quinta-feira, 3 de março de 2011

Volver a los diecisiete

Não se trata de homenagem merecida a Violeta Parra ou à cantante Mercedes Sosa, trilha sonora de nossas reuniões nos centros acadêmicos onde discutíamos política estudantil e, mesmo escondidos, acalentávamos a idéia de mudarmos o mundo. Ou, no mínimo, combater a ditadura militar instalada em nosso país.
Trata-se de uma constatação de para onde caminha nossa taxa básica de juros, novamente elevada ontem, em reunião do Copom. Agora, em 0,5 ponto percentual, elevando a taxa já estratosférica para o patamar de 11,75% de juros.
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Apresentada a notícia no Jornal da Globo, segue-se o comentário de quem, a par de sua formação ou da ausência dela, se presta ao papel de ventríloquo dos mercados financeiros e porta-voz de seus interesses: não se sabe se os juros irão servir para combater a inflação, pode demorar para que eles funcionem. Ou então: há medidas outras, como a contenção do crédito, que ajuda a desaquecer a demanda, que provoca a elevação das taxas de inflação.
Por fim, a última cereja do bolo, que não podia faltar: e promover o corte dos gastos públicos que incendeiam a demanda agregada.
Felizmente, ao final de seus comentários óbvios, e por esse motivo mesmo simplistas se não equivocados, o reconhecimento de que o governo vem adotando todo o arsenal recomendado pela ortodoxia: juros elevados, restrição credíticia e corte de gastos públicos.
Palmas, então. (Ao comentarista e ao Palocci???)
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Quanto à crise líbia e sua influência sobre o preço do petróleo; ou quanto à influência de fatores externos sobre a inflação em nosso país, pela elevação de preços de alimentos, etc.; quanto à influência das intempéries climáticas, que já se vão amainando; ou quanto à inflação de início de ano, com aumentos de livros e material escolar, matrículas e mensalidades escolares e até mesmo a correção dos preços das passagens do transporte urbano, nenhuma palavra.
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Afinal, importa mais ao mercado poderoso, aumentar seus rendimentos - o que acarreta aumento dos gastos do governo (o que mantém essa questão fiscal, sempre disponível para servir de crítica e justificativa a novos aumentos da Selic) -, via aumento dos juros que remuneram os títulos públicos que promover um debate sério das causas da inflação que hoje nos acomete, e suas consequências.
Da parte do Jornal, da emissora e do comentarista, por seu turno, importa ficar de bem com quem manda. Afinal, manda quem pode. Quem tem juízo, se explode de contentamento e felicidade.
Ou não?

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