segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleições e democracia. E o convite para os aecistas ajudarem Dilma a construir um país melhor. Sem irem embora

Às 18:30 da tarde de ontem, teve início uma carreata acompanhada de um buzinaço pelas ruas de Belo Horizonte. Gritos de Aécio presidente podiam ser ouvidos, enquanto as redes sociais martelavam a grande notícia: o presidente do IBOPE teria ligado para o tucano e cumprimentado por sua eleição.
Em seguida, ficamos sabendo que FHC já estaria em um helicóptero, deslocando-se para a capital mineira onde, na casa de Andreia Neves, seu irmão daria início à festa da vitória.
Bombardeado por tanta comemoração antecipada, enquanto esperava o término das eleições nos estados em que o fuso horário somado ao horário de verão nos obrigava a aguardar a chegada das 20 horas, lembrei-me do episódio ocorrido no Rio de Janeiro, em 1982, que passou à história como o caso Proconsult.
Para os mais novos, que não têm conhecimento dos fatos, é importante esclarecer os fatos. Regressando do exílio em 1979, graças à Lei da Anistia, uma das primeiras medidas adotadas por Brizola foi a tentativa de recriar o Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB de Getúlio, de Jango e de tantas conquistas para o trabalhismo histórico.
Temendo a força do político e a mística da sigla, o governo militar e a Justiça acabaram impedindo que a sigla passasse a pertencer ao político gaúcho que, por este motivo, fundou o PDT.
Em 1982, tendo crescido nas pesquisas de intenção de voto durante toda a campanha, Brizola chegava às eleições como o principal candidato ao governo do Rio, pela nova agremiação. Foi então que as forças instaladas no poder resolveram alterar a vontade das urnas para não darem a oportunidade de Brizola tornar-se vencedor.
Embora os votos ainda usassem cédulas de papel, o TRE carioca contratou uma empresa para que fosse a responsável pela totalização dos votos, lançados nos mapas relativos a cada urna eleitoral.
No meio do caminho, entretanto, enquanto os dados eram lançados, o "software" ou programa utilizado para a operação tinha um "fator delta" cuja função era retirar um percentual dos votos de Brizola e torná-los nulos ou computá-los para outros candidatos.
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Acompanhando os resultados direto da sede do Tribunal, a Globo, tendo ou não conhecimento da maracutaia, passou a anunciar o resultado oficial forjado. Mas, a rádio do Jornal do Brasil, acompanhando de cada seção eleitoral os mapas de votos, informava números completamente distintos.
Brizola foi à imprensa, denunciou a fraude e acabou desmontando todo o esquema. E acabando com a comemoração do candidato que estava à frente da apuração.
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O Caso da cadeira do Prefeito

Em 1985, em outro caso célebre, FHC concorria à prefeitura de São Paulo pelo PMDB e por estar liderando todas as pesquisas de intenção de voto,  foi convidado a fazer uma matéria para a revista Veja (sempre ela!!!).
Na matéria, já contando com a eleição assegurada, e querendo já estar com a capa pronta da edição semanal, a revista pediu e Fernando Henrique concordou em se assentar para tirar uma foto na cadeira do Prefeito.
Repórteres outros ao virem o ato solicitaram ao candidato o direito de também fotografarem o episódio, com o compromisso tácito de não publicar até depois de conhecido o resultado das urnas.
Dando como líquida e certa a eleição do favoritíssimo FHC, a Folha de São Paulo estampou a foto na matéria de capa da primeira página no dia da eleição.
A foto considerada de extrema arrogância derrotou FH e contribuiu para a vitória de Jânio Quadros. Que começou sua gestão, desinfetando a cadeira da Prefeitura, em um de seus vários gestos teatrais.
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Agora o Ministro Armínio

