Há uma tradição, bastante cara ao pensamento econômico de corte mais conservador, que atribui ao Banco Central o papel, praticamente exclusivo de guardião da moeda e de seu poder de compra, ou seja, que transforma essa instituição em responsável tão somente pelo combate à e controle da inflação.
Dentro dessa postura, insere-se, entre outras ferramentas a adoção de práticas de política como é exemplo a criação das metas de inflação, através da qual, aprovada pela sociedade civil a taxa de aumento dos preços que se deseja ou se tolera, automaticamente fica o Banco encarregado de adotar todas as medidas necessárias para que o alvo da meta seja alcançado.
Representa, inegavelmente, a concessão de uma autonomia relativa - não independência - ao banco.
Dentro dessa ótica, problemas econômicos, tão ou mais sérios para a sociedade em relação a seus efeitos, deixam de ser preocupação do Banco, independente de poderem estar vinculados à questões afetas àquela instituição ou até mesmo serem problemas imbricados com aspectos monetários ou financeiros, como o caso do desemprego.
***
Desafortunadamente, ao aceitar e assumir esse papel mais conservador, o Banco Central reduz sua atuação política, não raras vezes, à adoção de um receituário mais ortodoxo, que tem como alguns de seus pilares, conceitos como: a inflação como consequência de elevação de gastos ou elevação dos níveis de demanda agregada; parte importante dos gastos efetivos tendo como causa a elevação dos gastos públicos, ou seu descontrole; os gastos públicos e de consumo privado como principais elementos da despesa, ambos financiados por uma emissão monetária tolerante ou por uma política de crédito lasciva.
Daí a reação sempre se basear no mesmo arsenal, tão do gosto do mercado, que passa por: redução ou corte dos gastos públicos (não dos pagamentos de juros àqueles que, por terem riqueza, financiam o governo comprando títulos públicos em comportamento muitas vezes meramente especulativo). Ao contrário, a proposição é sempre de redução dos gastos necessários ao funcionamento da máquina, exatamente aquela parcela que, em funcionando, pode fiscalizar e obstar o comportamento livre, leve e solto do mercado....
Além do corte dos gastos, sugeridos como medida necessária, embora de caráter fiscal, restam as medidas destinadas a reduzir o nível de despesas de consumo privado, como a elevação dos juros (que acaba trazendo também prejuízo para o nível de investimentos e para a própria dívida pública e pagamento de juros, gerando déficits cada vez maiores que, curiosamente, não incomodam nem ao mercado - que lucra, nem aos analistas de plantão). A elevação dos juros é, não raras vezes, acompanhada de medidas que visam a contenção do crédito. Algumas dessas medidas, apresentadas sob a denominação eufemística de medidas macroprudenciais.
***
Daí não ser nem um pouco surpreendente que, ao tempo em que os jornais correm a noticiar que 24% da renda das famílias brasileiras se encontra comprometida com endividamento e crediário, o que eleva o risco do calote ou da elevação da inadimplência; por outro lado, funcionários graduados do Banco Central do Brasil anunciam que, depois das medidas recentes adotadas pelo BC, o crédito já começa a dar sinais de uma certa acomodação - entenda-se algum tipo de redução.
E daí também não causar espanto o anúncio de que a inflação deve ficar acima da meta alvo, mas abaixo do percentual máximo admitido dentro do intervalo de tolerância - previsão feita com 80% de chances de acerto.
Nem também é digno de observação o fato de, ontem, o BC ter anunciado junto à revisão da taxa de inflação estimada para o ano, uma revisão da taxa de crescimento do PIB, para menos, ou no intervalo entre 4 e 4,5%.
Comparado com a taxa de mais de 7% do governo Lula, um número bastante acanhado.
Mas bastante interessante para se analisar. Afinal, não é de hoje que, para o pensamento conservador, o rabo é que deve balançar o cachorro. E derruba-se a economia, por total incapacidade de se derrotar a doença ou seu sintoma, sem eliminar o próprio doente.
E o povo que se dane, nas filas do seguro desemprego.
Tudo bem, se a inflação é mesmo domada, independente dos sacrifícios de momento. Ao longo do tempo, normalmente é dito e se aceita o argumento, a vitória acaba sendo do povo (o que sobreviveu e superou as agruras do período de combate à inflação) sob a forma de manutenção e até algum ganho da renda real, com a inflação contida.
Por outro lado, mais uma vez, percebe-se que a política recessiva auxilia a, por derrubar a demanda agregada, conter o aumento de bens de consumo, insumos e bens de capital importados. E permite um ajuste também no setor externo.
Mais uma vez, o rabo, na frente.
Então que viva a recessão provocada pelas políticas do BC, que contém a deterioração das expectativas de inflação e dos resultados das contas de transações externas.
E, de quebra, só para não esquecer, agrada ao mercado que aumenta seus ganhos em rendimentos dos títulos públicos. Que, afinal, ninguém, nem o mercado é de ferro...
quinta-feira, 31 de março de 2011
De palavras e desabafos
Palavra
fera idéia
que me fere interna
e me sangra pelas veias
esclerosadas
(Qual o obstáculo
impede a explosão interior
de minha catarse?)
Palavra
frustração e angústia
tempo e infinito
arma de combate
árdua faina
(porque transformados sonhos em armamento
de jornadas vis?)
Mais uma de retirantes
Porque fui deixar o Norte
tentar a sorte aqui no Sul
e trocar pela fumaça
o céu que no Norte é mais azul.
Fui deixar a terra seca
pensando em aqui vencer
plantando só desespero
desespero eu vim colher
Dor que dói de não ser gente
dor de não ter nem o que comer.
Fui deixar meu rancho
pensando em vencer na capital
mas sem capital e faminto
eu me transformei em marginal
e na margem, vida vazia
tornei-me um zero banal.
Porque fui deixar o Norte
porque fui descer para o Sul
onde só ganhei as cinzas
das nuvens do céu sem azul
E só conquistei miséria
nesta armadilha do sul.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Transcrição de documentos do Wikileaks: afinal de que lado joga Henrique Meirelles?
Muitas vezes, recuso-me a transcrever alguma notícia que tenha visto, em algum local.
A razão de meu comportamento é evitar problemas com o autor original do texto, não cansar aquele que me lê, com notícias que ele mesmo pode já ter visto ou lido, não ficar dando cartaz demais para o autor da nota.
Sério mesmo, evito também porque os pitacos aqui são meus, não que isso signifique muita coisa.
Mas, as revelações abaixo, do jornal Tribuna da Imprensa merecem ser tratados como exceção. Pelo seu caráter de denúncia, que considero muito sério.
Não por achar que o personagem citado fosse impedido de lutar por suas convicções, até mesmo solicitando a intervenção de quem mais forte que ele, para auxiliá-lo em sua cruzada. E isso, mesmo que sabendo que demonstrando sinal evidente de fraqueza, estava o Ministro Presidente do Banco Central do Brasil.
Em minha opinião, o fato de ostentar o cargo, ocupar a função pública que ocupava deveria levá-lo a comportar-se de outra forma, talvez com mais altivez.
Tudo isso, claro, considerando que a fonte mencionada seja correta, e a matéria verdadeira.
O problema maior é que Meirelles - que virou Ministro, além de presidente do Banco Central, já por artimanhas da sorte, e de um possível processo e julgamento em esfera de menor envergadura que o Supremo, por força de problemas de descumprimento de normas, enquanto era diretor de um banco internacional -, continua hoje ocupando cargo público de confiança, ou seja, o cargo de Autoridade Olímpica.
