feita a mudança, pareceu marcação de Levir com a estrela maior do elenco, o que pode ser compreensível, para um treinador que pode estar ainda precisando mostrar quem é a autoridade no grupo. Coisa que acho dispensável a essa altura.
Mais tarde Guilherme entrou no lugar de Maicosuel, mas tanto quanto Luan, que parece ter entrado incorporando o espírito de Fred, o poste, as substituições não deram certo. E fora um  lance espetacular de Ronaldinho logo no início, tocando a bola por cima do goleiro, para o corte da defesa, já com a bola entrando e uma jogada perigosa não aproveitada por Guilherme, foi o Lanús, por nossos erros que mandou no jogo.
E, caprichosamente, só conseguiu o gol da vitória e da prorrogação já no último minuto do tempo de acréscimo concedido pelo juiz uruguaio, péssimo, junto com seus auxiliares. Invertendo lances de lateral ou de falta no meio, não vendo faltas nítidas serem realizadas. Ruim é pouco para adjetivar um juiz que conseguiu desagradar a ambos os times, e pior, com ambos tendo razões em várias de suas reclamações.
***
Na prorrogação, só um lance inesperado, inusitado poderia mudar o panorama do jogo, já com os jogadores cansados. E confesso que temi que persistisse o empate, e que a decisão fosse para as penalidades, não por Victor, mas porque o Atlético, também sem Tardelli, substituído no final do segundo tempo estava sem seus cobradores oficiais.
Mas aí entra a estrela desse que, por sua garra e dedicação vai se tornando um ídolo do Galo: Luan. Autor do gol que dava a tranquilidade que faltava.
E, em seguida, o gol contra, em bobeira de Ayala, que de cabeça atrasou uma bola que cobriu o goleiro de seu time. Esse, pareceu-me, ficou tão irritado que não tentou esboçar qualquer reação para impedir a bola de ganhar as redes.
***
GALO CAMPEÃO DA RECOPA 2014. Mas que sufoco o Galo nos fez passar, talvez até para manter a mística de que tudo para o Atlético é mais sofrido.
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A destoar da festa, o tratamento dispensado aos torcedores do Galo na Veia, aqueles que para renovar seu contrato com o clube tiveram de pagar R$ 2700, 00, isso mesmo dois mil e setecentos reais à vista, e que tiveram ontem, que ocupar o lugar que tradicionalmente é ocupado pela torcida do América, de menor visibilidade de todo o campo. Pior é que para atender a esses atleticanos, apenas um bar e um banheiro de cada gênero estava funcionando, em total e completo desrespeito.
Mas, até isso poderia ser esquecido, como foi, com a conquista, o que levou a essa parte da torcida a gritar o nome de Kalil ao final.
Pior foi ver, como sempre, como o presidente Kalil é um destemperado, que se acha dono do Galo, dizendo que deve satisfação ao torcedor que entra na fila e paga a compra de seu ingresso, numa total inversão dos valores.
Por isso, como o próprio falastrão disse, o número de torcedores do Galo na Veia reduziu, do ano passado para cá. Porque vários não renovaram sendo considerados espoliados por esse gênio da bestialidade que é o presidente atleticano.
E vem o presidente ao microfone da Itatiaia, falar que por isso vai acabar com essa forma de sócio-torcedor. Na contra-mão de todo time de tradição, de nome, na Europa e aqui no Brasil mesmo, como o Internacional e Grêmio aqui no Rio Grande, como o próprio Cruzeiro em Minas.
Esses clubes, sabem da importância e da arrecadação garantida e segura para os clubes, advinda do programa de sócio torcedor.
Infelizmente, o nosso presidente, bestialmente besta, não acha assim.
O que me leva a crer que se sai como o presidente do Galo com as conquistas mais expressivas e importantes de nossa história, isso é apenas sinal de que, felizmente, futebol, por mais organizado que esteja se tornando como esporte, continua sendo decidido - e conquistado em campo.
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Parabéns Galão. Campeão.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Putin e o ataque ao avião malasiano diferem tanto assim do ataque de Obama e Netanyahu em Gaza?

