sexta-feira, 4 de março de 2011

Pitacos econômicos

Deu até na Globo, embora sem aprofundarem o tema, já que vai na direção contrária à da elevação da taxa de juros básica, e da utilização de medidas de cunho ortodoxo, como a restrição da demanda, para o combate à inflação.
Estudo elaborado pela FAO, órgão da ONU que analisa a questão de alimentos em escala mundial, indica que em fevereiro, o índice que mede os preços mundiais dos alimentos tiveram sua oitava elevação consecutiva.
Alcançam, assim, o seu maior nível em 21 anos, batendo na casa dos 236 pontos, o que representa uma alta de 2,2% frente ao mês de janeiro.
Segundo o organismo, todos os preços de produtos alimentares e commodities agrícolas apresentaram elevação, excetuado o açúcar, em razão de fatores como: elevação da demanda mundial por alimentos, por um lado. Por outro lado, uma menor produção de alimentos em 2010, o que alimenta a expectativa de redução de estoques. E a permanência de preços em expansão.
A FAO teme, por ter a memória que falta em nosso país, que em 2008, a alta de preços chegou a levar populações de países às ruas, com as revoltas chegando a balançar governos.
A título de ilustração, no Egito, tradicional produtor de trigo, a elevação do preço dessa commodity e a consequente subida do preço do pão, acarretou a realização de passeatas.
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E nós, com isso?
Como venho afirmando, parte da inflação que temos experimentado não se deve à elevação da demanda em nosso país, como as medidas de política econômica adotadas recentemente podem levar a crer. São causadas, em parte, por aumentos de preços cuja origem situa-se fora de nosso território e que, por esse mesmo motivo, não são afetadas por medidas adotadas internamente.
No fundo, a adoção dessas medidas de caráter recessivo pode trazer frustrações, por não serem suficientes para abater a alta de preços em nosso país. Salvo, se o governo promover uma elevação dos juros tão significativa que, acabará eliminando a febre dos preços. Por força da morte do paciente.
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Enquanto isso, pouca repercussão foi dada à notícia de que "nunca antes na história desse país", o PIB per capita, total da produção que cabe a cada habitante, atingiu o nível - recorde, alcançado o ano passado.
Em reais, R$ 19.016,00. Ou US$ 10.237,00.
Valor que mereceria algum tipo de comemoração, não fosse o Pib per capita uma média, representanto uma renda dificilmente alcançada pela ampla maioria da população trabalhadora do país.
Talvez por isso o pouco barulho na divulgação do dado: poderia forçar a realização de nova rodada de debates sobre a questão crucial da concentração de renda em nosso país.

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