O mesmo fato aconteceu agora, na campanha eleitoral de Aécio, com a indicação antecipada de que seu ministro da Fazenda seria Armínio Fraga. Medida que poucos se detiveram a analisar ou comentar, mas que Dilma não deixou passar sem recibo. E lembrou, em um comentário, que foi o ex-presidente FHC que sentou na cadeira que não lhe pertencia.
E foi derrotado por isso.
O anúncio de Aécio tinha uma motivação óbvia, que era o de assegurar para si o apoio de toda a mídia internacional especializada em economia e finanças, o apoio de toda a banca internacional e de todo o capital financeiro especulativo e de todo o pensamento econômico conservador.
Não acredito que, naquele momento, houvesse muito mais que essa tentativa de crescer os olhos nesses setores que dominam o poder financeiro global e, por tal motivo, são os detentores do poder hegemônico.
Aécio como não é bobo, sabia da importância desse apoio dos donos do capital. Mas ao tomar essa medida, antipática e até arrogante, dependendo de como ela poderia ser apresentada e explorada pelo partido contrário, acabou dando a munição para que Dilma e seu PT virassem o jogo.
O PT soube explorar a presença de Armínio, ligando-o como seria de se esperar a fracassos do último mandato de FHC, como a falta de controle da meta de inflação, ligando-o aos processos de privatização que tanto lesaram o patrimônio público e que creio que, mesmo concordando, nem Armínio participava, ao menos diretamente. Ligando Armínio à quebra internacional do país, que levou o Brasil a correr atrás do socorro do FMI - a maior operação de empréstimo jamais feita pelo Fundo - e até mesmo ao apagão e queda do PIB em período em que foi o presidente do BC.
Não creio que Aécio tenha feito a indicação por considerar-se já eleito, ou por acreditar que isso seria um trampolim para sua vitória.
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Comemorações antecipadas e festas de rua

Mas, parece que os simpatizantes do PSDB não se emendam. Não aprendem.
Embora não dê para generalizar, já que muitos dos atuais eleitores de Aécio talvez nem tivessem participado de outras eleições ou manifestações cívicas anteriores, há uma parcela de eleitores mais velhos que já deveriam ter aprendido.
A festa eleitoral de véspera, ou quando ainda faltam duas horas para o encerramento das eleições, é só barulho à toa. Ou a queima de fogos já comprados por quem não tem onde guardá-los.
Porque embora não tivesse feito o comentário antes, ou apenas o tenha delineado sem aprofundar, as comparações da campanha e dos partidários/torcedores/eleitores de Aécio com a campanha de Collor em 1989 têm muitas semelhanças.
A começar de que Collor e seus coloridos eram os representantes dos bem nascidos, dos moços que foram caracterizados como playboy em sua juventude, de governadores que chegaram ao poder jovens e fizeram gestões que foram bem avaliadas. Ambos tinham uma bandeira semelhante. Um, à caça de marajás, e desejando cortar os gastos públicos, inclusive todos os subsídios. Outro, à caça de corruptos (nunca dos corruptores, claro!), desejando reequilibrar as finanças públicas mesmo que para isso, com cortes de gastos sociais subsidiados.
Collor tinha uma obsessão em domar a inflação, a que abateria com um só tiro, ou um ippon. Aécio e Armínio tinham a meta de trazer a inflação para 3%, custasse o que custasse.
Ambos eram tidos como rapazes bem apessoados, conquistadores, galanteadores e ... com alguns casos de tratamentos menos elegantes dispensado a suas companheiras.
Além disso, Collor resolveu que ia assumir para si as cores da bandeira brasileira, o hino, os símbolos da pátria.
A turma do Aécio queria ir votar com as cores da bandeira, ocuparam praças com as cores verde e amarela como se fossem os donos da brasilidade.
Collor pediu para todos irem às praças manifestar-lhe apoio em um 7 de setembro. Fomos todos de preto, para mostrar que o povo não estava com ele.
Agora a turma de Aécio, para não deixar de usar o pretinho básico comprado para a comemoração que não haverá, solicita que todos vistam o preto no dia de hoje.
Como dizia Ataulfo, nunca vi ter tanta coincidência.
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Agora a hora do Impeachment

