quarta-feira, 30 de março de 2011

Transcrição de documentos do Wikileaks: afinal de que lado joga Henrique Meirelles?

Muitas vezes, recuso-me a transcrever alguma notícia que tenha visto, em algum local.
A razão de meu comportamento é evitar problemas com o autor original do texto, não cansar aquele que me lê, com notícias que ele mesmo pode já ter visto ou lido, não ficar dando cartaz demais para o autor da nota.
Sério mesmo, evito também porque os pitacos aqui são meus, não que isso signifique muita coisa.
Mas, as revelações abaixo, do jornal Tribuna da Imprensa merecem ser tratados como exceção. Pelo seu caráter de denúncia, que considero muito sério.
Não por achar que o personagem citado fosse impedido de lutar por suas convicções, até mesmo solicitando a intervenção de quem mais forte que ele, para auxiliá-lo em sua cruzada. E isso, mesmo que sabendo que demonstrando sinal evidente de fraqueza, estava o Ministro Presidente do Banco Central do Brasil.
Em minha opinião, o fato de ostentar o cargo, ocupar a função pública que ocupava deveria levá-lo a comportar-se de outra forma, talvez com mais altivez.
Tudo isso, claro, considerando que a fonte mencionada seja correta, e a matéria verdadeira.
O problema maior é que Meirelles - que virou Ministro, além de presidente do Banco Central, já por artimanhas da sorte, e de um possível processo e julgamento em esfera de menor envergadura que o Supremo, por força de problemas de descumprimento de normas, enquanto era diretor de um banco internacional -, continua hoje ocupando cargo público de confiança, ou seja, o cargo de Autoridade Olímpica.
E, porque por muito pouco não foi o homem para suceder a José Alencar, na vice-presidência.
Isso se, no futuro, ainda não acalentar sonhos de ser eleito pela população...... de que país, mesmo?
***


Carlos Newton
É revoltante a revelação do site WikiLeaks, de Julian Assange, mostrando que pouco antes das eleições de 2006 o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu aos Estados Unidos que pressionassem o presidente Lula para que fosse dada ao BC independência total.
De acordo com documentos secretos do Departamento de Estado, em conversa com diplomatas norte-americanos, dia 9 de agosto de 2006, Meirelles prometeu atuar nos bastidores por mudanças regulatórias que criassem um ambiente de investimento melhor para empresários norte-americanos no Brasil.
Obtido pelo WikiLeaks e repassado à agência norte-americana Reuters, o documento exibe, com total nitidez, o retrato 3X4 de um entreguista vulgar, que não tem pudor de trair sua pátria para servir aos interesses da maior potência mundial.
“Meirelles pediu que (o governo dos EUA) usasse discretamente sua relação (com o Brasil) para discutir a importância de levar ao Congresso uma legislação garantindo ao Banco Central essa autonomia”, escreveram os funcionários da embaixada norte-americana no documento, que detalhou o encontro inicial entre o embaixador Clifford Sobel e Meirelles.
“Ele (Meirelles) argumentou que o secretário (de Tesouro Henry) Paulson em particular seria capaz de tratar desse assunto com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega”, acrescentaram.
(Façamos uma pausa aqui nas revelações do WikiLeaks, para lembrar que Meirelles nunca precisou solicitar de maneira formal que fosse mudada a legislação para dar total autonomia ao Banco Central, porque desde o início do primeiro governo Lula efetivamente lhe garantiu essa prerrogativa, sem jamais interferir na política de juros, durante os oito anos em que ficou no poder).
De acordo com o documento do governo dos EUA, Meirelles identificou “a falta de experiência governamental entre os principais assessores de Lula” como um “segundo conjunto de dificuldades” para investidores norte-americanos. Sobre Dilma Rousseff, que à época já era ministra-chefe da Casa Civil, disse que ela era “muito esperta”, mas ressalvou que “ela ainda traz alguma bagagem ideológica à função”. Meirelles então se ofereceu para “contribuir nos bastidores em pressionar por reformas regulatórias prioritárias para melhorar o clima de negócios”, segundo o documento do Departamento de Estado dos EUA.
Procurado pelos jornalistas para se explicar, Meirelles refutou timidamente o conteúdo da documentação norte-americana. “As declarações atribuídas a mim não refletem com propriedade o tema de qualquer conversa que eu tenha tido”, afirmou via e-mail, recusando-se a dar entrevista. Por sua vez, o ex-embaixador dos EUA, Clifford Sobel, não quis comentar o assunto.
As revelações do WikiLeaks comandado por Julian Assange mostram até que ponto chegam a ganância, a subserviência e a desfaçatez de determinados homens públicos brasileiros. Aliás, nem deveriam ser considerados brasileiros. No caso de Meirelles, por exemplo, de brasileiro ele não tem nada. É um apátrida que deveria se naturalizar logo norte-americano.

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