Findo o carnaval, a Patrulha Rodoviária Federal já contabiliza um número recorde de mortos em nossas estradas. Pela última informação, já ultrapassavam a 180 as vítimas fatais.
Vítimas da péssima conservação das estradas. Da necessidade de duplicação da maior parte delas, sem contar aquelas que, obrigam-nos a conviver com verdadeiras barbaridades, como os erros de construção e de projetos.
É muito ruim, ter que falar de tanta desgraça e tragédia, depois de tanta folia.
Ou talvez uma coisa esteja ligada, intimamente à outra.
Afinal, não é apenas a deficiência de nossas estradas que responde por tantos acidentes. A imprudência, a deficiência na conservação dos automóveis, e uma ânsia de por o carro na estrada, para o local de carnaval mais animado. E, pior: a ânsia de chegar. Muitas vezes antes mesmo de ter partido, se possível.
E dá-lhe bebedeira, que neste carnaval a ordem é se acabar.
E dá-lhe cansaço, para pular até o sol raiar, e enfrentar depois a estrada. Com sono. Com pressa. Aqui em Minas, com chuva. Muita chuva.
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E dá-lhe trânsito e impaciência, especialmente para os que têm que chegar a tempo de pegarem o horário de serviço na quarta-feira.
Quilômetros e quilômetros de engarrafamentos, desafiando o bom humor. E, dá-lhe ultrapassagem em lombadas, em curvas, pelo acostamento. E derrapagens. Aquaplanagem.
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Contabilizamos, em cada um desses feriados prolongados, mais mortes que muitas guerras civis noticiadas pelas emissoras de televisão e outras mídias.
Talvez já fosse hora de se começar uma campanha que transformasse a quarta feira de cinzas em dia de feriado, com as horas de trabalho a serem compensadas antes ou depois da festa.
Com o risco de alguns deixarem de viajar na quarta, para ganharem mais algumas horas de diversão inconsequente (não a diversão, mas a volta).
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O que sei é que o número de veículos produzidos e vendidos no país, bate recordes atrás de recordes. E que nesses grandes feriados, multiplica-se o número de automóveis circulando pelas estradas. Que são as mesmas, e muitas vezes, em condições piores, já de mais de 30 anos atrás.
Um comentário:
É um horror ter de viajar por estas estradas dos rincões mineiros. O que vi foi muita correria, imprudência e desapego à vida. Mais me surpreende o fato de nos lançarmos ao incerto, vislumbrando curvas à frente sem que o pé no freio anuncie a cautela ante o desconhecido. E a curva se aproxima aceleradamente... Não há resposta possível aos hábeis motoristas que não enxergam o que lhes espera ao final de uma curva...
Parece que fazemos um pacto com a morte a cada feriado prolongado...
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