E, porque por muito pouco não foi o homem para suceder a José Alencar, na vice-presidência.
Isso se, no futuro, ainda não acalentar sonhos de ser eleito pela população...... de que país, mesmo?
***
Carlos Newton
É revoltante a revelação do site WikiLeaks, de Julian Assange, mostrando que pouco antes das eleições de 2006 o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu aos Estados Unidos que pressionassem o presidente Lula para que fosse dada ao BC independência total.
De acordo com documentos secretos do Departamento de Estado, em conversa com diplomatas norte-americanos, dia 9 de agosto de 2006, Meirelles prometeu atuar nos bastidores por mudanças regulatórias que criassem um ambiente de investimento melhor para empresários norte-americanos no Brasil.
Obtido pelo WikiLeaks e repassado à agência norte-americana Reuters, o documento exibe, com total nitidez, o retrato 3X4 de um entreguista vulgar, que não tem pudor de trair sua pátria para servir aos interesses da maior potência mundial.
“Meirelles pediu que (o governo dos EUA) usasse discretamente sua relação (com o Brasil) para discutir a importância de levar ao Congresso uma legislação garantindo ao Banco Central essa autonomia”, escreveram os funcionários da embaixada norte-americana no documento, que detalhou o encontro inicial entre o embaixador Clifford Sobel e Meirelles.
“Ele (Meirelles) argumentou que o secretário (de Tesouro Henry) Paulson em particular seria capaz de tratar desse assunto com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega”, acrescentaram.
(Façamos uma pausa aqui nas revelações do WikiLeaks, para lembrar que Meirelles nunca precisou solicitar de maneira formal que fosse mudada a legislação para dar total autonomia ao Banco Central, porque desde o início do primeiro governo Lula efetivamente lhe garantiu essa prerrogativa, sem jamais interferir na política de juros, durante os oito anos em que ficou no poder).
De acordo com o documento do governo dos EUA, Meirelles identificou “a falta de experiência governamental entre os principais assessores de Lula” como um “segundo conjunto de dificuldades” para investidores norte-americanos. Sobre Dilma Rousseff, que à época já era ministra-chefe da Casa Civil, disse que ela era “muito esperta”, mas ressalvou que “ela ainda traz alguma bagagem ideológica à função”. Meirelles então se ofereceu para “contribuir nos bastidores em pressionar por reformas regulatórias prioritárias para melhorar o clima de negócios”, segundo o documento do Departamento de Estado dos EUA.
Procurado pelos jornalistas para se explicar, Meirelles refutou timidamente o conteúdo da documentação norte-americana. “As declarações atribuídas a mim não refletem com propriedade o tema de qualquer conversa que eu tenha tido”, afirmou via e-mail, recusando-se a dar entrevista. Por sua vez, o ex-embaixador dos EUA, Clifford Sobel, não quis comentar o assunto.
As revelações do WikiLeaks comandado por Julian Assange mostram até que ponto chegam a ganância, a subserviência e a desfaçatez de determinados homens públicos brasileiros. Aliás, nem deveriam ser considerados brasileiros. No caso de Meirelles, por exemplo, de brasileiro ele não tem nada. É um apátrida que deveria se naturalizar logo norte-americano.
A morte e luta de José Alencar
Na total incapacidade de fazer algum comentário mais honroso, por razões várias, que incluem a ausência de um relacionamento pessoal, por mínimo que fosse; e fundado no fato de não crer que possa fazer juízos e julgamentos a respeito de comportamentos humanos, dado que não seria eu capaz de atirar nem a primeira nem a última pedra, mesmo daquelas pequeninas, dizer o que de José Alencar, nosso ex-vice-presidente?
Da galhardia com que enfrentou a morte. Do exemplo que deu, de luta e persistência, contra a doença. Até de bom humor, para enfrentar a adversidade, sem se entregar, e sem se fazer de vítima.
Ao José Alencar, exemplo de como a vida pode ser mais bem vivida, mesmo que com seu limite datado, rendo minhas homenagens.
***
Aproveito para ampliar a observação da luta contra a morte, e para destacar que a mesma postura de garra e coragem do homem José Alencar, deve ser a postura de qualquer um de nós, seres viventes, cujos limites da vida, por ignorados, não podem servir para nos abater nem para nos derrotar.
Também essa nossa vida, envolta toda em mistério e surpresas, deve ser sempre levada com bom-humor, no lugar dos rancores. Com otimismo e esperança, no lugar do derrotismo e do pessimismo.
Afinal, para não ficar repetindo o bordão que recomenda fazer uma limonada com o limão azedo servido pela vida, basta lembrar que, quando pequenos, o limão virava diversão, bola de futebol da pelada. Da brincadeira do peru ou bobinho, entre os meninos.
***
Fazer da vida, de cada segundo, que pode ser o último, nem o primeiro, nem o segundo momento, mas o único, talvez o derradeiro.
E aproveitar, ludicamente.
Essa a lição que a morte do político ontem, nos passa.
***
E deixemos a outros, na imprensa, na midia os elogios fartos, e a transformação em herói, de quem foi apenas mais um homem. Certamente, herói corajoso e vilão sem pudores; certamente bondoso e arrogante; certamente com acertos e erros. Com amigos e inimigos. Como todos nós, metade luz, a outra metade escuridão. Metade farsa, a outra metade apenas verdade. Ou não?
Da galhardia com que enfrentou a morte. Do exemplo que deu, de luta e persistência, contra a doença. Até de bom humor, para enfrentar a adversidade, sem se entregar, e sem se fazer de vítima.
Ao José Alencar, exemplo de como a vida pode ser mais bem vivida, mesmo que com seu limite datado, rendo minhas homenagens.
***
Aproveito para ampliar a observação da luta contra a morte, e para destacar que a mesma postura de garra e coragem do homem José Alencar, deve ser a postura de qualquer um de nós, seres viventes, cujos limites da vida, por ignorados, não podem servir para nos abater nem para nos derrotar.
Também essa nossa vida, envolta toda em mistério e surpresas, deve ser sempre levada com bom-humor, no lugar dos rancores. Com otimismo e esperança, no lugar do derrotismo e do pessimismo.
Afinal, para não ficar repetindo o bordão que recomenda fazer uma limonada com o limão azedo servido pela vida, basta lembrar que, quando pequenos, o limão virava diversão, bola de futebol da pelada. Da brincadeira do peru ou bobinho, entre os meninos.
***
Fazer da vida, de cada segundo, que pode ser o último, nem o primeiro, nem o segundo momento, mas o único, talvez o derradeiro.
E aproveitar, ludicamente.
Essa a lição que a morte do político ontem, nos passa.
***
E deixemos a outros, na imprensa, na midia os elogios fartos, e a transformação em herói, de quem foi apenas mais um homem. Certamente, herói corajoso e vilão sem pudores; certamente bondoso e arrogante; certamente com acertos e erros. Com amigos e inimigos. Como todos nós, metade luz, a outra metade escuridão. Metade farsa, a outra metade apenas verdade. Ou não?
Canto do nordestino
Quero carne meu irmão
quero comida meu irmão
quero alimento
prá encher minha panela
prá me prender nessa terra
prá eu ficar nesse sertão.
Quero terra prá fazer a plantação
quero água para dar prá criação
quero obra, promessa não quero não
quero dinheiro vivo aqui na minha mão
Quero carne, meu irmão
Quero carne, meu irmão
quero alimento
prá encher minha panela
prá me prender nessa terra
prá eu ficar nesse sertão.
Quero justiça
quero o sustento
pois os meus filhos não podem viver de vento
quero trabalho prá não ter que acabar
no pau-de-arara prá descer
e não voltar.
Imagens à beira mar
Imagino eu
o sol queimando forte
o corpo exposto
posto na pedra
mirando o ausente.
Buscando no vazio
idéias que se recusam
a vir na neurose
desta sub-vida.
Imagino eu
o vôo da gaivota
o vento espalhando espumas
a caneta deslizando no papel
e as palavras
surgindo com a maré cheia.
terça-feira, 29 de março de 2011
Mais uma medida para conter a enxurrada de dólares e, de quebra, combater a inflação
Está no portal UOL, de hoje.
Por meio de decreto, o governo federal elevou nessa terça-feira o IOF, também para as operações de obtenção de empréstimos de longo prazo por empresas e bancos, no exterior.
A alíquota para empréstimos de prazos superiores a 3 meses foi fixada em 6%. Para empréstimos até 90 dias, considerados de curto prazo e capazes de trazer grande volatilidade ao mercado financeiro, sem maiores benefícios para o país, a alíquota do IOF permanece no patamar em vigor, de 5,38%.
A medida demonstra a disposição do governo federal de impedir que os agentes citados continuem ampliando seu nível de endividamento externo, que alcançou nível recorde nesse início de ano, retomando os níveis de antes da crise financeira internacional de 2008.
Mais que a tentativa de conter o aumento do risco de crédito de bancos e empresas, o governo visa coibir a entrada de recursos que não se destinam a financiamento de inversões, mas tão somente à obtenção de ganhos especulativos.
Afinal, ao captarem no exterior, e internalizarem os recursos em nosso país, essas operações promovem ainda uma maior desvalorização da moeda americana.
O resultado da operação é a obtenção de lucros elevados, seja nos ganhos da aplicação dos recursos convertidos em reais, na aquisição de títulos públicos que remuneram às taxas de juros mais altas do planeta, seja depois, na reconversão dos reais em dólares que, desvalorizados, propiciam também os ganhos cambiais.
***
Se rentável para os agentes financeiros, a prática traz evidentes e maléficas consequências para a economia real, incluindo-se aí, a perda de competitividade de nossos produtos, a elevação das importações, a elevação dos gastos no exterior na conta de serviços e a deterioração de nossa conta em transações correntes.
***
Adicionalmente, a medida contribui para o encurtamento da liquidez interna, o que pode vir a ajudar na contenção de gastos e da demanda agregada, que deixa de exercer pressão sobre a alta de preços.
Por meio de decreto, o governo federal elevou nessa terça-feira o IOF, também para as operações de obtenção de empréstimos de longo prazo por empresas e bancos, no exterior.
A alíquota para empréstimos de prazos superiores a 3 meses foi fixada em 6%. Para empréstimos até 90 dias, considerados de curto prazo e capazes de trazer grande volatilidade ao mercado financeiro, sem maiores benefícios para o país, a alíquota do IOF permanece no patamar em vigor, de 5,38%.
A medida demonstra a disposição do governo federal de impedir que os agentes citados continuem ampliando seu nível de endividamento externo, que alcançou nível recorde nesse início de ano, retomando os níveis de antes da crise financeira internacional de 2008.
Mais que a tentativa de conter o aumento do risco de crédito de bancos e empresas, o governo visa coibir a entrada de recursos que não se destinam a financiamento de inversões, mas tão somente à obtenção de ganhos especulativos.
Afinal, ao captarem no exterior, e internalizarem os recursos em nosso país, essas operações promovem ainda uma maior desvalorização da moeda americana.
O resultado da operação é a obtenção de lucros elevados, seja nos ganhos da aplicação dos recursos convertidos em reais, na aquisição de títulos públicos que remuneram às taxas de juros mais altas do planeta, seja depois, na reconversão dos reais em dólares que, desvalorizados, propiciam também os ganhos cambiais.
***
Se rentável para os agentes financeiros, a prática traz evidentes e maléficas consequências para a economia real, incluindo-se aí, a perda de competitividade de nossos produtos, a elevação das importações, a elevação dos gastos no exterior na conta de serviços e a deterioração de nossa conta em transações correntes.
***
Adicionalmente, a medida contribui para o encurtamento da liquidez interna, o que pode vir a ajudar na contenção de gastos e da demanda agregada, que deixa de exercer pressão sobre a alta de preços.
Elevação do IOF sobre compras de cartão. Quais os impactos?
Entendo a elevação significativa do imposto sobre operações financeiras de compras realizadas por meio de uso de cartão de crédito, no exterior, de 2,38 para 6,38% de mais de uma maneira.
Claro, não dá para negar que o governo está, de certa forma, preocupado em reduzir o ritmo dos gastos em consumo, e com base no crédito, no exterior.
Afinal, nossa balança de transações correntes dá, a cada mês, sinais preocupantes de deterioração, com redução do superávit na parte comercial, e ampliação do déficit, em proporção muito maior, na conta de serviços.
Como o pensamento conservador já diagnosticou a existência de um excesso de demanda, alimentado pelas facilidades do crediário, sobre nossa capacidade produtiva, compreende-se o porquê de dois problemas serem identificados e apontados constantemente na mídia, como sendo os que preocupam a área econômica: de um lado, a elevação da inflação e a resistência dos preços a iniciarem um processo de declínio. Segundo, a elevação de compras no exterior, para atendimento da parcela de demanda superior a nossa capacidade de absorção, com o consequente impacto nas contas externas.
***
Desse ponto de vista, ninguém duvida que a elevação de imposto em tal proporção terá o efeito de reduzir as compras no exterior, especialmente as encomendas com cartão, pela Internet. Afinal, a conta ficará fem mais salgada, na hora de se efetuar o pagamento.
Mas, em que proporção essa medida terá êxito? Afinal, dado o câmbio, a continuidade do influxo de dólares para nosso país, as taxas de juros reais batendo recordes quando comparada às taxas praticadas no restante do mundo, tudo junto, leva-nos a continuar com a expectativa de valorização do real.
Admitida tal valorização, continuará sendo bastante compensadora a compra de produtos estrangeiros - de melhor preço e qualidade, como bem o lembrou ontem, no Jornal da Band, o comentarista Joelmir Beting.
Dependendo da valorização do real, a elevação da alíquota pode ser insignificante para o objetivo do governo, em especial, se continuarmos assistindo à elevação importante dos gastos com viagens internacionais. Afinal, estando no exterior, em especial nos Estados Unidos, o consumidor dificilmente resistirá às compras de bens de consumo a preços acessíveis.
***
É aí que entra a segunda interpretação que pode ser dada à medida.
Se comprar com financiamento no exterior ficou mais caro, resta ao consumidor efetuar o pagamento de suas despesas com cartão de débito, ou com a utilização de cartão para efetuar saques de dinheiro vivo em caixas eletrônicos, cuja taxação está na casa de 0,38%.
Ou, como um rapaz entrevistado no Jornal da Band, ontem à noite afirmou, comprar maior quantidade de dólares, antes de viajar, para pagar seus gastos com dinheiro vivo.