Mas o pior é como os aecistas tratam essa tal democracia. A maioria deles, ao menos os recém-formados, sem Pronatec, mas com um diploma conquistado com a ajuda do FIES da Dilma.
E justo eles, que mostram agora o tão pouco foram capazes de aprenderem que democracia não são nossas vitórias e conquistas, mas a realização dos sonhos do povo.
Que povo é esse?
O mesmo povo que, como eles, optaram por coisas distintas, por outras mudanças, dotados de uma visão diferente de mundo. E quem não tem visão diferente do mundo e das coisas que nele acontecem?
E quem não vive os reflexos e os efeitos dos eventos de forma distinta, subjetiva? Não foi isso que estava escrito nos livros texto de Microeconomia? A satisfação ou utilidade de um pode não ser a do outro? O valor é subjetivo?
Porque pensar que o nosso valor ou modo de ver é o melhor ou único?
Talvez porque a presidenta reeleita por vontade da maioria do povo - no Nordeste redesenhado para incluir agora os Estados do Rio de Janeiro e Minas, onde Aécio perdeu também -, tenha tocado na ferida e esses recém bacharéis nada entenderam do curso que fizeram?
Porque afinal de contas, quem disse que curso superior é para ensinar a trabalhar e obter emprego? Cursos universitários podem até contribuir com isso, mas nunca deixar de exercer sua função principal, que é ensinar as pessoas a observarem, classificarem, analisarem e identificarem problemas em sua realidade e de seu meio, e depois buscarem identificar opções ou alternativas de solução para os problemas.
Curso superior ou da universidade é para ser universal. Para fazer pensar, não para criar máquinas. "Não sois máquinas, homens é o que sois. " Chaplin,
Ora, para aprender um ofício e ter uma colocação, devemos sim procurar o Pronatec. Mas, se você puder ser contratado porque não sabe apenas como apertar o botão, mas qual o botão que deve ser apertado. Ou até se não está na hora de trocar os botões todos, tentando saídas inovadoras, então o curso superior teve esse duplo benefício para você. Facilitou até a obtenção de emprego.
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Mas, e quanto aqueles que, sendo mais maduros, não tendo esses arroubos inconsequentes dos primeiros anos de vida ou profissão também acham que democracia é, como dizia Millor, quando o outro respeita a minha vontade. E não quando eu devo respeitar a vontade do outro. Ou seja, democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em mim.
Então é assim? O povo vai penar nos próximos anos, por ter escolhido mal?
Então onde a força do povo e o respeito ao fato de que o povo faz acontecer, quando assim o deseja e não quando nós desejássemos que fosse?
Ah! vamos propor o impeachment da presidenta?
Quem sabe melhor não era essa turma ir estudar e aprender que a presidenta ainda está no poder, se mantém no poder, e que há leis muito criteriosas estabelecendo as condições para que tal medida possa surtir efeito?
Ora a presidenta sabia de tudo? Comprove-se isso e o líder da oposição no Senado, Aécio Neves tome as medidas que devem ser tomadas para conseguir abrir um processo por crime administrativo, ou coisa que o valha. Mas antes uma questão: Aécio irá querer se expor e ir ao embate, tornando-se líder da oposição, coisa que ele não fez nos quatro primeiros anos de seu mandato?
E a oposição não estaria melhor com líderes como Álvaro Dias, ou Aloysio, o vice de Aécio, ou Serra?
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Ah! vamos de impeachment só para mostrar que não gostamos que nosso candidato tenha sido derrotado.
Ah! Minas que vergonha você me faz passar!
Ah! povo do Nordeste que nada vale!
Olha para quem matou o doleiro e até enterrou, ainda vivo!
Para quem comemorou a vitória que não houve, Para quem não sabe ou não quer mais viver no país, por que a Dilma ganhou, um conselho: livre-se de seu preconceito de classe. Você não é melhor que ninguém por mais rico, ou abastado, ou educado ou até mais carioca (desculpe, esse também não é mais do sudeste!). E depois de ver que você também não é paulista e não pode dar uma lição e impor uma derrota acachapante a Aécio, como eles fizeram ontem, então venha apenas deixar-se viver nesse país e ver como ele deverá melhorar muito. Afinal é um governo com preocupações mais populares, sem ser populista e mais social que o que o seu candidato estaria propenso a fazer.
Fique aqui. Quem sabe você até não ajude a construir esse país grande e de futuro radioso como é o sonho de todos nós. Com todos incluídos no barco. Que é o mesmo.
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Derrota de Aécio

Os tucanos paulistas venceram. Aécio venceu em São Paulo por larga e ampla margem. E o que isso significa, depois de Aécio ter mostrado por duas vezes como é tão pouco confiável.
Agora veja bem. Se ele não pode ser confiável nem em relação a seu partido, o que dirá em relação ao povo?
Em 2006 foi a chapa Lulécio em Minas, com Aécio jogando contra Alckmin. Em 2010, deu a chapa Dilmasia contra o tucano José Serra.
Alguém acha que o PSDB esqueceu-se disso? Agora, eles fizeram Aécio vitorioso como a querer lhe mostrar, olha menino do Rio, aqui nós cumprimos o combinado. Não roemos a corda. Não fazemos acordos espúrios por baixo do pano.
Entendeu o recado Aécio? Entenderam aecistas? Porque agora vem a cobrança. E com juros, já que e Minas???
O que aconteceu com o povo que conhece Aécio? Não foi votar por estar na praia?
Aécio, envergonhado agradeceu ao PSDB e seus líderes. Todos paulistas.
Não falou nada do Estado que ele foi tão bem avaliado???
Nem agradeceu a sua mulher, companheira em toda essa campanha?

Mas há aecistas que ele deveria agradecer. Aqueles que não sabem perder. E que já estão prontos para entrarem em campo no terceiro tempo.
Ops! não tem terceiro tempo não?
Então tome Lula em 2018.

Ou venha para o partido que de fato quer fazer do Brasil uma democracia social:  o PSOL.


Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom