sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Último dia do ano

Então encerra-se o ano de 2010. Encerra-se o mandato de Lula da Silva, e tem início o ano de Dilma Roussef.
Aqui em Minas, as chuvas não dão trégua. Na capital, uma chuva fina insiste em cair encharcando a terra. Prenúncio de alagamentos, e pior, desmoronamentos.
Já a essa altura, 14 mortos foram contabilizados.
Nas estradas, sob a influência das águas e das más condições de conservação, às quais se juntam a imprudência e a bebedeira de fim de ano, teme-se o pior: acidentes e mortes.
***
Mas, o dia é de comemoração e de renovação das esperanças.
E votos de um ínicio de ano muito feliz, animado, divertido.
Que todos estejam acompanhados das pessoas que sejam importantes e façam a diferença para que a entrada de 2011 seja mais que apenas o desejo de um ano de muito amor.
A todos, pois, FELICIDADES. Muita farra. Muita alegria. PAZ e SAÚDE.

A respeito da sustentabilidade

TERRA SECA

Terra que incendeia viva
chama que explode insana
mata que se esvai, fumaça
fogo ardendo interior
                                                                       Choro que explode larva
                                                                       jorrando de um vulcão
                                                                       por onde passa o povo
                                                                       o suor molhando o chão
                                                                       desfazendo a natureza
                                                                       gerando poluição
Terra que incendeia viva
anulando a promissão
vingando a esperança
de toda transformação
que o homem busca em vida
prá agradar a seu patrão
                                                                       Terra que incendeia viva
                                                                       o sol quente ardendo o chão
                                                                       terra seca sem riqueza
                                                                       morte e desolação
                                                                       Morte e decepção.

Fugas

FUGA

Voa distante
procura ao longe alegre
teu recanto

Voa acompanhando o pranto
foge através do canto
livre voa, pensamento

Volta à terra
fixa de novo o dia-a-dia
deixe-se envolver em agonia
viva em rotina
sem tormento.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Fim de ano e fim de governo: mas ainda tem dia no calendário de 2010

Dia 30, último dia de funcionamento bancário do ano. Praticamente, último dia útil.
Como não poderia deixar de ser, dia dedicado à retrospectivas. Anunciadas na unanimidade das redes de televisão abertas. E há muito para se recordar, em um ano que teve de Copa do Mundo à Eleições da primeira mulher presidente do Brasil.
Mas, deixo às redes de tevê, a revisão das notícias.
De minha parte, darei apenas alguns pitacos, sobre alguns fatos e situaçãoes que ainda insistem em mostrar que o ano não acabou.
A começar pela triste chantagem italiana à decisão de se conceder ou não, o status de asilado político a Cesare Battisti.
Embora a decisão parece já ter sido tomada, no sentido de concessão do asilo, formalmente ainda não foi noticiada a decisão de Lula.
No entanto, vale observar que a mera manifestação do ministro italiano, em tom francamente ameaçador em relação a uma decisão que diz respeito à soberania brasileira, revela o caráter político da questão.
Não fosse o ministro ligado à direita italiana.
Até mesmo pelo simples caráter de ameaça e retaliação que se revela na entrevista a jornal italiano, o mínimo que se espera é que possamos ver estampada amanhã, nos jornais menos conservadores de nossa imprensa a manchete: Bem vindo Cesare!
***
Em outras oportunidades, aqui mesmo, no blog, já comentei a respeito da dificuldade de se elaborar qualquer comentário a respeito de extratos e trechos de discursos, conversas, entrevistas e frases soltas levadas ao ar por nossas emissoras de televisão, em especial pela Globo.
Acostumada a pinçar as frases que julga mais relevantes, retirando-as do contexto para transmitirem o sentido parcial que satisfaz a seus interesses, sem levar em consideração o verdadeiro conteúdo do raciocínio de seu(s) autor(es), a Globo e, particularmente seu jornal da noite exige, no mínimo que adotemos uma postura de cautela.
De qualquer forma, vou me atrever a comentar o trecho mostrado ontem, do discurso do presidente Lula, a respeito da crise econômica que, vinda dos Estados Unidos (onde ainda não foi resolvida) atingiu a outros países e economias mundo afora. Não pelo fato de o mundo ser globalizado, como quis dar a entender o apresentador do jornal, muito menos como repórter e num tom mais de menino de recados, subalterno.
Mas porque, mesmo entendendo o desabafo do presidente sem formação superior e sem diploma universitário,que conduziu tão bem o país no momento da crise, evitando que ela se aprofundasse e se prolongasse, acredito que a manifestação de orgulho e satisfação do dever cumprido, poderia se dar sem envolver declarações que podem dar margem a mal-entendidos e insastifações diplomáticas.
Afinal, afirmar como o presidente o fez no trecho pinçado, estar satisfeito em ver a crise econômica em outros países, parceiros comerciais, pode ir contra nossos próprios interesses.
De qualquer forma, entendi que o desabafo presidencial se dirigia mais ao público interno, inclusive à própria equipe de jornalistas e redatores "competentes" da Globo e da grande imprensa, que tanto  ironizaram a marolinha, que aos países onde a crise revelou-se uma tsunami, cuja ressaca está ainda longe de ter fim.
***
Do mesmo modo não considero recriminável o batismo do campo de petróleo,  cuja viabilidade comercial foi ontem confirmada tenha recebido o nome de Lula. Não o Lula presidente, mas o molusco da fauna marinha.
Afinal, apenas por acaso, o nome de nosso presidente Luís Inácio, resultou no apelido de Lula, que mais tarde se incorporou ao registro civil do presidente. E, não foi no seu mandato, nem sob sua inspiração que a Portaria que determina que o nome de campo considerado viável comercialmente localizado no mar seja vinculado à fauna marinha.  A Portaria data de 2000, e Lula é o nome de animal da fauna marinha.
Portanto, nada há de errado, ou ilegal.
Pode-se questionar o oportunismo da denominação. Mas tão somente isso.
E até aqui, há que se lembrar que oportunistas também foram os que, em 8 anos chamaram o presidente de Lula-lelé, em referência ao personagem de desenhos animados infantis. Ou os que durante o mandato do presidente usaram o apelido de forma jocosa, irônica, com ar de deboche.
Pior ainda. Há que se lembrar também daqueles que apostaram que o poço não seria mais que mero instrumento de campanha eleitoreira, sem viabilidade econômica.
É pensando nesses que acho que, como bons esportistas, há que se saber encarar e absorver as derrotas, quando os ventos da oportunidade mudam de direção e passam a soprar contra nossos desejos.
***
Por fim, e apesar dos pesares, o governo Lula acabou saindo-se melhor que a encomenda. E, justiça seja feita, se muito deixou de ser feito, e se poderia muita coisa ter sido feita de outra forma, e até mais bem feita, ainda assim, há que se reconhecer que Lula ao menos não decepcionou.
Não enterrou o  país e deixa o governo e o país, em situação melhor que aquela que encontrou. Que o diga o povo e os 80 e tantos por cento de aprovação popular que, olimpicamente, ostenta.

