Mais duas pesquisas, da CNT e da VoxPopuli, tiveram seus resultados divulgados ontem, ambas apresentando tendência de crescimento, embora lento, de Dilma e Aécio, enquanto Marina enfrenta ligeira queda.
Entre as razões identificadas pelos analistas para tais resultados, o tempo de propaganda de televisão do PT, muito maior que o do PSB, e a violência dos ataques dirigidos à candidatura Marina, tanto pela candidata do governo, quanto pela candidatura de Aécio.
Contribui também para a desconstrução da figura de Marina, o fim do período de luto pela morte de Eduardo Campos, e o emocionalismo que o evento despertou em todo o país; além do comportamento da própria Marina, dizendo e se desdizendo, tentando fornecer explicações sobre explicações, criando para si mesma situações de desconforto evidentes, como a da retirada de seu programa de governo de qualquer referência aos crimes homofóbicos. Além disso, embora posando de paladina de um novo modo de fazer política, adotou a velha prática de sempre, de acenar para os inimigos de sempre, em busca de apoios, aceitando fazer composições com setores que sempre combateu, como o do agronegócio, os banqueiros de sua assessora Neca Setúbal e o PSDB de Alckmin, entre outros.
Aos poucos, foram murchando sua pose e sua voz, vencida por uma rouquidão que não tem lhe dado tréguas.
Não bastassem os sinais inequívocos de sua fragilidade pessoal e de sua base de apoios, talvez ancorada na hipótese da escassa memória da população brasileira, resolveu mentir tanto sobre sua trajetória política quanto sobre os votos que deu durante seu mandato no Senado da República.
A tentativa de se mostrar como alguém menos partidária e mais interessada em votar de acordo com os interesses do país se frustrou quando o Globo, examinando os votos da senadora flagrou uma mais uma mentira da candidata.
Como foi o Globo a descobrir a falácia, tal fato acabou ajudando a presidenta Dilma e sua tentativa não disfarçada de fragilizar Marina. Claro que o Globo tinha outros interesses, não sendo incorreto se imaginar que o interesse maior era alavancar a candidatura Aécio. Entretanto, como Aécio não conseguiu, e nem poderia passar a imagem de estar em polo radicalmente antagônico ao de Marina, sob a ameaça de jogar fora a chance de acertar um acordo para um eventual segundo turno, o candidato do PSDB não angariou toda a vantagem que a descoberta de tal mentira poderia lhe proporcionar.
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Mas, as novas pesquisas indicam também uma certa estabilidade nas intenções de voto, sinalizando que, salvo a ocorrência de algum evento de dimensões apocalípticas, caminhamos para um segundo turno com Dilma e Marina, essa última poucos votos à frente de Aécio.
E, no segundo turno, a manterem-se as projeções, uma vitória da candidata à reeleição.
Para que tal quadro não seja muito alterado, o que pode ser esperado é um debate de encerramento dessa primeira fase de campanha eleitoral, na Globo, com Marina dedicando-se a atacar mais a Aécio que a Dilma.
Por outro lado, Dilma também deverá dedicar a maior parte do tempo para afastar qualquer hipótese de um crescimento de última hora de Aécio, dedicando-lhe mais atenção, embora não deixando de dar estocadas em Marina.
Quanto a Aécio, se insistir no comportamento de atacar a ambas, dispersará seus esforços, o que pode não lhe ser benéfico.
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Das pesquisas, o resultado mais interessante é o que aponta o crescimento de Luciana Genro e do PSOL, independente das causas consideradas mais desgastantes que patrocina e das discussões de temas menos aceitos pela conservadora sociedade brasileira, que se propõe a estimular.
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Outro ponto que atrai-me a atenção, embora pouco tratado pelas análises realizadas, refere-se à proporção de pessoas que ainda não sabem ou não quiseram declarar o voto. Parece-me que são ainda 11% no resultado da pesquisa VoxPopuli, o que indica que se a maioria desses optarem por votar naquele que, segundo as projeções deverá vencer as eleições, aumentam as chances de que Dilma elimine o segundo turno sendo eleita já no próximo domingo.
Para isso contribuirá o comportamento de alguns eleitores que insistem em continuar difundindo pelas redes sociais e emails acusações a Marina, agora tendo como principal alvo seu marido. Tais acusações, originalmente levantadas pelo PSDB tentam atrelar Marina e suas ideias ao PT e a um bolivarianismo que, a julgar pelos que repassam tais emails, suas posturas e seus conceitos, não significa nada de importante, exceto o resultado da mais pura e simples ignorância.
Pior, em alguns casos, uma ignorância que se manifesta inclusive pela desconsideração de qualquer oportunidade de aprender, discutir, se aprimorar, para ao menos ter argumentos mais sólidos e embasados para a manutenção de seus pontos de vista.
