E infelizmente, em minha opinião, os times que disputam a série A do Campeonato Brasileiro, insistem em querer fazer do Cruzeiro o bicampeão da competição.
E com larga vantagem, situação que, ao contrário do que pensa certa parte da imprensa, especialmente da carioca que ainda prega a volta de uma fase final sob a forma de mata-mata, não diminui o interesse pela competição.
Apenas faz justiça,também somos obrigados a reconhecer, ao time que melhor se preparou ao longo de todo o ano, manteve maior equilíbrio, manteve seus principais atletas, deu sequência a um trabalho sério, que começa fora de campo, passa pela beirada do gramado (e aqui a manutenção do treinador e a confiança em dar-lhe tempo para aplicar suas ideias é de fundamental importância), e vai desaguar em campo.
Infelizmente, volto a repetir, o Cruzeiro, que eu não ficaria nem um pouco chateado se estivesse caindo pelas tabelas, é hoje o time que apresenta a melhor estrutura e, por isso, sobra no campeonato. Apenas cumprindo seu papel. Jogando o feijão com arroz. Coisa que os outros times não dão conta de fazer minimamente, como mostrou ontem o São Paulo.
E o que se vê é que enquanto todos os clubes que ocupam as primeiras colocações da tabela têm enormes dificuldades para enfrentarem os últimos colocados, com São Paulo, Internacional, Corínthians, Fluminense saindo derrotados de campo várias vezes, o Cruzeiro joga para o gasto. Vence. E contando com a incapacidade dos demais vai se distanciando.
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Talvez por esse motivo mesmo, e para dar algum maior sabor de disputa ao campeonato, Dunga o escolhido da CBF para técnico da seleção acaba insistindo em prejudicar, aqui não apenas ao Cruzeiro, mas também o Atlético, convocando dois dos principais jogadores do time de azul, inclusive aquele que tem sido apontado como o maior jogador do time, Ricardo Goulart, e Tardelli do Galo.
Claro que esses jogadores merecem chances na seleção brasileira, pelo que têm apresentado nos gramados, mas em especial os do Cruzeiro que acabam ficando no banco, são desfalques significativos, em coisa que parece mais uma armação - mais uma da cúpula do futebol brasileiro, contra os times de Minas.
Insisto em que os três jogadores foram chamados por merecimento, mas há que se avaliar entre outras questões, para que jogos. Qual a importância desses jogos? Porque não se adiam os jogos dos clubes prejudicados no campeonato se de fato tal convocação é de interesse maior do futebol brasileiro.
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Sem ter a pretensão de ficar desenvolvendo e difundindo teorias da conspiração, o fato é que os desmandos da CBF já prejudicaram muito a vários times, em benefício de outros, principalmente os cariocas, o que faz com que tenhamos todos que concordar com Emerson Sheik, e seu desabafo ontem.
Que deverá lhe valer uma pesada comissão, apenas para confirmar o acerto de sua fala: afinal, a CBF é mesmo uma vergonha.
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Quem banca a encenação da CPMI?
Saindo do futebol, para tratar de outro espetáculo, de nível tão baixo quanto o que vem sendo encenado nos estádios, eu gostaria apenas de entender a razão da convocação feita pela CPMI para ouvir, na tarde ontem, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Porque todos sabem que o senhor Paulo Roberto, se propôs a ajudar à Polícia Federal, entregando todos os mal-feitos cometidos naquela empresa pública, em troca do benefício da delação premiada.
Todos sabem que o instituto da delação premiada foi instituído em lei que o próprio Congresso Nacional votou e aprovou. Logo, não há como qualquer congressista alegar que não conhecia o teor da lei que ajudou a aprovar.
Sendo assim, deve ser de conhecimento de todos que o beneficiário da delação não pode divulgar, sob risco de prejudicar o conteúdo de suas denúncias, nem nome das pessoas envolvidas e delatadas, nem os atos de que foram protagonistas, para não dar oportunidade a que investigações não sejam obstaculizadas nem provas destruídas.
Se tudo isso é de conhecimento, qual então a explicação para que se convocasse ao Congresso o delator, promovendo seu deslocamento do Paraná, com utilização de jato da Polícia Federal, gasto de combustível caro, interrupção de seus depoimentos ao Ministério Público e atraso na investigação, gastos de recursos com deslocamentos de homens da PF de suas funções, pagamento de diárias, custos de hospedagem e alimentação, etc. etc.
E tudo isso para que?
O depoente, como o próprio juiz que acatou a convocação da CPMI ter o direito, e em seu caso, até o dever, para o bem maior da própria investigação, de ficar calado.
Ora, para aquele espetáculo deprimente, de perguntas serem feitas apenas para dar chance a seu autor aparecer para as câmaras de tv, não era melhor que tal depoimento se desse sob a forma de teleconferência?
Ao menos seria muito mais econômico, creio.
Mas, uma reunião como essa da CPMI, no momento em que o país se encontra, há menos de 20 dias do primeiro turno das eleições, serve para atrair atenção e holofotes. Todos os órgãos de imprensa estariam, necessariamente, representados na sessão. E opositores, mesmo sem interesse algum em querer questionar, aproveitariam o momento para fazer as pesadas acusações ao governo, justo o responsável pela investigação.
E governistas poderiam fazer os discursos de praxe, mostrando como estão todos, especialmente os ocupantes de cargos no governo, preocupados e interessados em investigar, denunciar, dar publicidade para depois punir aos culpados identificados.