Excetuado o problema da segurança e da conservação e guarda do dinheiro, é uma solução barata, para quem pretende viajar e gastar.
E, aí o governo teria conseguido, mesmo que esse não fosse seu objetivo real, elevar a demanda de dólares no mercado, o que teria como consequência contribuir para impedir a continuada queda do valor da moeda americana.
Certo que a quantia de câmbio manual é muito pequena em relação ao montante de dólares negociados via contratos bancários (o antigo dólar comercial). Mas que tem um impacto e um efeito, ao menos psicológico, isso tem.
E, impedindo a acelerada queda do valor do dólar, contribui também para reduzir a atratividade dos produtos estrangeiros.
Claro, não dá para negar que o governo está, de certa forma, preocupado em reduzir o ritmo dos gastos em consumo, e com base no crédito, no exterior.
Afinal, nossa balança de transações correntes dá, a cada mês, sinais preocupantes de deterioração, com redução do superávit na parte comercial, e ampliação do déficit, em proporção muito maior, na conta de serviços.
Como o pensamento conservador já diagnosticou a existência de um excesso de demanda, alimentado pelas facilidades do crediário, sobre nossa capacidade produtiva, compreende-se o porquê de dois problemas serem identificados e apontados constantemente na mídia, como sendo os que preocupam a área econômica: de um lado, a elevação da inflação e a resistência dos preços a iniciarem um processo de declínio. Segundo, a elevação de compras no exterior, para atendimento da parcela de demanda superior a nossa capacidade de absorção, com o consequente impacto nas contas externas.
***
Desse ponto de vista, ninguém duvida que a elevação de imposto em tal proporção terá o efeito de reduzir as compras no exterior, especialmente as encomendas com cartão, pela Internet. Afinal, a conta ficará fem mais salgada, na hora de se efetuar o pagamento.
Mas, em que proporção essa medida terá êxito? Afinal, dado o câmbio, a continuidade do influxo de dólares para nosso país, as taxas de juros reais batendo recordes quando comparada às taxas praticadas no restante do mundo, tudo junto, leva-nos a continuar com a expectativa de valorização do real.
Admitida tal valorização, continuará sendo bastante compensadora a compra de produtos estrangeiros - de melhor preço e qualidade, como bem o lembrou ontem, no Jornal da Band, o comentarista Joelmir Beting.
Dependendo da valorização do real, a elevação da alíquota pode ser insignificante para o objetivo do governo, em especial, se continuarmos assistindo à elevação importante dos gastos com viagens internacionais. Afinal, estando no exterior, em especial nos Estados Unidos, o consumidor dificilmente resistirá às compras de bens de consumo a preços acessíveis.
***
É aí que entra a segunda interpretação que pode ser dada à medida.
Se comprar com financiamento no exterior ficou mais caro, resta ao consumidor efetuar o pagamento de suas despesas com cartão de débito, ou com a utilização de cartão para efetuar saques de dinheiro vivo em caixas eletrônicos, cuja taxação está na casa de 0,38%.
Ou, como um rapaz entrevistado no Jornal da Band, ontem à noite afirmou, comprar maior quantidade de dólares, antes de viajar, para pagar seus gastos com dinheiro vivo.
Excetuado o problema da segurança e da conservação e guarda do dinheiro, é uma solução barata, para quem pretende viajar e gastar.
E, aí o governo teria conseguido, mesmo que esse não fosse seu objetivo real, elevar a demanda de dólares no mercado, o que teria como consequência contribuir para impedir a continuada queda do valor da moeda americana.
Certo que a quantia de câmbio manual é muito pequena em relação ao montante de dólares negociados via contratos bancários (o antigo dólar comercial). Mas que tem um impacto e um efeito, ao menos psicológico, isso tem.
E, impedindo a acelerada queda do valor do dólar, contribui também para reduzir a atratividade dos produtos estrangeiros.
A sanidade de Frederico Flores e a inocência de quem descobre o tráfico nas cadeias
Frederico Flores, acusado de um dos crimes mais macabros já praticados em nossa capital, com a morte e decapitação de dois empresários foi considerado portador de grave desvio de personalidade.
Na Rádio Itatiaia, a notícia foi dada como se tivesse havido a constatação de que Flores era incapaz.
Há uma diferença, em minha opinião, entre a notícia e a forma de repercuti-la. Afinal, Frederico parece ter exata noção de suas atitudes e da consequência de seus atos.
Líder de uma gangue, parece que não hesitou vez nenhuma, parece que não teve qualquer dúvida em relação ao que desejava, e o que e como fazer para obter seu intento.
Se apresenta desvio sério de personalidade, tal desvio não o torna, nem pode torná-lo inimputável.
E, para proteger a sociedade de tal personalidade, especialmente, constatado seu problema de ordem psicológica ou psíquica, melhor que condená-lo à prisão - onde poderá continuar com sua vida de sempre, inclusive a possibilidade de aproveitar-se dos benefícios legais do sistema de flexibilização e até redução da pena- seria a determinação de seu recolhimento a um hospital judiciário, um manicômio, onde deveria passar o resto de seus anos de vida, em tratamento. Creio que a melhor apenação no caso, seria a adoção de uma medida de segurança, que o afastasse e o impedisse de retornar ao convívio social, que ele já demonstrou não ter condições de aproveitar.
***
Afirmei acima, que a condenação à prisão permitiria a ele continuar sua rotina de vida, de sempre.
O noticiário a respeito do exame de sanidade mental traz informações adicionais, anunciadas com um tom, indevido, de espetaculosidade: no dia do exame, Frederico Flores teria feito o uso de maconha no interior do presídio Nelson Hungria, de segurança máxima.
À essa altura, já devem estar abertos processos internos de apuração e sindicância, para saber como a droga pode ter ido parar no interior do presídio e, como pode ter sido utilizada por um prisioneiro.
Espalhafato maior não é nem pelo uso de uma droga considerada alucinógena, ter sido fornecida e utilizada exatamente no dia do exame.
Mas pelo fato de, sendo proibida e punidos seu porte e trânsito, ter ido parar em uma penitenciária.
***
A mim, me parece que está é faltando assunto mais importante para ocupar as manchetes dos programas jornalísticos, de qualquer tipo de midia.
Afinal, já há muito tempo, como professor de Economia, para dar exemplos de como a sociedade desenvolveu e desenvolve, ao longo dos tempos, a convenção social da mercadoria moeda ou a criação do dinheiro, as ilustrações em sala de aula vão do sal, ao gado. Daí, ao uso dos metais.
Chegando até o exemplo do cigarro ou chocolate, nos campos de concentração da época da II Grande Guerra para, nossos dias, chegar ao exemplo, dos celulares e/ou das drogas, no interior das cadeias.
Ou, realmente, ainda há alguém que acredita que o ambiente carcerário de nosso país é imune ao tráfico e à comercialização de drogas, até mais pesadas que a maconha?
Na Rádio Itatiaia, a notícia foi dada como se tivesse havido a constatação de que Flores era incapaz.
Há uma diferença, em minha opinião, entre a notícia e a forma de repercuti-la. Afinal, Frederico parece ter exata noção de suas atitudes e da consequência de seus atos.
Líder de uma gangue, parece que não hesitou vez nenhuma, parece que não teve qualquer dúvida em relação ao que desejava, e o que e como fazer para obter seu intento.
Se apresenta desvio sério de personalidade, tal desvio não o torna, nem pode torná-lo inimputável.
E, para proteger a sociedade de tal personalidade, especialmente, constatado seu problema de ordem psicológica ou psíquica, melhor que condená-lo à prisão - onde poderá continuar com sua vida de sempre, inclusive a possibilidade de aproveitar-se dos benefícios legais do sistema de flexibilização e até redução da pena- seria a determinação de seu recolhimento a um hospital judiciário, um manicômio, onde deveria passar o resto de seus anos de vida, em tratamento. Creio que a melhor apenação no caso, seria a adoção de uma medida de segurança, que o afastasse e o impedisse de retornar ao convívio social, que ele já demonstrou não ter condições de aproveitar.
***
Afirmei acima, que a condenação à prisão permitiria a ele continuar sua rotina de vida, de sempre.
O noticiário a respeito do exame de sanidade mental traz informações adicionais, anunciadas com um tom, indevido, de espetaculosidade: no dia do exame, Frederico Flores teria feito o uso de maconha no interior do presídio Nelson Hungria, de segurança máxima.
À essa altura, já devem estar abertos processos internos de apuração e sindicância, para saber como a droga pode ter ido parar no interior do presídio e, como pode ter sido utilizada por um prisioneiro.
Espalhafato maior não é nem pelo uso de uma droga considerada alucinógena, ter sido fornecida e utilizada exatamente no dia do exame.
Mas pelo fato de, sendo proibida e punidos seu porte e trânsito, ter ido parar em uma penitenciária.
***
A mim, me parece que está é faltando assunto mais importante para ocupar as manchetes dos programas jornalísticos, de qualquer tipo de midia.
Afinal, já há muito tempo, como professor de Economia, para dar exemplos de como a sociedade desenvolveu e desenvolve, ao longo dos tempos, a convenção social da mercadoria moeda ou a criação do dinheiro, as ilustrações em sala de aula vão do sal, ao gado. Daí, ao uso dos metais.
Chegando até o exemplo do cigarro ou chocolate, nos campos de concentração da época da II Grande Guerra para, nossos dias, chegar ao exemplo, dos celulares e/ou das drogas, no interior das cadeias.
Ou, realmente, ainda há alguém que acredita que o ambiente carcerário de nosso país é imune ao tráfico e à comercialização de drogas, até mais pesadas que a maconha?
A respeito da greve de (e respeito aos) professores
E agora
eis-me aqui cuidando
de buscar trovas
novas
provas de seu saber
E agora,
eis-me aqui buscando
perguntas tolas
tê-las à mão.
(E ainda cai em meu ouvido
o som da frase dita com humor
da certeza de que ainda hei de vencer
mesmo sendo um professor).
Esperanças
Não descarto nunca
a possibilidade do amanhã de sol
mesmo que o vento da noite
e a tempestade
me invadam nesse instante.
Não descarto nunca meu coringa
mesmo que blefe
a vida inteira.
Não descarto nunca
a realização concreta do desejo
mesmo que metafísico
não concreto
de certo.
Não descarto nunca
o dia do amanhã
nestas noites do hoje
indormidas.
segunda-feira, 28 de março de 2011
O ritmo da passagem dos anos
De cada lado
de cada amigo
de cada rosto
cara faminta
de cada porto
de cada povo
nada novo
nada novo
de cada instante,
uma guerra
terra de sangue e suor
terra de morte e miséria
em cada face, pavor.
de cada ano
só desengano
desastres
desespero
dez anos
de cada erro
de cada...
década de medo.
Inúteis saberes
Sei que vagas na noite
sei de tua ânsia
de tua busca
angustiada
Sei que foges da chuva
que persegue as estrelas
e vem despentear os cachos
por onde desenrolam seus cabelos.
Sei de tua vida
teus sonhos
dos desejos íntimos
que te invadem
na solidão.
Sei de sua solidão
que te marca, o riso alegre
desfeito agora
Você sabe de mim
como do tempo
da memória
Mas não me acredita
possível.
sexta-feira, 25 de março de 2011
E, num reino das Arábias...
Foi quando o rei convocou as cortes
e anunciou impassível
que os nobres de oposição
simpáticos ou não
seriam presos, exilados
banidos e torturados
perderiam suas posses
perderiam o seu voto
seu direito a veto
sua opinião
Foi quando os acusou de público
de alta traição
taxando-os republicanos
relativamente...
Quereres frustrados
Quero a mulher mais pura
puta somente
quente amante.
Você foge da responsabilidade
e nega a liberdade
com um anel.
Quero a mulher de luta
de sangue
companheira.
Você me acompanha
à distância.
Quero a liberdade
e assumo compromissos.
Quero a morte
vinda em tabelinha
com a vida.
Você rompe barreiras
regride nos sonhos
procura chão.
Quero você
e te querendo tanto
você me escapa aos desejos
e me remete
à simples frustração
do amor.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Imagens que chocam: a violência sem limites
Mais que selvageria e covardia, a ação dos policiais em Manaus, tendo como alvo um adolescente de 14 anos de idade, desarmado e já rendido, demonstra um tremendo escárnio em relação à sociedade e aos direitos humanos.
Pior não é o filme que mostra o sangue-frio, o ato de vandalismo a que todos nós, cidadãos comuns estamos sujeitos.
As imagens chocam, claro.
Mas muito pior é o complemento da informação. Especialmente o relato da ocorrência tal qual como consta no BO, descrevendo a ação militar como reação a uma agressão a tiros, de que os membros da patrulha ou guarnição foram vítimas.
Hilário - por toda a tragédia que a vida nos reserva, a ponto de transformar-se em comédia -, ver a descrição que os isenta, em contraponto à imagem que os incrimina.
Dramático, saber que a violência institucionalizada e socialmente aceita, se assenta em uma demontração inequívoca de impunidade.
Impunidade assegurada pela violência aceita. E pela total e completa falta de caráter de quem deveria ser o guardião da moral e costumes da sociedade.
Podre e triste sociedade, essa nossa.
Pior não é o filme que mostra o sangue-frio, o ato de vandalismo a que todos nós, cidadãos comuns estamos sujeitos.
As imagens chocam, claro.
Mas muito pior é o complemento da informação. Especialmente o relato da ocorrência tal qual como consta no BO, descrevendo a ação militar como reação a uma agressão a tiros, de que os membros da patrulha ou guarnição foram vítimas.
Hilário - por toda a tragédia que a vida nos reserva, a ponto de transformar-se em comédia -, ver a descrição que os isenta, em contraponto à imagem que os incrimina.
Dramático, saber que a violência institucionalizada e socialmente aceita, se assenta em uma demontração inequívoca de impunidade.
Impunidade assegurada pela violência aceita. E pela total e completa falta de caráter de quem deveria ser o guardião da moral e costumes da sociedade.
Podre e triste sociedade, essa nossa.
Pitacos em relação à gestão econômica. E como o chef Palocci comanda as frituras no Planalto
Não raro, quando alguém assume algo que está além de sua área de competência, ou mete os pés pelas mãos ou, como todo e qualquer time pequeno de futebol, corre para jogar na defesa, bem retrancadinho.
Uso a métafora futebolística do ex-presidente Lula, para tratar de algo de que o ex-presidente foi o responsável: a transformação do médico e político Palocci em Ministro da Fazenda. Cargo que exige, minimamente, um conhecimento em Economia.
Jogando na retranca, Palocci não ousou e fez uma gestão bastante chinfrim, fundada nos manuais de macroeconomia e na ortodoxia mais ordinária (no sentido de comum) recomendada pelo pensamento econômico convencional.
Trocando em miúdos, a taxa de crescimento média do PIB foi tão medíocre em sua gestão quanto era no governo de FHC, a cuja política econômica ele apenas deu prosseguimento e aprofundou, quando quis se mostrar original.
Dizem que teve como benefício organizar as finanças públicas e resgatar o prestígio do Tesouro, que passou a ser visto como um devedor crível e com nível de risco de default bastante reduzido.
Pudera. Elevando os juros como Palocci o fez, e mantendo seu arsenal todo focado na adoção da política monetária, se conteve e controlou a inflação, também agradou ao mercado. E agradou tanto, premiando-os com elevadas remunerações, que passou a ser considerado pelo mercado com seu guru.
***
Espertamente, como sempre, o mercado, o incensou, para poder fazer com que ele acreditasse em sua capacidade de gerir a economia. E, dando corda para que ele depois se enforcasse, apoiou, financiou. Claro, tudo sem perder de vista os gordos lucros que os juros estratoféricos projetavam.
Transformado em guru, o ministro cedeu, como qualquer ser humano vaidoso e mortal o faria e passou a acreditar que, de fato, sabia e conhecia - ou domina a ciência econômica (se é que alguém a domine, essa ciência feminina tão volúvel e inesperada como todo ser feminino tende a ser).
***
Não é que agora, passados quatro anos de economia brasileira crescendo e adotando políticas menos ortodoxas, com juros ainda elevados, mas em tendência declinante - ao menos na maior parte do período-, o Ministro da Casa Civil, acredita ser o homem capaz de servir de intermediário do governo junto ao mercado e adota um comportamento que, na melhor das hipóteses, apenas revela que, sem o perceber, transformou-se no porta-voz dos interesses desse monstro sem face?
E acredita que pode usar um discurso conciliador e tranquilizador junto ao mercado, capaz de assegurar que a política econômica voltará a trilhar o leito em que o ministro se habituou a observá-la, de combate à inflação, redução do crescimento e ... juros.
***
Ataboalhoado ou não, contraditório ou não, falando mais que o necessário, mesmo que bem intencionado, ainda sou mais a gestão empreendida pelo Ministro Mantega. Que além de ser do ramo, mostrou competência para gerir a crise e fazer o Brasil voltar a redescobrir sua vocação desenvolvimentista. Vocação que tantas vezes tentaram abafar, inutilmente.
***
Quanto a Tombini, funcionário de carreira do Banco. Com um nome e uma tradição de formação acadêmica a zelar, está atento e, como tal, cumprindo a cartilha e as normas que o mercado insinua como sendo as necessárias, aceitáveis e toleráveis.
Nesse sentido, vem fazendo bem o dever de casa, como qualquer menino bem comportado o faria.
Mas, se se submete realmente, formalmente fala grosso, adotando uma postura que se deseja mais independente.
E dá-lhe medidas prudenciais, que são um custo para o setor financeiro. Ao menos no discurso. Embora esteja sempre adotando a política de compensação ao mercado, via elevação dos juros.
Uso a métafora futebolística do ex-presidente Lula, para tratar de algo de que o ex-presidente foi o responsável: a transformação do médico e político Palocci em Ministro da Fazenda. Cargo que exige, minimamente, um conhecimento em Economia.
Jogando na retranca, Palocci não ousou e fez uma gestão bastante chinfrim, fundada nos manuais de macroeconomia e na ortodoxia mais ordinária (no sentido de comum) recomendada pelo pensamento econômico convencional.
Trocando em miúdos, a taxa de crescimento média do PIB foi tão medíocre em sua gestão quanto era no governo de FHC, a cuja política econômica ele apenas deu prosseguimento e aprofundou, quando quis se mostrar original.
Dizem que teve como benefício organizar as finanças públicas e resgatar o prestígio do Tesouro, que passou a ser visto como um devedor crível e com nível de risco de default bastante reduzido.
Pudera. Elevando os juros como Palocci o fez, e mantendo seu arsenal todo focado na adoção da política monetária, se conteve e controlou a inflação, também agradou ao mercado. E agradou tanto, premiando-os com elevadas remunerações, que passou a ser considerado pelo mercado com seu guru.
***
Espertamente, como sempre, o mercado, o incensou, para poder fazer com que ele acreditasse em sua capacidade de gerir a economia. E, dando corda para que ele depois se enforcasse, apoiou, financiou. Claro, tudo sem perder de vista os gordos lucros que os juros estratoféricos projetavam.
Transformado em guru, o ministro cedeu, como qualquer ser humano vaidoso e mortal o faria e passou a acreditar que, de fato, sabia e conhecia - ou domina a ciência econômica (se é que alguém a domine, essa ciência feminina tão volúvel e inesperada como todo ser feminino tende a ser).
***
Não é que agora, passados quatro anos de economia brasileira crescendo e adotando políticas menos ortodoxas, com juros ainda elevados, mas em tendência declinante - ao menos na maior parte do período-, o Ministro da Casa Civil, acredita ser o homem capaz de servir de intermediário do governo junto ao mercado e adota um comportamento que, na melhor das hipóteses, apenas revela que, sem o perceber, transformou-se no porta-voz dos interesses desse monstro sem face?
E acredita que pode usar um discurso conciliador e tranquilizador junto ao mercado, capaz de assegurar que a política econômica voltará a trilhar o leito em que o ministro se habituou a observá-la, de combate à inflação, redução do crescimento e ... juros.
***
Ataboalhoado ou não, contraditório ou não, falando mais que o necessário, mesmo que bem intencionado, ainda sou mais a gestão empreendida pelo Ministro Mantega. Que além de ser do ramo, mostrou competência para gerir a crise e fazer o Brasil voltar a redescobrir sua vocação desenvolvimentista. Vocação que tantas vezes tentaram abafar, inutilmente.
***
Quanto a Tombini, funcionário de carreira do Banco. Com um nome e uma tradição de formação acadêmica a zelar, está atento e, como tal, cumprindo a cartilha e as normas que o mercado insinua como sendo as necessárias, aceitáveis e toleráveis.
Nesse sentido, vem fazendo bem o dever de casa, como qualquer menino bem comportado o faria.
Mas, se se submete realmente, formalmente fala grosso, adotando uma postura que se deseja mais independente.
E dá-lhe medidas prudenciais, que são um custo para o setor financeiro. Ao menos no discurso. Embora esteja sempre adotando a política de compensação ao mercado, via elevação dos juros.
Análise do futebol no Galo, se é que alguém identifica algum
Em minha opinião, não há novidades no futebol do Galo, ou na ausência dele, para ser mais preciso.
De novo mesmo, apenas a esperança no início dos trabalhos desse ano, agora já colocada na percepção e na dimensão exata.
Senão vejamos: as contratações do Atlético, anunciadas como bombásticas foram, todo o tempo, de jogadores de frente. Magno Alves, Jobson, Mancini, todos com algum tipo de risco embutido na contratação.
De Magno Alves e Mancini, a idade, a capacidade de reação do organismo, a dificuldade cada vez maior de adquirir condições físicas de jogo. Condições técnicas, como se sabe, eles já provaram que têm. Mas, cada vez mais, futebol alia força à qualidade técnica.
Jobson é um grande jogador. Se quiser assumir a vida de sacrifícios que é a marca de todo atleta de destaque. Com ele, que tem a juventuda a seu favor, o problema é de outra ordem. Disciplinar, talvez. Psicológico, provavelmente.
De quebra, trazendo atacantes, o Atlético se viu forçado a liberar de uma só vez Obina (por imposição dos verdadeiros donos do passe), Tardelli e até mesmo Diego Souza.
Para compensar traz Guilherme. Sem comentários.
E continua com Wesley (outra contratação), a insistência com Ricardo Bueno, a correria, às vezes sem objetividade de Berola.
Este último, pelo menos, ainda deixando desarvoradas as defesas adversárias, em seu desvairio.
E ainda conta com Daniel Carvalho que, tal como Diego Souza, ainda não explicou a que veio.
***
O meio campo foi outro setor a receber reforços no time do Atlético. Toró, o próprio Mancini, Richarlyson.
E continuamos sem criatividade, sem objetividade, sem consistência.
Afinal, se temos e utilizamos Serginho, Zé Luiz, como cabeças de área, alguma coisa não está encaixando bem, tamanha a facilidade que os atacantes adversários têm para penetrar em nossa defesa.
Na frente, todos sentem a dificuldade demonstrada pelos armadores para fazerem a bola chegar até os atacantes.
Ou o problema é dos atacantes que não se deslocam, não se apresentam e não aparecem para serem acionados, ou então é da incapacidade mesmo de se acertar o passe. De se tramar uma jogada que seja, por um meio campo insosso.
Exceção feita à técnica e à capacidade de cadenciar o jogo, quando é necessário não ficar correndo atrás de gols, demonstrada pelo veterano Ricardinho.
***
Mas, em minha opinião o pior é nossa defesa. Sem laterais, embora o jovem Bernard tenha feito uma grande partida ontem, em especial no primeiro tempo, e sem miolo de área.
Achei que o problema estava em Werley, e estava enganado.
Também Réver e Leonardo Silva estão batendo cabeça mais que o recomendado para uma dupla de zagueiros com tamanha experiência e já demonstrada capacidade.
Quanto ao jovem goleiro Renan Ribeiro, que tem se mostrado sempre um grande goleiro, ainda assim parece desatento em alguns lances, ou inexperiente em outros, o que não serve para condená-lo.
Mas, alguém já disse que ele começou a apresentar algumas falhas, depois da mudança de treinador de goleiros.
E o problema é que a defesa leva gols demais. Em todos os jogos.
E olhe que estamos falando do Galo jogando contra o Ipatinga, o Guarani, o Villa, o Uberaba.
E estamos os atleticanos, com os olhos no Palmeiras, na Copa Brasil, no Flamengo, no Cruzeiro. E estamos sonhando com o Campeonato Brasileiro.
Ô capacidade besta de sonhar essa que nós temos!!!...
De novo mesmo, apenas a esperança no início dos trabalhos desse ano, agora já colocada na percepção e na dimensão exata.
Senão vejamos: as contratações do Atlético, anunciadas como bombásticas foram, todo o tempo, de jogadores de frente. Magno Alves, Jobson, Mancini, todos com algum tipo de risco embutido na contratação.
De Magno Alves e Mancini, a idade, a capacidade de reação do organismo, a dificuldade cada vez maior de adquirir condições físicas de jogo. Condições técnicas, como se sabe, eles já provaram que têm. Mas, cada vez mais, futebol alia força à qualidade técnica.
Jobson é um grande jogador. Se quiser assumir a vida de sacrifícios que é a marca de todo atleta de destaque. Com ele, que tem a juventuda a seu favor, o problema é de outra ordem. Disciplinar, talvez. Psicológico, provavelmente.
De quebra, trazendo atacantes, o Atlético se viu forçado a liberar de uma só vez Obina (por imposição dos verdadeiros donos do passe), Tardelli e até mesmo Diego Souza.
Para compensar traz Guilherme. Sem comentários.
E continua com Wesley (outra contratação), a insistência com Ricardo Bueno, a correria, às vezes sem objetividade de Berola.
Este último, pelo menos, ainda deixando desarvoradas as defesas adversárias, em seu desvairio.
E ainda conta com Daniel Carvalho que, tal como Diego Souza, ainda não explicou a que veio.
***
O meio campo foi outro setor a receber reforços no time do Atlético. Toró, o próprio Mancini, Richarlyson.
E continuamos sem criatividade, sem objetividade, sem consistência.
Afinal, se temos e utilizamos Serginho, Zé Luiz, como cabeças de área, alguma coisa não está encaixando bem, tamanha a facilidade que os atacantes adversários têm para penetrar em nossa defesa.
Na frente, todos sentem a dificuldade demonstrada pelos armadores para fazerem a bola chegar até os atacantes.
Ou o problema é dos atacantes que não se deslocam, não se apresentam e não aparecem para serem acionados, ou então é da incapacidade mesmo de se acertar o passe. De se tramar uma jogada que seja, por um meio campo insosso.
Exceção feita à técnica e à capacidade de cadenciar o jogo, quando é necessário não ficar correndo atrás de gols, demonstrada pelo veterano Ricardinho.
***
Mas, em minha opinião o pior é nossa defesa. Sem laterais, embora o jovem Bernard tenha feito uma grande partida ontem, em especial no primeiro tempo, e sem miolo de área.
Achei que o problema estava em Werley, e estava enganado.
Também Réver e Leonardo Silva estão batendo cabeça mais que o recomendado para uma dupla de zagueiros com tamanha experiência e já demonstrada capacidade.
Quanto ao jovem goleiro Renan Ribeiro, que tem se mostrado sempre um grande goleiro, ainda assim parece desatento em alguns lances, ou inexperiente em outros, o que não serve para condená-lo.
Mas, alguém já disse que ele começou a apresentar algumas falhas, depois da mudança de treinador de goleiros.
E o problema é que a defesa leva gols demais. Em todos os jogos.
E olhe que estamos falando do Galo jogando contra o Ipatinga, o Guarani, o Villa, o Uberaba.
E estamos os atleticanos, com os olhos no Palmeiras, na Copa Brasil, no Flamengo, no Cruzeiro. E estamos sonhando com o Campeonato Brasileiro.
Ô capacidade besta de sonhar essa que nós temos!!!...
Tomada de consciência
Foi ontem?
ou fazem três anos já
que conheci o riso?
Foi ontem?
que vi o tempo passado
valorizando o tempo?
Foi ontem
que me vi desperto
sem riso, sem vida
tempo, cansado.
Vultos
Foi
e foi sem falar
sem um oi
passamos sem nos ver
não nos achamos.
Talvez nunca nos encontramos
antes.
Foi
passou sem falar
sem olhar, sem sentir
sem voltar a cabeça.
Dois desconhecidos na rua
em meio aos carros
de sempre.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Versos esquálidos
O CASAL
Não parece que construindo
só restava o mundo
ruindo?...
ESPERANÇA
Mais que intuição sua
minha certeza, nua...
AULA
Falando como papagaio
o professor
não parecia locutor?
PAUSA
Interrupção melódica
não seria o vazio
letra de música
pródiga?
PAQUISTÃO
Mais que o país, o sonho
mais que a fome
um nome
nunca abstrato
eu concreto
/completo
Signos
Transcrevi em poucas linhas
meus complexos, meus sonhos
do poeta enfadonho
leia apenas as entrelinhas.
