terça-feira, 15 de março de 2011

Reunião de banqueiros e BC no Brasil termina em críticas

Deu ontem, em blog do IG e, embora não tendo sido possível checar a correção da informação, atrevo-me a comentá-la, por seu resultado óbvio.
Em reunião havida entre a diretoria do BC, o Ministro presidente Tombini, à frente, e os principais banqueiros do país, ou os economistas representantes desses bancos, reeditando o comportamento adotado desde a época de Meirelles e Lula, o mercado criticou violentamente a postura passiva do BC, no combate à inflação.
Segundo o  deus Mercado, essa abstração insidiosa, pestilenta e que nada tem a ver com a realidade do mundo da vida econômica, exceto a aberração de ser e representar apenas sua vertente mais poderosa, fazendo-se passar pela verdade absoluta para a totalidade dos interesses, o BC está combatendo a inflação subindo os degraus, enquanto a inflação sobe aos andares mais elevados, de elevador panorâmico ou supersônico.
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Ora, o significado disso é claro e as críticas falam por si: os mercados, diga-se os banqueiros, querem juros maiores e criticam ao BC estar anunciando maior parcimônia na definição de novos movimentos ascendentes para a taxa da SELIC.
Claro, como operam com juros - sua principal fonte de receita, e carregando títulos que remuneram com base na SELIC, difícil seria entender a postura dos banqueiros contrária à elevação de nossa taxa básica de juros.
Então, que isso os interessa, não há muito o que assustar. Mas, vai daí uma distância muito grande para o motivo que eles utilizam para pedir a elevação de juros.
Alegar que a elevação das taxas é para conter um processo inflacionário, especialmente agora com os problemas enfrentados pela economia japonesa, cujas origens e fontes têm mais a ver com nossas relações externas, é no mínimo, um contra-senso.
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Política monetária, de elevação de juros e contenção de demanda agregada é importante se a demanda está sobreaquecida. Se o país não tem capacidade de produzir para atender à absorção doméstica.
Alegar-se que o Brasil tanto não tem essa capacidade, que está apresentando uma deterioração nas contas de transações externas, é negar que esse resultado seja consequência, e não causa dos juros altos e seu impacto sobre a atração de capitais e o câmbio.
De mais a mais, embora crescendo a mais de 7% no ano de 2010, grande parte do crescimento foi por gastos com investimentos, que subiu sua participação relativa no PIB. E, por óbvio, o aumento de investimentos gera ampliação de capacidade produtiva que já estava, em média, abaixo da utilização nominal máxima. Ou operacional.
Dito de outra forma: a nossa indústria opera com capacidade ociosa - estratégica, de segurança, etc., mas ociosa. E sendo ociosa, não há como se falar em excesso de procura sobre a capacidade produtiva.
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Setores existem, sim, em que estamos vendo níveis muito superiores aos normalmente apresentados, de utilização de capacidade. Mas, setores isolados.
Não justificam a tese de uso de políticas de contenção de demanda.
Mas, as razões de inflação de demanda, por aumento de preços internacionais de commodities, que muito nos afetam, e que acarretam choques - de fora para dentro, em nosso país, não são resolvidos com juros elevados.
A menos que se deseje jogar a economia brasileira num estado de prostração tão grande que, mesmo o impacto dos choques de preços internacionais não possam mais ser sentidos. Ou seja: sedamos a economia brasileira e seus agentes. O país para de crescer e começa a vivenciar a deflação, de forma a compensar ou anular os efeitos da inflação importada.
Dessa forma, reeditaríamos mais uma vez, mal comparando, a situação do rabo que balança o cachorro.
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Ah! e antes que alguém venha com exemplos de fenômenos que estão sendo indentificados como ocorrendo na construção civil, entre outros setores (a Rádio Itatiaia citou também o setor de comércio) que poderiam justificar a pressão sobre a oferta do setor, há outras soluções que poderiam ser adotadas, que não as ligadas ao pensamento ortodoxo
Pelo que foi dito no Papo de redação, no Jornal da Itatiaia de hoje, parece ter sido percebido um tipo de mão de obra especializado - como pedreiros, oficiais, etc. - que está se empregando, ficando alguns meses ganhando um salário bastante razoável, aproveitando-se do fato de que suas qualificações estão sendo bastante valorizadas, face ao boom do setor, e depois pedindo contas para poder ficar vivendo por conta da percepção de salário desemprego e de bicos.
Ora, se isso está sendo constatado, ao invés de se criticar os programas de seguridade, como o seguro desemprego, e se ao invés de se dizer que o crescimento da demanda de imóveis estã levando ao esgotamento da capacidade de resposta do setor da construção civil, o que se deve fazer nesse caso é aperfeiçoar o instituto.
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Por exemplo, criando dificuldades para que solicitações de novos benefícios possam ser aprovados e concedidos, para um mesmo beneficiário dentro de um período qualquer de tempo estipulado, como se criando uma carência para novos pedidos darem entrada e serem processados. Ou ainda, reduzindo gradativamente os prazos de recebimento do benefício para os casos em que se acredita estar havendo esse tipo de conduta.
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Mas, criticar a passividade do BC por estar usando parcimoniosamente a política de juros, definitivamente não.

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