Bem que alguns conhecidos haviam previsto que a reeleição de Dilma representaria o fim do mundo.
Pois bem, estavam certos.
Começou.
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Em reunião que terminou na tarde de ontem, o Copom resolveu elevar mais uma vez a taxa de juros básica de nossa economia, a Selic, que alcançou o patamar de 11,25%.
Dessa forma, aquele colegiado conseguiu surpreender a todo o mercado, que não contava com alteração da taxa, salvo na reunião de dezembro.
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Como justificativa para a decisão, a deterioração das contas públicas, e o fato de a taxa de inflação ter extrapolado o limite superior do intervalo permitido, quando considerado o período de 12 meses concluídos em setembro de 2014.
É importante recordar que o sistema de metas inflacionárias leva em consideração o período de janeiro até dezembro, não tendo qualquer significado mais importante a variação do INPC alcançado em setembro, de 6,75% (superior ao limite de 6,5%).
Entretanto, o acompanhamento da variação ocorrida a cada mês acaba sendo importante balizador dos rumos da aceleração dos preços, assim como as placas ao longo de uma estrada sinalizam ao motorista se a direção por ele tomada está correta.
Analisando por essa ótica, a variação do INPC em setembro serviria como alerta para a possibilidade de o limite não ser alcançado conforme compromisso da Autoridade Monetária para o ano em curso. Especialmente considerando-se que, o último trimestre do ano costuma ser um período de mais forte pressão inflacionária, em função das compras de fim de ano, reposição de estoques por parte do comércio, etc.
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Dessa forma, elevando-se os juros e tornando o crediário mais caro, o Banco Central poderia estar visando conter a elevação quase que natural da demanda, o que serviria para limitar o desejo e a oportunidade do comércio para praticar ajustes de seus preços.
Por outro lado, talvez estivesse já preparando o terreno para as necessárias correções de preços de serviços públicos que se encontram represados, como o de tarifas de energia elétrica e de combustíveis.
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Sob esse ponto de vista, ao arrefecer o ímpeto de uma elevação de preços por força da contenção de uma demanda crescente no fim do ano, abriria espaço para começar a praticar uma política mais realista, atendendo aos reclamos dos analistas de mercado.
De quebra, tal política poderia representar um aceno aos empresários de uma tentativa de se resgatar a confiança abalada por uma política econômica considerada fortemente intervencionista.
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Se há então argumentos em defesa da medida de elevação dos juros, de minha parte, duas questões persistem, alimentando minhas dúvidas do acerto do COPOM.
A primeira, o fato de a política de juros ser um instrumento típico para debelar reajustes de preços, provenientes de uma demanda muito aquecida, o que não me parece estar sendo o caso em nosso país nessa oportunidade.
Ao contrário, em função das reclamações dos empresários, o que estamos assistindo é a desaceleração da demanda, com os consumidores preocupados em limitar gastos, até por força da perda da confiança na manutenção dos empregos, face ao pequeno crescimento do PIB.
Assim, se nossa inflação tem um componente choque de oferta, em função de seca, por exemplo, ou de inflação de custos, os juros deixam de ter a funcionalidade que a eles costuma ser atribuída.
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A segunda dúvida é a da capacidade de a economia reagir a essa elevação de juros, no curto período de menos de dois meses, que nos separa do final do ano. Afinal, há um período de ajuste ou um lapso de tempo entre a adoção da medida e o início de seus efeitos no ambiente econômico.
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Por isso, creio que o que o BC está fazendo é sinalizar ao mercado que continua mantendo uma certa autonomia, em relação não apenas ao governo, mas também às pressões desse mercado, por um lado; e por outro lado, a preocupação em tentar resgatar a confiança dos mercados resgatando o discurso e o compromisso em manter nossa inflação sob controle mais rigoroso.
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O segundo sinal de fim do mundo: a derrota do Galo
Mas não foram apenas os juros.
Também o Atlético, mais uma vez foi ao Maracanã e não conseguiu um resultado que lhe fosse, se não favorável, ao menos mais fácil de administrar.
Novamente, como que parece seguindo uma sina, o Galo sai derrotado pelo placar de 2 a zero, o que torna muito longínqua qualquer chance de se avançar na Copa do Brasil.
Nada que não seja possível reverter, como os jogos mata-mata das etapas finais da Libertadores, ou até mesmo o jogo contra o Corínthians, tão recente em nossa memória.
Mas, precisava de o Galo fazer sua fanática torcida sofrer tanto assim?
Por que tudo para o torcedor do Atlético tem de ser conquistado no sufoco, vencendo a tudo e a todos? Com o coração querendo saltar fora da boca? Apenas para que a vitória venha com um sabor especial, extra, proveniente da fé na mística da camisa preta e branca e no lema gritado aos ares: Eu acredito!
Ah! Galo! Que brincadeira é essa de colocar a toda essa massa em uma montanha russa de sensações e emoções???
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Ou seria a ira da Dilma? Ou a ira dos deuses que reprovam a vitória da presidenta?
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