Às vezes alguns detalhes nos escapam e não damos atenção a eles. E, aproveitando-se de nossa distração ou desatenção para observar todos os detalhes que conformam uma situação, nossa capacidade de análise fica prejudicada, quando não distorcida.
Pior, às vezes ficamos sujeitos a sermos manipulados e nem nos damos conta disso.
Essa é a importância, especialíssima, da existência nos jornais impressos de analistas e colunistas, mesmo aqueles de que não gostamos e dos quais divergimos e que permitem, algumas vezes  que nossa atenção sobre um determinado assunto, até então examinado de relance, seja despertada por questões que haviam nos escapado à primeira aproximação.
Por isso, procuro ler e recomendo a meus alunos a leitura desses colunistas, mesmo que às vezes com certo enfado e a sensação de perda de tempo.
Entretanto, esse não é o caso, em minha opinião de Jânio de Freitas, da Folha de São Paulo, que sempre joga luz sobre questões que me passaram despercebidas, e que sempre me leva à reflexão e ampliação da capacidade de interpretação dos fatos da realidade.
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Toda essa introdução, para poder, então, abordar a, para mim, excelente abordagem trazida por Jânio em sua coluna publicada no dia de ontem, da Folha, misturando de certa forma dois episódios a princípio completamente desconectados e, no entanto....
O primeiro deles, o absurdo ataque feito à aeronave da Malaysia, que culminou com a derrubada de um aparelho da aviação civil, e com a morte de 298 inocentes,  pior ainda, grande parte dos quais integrando a nata dos cientistas que pesquisam a cura da AIDS, e que se dirigiam da Holanda para um Congresso sobre a doença.
Por mais que o ataque tenha sido fruto de um terrível engano, já que o míssil deveria ser dirigido a um aviação da força militar ucraniana, é inadmissível que a situação naquela região do globo tenha chegado a tal ponto, incapaz de ser resolvida por canais diplomáticos.
Daí que, como alega a Rússia, não fosse a retomada das operações militares do governo ucraniano na localidade, os grupos separatistas simpáticos à ruptura com a Ucrânia e à anexação ao território russo não estariam em combate, nem acontecimentos como o do bombardeio não teria ocorrido, com suas trágicas consequências.
Claro essa é a argumentação do governo de Putin e serve apenas para, de certa forma, sacudir de seus ombros a responsabilidade sobre o acidente.
Que como todos sabemos, atinge pela segunda vez e desgraçadamente à mesma Malaysia Airlines, sendo que o primeiro dos acidentes até hoje, nem mesmo teve suas causas devidamente explicadas. Lembrando apenas que, entre tais causas, não está excluída a possibilidade de um ataque, dessa feita terrorista.
Lugar complicado e rota bastante temerária para qualquer aeronave atravessar, nesses tempos.
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Mas, voltemos à questão de nossa postagem. Imediatamente após a queda da aeronave, o presidente Obama e toda a imprensa internacional procuraram, por óbvio, alguém a quem imputar o ataque, recaindo sobre os separatistas russos, até agora, a ação funesta.
E, como as armas usadas pelos grupos separatistas, além de sofisticadas exigem treinamento, então, imediatamente concluiu-se que a culpa ulterior pelo desastre é da Rússia.
E, usando todo seu poder e sua força, como nação mais poderosa do mundo, toda a imprensa internacional acabou "comprando" a versão divulgada à exaustão pelo presidente americano em todas as suas manifestações, da culpa russa no episódio.
Culpa que deve sim, existir. Mas, se essa é a questão a que toda a imprensa se dedicou, e inclusive todos os principais chefes de Estado, a ponto de estarem sendo discutidas nos foros internacionais a adoção de novas sanções à Rússia, a coluna de Jânio, sem negar a possível responsabilidade de Putin e seus aliados, procurou analisar uma outra questão tão importante quanto a do desastre.
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Trata-se do ataque das forças de Israel, sob comando de Netanyahu, à faixa de Gaza, ou mais precisamente, ao genocídio patrocinado pelas forças militares israelenses aos civis palestinos, que incluem principalmente crianças e mulheres, sob a desculpa de estar procurando desativar áreas apropriadas para o lançamento de foguetes ao solo israelense.
Guerra, ou insisto no termo genocídio, que já condenou mais de 500 palestinos à morte, contra pouco mais de 20 mortos do lado das tropas israelenses, o que mostra a desproporção e ferocidade das forças envolvidas no combate.
Ora, toda a imprensa do mundo está comovida e tem relatado a ferocidade e bestialidade do ataque e, aqui, não vou discutir as razões de Netanyahu, até para evitar de fazer qualquer tipo de comentário que possa ser interpretado como de cunho preconceituoso.
Porque, em minha opinião, um povo que foi tão perseguido e tão massacrado, e que ganhou um território para fixar um Estado, não poderia agir, nos dias de hoje, da mesma forma ou de forma semelhante àquela de que foi vítima. Principalmente, não deveria apor obstáculos a que, do mesmo jeito que teve reconhecido seu direito de ter um território, não deveria se negar a participar de reuniões e acordos diplomáticos que assegurasse o mesmo direito aos palestinos, seus vizinhos.
Pelo menos essa é minha opinião, de longe, e sem me deter mais na análise dos fatos reais por trás dos atuais ataques. Porque, sinceramente, acho muito pouco, por mais que seja sempre brutal, alegar que o estopim da crise atual tenha sido a morte de 3 adolescentes judeus.
Ora, se qualquer morte é abominável, mais ainda deveria ser usar essa morte dos israelenses para justificar a morte de um adolescente palestino por pura vingança, e pior ainda acabar matando mais de 500 palestinos em uma invasão sem qualquer razão aceitável.
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E, desnecessário chamar a atenção para o fato de que o número de mortos, civis, a grande maioria do lado palestino, praticamente dobra o número de vítimas do ataque ao avião da companhia malasiano.
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E é aqui que a coluna de Jânio de Freitas nos permite ampliar nossa interpretação dos fatos.
Afinal, se o presidente Obama correu para acusar e responsabilizar Putin pelo fornecimento de armas pesadas e treinamento militar aos rebeldes ucranianos, que levaram ao ataque ao avião e à morte de inocentes, o que poderia ser dito agora, sobre as armas SEMPRE fornecidas e ao treinamento idem, das tropas israelenses, pelo exército americano.
É verdade, e devo admitir que questionar o jogo de cena e todo o teatro à moda de um tribunal do juri que Obama montou com total desfaçatez apenas para encobrir a responsabilidade da nação que representa ou dos interesses a ela vinculados, não abranda a miséria humana a que estamos cada vez mais expostos.
Tanto as mortes sem nexo do avião vitimado, quanto as vítimas dos bombardeios e da invasão israelense, não serão esquecidas, nem as vidas ceifadas recuperadas, claro.
Mas que serve para observarmos como a histeria com que Obama e a midia internacional se propõem a responsabilizar a Rússia, serve apenas para desviar a atenção do genocídio que, sob seu patrocínio acontec em Gaza, isso é inquestionável.
E, assim sendo, o que podemos perceber e Jânio nos abre espaço para isso, é o esforço para demonizar a Rússia, livrando os Estados Unidos e seus protegidos em Israel, de qualquer questionamento, reeditando a luta do dragão da maldade contra o santo guerreiro, para usar o título de trabalho premiado de Gláuber Rocha.
Ou seja: bem vindo velho mundo à Guerra Fria. Tão importante antes, como agora, quando o mundo está em crise econômica e é sabida a importância dos gastos militares para salvar o capital e aumentar seus resultados.


