Barack veio e se foi. E, com relação às questões comerciais, nada ficou decidido. OK, Dilma deu seu recado e falou grosso. Não apenas criticou a imposição de barreiras comerciais aos produtos brasileiros, em geral, como cobrou do presidente da nação de discurso mais liberal do mundo, uma postura mais favorável à liberdade de comércio, em carne, aço, suco de laranja, etc.
No entanto, há já muitos anos os analistas e os economistas mais sérios mostram que os Estados Unidos são só discurso.
Exigem dos outros uma abertura que não praticam. Em relação ao comércio com nosso país, praticam uma tarifa média mais elevada, no geral, que a imposta e cobrada por nosso país.
É a velha máxima: façam o que digo, mas não façam o que faço.
E não é o presidente Obama que tem condições de mudar esse quadro, dada a enorme importância, na questão do comércio internacional americana, dos interesses e decisões do Legislativo dos Estados Unidos.
Então, no que conta mesmo, ficamos na mesma, independente da vinda do simpático Obama.
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A propósito, o ex-vice presidente José Alencar, quando ainda Senador da República preparou um estudo para mostrar como os Estados Unidos eram muito mais protecionistas em relação aos produtos brasileiros que a posição contrária, do Brasil em relação aos produtos americanos.
Conta a lenda que o estudo importante, publicado pela gráfica do Senado, serviu para que o senador estivesse presente e fizesse uma intervenção na sede da Fiemg, em encontro com a Secretária de Comércio americana por ocasião da reunião da Alca, ou Mercocidades, acontecido em Belo Horizonte, em 1997, ou 98.
Não sei se é verdade, mas dizem que, depois da palestra da funcionária americana, o senador questionou o porquê de o país dela cobrar e ameaçar aos países aliados, quando adotava comportamento completamente distinto do recomendado, a julgar pelos dados do estudo.
Mais que coerência, o senador queria uma explicação.
A lenda afirna que muito elegantemente a resposta da Secretária foi de que, como funcionária pública americana, a explicação ela devia dar ao povo que era o seu patrão: os americanos e seus interesses.
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É isso aí. Jogo jogado.
Sem firula para a torcida.
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Mudando de assunto, e ainda em relação à visita de Obama.
Lula teria dito que demitiria o ministro que se curvou às autoridades americanas, tirando seus sapatos em revista feita ao desembarcar em território americano, ou em visita à autoridade daquele país.
E agora, quando nossos ministros, em nosso território, são constrangidos a passarem por uma revista, para poderem ter acesso ao ambiente em que o presidente Obama estava presente.
Sempre soube ou pensei que, em nossa casa, o convidado aceita ir ou não, caso tenha confiança ou se sinta inseguro.
Ir, e chegando lá, por força de algum temor, começar a fazer exigências, constrangendo até os anfitriões que o convidaram, é o cúmulo.
E aconteceu, com alguns ministros não aceitando se submeterem a tal humilhação.
Ou seja: a simpatia de Obama, não consegue disfarçar a arrogância de maior e mais poderosa nação do mundo, já suficientemente atrelada à do país que ele representa.
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Abstenho-me a dar pitaco na situação da Líbia. Afinal, se há uma inquestionável ameaça de retaliações ao povo, por parte das forças leais ao ditador, os ataques autorizados pela ONU, visam a algo que não fica muito claro. O que querem as forças da coalizão? Destruir, matar ou apenas levar Kadhafi à renúncia?
Proteger os insubordinados e a população civil?
Apenas destruir o arsenal líbio?
Sem deixar claro o seu propósito, a ação tem exalado mais um cheiro podre de vaidade apodrecida.
Parece-me mais coisa de pirraça de Sarkozy e de interesses franceses.
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