quinta-feira, 10 de março de 2011

O carnaval e o manipólio (mistura de monopólio e manipulação) da Globo

Acompanhei a apuração dos desfiles de escola de samba do Rio pelo portal do Terra.
Confesso que torcia para a Unidos da Tijuca, pelo espetáculo cenográfico apresentado no sambódromo, a começar da brilhante comissão de frente e suas cabeças dançantes.
Parece-me, inclusive, que também foi essa a escola escolhida vitoriosa pelo público.
De qualquer forma, deu Beija Flor e a sua homenagem a Roberto Carlos.
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Não sei se já havia algum prenúncio de sua vitória no ar, especialmente depois da Vai-Vai vencer em São Paulo, com sua merecida homenagem ao músico, pianista e maestro João Carlos Martins. Em São Paulo deu a música como enredo na cabeça. Mais que a música, a história de superação pela música. Com a música.
Poderia ser diferente no Rio?
Afinal, quem dentre as escolas trazia a música no enredo? Não a homenagem restrita ao samba e às raízes, caso da Mangueira, embora o homenageado fosse muito maior, como músico, que o mangueirense e o compositor da verde-e-rosa.
Mas, sem entrar no mérito da qualidade das músicas de um homenageado e outro, que escola ousou buscando integrar ao samba uma dimensão mais universal da música? Característica própria do samba e sua magia contagiante.
No Rio, como em São Paulo, o samba, como poucos outros espetáculos musicais, mostrou como o universo da música é rico, vasto e capaz de se integrar a variados e distintos ritmos.
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E, como em São Paulo, o homenageado do Rio é, desde sua infância, exemplo de superação. Ou alguém há de negar, exceto o próprio Rei Roberto Carlos, o drama vivido e superado.
E nem é que o negue. Mas evita sua menção, o que é uma pena, já que seria sempre um exemplo. Mais um dos vários que o ídolo procura apresentar.
Mas, voltemos ao que importa. A homenagem da Beija-Flor foi merecida e válida. E o personagem do enredo, ninguém há de questionar, bem a merece.
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Mas, intriga-me o fato de que a maioria dos comentários a respeito e durante a apuração das notas, feitos por pessoas de vários estados e locais, serem todos de que houve ou estava havendo marmelada.
Que as notas favoreciam à Beija-Flor, para atender aos interesses da poderosa Rede Globo.
Não vi nenhum comentário contrário a Roberto Carlos e à homenagem a ele prestada.
Mas, a grande maioria afirmava que os interesses da Globo e da própria fama do compositor foi maior que o desfile protagonizado pela Escola de Nílópolis.
Interessante foi o fato de que o Estandarte de Ouro, prêmio patrocinado pelo jornal O Globo foi para outra escola, a União da Ilha e que, nem Beija Flor, nem a segunda colocada, a Unidos da Tijuca obtiveram indicação para qualquer dos principais grandes prêmios.
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Pode-se dizer que quem faz comentários no Terra não gosta da Globo, já que optou por acompanhar o portal concorrente.
Mas, que a aversão à Globo que se nota em certos círculos, em eventos tão singulares quanto a apuração do desfile de carnaval, merece uma análise mais aprofundada, é digno de menção.

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