terça-feira, 22 de julho de 2014

Não há santos no p... pau de galinheiro...repercussão de acusações a Aécio

Definitivamente foi dada a largada para as eleições de outubro de 2014. E, passada a Copa do Mundo que não seria realizada e que, realizada acabou se transformando na Copa das Copas, em função de seu êxito, agora o assunto que irá dominar todas as rodas é o pleito para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
Ainda ontem, a rede Band deu início a um programa que está programado para ir ao ar todas as segundas-feiras, avaliando as campanhas, as pesquisas e comentando questões que estarão pautando nosso noticiário.
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Por outro lado, a Folha de São Paulo, em sua edição do último domingo, trouxe interessante matéria de jornalismo investigativo, tratando da construção de um aeroporto privado, executada  pelo governo do Estado de Minas Gerais, e bancada pelos cofres públicos, em terras da fazenda de um tio avô de Aécio, no município de Cláudio.
Múcio Tolentino é o nome do tio-avô de Aécio e a cidade de Claúdio, terra de sua avó Risoleta Tolentino Neves  é um dos recantos preferidos pelo menino do Rio para passar momentos de lazer.
Bem, o aeroporto foi construído na terra do tio-avô, ex-prefeito da cidade, e embora devesse ser uma área de uso público, fotos dão conta de que a pista de pouso é cercada e a chave da porteira fica de posse do proprietário da terra.
O que permite que praticamente os familiares do proprietário do terreno, e principalmente Aécio possa utilizar do aeroporto, quando bem lhe aprouver.
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Confesso que, ao ler no domingo a manchete, Governo do Estado constrói aeroporto em terras de tio de Aécio, fiquei chocado com tamanha invasão de propriedade. Com tamanho absurdo, expresso pela invasão arbitrária de terras apenas por serem de parentes do governador.
Ah! a reportagem mostra que a obra foi toda construída e concluída antes da saída de Aécio do cargo que ocupava, em 2010.
Depois fiquei mais tranquilo ao saber que a história estava mal contada, ou pelo menos merecia reparos: afinal, o aeroporto era de extrema necessidade para a região e fazia parte do programa de transportes do governo do Estado, especificamente no modo aéreo, sendo aprovada por todas as análises técnicas realizadas pelos funcionários do governo estadual.
Além disso, a notícia deixou de informar que, de acordo com declaração do candidato do PSDB, por ter o aeroporto tamanho interesse econômico e social, as terras haviam sido desapropriadas pelo Estado.
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Ótimo. Mas se a reportagem cometeu essa falha, cometeu outra mais grave, em minha opinião: não informou que a propriedade, mesmo depois de desapropriada continua registrada nos cartórios como de propriedade de Múcio, que entrou na justiça contra a medida do Estado.
Ou a reportagem talvez tivesse informado isso, mas tanto eu quanto o ex-governador mineiro tenhamos pulado esse trecho o que explica o meu desconhecimento e até o esquecimento do mineiro mais carioca que temos notícia.
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Mas, mais curioso que tudo foi observar ontem, no painel do leitor da Folha, as cartas ou emails indignados remetidos à Folha, acusando o jornal de ter mudado de lado, e ter passado a fazer parte da tropa de choque do PT e de seus interesses.
Uma das correspondências publicadas, e devem ter sido várias, trouxe inclusive a acusação/questionamento de que tipo de pressão ou vantagem a Folha obteve por publicar tanta inverdade sobre o candidato peessedebista.
O que me deixou mais curioso foi verificar que todas as correspondências que defendiam o impoluto senador mineiro vinham de eleitores que devem conhecê-lo de longo tempo, todos de cidades do interior paulista. Ao contrário, as cartas que elogiavam a Folha por ter um comportamento equilibrado e imparcial, destacando as coisas boas e as ruins de todos os candidatos ("pau que dá em Chico, tem que dar também em Francisco")  eram todas de cidadãos mineiros, que a rigor nem deveriam estar tratando do assunto, já que desconhecem o candidato e sua trajetória como governante do estado.
***
Um detalhe.
A exatos 30 anos, estava trabalhando na Secretaria de Transportes do Estado de Minas Gerais, onde a convite do Superintendente de Planejamento e Coordenação - SPC, Márcio Rocha, iria ocupar a função de diretor de planejamento.
Vã ilusão. Algum tempo depois vi ao vivo e a cores o que já deveria ter maliciado: na área de transportes quem é dono, quem manda e planeja é e só pode ser engenheiro, o que não era meu caso.
Mas,  independente de posteriormente Ramon Vitor César, o atual presidente da BHTrans vir a ocupar a diretoria, a verdade é que por um tempo, participei da elaboração do plano de transportes do Estado, nas suas várias modalidades, rodoviário, aeroviário, fluvial, etc.
E, naquela oportunidade, aeroportos que se mostravam necessários e viáveis eram alguns poucos, para cobrir as cidades denominadas polo, das várias microrregiões de planejamento em que o Estado era dividido.
O grande problema é que, por serem obras caras, não havia recursos para a construção nem mesmo dos necessários.
Entretanto, como eu mesmo disse, já se passaram trinta anos daquele momento em que Tancredo Neves, avô do atual candidato a presidente, criou a Secretaria de Transportes, entregando ao deputado Álvaro Antônio Teixeira, do Barreiro, a sua direção e a tarefa de implantação.
Integravam a equipe da Secretaria todos os engenheiros que nunca se desvincularam da área de Transportes, como o secretário adjunto Geraldo Pessoa, o Ramon, já citado, o Francisco, então Superintendente de Transportes, para ficar apenas em alguns nomes.
***
Claro que, depois de 30 anos e depois do Governador Itamar Franco ter ficado a pão e água no comando do Estado, punido por ser contrário às políticas adotadas por seu sucessor na presidência da República, FHC, especialmente no tocante à privatização de Furnas, mudou muito a realidade de nosso estado.
Primeiro, porque se a punição de Itamar obrigava o Estado a pagar toda a sua dívida com a União, não recebendo os repasses de recursos a que tinha por direito, o que levou Itamar a não conseguir cumprir as promessas de campanha em todo o seu mandato, ao menos serviu para sanear as finanças públicas estaduais.
O que serviu para passar a seu sucessor, não por acaso Aécio, um governo com finanças completamente saneadas e controladas na medida do possível.
Este o choque de gestão do primeiro mandato de Aécio. Herança de Itamar, e nem tanto por causa da vontade do político mineiro já falecido.
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Mas ao sair do governo, depois do exercício de 2 mandatos,  a situação das contas públicas era tão caótica, que não cumpria a determinação constitucional em relação a gastos na Educação (piso de professores, etc.) nem mesmo na área da Saúde, malgrado a maquiagem que fazia para apresentar números que lhe fossem favoráveis.
Era esse tipo de gestão ou má gestão que deveria merecer a atenção da reportagem investigativa da Folha, embora parte do desperdício de recursos possa ter tido um início de explicação com o aeroporto de Cláudio.
E nem vamos mencionar aqui os rumores que, se não vinculam a pessoa de Aécio diretamente a outras histórias mal contadas, como Inhotim ou as sacolas do SERVAS (Serviço de Assistência Social comandado pela Andréia Neves, irmã do senador), pelo menos tangenciam questões de seu governo em Minas.
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Como se percebe, foi dada a largada para as eleições e o próprio Aécio já fez acusações pesadas à presidenta Dilma e seu estilo de gestão, que conduziu a Petrobras, maior empresa brasileira, às páginas policiais. Em situações que também merecem explicações ainda mais detalhadas e mais plausíveis.
Ou seja, deste mato não sai santos. E cada enxadada não trará anjos barrocos, salvo se aqueles de fundo falso, os anjos do pau oco.
Esperar e ver. Se tivermos estômago forte até lá.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pitacos do retorno do futebol para o consumo interno. Falhas do Galo, Marias voando e Dunga

Se o segundo tempo do Galo contra o Lanús, na quarta-feira passada, na Argentina, encheu a todos nós atleticanos de esperança,  resultado do futebol de alta qualidade e toques rápidos que foi praticado, a partida de sábado, contra o Bahia voltou a acender as luzes de advertência.
E não porque o Galo vai jogar contra um time argentino, o que torna o jogo sempre um perigo, já que os times argentinos são considerados "encardidos", como vários comentaristas andaram falando.
O problema maior é que o Atlético continua apresentando uma série de deficiências e, analisando friamente, é até difícil apontar um setor que não esteja funcionando a contento.
Se em Lanús, no primeiro tempo, o time errou muitos passes e Ronaldinho Gaúcho foi figura completamente nula em campo, ao menos o meio-campo com Pierre e Donizete jogou firme, sério, espanando a bola como desse, de acordo com a filosofia de que "bola para o mato, se o jogo é de campeonato".
Marcos Rocha, em sua volta depois da contusão foi, mais uma vez e para mim, sem qualquer surpresa, um dos principais, senão o melhor jogador do time. Emerson Conceição jogou como sempre, deixando todos nós torcedores, e seus companheiros muito inseguros.
No ataque, além de Ronaldinho apagado, Tardelli jogava de forma bisonha, e Maicosuel mostrava disposição e dava alento à torcida.
No segundo tempo, entretanto, com a entrada de Jô, no lugar de um André apagado, e Guilherme, no lugar de R10, armando jogadas e, principalmente colocando a bola no chão e saindo jogando, o Galo melhorou muito, inclusive com Tardelli voltando a apresentar o futebol brilhante que o consagrou como ídolo da Massa.
Mas no Independência, no sábado, o time completamente desfigurado foi muito frágil. Abusou de errar passes, mesmo com Guilherme em campo, compondo o ataque com Jô e Maicosuel.
O meio campo, de Eduardo, que achei que de muito inseguro no primeiro tempo, transformou-se em jogador perigoso, sempre tentando fazer jogadas de efeito e sem objetividade, ou como os comentaristas estão dizendo hoje, sem ser agudo.
Marcos Rocha continuou jogando um bolão, mas o resto da defesa, talvez sentindo a falta de proteção do meio falhou em algumas jogadas, poucas, o que valeu, inclusive que o Bahia saísse na frente no marcador. Em um gol com falha de toda a defesa, de Alex Silva que não deu combate e foi se afastando para trás, até o momento em que pulou virando-se de costas, o que acho um absurdo para qualquer defensor. Pior, no meio da área, nem Jemerson, nem Leo Silva estavam marcando o defensor baiano, Titi, que pulou sozinho. Para piorar as coisas, embora fosse um bola muito difícil, achei que Victor foi dar um golpe de vista, evitando de atirar-se na bola.
Na volta para o segundo tempo, novamente Levir mexeu para valer, e a entrada de Luan pôs fogo no jogo e no time, que conseguiu empatar e dar um sufoco no Bahia.
Entretanto, isso acabou forçando o time a se abrir e, embora o meio-campo passasse a acertar os passes, o que já representou uma melhora notável, Eduardo continuava querendo enfeitar e dar toques de classe, e o miolo de defesa continuou inseguro, falhando muito, por falta de maior proteção na cabeça de área.
Curiosamente, Guilherme não jogou bem, deixando muito a desejar e a entrada de Pedro Botelho, se deu mais força às jogadas de ataque, acabou deixando vazios que Barbio acabou tentando explorar.
Não fora Victor, reabilitando-se plenamente, o Bahia poderia ter marcado ao menos dois gols em jogada de contra-ataque, mostrando como que um ataque leve, ágil, rápido coloca nossa defesa pesada em situação sempre de intranquilidade.
Bem, ao menos arrancamos um empate, o que é muito pouco para quem tem qualquer pretensão de obter uma classificação que permita voltar a disputar a Libertadores. Quanto ao título, embora ainda haja muita água a rolar, até o final da 38ª rodada, há que se admitir que está ficando cada vez mais distante.
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E a razão, infelizmente, é que o Cruzeiro, nosso maior e pior rival, está sobrando. Voando em campo. Como se o time fosse o único que tivesse levado a sério e se aproveitado do período de interrupção em decorrência da Copa. O que apenas demonstra o que é uma gestão séria e profissional.
Afinal, o Cruzeiro manteve praticamente todo o plantel campeão no ano passado. Marcelo Oliveira mostra cada vez mais o excelente técnico que é. O time ainda andou se reforçando, logo ele que já tem o que muitos consideram o elenco mais forte e equilibrado dos times da série A do futebol brasileiro.
Infelizmente, é preciso admitir, ainda tem o ataque mais acertado e com maior número de gols, e o artilheiro, Ricardo Goulart, que está também jogando em altíssimo nível.
Pena, porque estão em uma disparada no campeonato que vai tornar muito difícil, a continuar assim, que algum time consiga tirar a diferença de pontos que já vão abrindo.
O que não indica que a defesa esteja bem, e que no jogo de ontem, o resultado tenha sido justo, já que o Palmeiras parece, pelo que alguns analistas comentaram, ter jogado melhor no segundo tempo.
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Não estou virando casaca. E já estou secando o time de Marias, desde logo.
Mas, que dá para ficar muito chateado, ao ouvir Alexandre Kalil dizer que o torcedor que esperava reforços é bobo, uma vez que os reforços já estão no clube, em seu Departamento Médico, não tem comentário. Afinal, esse é o nosso presidente, e um time que tem um presidente que já está se tornando folclórico, tamanha a sua verborragia e declarações destemperadas, não pode almejar coisa muito diferente do que temos assistido.
Porque uma coisa é ser passional, torcedor, campeão, outra diferente é ser arrogante e pensar que o torcedor não merece mais respeito e consideração.
Parece que o presidente que tanto defendeu, xingou a torcida que não desejava e era contra, e tanto tempo perdeu com a contratação de Autuori, não aprende mesmo.