Jogo de cena apenas, e mal encenado. Com ou sem sessão aberta, porque em sessão fechada, independente de qualquer coisa, as denúncias que chegassem ao conhecimento dos membros da CPMI acabariam vazando. Aliás, antes mesmo do encerramento da sessão.
Não foi isso que aconteceu com as denúncias que a revista Veja publicou, sempre na hipótese de que eram verdadeiras, muito embora parciais? Ou seja, citando a conta-goras o nome de apenas alguns, talvez desafetos de quem serviu de fonte à Veja ou de quem, na revista, ouviu a informação ou decidiu por dar publicidade a ela?
Triste país que vive de fantasia e cujas fantasias são tão caras? Que vê seus representantes eleitos serem os primeiros a achincalharem a democracia e sua própria representatividade, ao trabalhar apenas algumas horas em um mês, alguns dias em todo um ano, mas que estão sempre ávidos para irem a Brasília e aparecerem se um fato novo e causador de celeuma pode trazer-lhes dividendos.
E, pensando bem, nem a culpa é desses deputados e senadores, nossos representantes. É do povo, e da forma como todos nós, tratamos, com grande ajuda da imprensa, diga-se de passagem, de transformarmos a atividade que exercem na coisa mais sem importância do mundo.
Por isso, a falta total de respeito, em primeiro lugar, pela atividade política. E a falta de interesse por ela e por quem a exerce, o que não leva o cidadão a ficar vigilante, no acompanhamento e cobranças de seus representantes.
E, não entendo bem o papel da imprensa que, talvez até tentando ajudar e mostrar a importância de tal função e de quem a exerce, mais se preocupa em dar publicidade aos atos de baixaria e ridículo a que se expõem os nossos mal preparados representantes.
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A coitadinha, Marina
Marina passou fome. Viu seus pais abdicarem de uma refeição, por mais parca que fosse, para poder dar de comer a seus filhos.
Por conta de conhecer a dor da fome, Marina nunca acabaria com o programa que assegura, ao menos, a possibilidade de cada brasileiro não repetir seu drama.
Dilma foi torturada, como foi vítima de agressões, e sobreviveu, Dilma passa a todos a imagem de alguém duro, talhado para a luta.
Marina também sobreviveu, mas passa a imagem de alguém que acabou prejudicada em sua formação, pela fome e doenças que enfrentou.
Dilma lembra uma grande árvore que cresce, a cada vez que tentam ameaçá-la. Marina parece o abeto que quanto mais venta, mais se curva. Mas não quebra, é preciso deixar isso claro.
Existem muitas diferenças entre as duas.
Dilma foi vítima de tortura por estar lutando em prol de ideias e ideais que o povo brasileiro, mesmo sem conhecer, renega. De pronto. Para a grande maioria do povão que pensava que estava ajudando, Dilma mereceu apanhar, para não vir com essas ideias esquisitas. Comunista que ela é!!!
Marina, ao contrário, nunca quis mudar o modo de produção em que vivemos e a sociedade, em suas raízes.
O que ela desejava era um sonho, algo quimérico, de preservar nosso planeta, nossos animaizinhos, nossas plantas, nossos rios e cursos d'água, etc. etc.
Sua luta, por não ser bem entendida pela grande maioria da população é bem vista. Eles não percebem o alcance de suas propostas, também destinadas a por fim ao desenfreado gasto de recursos que não darão nunca, conta de atender a tantos.
Por isso o discurso de Marina cai bem junto ao povo, sofrido como a ex-doméstica, que estudou com tantas dificuldades e venceu, não apenas por ser uma lutadora, mas talvez por ser ungida, de alguma forma, por Deus.
Talvez essa a razão de o povo criar dela uma imagem positiva, messiânica, que ela sabe explorar à exaustão. Afinal, também ela tem seus marqueteiros.
Dilma passa a ideia de ser uma pessoa bem intencionada, mas que quer mudar pela força. Passa a ideia de arrogância e autoritarismo. Por sua compleição física, até.
E, nesse mundo de aparências, Marina vende mais uma ideia que agrada e que combina muito bem com seu discurso de PAZ e Amor. Mesmo que também isso seja retórica.
De todas essas observações, a conclusão a que chego é que não é batendo em Marina, com um tipo de propaganda que o povo terá dificuldade para entender, como a peça sobre a reunião de banqueiros com o Banco Central, que Dilma irá derrotar a candidata do PSB.
Quem sabe, o melhor caminho para a presidenta não fosse mostrar como a fragilidade de Marina, também pode transformar o país que ela representa em um pobre coitado no cenário internacional? O mostrar como a sua fragilidade não permitiria a ela estar no campo de batalha sempre que necessário contra as grandes organizações criminosas? Mostrar como a sua imagem de fraqueza não ajudaria a liderar o povo, no combate a um desastre natural, a uma catástrofe, a algo que exigisse horas e horas de sono, de luta, de empenho?
Afinal, mostrar que mesmo suas boas ideias, poderiam demorar muito para serem implementadas, em razão de suas dificuldades pessoais e que sua necessidade de ouvir a todos e sentar-se a mesa com todos, embora assegurasse união, poderia chegar a soluções depois do momento em que elas ainda seriam úteis?
O que não dá é continuar alimentando a imagem de coitadinha que Marina passa. E acho que o caminho é fazer a mulher do Acre revelar-se em sua plenitude, desconstruindo sua imagem frágil, para demonstrar suas forças. Porque para sobreviver é necessário ter mais força que aquela que ela está dando a entender que a move.
Quanto à Dilma, ela mostra-se e se expõe, E não tem mais segredos. O povo sabe com que conta ou pode contar.
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