segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Clássico é clássico e vice-versa

Como disse certa feita um desses nossos folclóricos boleiros, acho que o Claudiomiro, que jogou pelo Internacional de Porto Alegre, clássico é clássico e vice-versa.
E para não fugir do costume, o clássico de ontem mostrou mais uma vez a verdade contida na frase do atleta.
Porque o Cruzeiro foi superior durante praticamente todo o jogo: acertou a trave por duas vezes, teve uma jogada perigosíssima no segundo tempo, em que Dagoberto entrou na área e, frente a frente com Victor chutou completamente descalibrado, com a bola cruzando a extensão da área e indo morrer lá fora.
Quanto ao Galo, o locutor insistia em afirmar que o time não estava disputando o clássico. E o time parecia mesmo não ter entrado em campo, ao menos, não com a disposição que um jogo com tamanha tradição exige.
A ponto de o Galo, até o primeiro gol do jogo feito pelo jovem Carlos, não ter dado sequer um chute ao gol de Fábio, que assistia ao jogo sem ser incomodado.
E, por obra dos caprichos do futebol, nem bem passados 30 segundos do primeiro gol, a bola sobra livre na área do Cruzeiro, para Tardelli fazer 2 a zero para o Atlético. Placar surpreendente, para o volume de jogo demonstrado por ambos os times.
A verdade, de meu ponto de vista é que o Galo entrou parecendo estar com medo do time adversário, líder disparado do Campeonato e franco favorito para vencer o jogo. Assim sendo, Levir armou o time evitando correr riscos demasiados na defesa e, embora jogando apenas com um volante, o time foi poucas vezes à frente, ficando a maior parte do tempo trançando bola no meio. Para isso também contribuiu a opção de não contar com um centro avante fixo na frente, já que Carlos ficou flutuando na frente.
E, se não entrou com mais de um volante, o que podia transmitir a impressão de que Levir armou o time para partir para a frente, o time do Galo tinha Dátolo, Guilherme, Tardelli todos jogando no meio, enquanto Luan atuava, segundo o comentarista da Itatiaia, como secretário de Marcos Rocha.
Já o lateral, que costuma ser a opção de saída para o ataque do time, ficou preso, praticamente todo o jogo na defesa, sem partir para a frente.
Com tal disposição em campo, e vendo o Cruzeiro jogar partindo para cima deste o primeiro minuto, como quem quisesse decidir logo o jogo, o comentarista do pay-per-view por duas ou três oportunidades observou que o Cruzeiro disputava o clássico com tudo que tinha direito, enquanto o Atlético parecia estar disputando uma outra partida, dessas que não representam grandes coisas, exceto cumprir tabela.
E isso dava chances para que Jemerson mostrasse todo o seu potencial como defensor, e que Victor fizesse defesas memoráveis como na bola que sobrou para Éverton Ribeiro da entrada da área enfiar o pé e Victor espalmar para fora.
Deu também chances para mostrar que, de fato, Emérson Conceição, embora tenha facilidade de fazer cruzamentos para a área, não tem condições de jogar na defesa do Galo, tamanha sua fragilidade.
E mostrou que Carlos já é, de fato, mais que uma promessa.
No segundo tempo, depois que conseguiu seu gol de empate, e com as modificações que foram feitas pelos técnicos - a de Luan por contusão, depois de agredido por uma cotovelada em pênalte claro, não marcado pelo árbitro - o time do Cruzeiro continuou partindo para cima, mantendo a posse de bola e, como observou um comentarista, com um futebol muito mais agudo que o do Galo.
Mas, foi o Galo que em mais uma boa jogada achou Carlos na área para que o atacante cabeceasse no contra-pé de Fábio, já nos instantes finais do clássico, decretando a derrota do time favorito.
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Pena que enquanto o líder do campeonato ia sendo derrotado em pleno Mineirão, o vice-líder, depois de sair na frente no placar, também ia sendo derrotado, de virada pelo Corínthians, mantendo a situação do Cruzeiro muito tranquila.
É como eu afirmei na última postagem que havia feito: os adversários do Cruzeiro estão fazendo de tudo para que o time mineiro erga pela segunda vez consecutiva o título. Porque enquanto o time mineiro vai apresentando uma regularidade indiscutível, entremeada de alguns jogos de nível mais elevado, os demais times parecem não estarem levando a sério a competição. Tropeçando nas próprias pernas, e deixando o time de Marcelo Oliveira ir mantendo a ponta, sem ser incomodado.
Resultado: mesmo derrotado, o time de Marcelo Oliveira continua líder e mantendo a distância de 7 pontos para o seu perseguidor mais próximo, o São Paulo.
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Nesse meio tempo, o Galo vai chegando, aos trancos e barrancos e com grande parte do elenco no estaleiro, ao grupo dos quatro primeiros.
Tentando e lutando por uma vaga na Libertadores.
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Finalmente, não há como não abordar o fato de a torcida do Galo entrar e atirar fogos no Mineirão, o que é proibido.
E que, agora, relatado pelo juiz, pode dar uma punição para ambos os times. O dono do mando, por não impedir a entrada dos artefatos. E o time do Galo, de onde partiu o disparo do foguete que levou o juiz a interromper a partida.
Perdem os dois por, mais uma vez, a imbecilidade e estupidez de quem se diz atleticano e apaixonado. Mas que não passa de um tremendo idiota.
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Pior, a agressão a jovens que estavam parados em um ponto de ônibus, esperando para irem para o estádio e que foram alvejados por tiros disparados por um criminoso, torcedor do time contrário.
Não identificado, por enquanto, o torcedor que foi responsável pelos tiros deveria ser punido com rigor, sendo impedido de estar fora de alguma delegacia em dia de jogos de seu time, já que não poder entrar apenas no estádio é pouca punição para quem não pode andar nas ruas da cidade.
Da mesma forma, não se justifica a agressão que sofreu o ônibus do Atlético, com latinhas e outros objetos sendo atirados em sua direção por uma torcida que não mostra qualquer noção de educação e espírito esportivo.
Uma pena, que isso aconteça aqui, a terceira capital do país...

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