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O novo técnico da seleção

Depois de convidar Gilmar Rinaldi para coordenador técnico da seleção, embora o ex-jogador não tivesse qualquer credencial para ocupar o cargo, a imprensa está anunciando a volta de Dunga para a seleção brasileira.
Dunga, que chegou a técnico da seleção principal sem qualquer experiência anterior na função, embora tenha mostrado algum preparo, mostrou também uma prepotência e arrogância que acabaram por causar problemas. Problemas que abrangem desde a convocação de um grupo fechado por antecipação, formado menos pela qualidade dos jogadores mas como forma de homenagear os jogadores mais fiéis ao treinador e deixando de lado, por pura teimosia, jogadores que estavam muito melhores tecnicamente, como foi o caso de Ganso e Neymar.
Se os  números de Dunga na seleção não são ruins, muito ao contrário, o problema maior do treinador, além dessa característica muito aplaudida de ser cabeça dura, travestida sob o nome de profissional de opinião própria e autonomia, é estar vinculado a toda uma situação que se queria implodida na CBF, o que faz com que a torcida pelo êxito de seu trabalho, acabe sendo reforçar essa estrutura carcomida e corrupta que vem, há anos, dominando a CBF e que já passou da área de ser detonada. De tão podre que se encontra.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Pitacos de fim de Copa e a vitória da Alemanha sobre uma Argentina em frangalhos

Em jogo muito movimentado em seu início e em que a falta de pernas dos jogadores argentinos acabou se tornando importante fator para a queda de movimentação e até para a queda de ritmo no final, situação que só foi ficando mais e mais nítida quando a prorrogação teve início, a Alemanha sagrou-se campeã de uma das melhores Copas dos últimos anos.
Embora não retire da Alemanha os méritos pela conquista, é sempre importante recordar que os argentinos haviam jogado uma partida duríssima contra a Holanda, com direito a prorrogação de 30 minutos, um dia depois de a seleção alemã ter feito um treino tático de aquecimento contra a vergonhosa seleção de Felipão.
Portanto, em minha opinião, poderia ter sido outro o resultado do embate e da Copa, se os dois times estivessem em igualdade de condições e o próprio jogo teria sido muito mais agradável de se assistir, já que se a Alemanha equilibrou o jogo no segundo tempo, na primeira etapa da prorrogação a Argentina já mostrava claramente os efeitos do cansaço, dando chutões e arrastando-se, como se pedindo a Deus ou ao Papa Francisco para que o jogo fosse logo para as penalidades.
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Da disputa entre o Papa Emérito Bento XVI e o Papa Francisco, vindo lá do fim do mundo como ele mesmo se definiu, foram as preces do Papa alemão que Deus ouviu com mais nitidez e, no fim da segunda etapa da prorrogação, quando tudo já parecia definido e as penalidades eram favas contadas, jogada pela esquerda encontrou Goetze na área, completamente livre de marcação, para matar a bola no peito e sem deixá-la cair no gramado, fuzilar inapelavelmente o gol de Romero.
Alemanha 1 a zero.
Gol do futebol mais vistoso porque coletivo. Gol do futebol mais objetivo. Gol que resgata a técnica no futebol, e põe em destaque a organização, o planejamento, o profissionalismo.
Enfim, gol que nos serve para que possamos extrair várias lições.
Entre elas, a de que jogadores de futebol não precisam ser tratados como meninos de grupo escolar, entrando em campo como soldadinhos de chumbo, um com a mãozinha no ombro do coleguinha da frente, para não saírem da formação.
Outra lição: que jogador de futebol pode até saber cantar o hino nacional, já que cada vez mais, felizmente os jogadores tanto quanto o povo que representam está adquirindo mais cultura, e mesmo com percalços e deficiências estão ficando mais educados ou escolarizados, o que serve para moldar o homem e o cidadão, ser social capaz de participar dos assuntos que lhe dizem respeito e até de cantar o hino.
Mas cantar o hino se é uma conquista, não é uma solução. E quem não canta ou não sabe cantar o hino pode jogar futebol de qualidade, ao passo que quem o canta a plenos pulmões pode muitas vezes, estar tentando usar dessa sua capacidade para esconder, atrás de um nacionalismo pueril e um patriotismo besta e perigoso, sua inaptidão para a prática do esporte.
De mais a mais, é bom sempre lembrar e a Alemanha foi pródiga em ilustrar isso, que futebol é mais, bem mais que fazer o jogo para a torcida. Razão porquê concordo com o jornalista inglês, comentarista, que detonou com David Luiz, também para mim, um dos piores jogadores da Copa.
Por ser considerado, a partir de um dado momento da Copa, um jogador bonito (?), carismático, capaz de falar bem e até com algum grau de politização, David Luiz passou a se achar um pop star capaz de, sozinho, resolver todos os problemas do time ao qual ele pertencia. De mais um, importante, passou a se sentir o UM, capaz de em um passe de mágica resolver os problemas que o time brasileiro mostrava a cada novo jogo.
Envergando suas vestes de super-herói, David Luiz foi jogar para a galera e não cumpriu nem sua função de capitão, no jogo contra a Alemanha, nem a de jogador de defesa, sendo culpa dele, direta ou indiretamente, ao menos um terço ou a metade dos gols sofridos. Afinal, nosso super-herói de araque, não conseguiu nem mesmo cumprir seu papel primeiro o de ocupar seu lugar na defesa, fechando espaços e impedindo a progressão do time alemão. Que aproveitou para fazer linha de passe na área.
E para não dizer que foi apenas pane, é bom observar que o último gol da Holanda foi muito semelhante à vários dos gols do jogo anterior, para mostrar como estava fácil entrar pelo meio da área brasileira.
Para o cronista inglês, nunca um jogador de alto nível fez uma Copa do Mundo tão ridiculamente ruim como a de David Luiz, a ponto de afirmar que a torcida que vaiava Fred e sua inoperância ter tanta culpa quanto Felipão, já que também não via e não entendia o jogo, aplaudindo o nosso zagueiro.
Concordo em gênero, número e grau com ele.
***
E, em meio a todo o desastre,  passei a me lembrar da primeira Copa que acompanhei, no ano de 1962, em que a perda de Pelé, com estiramento muscular na partida contra a Tchecoslováquia foi considerada por muitos como o prenúncio de uma catástrofe.
Não foi. Na partida seguinte, Amarildo, o substituto de Pelé, com dois gols nos classificou contra uma Espanha muito forte, que saiu na frente do placar e que foi prejudicada pela arbitragem.
Naquela época como agora, como lembrou Lottar Matthaus, os times perdiam jogadores importantes e isso não significava o fim do mundo. Para isso, haviam os substitutos. E de mais a mais, o time era um time, não a banda do eu sozinho.
Amarildo substituiu a Pelé, embora tivéssemos o tocador de sete instrumentos, nas pernas tortas do Mané. Esse sim, jogador de alegria nas pernas, já que cada uma saía correndo para um lado do campo.
E lembrei que até marcando gol de cabeça, o que não era nem um pouco usual, Garrincha corria pulando para o meio campo, abraçando a seus companheiros e comemorando. Comemorava como um jogador de futebol, com sua equipe, muito longe das comemorações coreografadas que a gente assiste hoje, e que dá tanto ibope nas midias. A ponto de ser possível o jogador passar mais tempo treinando uns passos de dança para comemorar um gol, que treinar com afinco, para fazer a jogada e dali, surgir inevitável o gol.
Naquela época, jogador não era pop star, e tratava de jogar bola tão somente. Nem queria ser galã, como Fred, nem menino propaganda como Neymar Jr, embora não esteja aqui criticando que ele queira faturar MAIS algum por sua atuação perante as câmeras. Afinal, ganha pouco o menino...
Naquele tempo, quem aparecia nas colunas sociais ou era jogador como um Heleno de Freitas, que não vi jogar, mas ouvi falar sobre sua brilhante capacidade de jogar, e sobre seu final melancólico, em um hospital psiquiátrico, ou então, um jogador como George Best, notável ponta direita inglês, que saia de Londres para ir cortar cabelo em Nova York e pôs fora toda sua fortuna, acabando alcoólatra.
Alguns outros jogadores, quando apareciam fora das colunas de esporte, frequentavam as colunas policiais, envolvidos em brigas, em arruaças, como Almir, o pernambucano, de temperamento forte.
Além de propaganda para pilhas de rádio, acho que as amarelinhas e de bolas de plástico com seu nome, protagonizadas por Pelé, outra propaganda que lembro e que deixou marcas, foi a de Gérson e o cigarro Vila Rica, infeliz união para mostrar que nós brasileiros gostamos de levar vantagem em tudo, Cxxxerto?
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O futebol mudou, claro e os jogadores são participantes de eventos muito mais midiáticos, agindo como pop stars. Mas, não são. Nunca vi, nem Garrincha, nem Pelé ou Didi, ou Newton Santos, preocupados com a tonalidade do cabelo que iriam usar na próxima partida, ou se iriam manter a cor ou descolorir ainda mais, ou então, se iriam usar cabelo moicano ou arrepiadinho com pontinhas viradas para cima, ou para a esquerda ou direita.
O futebol mudou, virou espetáculo e com isso, perdeu.
E Matthaus pôs o dedo na ferida, no caso do time brasileiro. São muito pouco jogadores ou profissionais. São muito prima donnas, embora não tenha usado exatamente essa expressão.
Inclui-se aí, a diferença de comportamento entre nossos atletas e os estrangeiros. Os nossos, qual bailarinos, voam no ar, leves como a pluma e reclamam, jogam a torcida contra o juiz, fazem cenas, choram. Os estrangeiros, levantam e continuam correndo em perseguição à bola, e tanto insistem que a recuperam e, às vezes, saem daí jogadas de ataque muito perigosas.
Diferenças de temperamento, sim. Mas que nos prejudicam como os resultados obtidos não nos deixam esquecer.
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Só para tratar de mais duas questões que achei interessante e pouco foram exploradas.
A primeira, a simpatia da Alemanha. Que como qualquer artista, viaja a nosso país fazendo exigências mil, de tantas toalhas em seu camarim, água de banho a tantos graus exatos, de frutas assim e assado, etc.
A é verdade, a seleção alemã, como todas as demais não fizeram quaisquer exigências.
Mas a seleção alemã, ao contrário de outras, não podia se contentar com pouca coisa. E precisou construir todo um complexo de centro de hospedagem e treinamento para sua estada durante a Copa.
O que será feito desse Centro, agora que a Copa acabou, não vi ninguém comentar. Pode ser que fique como doação ao povo que acolheu tão bem aos alemães.
Mas, outros times foram mais simpáticos, ao contratarem e usarem centros de hospedagem e treinamento já existentes, e com o mesmo nível de qualidade, ou não?
Isso não significa que os jogadores alemães não sejam simpáticos e não soubessem cativar o público brasileiro, mas que a seleção alemã, a meu modo de ver adotou uma postura algo antipática, no mesmo nível daquela postura dos grande artistas que exigem cousas e lousas em seu camarim, não sei não.....
A segunda, como é vergonhoso, embora natural já que as pessoas têm o direito de serem e torcerem como o desejam, que alguns de nós brasileiros estivéssemos torcendo como nunca para a Alemanha massacrar a Argentina. E como ainda um Felipe Andreoli, esse mais infeliz em minha opinião, um Marcelo Tas, um Datena, e outros repórteres da imprensa esportiva têm prazer em tripudiar de nossos vizinhos porque eles perderam de um a zero para a Alemanha e ficaram apenas com o segundo lugar. Enquanto galhardamente nós ostentávamos o título de maior vexame da história de todas as Copas.
É por uns infelizes assim, como o Andreoli, cujo programinha esportivo na Band não durou nem um semestre, já que ninguém é idiota tanto tempo, mesmo sendo telespectador de tevê aberta, que a rivalidade de brasileiros e argentinos supera em muito o espaço a que deveria estar relegado.
Mas felizmente, para lidar com pessoas como os jornalistas citados, existe um instrumento infernal e espetacular: o controle remoto.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Pitacos vários sobre a volta à normalidade em nosso país

Duas notícias que a Folha traz hoje, em destaque, merecem algum comentário.
A primeira, a respeito de Joaquim Barbosa, e o mais recente atrito que tem o presidente do Supremo como protagonista. Mais um atrito, apenas mais um.
Trata-se do fato de Barbosa estar adiando sua aposentadoria, para poder presidir a sessão em que se discutirá o destino de todos aqueles que o assessoraram durante seu mandato como presidente da Corte.
Como se sabe, no serviço público, qualquer que seja o poder ou instância, existem os cargos de assessoria de seus dirigentes, ditos de confiança.
Legalmente, trata-se de cargos de recrutamento amplo, ou seja, que podem ser ocupados por qualquer pessoa idônea, de ficha limpa e que não tenha parentesco direto com o ocupante do cargo em função de medidas destinadas a evitar o nepotismo. Basta que a pessoa seja de confiança de quem o indicou e nomeou.
Ora, como cargo de confiança, tão logo haja o rodízio no cargo, com a entrada de outro para exercer o mandato, todos os assessores devem - e alguns costumam, apresentar seu pedido de exoneração da função, pela qual recebem uma polpuda gratificação especial.
Quando os ocupantes do cargo de confiança ou comissionado são funcionários de carreira no órgão, retornam a suas funções e cargos de origem, e a vida segue. Aqueles que não tinham lotação no órgão, antes da nomeação para o cargo de confiança, voltam a suas atividades anteriores, em geral, na iniciativa privada.
E o fazem com vantagens significativas, por todo o conhecimento dos intestinos do poder público, que passam a deter. O que os permite passar a viver na cômoda e nobre(?) função de consultores, que é o nome mais comumente empregado para a função de lobista em nosso país.
A saída dos nomeados se dá, para que o novo mandatário possa indicar, então, aqueles que são de sua confiança, o que, em algumas ocasiões excepcionais, acabam reconduzindo alguns assessores ao cargo/função.
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Pois bem, o que o impoluto presidente do Supremo deseja é romper essa tradição, mantendo em seus postos todos os que o serviram na função. O que poderia significar uma tentativa de restringir ou limitar as ações de seu substituto, mantendo sua influência nas decisões de seu sucessor.
Ou então, apenas lembraria a famosa carta de Pero Vaz de Caminha, que depois de contar e cantar as vantagens da terra descoberta a El Rei de Portugal, aproveitou o texto para emendar um pedido de emprego para alguém de sua relação pessoal.
O que mostra mais uma vez, aos incautos, o material de que é feito nosso paladino da Justiça e da moralidade, ou seja, o mesmo barro de que todos nós, da raça humana, somos feitos.
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A segunda das notícias diz respeito à crítica de Aécio, o candidato do PSDB, ao uso político da Copa, feito pelo governo. Pelo que noticiam os jornais, o menino do Rio teria afirmado que o governo pagará o preço e vai se frustrar de tentar se apropriar politicamente da organização do Mundial.
Curioso é que, antes da Copa, eram os partidos de oposição que, sem torcer abertamente, faziam comentários que nas entrelinhas traziam acusações ao governo por todos os erros, atrasos, falhas, problemas que a realização dos jogos iria promover, especialmente aqueles ligados às questões de segurança.
Com a chegada da Copa e seu desenrolar, o que se viu foi que nenhuma das previsões catastrofistas se realizaram, dando razão ao governo que prometia que essa seria a Copa das Copas.
Que, como é óbvio, o governo iria atrelar sua imagem à campanha que vinha sendo feita pela nossa seleção, e às vitórias que vinham sendo obtidas, era de se esperar. A ponto de um oposicionista da importância do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter surgido dando entrevistas a respeito do desempenho do time brasileiro, tentando mostrar que a seleção é de todos nós, o povo brasileiro, que para ela todos nós torcíamos e torcemos e que as vitórias do time, não poderiam e não seriam apropriadas por qualquer governante de ocasião.
Essa declaração, dada poucos dias antes do vexame da seleção frente à equipe da Alemanha, acabou dando origem a dois comportamentos depois do vexame.
Do ponto de vista do governo, Dilma e seus assessores trataram de tentar desvencilhar sua imagem da vergonha protagonizada pelo time em campo, voltando seus comentários para a questão da organização, desnecessário dizer, pra lá de exitosa.
Tudo bem que não por culpa do governo, mas ainda assim, exitosa.
Já o candidato das elites tenta mudar o discurso de seu partido, passando agora a criticar a tentativa de apropriação política da Copa do Mundo.
Curioso, insisto, é que é o candidato da oposição que é o primeiro a vir a público para vincular a derrota a uma questão política, voltando a vincular a imagem do governo ao resultado obtido pelo time em campo.
Declaração que valeu do ministro Gilberto Carvalho o adjetivo de "desprezível", com o qual sou obrigado a concordar.