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Enquanto isso, no futebol brasileiro...
O Corínthians lança em campo um jogador cujo contrato não tinha ainda sido formalizado, embora o nome do atleta Petrus, já aparecesse no Boletim que a CBF publica de jogadores em condições de jogo, e que tem sido a origem da maior parte da confusão que anda dando origem a decisões esdrúxulas de tapetão.
Foi assim no ano passado em relação aos times da Portuguesa, o principal prejudicado, Fluminense e Flamengo; no caso do América Mineiro no atual campeonato brasileiro de segunda divisão e ... agora com o Coringão.
Quer dizer: deveria ser assim, porque depois de punir a esse mesmo atleta por agressão ao árbitro por seis meses, o mesmo STJD, uma pândega, resolveu voltar atrás e reverter a pena para suspensão por apenas 3 partidas.
Não bastasse a palhaçada sob a roupagem de algo sério, o que amplia a comicidade dos julgamentos, ontem vimos Valdívia ser condenado a dois jogos de punição por ter dado um pisão em um adversário deitado em campo, enquanto Emérson Sheik recebeu punição mais pesada, de 4 jogos, por ter falado a verdade sobre a CBF. Ou por ter agredido verbalmente ao árbitro do jogo que resolveu expulsá-lo.
Pelo sim, pelo não, não acredito que deveríamos esperar atitude séria de punição ou decisão de perda de pontos do Corínthians nas partidas em que Petrus jogou de forma, no mínimo, irregular.
E como o Corínthians não deverá receber as penalidades que deveria para se tentar manter, ao menos uma certa coerência de procedimentos, acredito que Atlético e Cruzeiro serão punidos mais levemente, em razão dos atos bestiais protagonizados por seus torcedores, verdadeiros vândalos, indignos de serem considerados torcedores, tamanho o estrago e prejuízo que estão provocando aos times pelos quais dizer torcer.
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E, em meio a esse imbroglio, o Ministério Público proíbe por apenas 6 meses a presença nos estádios de torcidas organizadas de ambos os times. Punição tão branda que provoca frouxos de risos.
Em verdade, a única punição que deveria ser adotada seria a da eliminação da torcida organizada para todo o sempre.
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E as eleições no Brasil têm maior poder que se imaginava
A julgar por todos os críticos do governo Dilma e de todos os setores ligados à oposição, que continuam fazendo pouco caso e combatendo os argumentos apresentados pelo ministro Mantega para explicar a queda da Bolsa de Valores e a elevação do dólar, as eleições do Brasil têm um impacto muito maior que aquele imaginado.
E os "erros de política macroeconômica" com o abandono dos fundamentos que sustentam o pilar da estabilidade conquistada também passam a ter um impacto enorme.
Tal é a conclusão a que estamos autorizados a chegar já que a Bovespa caiu quase 5% no pregão do dia de ontem, mas não caiu sozinha, sendo responsável pela queda simultânea de todas as principais bolsas do mundo. Só que não.
As bolsas caem sempre que há elevação ou ameaça de elevação de juros na economia, em qualquer economia, como estamos vendo e ouvindo acontecer, mais uma vez com a expectativa de que o FED vai dar início a uma elevação dos juros nos Estados Unidos.
Devido à globalização e financeirização das relações econômicas internacionais, sobem os juros nos Estados Unidos, despencam as cotações nas principais bolsas daquele país, caem as bolsas dos principais países europeus e cai também a cotação no Brasil. Nada anormal.
Com a possibilidade de elevação de juros na economia líder do planeta, é natural que haja uma saída de capitais dos outros países, cujos juros foram mantidos estáveis para aquele país. Isso valoriza a moeda americana em todo o mundo.
Dito por Mantega, é motivo de ataques e críticas. No Jornal da Globo, à noite, ouvido o mesmo da boca de um gestor de fundo que tem sob sua responsabilidade 4 trilhões de dólares de dinheiro de investidores, não parece ser nada de anormal.
Todos os países estão enfrentando os mesmos tipos de problemas. Uns mais, caso dos emergentes. Dentro desses, mais ainda o grupo de países com déficits em conta corrente. caso do Brasil.
Mas nada que não poderá ser facilmente superado, bastando para isso que algumas poucas medidas facilitadoras ou desobstruidoras dos espaços de reprodução e valorização do capital sejam adotadas.
Como o entrevistado falou, nada de mais. E simples de ser feito.
E vem o Boris Casoy mostrar toda sua ignorância em economia para criticar o novo jeito de fazer política econômica do Brasil e de seu ministro da Fazenda.
De dar pena.
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