Vida severa, severina vida
Na boca da fome
um gosto de terra
no olho cansado
sangue só
No pé de vento
venta a doença
que cai no peito
sem solução
Da grita
contra a fumaça
a cal, o cimento
a pedra de brita
lamento é o que resta
lamento só
levado no vento
que traz o pó.
terça-feira, 22 de março de 2011
Pitacos sobre a visita do presidente americano
Barack veio e se foi. E, com relação às questões comerciais, nada ficou decidido. OK, Dilma deu seu recado e falou grosso. Não apenas criticou a imposição de barreiras comerciais aos produtos brasileiros, em geral, como cobrou do presidente da nação de discurso mais liberal do mundo, uma postura mais favorável à liberdade de comércio, em carne, aço, suco de laranja, etc.
No entanto, há já muitos anos os analistas e os economistas mais sérios mostram que os Estados Unidos são só discurso.
Exigem dos outros uma abertura que não praticam. Em relação ao comércio com nosso país, praticam uma tarifa média mais elevada, no geral, que a imposta e cobrada por nosso país.
É a velha máxima: façam o que digo, mas não façam o que faço.
E não é o presidente Obama que tem condições de mudar esse quadro, dada a enorme importância, na questão do comércio internacional americana, dos interesses e decisões do Legislativo dos Estados Unidos.
Então, no que conta mesmo, ficamos na mesma, independente da vinda do simpático Obama.
***
A propósito, o ex-vice presidente José Alencar, quando ainda Senador da República preparou um estudo para mostrar como os Estados Unidos eram muito mais protecionistas em relação aos produtos brasileiros que a posição contrária, do Brasil em relação aos produtos americanos.
Conta a lenda que o estudo importante, publicado pela gráfica do Senado, serviu para que o senador estivesse presente e fizesse uma intervenção na sede da Fiemg, em encontro com a Secretária de Comércio americana por ocasião da reunião da Alca, ou Mercocidades, acontecido em Belo Horizonte, em 1997, ou 98.
Não sei se é verdade, mas dizem que, depois da palestra da funcionária americana, o senador questionou o porquê de o país dela cobrar e ameaçar aos países aliados, quando adotava comportamento completamente distinto do recomendado, a julgar pelos dados do estudo.
Mais que coerência, o senador queria uma explicação.
A lenda afirna que muito elegantemente a resposta da Secretária foi de que, como funcionária pública americana, a explicação ela devia dar ao povo que era o seu patrão: os americanos e seus interesses.
***
É isso aí. Jogo jogado.
Sem firula para a torcida.
***
Mudando de assunto, e ainda em relação à visita de Obama.
Lula teria dito que demitiria o ministro que se curvou às autoridades americanas, tirando seus sapatos em revista feita ao desembarcar em território americano, ou em visita à autoridade daquele país.
E agora, quando nossos ministros, em nosso território, são constrangidos a passarem por uma revista, para poderem ter acesso ao ambiente em que o presidente Obama estava presente.
Sempre soube ou pensei que, em nossa casa, o convidado aceita ir ou não, caso tenha confiança ou se sinta inseguro.
Ir, e chegando lá, por força de algum temor, começar a fazer exigências, constrangendo até os anfitriões que o convidaram, é o cúmulo.
E aconteceu, com alguns ministros não aceitando se submeterem a tal humilhação.
Ou seja: a simpatia de Obama, não consegue disfarçar a arrogância de maior e mais poderosa nação do mundo, já suficientemente atrelada à do país que ele representa.
***
Abstenho-me a dar pitaco na situação da Líbia. Afinal, se há uma inquestionável ameaça de retaliações ao povo, por parte das forças leais ao ditador, os ataques autorizados pela ONU, visam a algo que não fica muito claro. O que querem as forças da coalizão? Destruir, matar ou apenas levar Kadhafi à renúncia?
Proteger os insubordinados e a população civil?
Apenas destruir o arsenal líbio?
Sem deixar claro o seu propósito, a ação tem exalado mais um cheiro podre de vaidade apodrecida.
Parece-me mais coisa de pirraça de Sarkozy e de interesses franceses.
***
No entanto, há já muitos anos os analistas e os economistas mais sérios mostram que os Estados Unidos são só discurso.
Exigem dos outros uma abertura que não praticam. Em relação ao comércio com nosso país, praticam uma tarifa média mais elevada, no geral, que a imposta e cobrada por nosso país.
É a velha máxima: façam o que digo, mas não façam o que faço.
E não é o presidente Obama que tem condições de mudar esse quadro, dada a enorme importância, na questão do comércio internacional americana, dos interesses e decisões do Legislativo dos Estados Unidos.
Então, no que conta mesmo, ficamos na mesma, independente da vinda do simpático Obama.
***
A propósito, o ex-vice presidente José Alencar, quando ainda Senador da República preparou um estudo para mostrar como os Estados Unidos eram muito mais protecionistas em relação aos produtos brasileiros que a posição contrária, do Brasil em relação aos produtos americanos.
Conta a lenda que o estudo importante, publicado pela gráfica do Senado, serviu para que o senador estivesse presente e fizesse uma intervenção na sede da Fiemg, em encontro com a Secretária de Comércio americana por ocasião da reunião da Alca, ou Mercocidades, acontecido em Belo Horizonte, em 1997, ou 98.
Não sei se é verdade, mas dizem que, depois da palestra da funcionária americana, o senador questionou o porquê de o país dela cobrar e ameaçar aos países aliados, quando adotava comportamento completamente distinto do recomendado, a julgar pelos dados do estudo.
Mais que coerência, o senador queria uma explicação.
A lenda afirna que muito elegantemente a resposta da Secretária foi de que, como funcionária pública americana, a explicação ela devia dar ao povo que era o seu patrão: os americanos e seus interesses.
***
É isso aí. Jogo jogado.
Sem firula para a torcida.
***
Mudando de assunto, e ainda em relação à visita de Obama.
Lula teria dito que demitiria o ministro que se curvou às autoridades americanas, tirando seus sapatos em revista feita ao desembarcar em território americano, ou em visita à autoridade daquele país.
E agora, quando nossos ministros, em nosso território, são constrangidos a passarem por uma revista, para poderem ter acesso ao ambiente em que o presidente Obama estava presente.
Sempre soube ou pensei que, em nossa casa, o convidado aceita ir ou não, caso tenha confiança ou se sinta inseguro.
Ir, e chegando lá, por força de algum temor, começar a fazer exigências, constrangendo até os anfitriões que o convidaram, é o cúmulo.
E aconteceu, com alguns ministros não aceitando se submeterem a tal humilhação.
Ou seja: a simpatia de Obama, não consegue disfarçar a arrogância de maior e mais poderosa nação do mundo, já suficientemente atrelada à do país que ele representa.
***
Abstenho-me a dar pitaco na situação da Líbia. Afinal, se há uma inquestionável ameaça de retaliações ao povo, por parte das forças leais ao ditador, os ataques autorizados pela ONU, visam a algo que não fica muito claro. O que querem as forças da coalizão? Destruir, matar ou apenas levar Kadhafi à renúncia?
Proteger os insubordinados e a população civil?
Apenas destruir o arsenal líbio?
Sem deixar claro o seu propósito, a ação tem exalado mais um cheiro podre de vaidade apodrecida.
Parece-me mais coisa de pirraça de Sarkozy e de interesses franceses.
***
Assinar:
Postagens (Atom)