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A limitação de nossa midia


Excelente o artigo ontem publicado na Folha, caderno principal, à página 3, do professor Jean Marcel Carvalho França, intitulado O nacionalismo pueril.
Ali, citando um pequeno livro de Karl Popper, que trata da midia televisiva, redigido em 1954 - "Televisão: Um Perigo para a Democracia", o autor mostra que os males de nossa mídia, especialmente ao tratar de certas questões e temas com um nacionalismo que beira as raias do ridículo e do perigo em que esse ridículo pode se transformar, o professor mostra que não é por ideologia que isso tem lugar.
Ao contrário, o problema é que o nível cultural de parte considerável de quem age assim e atua na midia é tão extremamente baixo, que  permite que a singeleza de espírito desse pessoal crie situações por mais bem intencionados que possam ser, capazes de terem efeitos perigosos para o próprio convívio social.
Com muito mais conhecimento e propriedade, trata do mesmo assunto que eu tentava enfocar na postagem de ontem, sobre a irresponsabilidade de certo comportamento e comentários da nossa imprensa.
Como o professor se refere, "gente mal preparada que, com as melhores intenções, julgam se dirigir a outros igualmente limitados".

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Robben

Comentário de Robben, repercutido pelos meios de comunicação de massa, dá conta que o brilhante jogador holandês considera que a Argentina não será páreo para a Alemanha.
Opinião que temos que acatar e respeitar, já que cada um pode pensar e expressar seus pensamentos de forma livre.
Mas que podem revelar um certo despeito, o que pega mal para o jogador, que deveria evitar o comentário, ao menos em minha opinião, para evitar má interpretação como a que eu fiz.
Considerando que a Argentina empatou com a Holanda, jogando melhor e merecendo mais a vitória, isso não significa que a Holanda também não teria qualquer chance contra a Alemanha?
E se assim fosse, não significa que já favorita, todo o torneio teria sido um desperdício, inclusive a luta da Holanda por chegar à final, já que a Alemanha poderia ser declarada vitoriosa desde o início?
Eu evitaria a declaração, mesmo acreditando que a Alemanha tem tudo para vencer.

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Gilberto Carvalho

Li hoje, que a presidenta Dilma não conseguiu, ainda, engolir as vaias e ataques descabidos de que foi vítima no Itaquerão, na abertura da Copa, nem os comentários - corretos - de seu ministro Gilberto Carvalho, para quem a insatisfação com a presidenta não é apenas da elite, mas alcançam a toda uma gama de pessoas de outras classes sociais.
Ora, isso significa apenas que a presidenta não enxerga a realidade e não tem a humildade de aceitar que não é a personificação dos ideais de poder e liderança que julga encarnar.
Uma pena.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Argentina na final

Para mim, vergonhosa é a expressão mais leve que pode ser usada para expressar o comportamento de parte de nossa imprensa e seus comentaristas de araque.
Vergonhosa por que, ao contrário de incentivarem a união das pessoas, dos povos, etc. acabam sendo os principais incentivadores de um comportamento que, mais cedo ou mais tarde, irá descambar para discussões, agressões, barbárie, etc.
Refiro-me, especificamente, ao comportamento de gente como o tal de Mano, que não apenas se acha, mas foi contratado pela FoxSports2 para comentar os jogos da Copa do Mundo, entre os quais o de ontem, entre Holanda e Argentina.
Pois, durante toda a Copa, optei por acompanhar as transmissões divertidas, bem humoradas, engraçadas, diferentes e, como diz o Paulo Bonfá, totalmente excelentes daquele canal. E, mesmo que em algumas ocasiões tivesse restrições a uma ou outra brincadeira ou piada ou comentário, a verdade é que cheguei a recomendar a amigos que assistissem ao canal.
Mas ontem não consegui mais me conter e mudei de canal. Por culpa do tal Mano que de engraçado ou divertido não tem absolutamente nada. E que pelo visto nada entende de futebol, a julgar pelos "sábios" comentários com que nos brindou.
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Que as pessoas brinquem e gozem e torçam contra os "hermanos" argentinos faz parte da própria disputa e das gozações que envolvem o futebol e qualquer competição esportiva.
Assim, acho muito divertido o comentário do Zé Simão, na Folha, quando diz que está correndo risco de ser preso por falsidade ideológica, por já ter assumido nessa Copa a nacionalidade iraniana, suíça, belga, holandesa, ou seja de cada um dos adversários da seleção argentina.
De Zé Simão não é de se esperar outra coisa, senão humor de qualidade. Leve. Que a mim, e admito até que possa estar enganado, parece ser apenas uma gozação, uma forma de brincar com nossos vizinhos, os argentinos, sem mais qualquer outro ranço.
Mesmo quando ele brinca, como o fez ontem, que a rainha Holanda ficaria dividida por ser de nacionalidade argentina. E completa dizendo que se vê sua nacionalidade pelo próprio nome: Máxima. Como todo argentino que se acha o máximo.
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Na transmissão da FoxSports2 ontem, contando com a presença de Murilo Couto, a quem acho bastante engraçado, houve um momento, logo no início do jogo que o comediante perguntou se tinha de comentar de forma isenta ou poderia torcer. A resposta que obteve, de que poderia fazer o que quisesse, inclusive torcer, foi seguida de um "vamos Holanda" que me pareceu apenas mais um outra gozação.
Mas talvez por não suportar a concorrência de alguém que sabe fazer humor, e que roubaria a cena, o tal Mano, presente na transmissão como comentarista esportivo, resolveu que ia torcer também. E fazendo comentários de quem ou não estava enxergando o jogo, ou não sabendo brincar e fazer piadas, resolveu apelar e ficar todo o tempo criticando a Argentina.
Fazendo considerações sobre o jogo que traziam a marca, não disfarçada, de uma rivalidade com os hermanos, que supera a mera zoeira esportiva.
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Mudei de canal, ontem, e não voltaria a ver nem a recomendar a qualquer pessoa assistir a qualquer programa em que esse infeliz participasse.
Mas, infelizmente não é apenas esse comentarista que tem feito comentários tão rancorosos em relação a nossos vizinhos.
Datena, na Band, também faz comentários que parecem mais próximos ao menosprezo aos argentinos, que a uma gozação nos limites do futebol.
E não é apenas o Datena que adota tal postura, já que os comentários que ele costuma adotar em seu Brasil Urgente são sempre muito curiosos: embora nunca digam claramente certas coisas que poderiam ser consideradas como induzindo à violência ou capazes de insuflar o povo a, por exemplo, fazer justiça com as próprias mãos, percebe-se que, nas entrelinhas é esse o conteúdo de suas opiniões. Ou esse o risco que essas opiniões podem suscitar.
***
Em relação ao futebol, e particularmente quanto ao jogo de ontem, a Argentina, que tinha uma defesa considerada muito fraca e um ataque infernal, embora ontem completamente desfalcado e desfigurado, deu ontem uma aula tática, abrindo mão de um ataque mais agudo para procurar cercar o meio de campo, de forma a blindar mais sua defesa.
Ao dar um nó no meio campo da Holanda, já que até Messi ficou por ali, marcando e fechando espaços, surpreendeu a Holanda que não encontrou qualquer brecha para suas investidas pelas pontas, a ponto de ter apenas uma oportunidade real de perigo durante todos os 90 minutos de jogo.
Na prorrogação, o sempre perigoso Robben, teve mais uma oportunidade, mais em decorrência do cansaço dos zagueiros argentinos e do excelente e impressionante vigor físico do holandês.
Jogando com a defesa protegida, e mais compacta, a Argentina conseguiu encurralar a Holanda em seu campo, trocando passes até que surgissem, como aconteceu, quatro oportunidades de ataque, em que levaram perigo ao gol da seleção laranja.
Até esse momento, confesso que não conseguia me definir em relação à qual das seleções eu torcia para chegar à grande final de domingo, contra a fortíssima e embalada seleção alemã.
Foi na cobrança de pênaltis que me defini, torcendo pela Argentina tão somente porque, em minha opinião, foi quem mais fez por merecer durante todo o jogo. Embora Denílson, na Band, tivesse dito que a Holanda foi melhor.
E o goleirão mão de manteiga da Argentina acabou calando a boca de tantos que o criticaram, mostrando porque é o goleiro da seleção hermana e assegurando a passagem para a final.
***
Foi um jogão e, até por minha origem sul-americana, deveria torcer para a Argentina na final de domingo.
Mas, confesso que depois de ter visto o show de bola que a máquina alemã deu, na partida contra o Brasil, fico pensando em que, mesmo mais inclinado a torcer por nossos vizinhos, seria uma injustiça que a Alemanha não levasse o troféu.
Concluo, então, que o melhor é assistir ao jogo, como quem gosta de futebol, e torcendo para que o futebol seja o grande vencedor do confronto. E, para não fugir à obviedade e ao lugar comum, que ganhe o time que se apresentar melhor em campo.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Luto por Plínio, um político - e um ser humano - de respeito

Não poderia deixar de expressar aqui, meu pesar pela morte de Plínio de Arruda Sampaio, professor, político, ex-deputado federal, pai do Plininho que foi professor meu no curso de Doutorado de Políticas Públicas na Unicamp, lá pelos idos de 89 e meu candidato a presidente nas últimas eleições.
Plínio é um desses homens que honra a raça humana e com a sua morte, perde a sua família, todos os que tiveram o prazer do convívio com um homem de tal estatura.
Perdem seus amigos, perde o país, perdemos todos nós.
Que descanse em paz, Plínio, depois de uma luta tão renhida contra o câncer.