Quando tive o controle de mim

O que me faz assim etéreo
É ser só abstração
Conjunto de nadas, um nunca
Poeira, vulto, assombração
Sonhos que não se cumpriram
Capítulo de negações

Mas teve um dia,
Houve um momento fugaz
Mais de um momento por certo
Em que não fui apenas espectro
E tal qual grãos de areia
Que o vento sopra no deserto

Sem qualquer abstração

Fui substantivo concreto

E foram instantes tão caros
Que eu sequer me dei conta
Que foram essas horas raras
Os momentos em que fui rei
Dono de minha vontade
Soberano dos caminhos que pisei

Vivi?  hoje eu me indago
Tão pouco o tempo em que tive nas mãos o controle
Remoto, tão distante
Vivi ou mais outra vez foi só sonho?
O que construí, ou criei?

Sombras, alegorias
Fantasias irreais
Que parece sempre ficarem
Flutuando em meio ao caminho
Flutuando sem pouso
Levado pelo vento cortante e frio
Pacote bêbado de nadas
Que se desfaz no ar
E se nega
Nunca eterno
Sem eira nem beira
Nem fim.

O valor de um segredo

Joaquim, filho de Tibúrcio e Lucinda
irmão de Antônio e de Pedro
que é casado com Maria
detém um grande segredo
que não revela a ninguém

Curiosa a Maria
Procurou por Madalena
Que é amante do cunhado
Perguntando do segredo
Que Madalena alega
Que desconhece também

Luciano e Bernardo
Bruno e João Francisco
Companheiros dos irmãos
Amigos do botequim
Também querem saber o mistério
Que envolve Joaquim

Mas Joaquim tergiversa
Perguntado desconversa
E não conta pra ninguém
O segredo que é o tesouro
Valioso que ele tem.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Inflação pelo IGP-M, aumento das passagens: o que será de 2011?

Sempre acreditei, e manifestei essa opinião em várias oportunidades, que em parte, a explicação para a política econômica conservadora adotada por Lula, no início de seu mandato em 2003 se devia à necessidade de agir, com rigor, para combater a inflação herdada do governo FHC, então bastante elevada.
Não a inflação do INPC, mas aquela medida pelo IGP-M, calculado pela FGV e que, além da inflação do aluguel, é também a série de preços que serve de base para o cálculo de correção de vários preços públicos, como água, luz, etc.
Em minha opinião, mesmo não sendo o índice que indica a elevação do preço dos bens de consumo e do custo de vida, expresso pelo INPC, índice calculado pelo IBGE e usado como medida da inflação oficial para o governo e como base para as correções salariais, é o IGP-M que melhor expressa a autêntica inflação do país.
***
Pela metodologia de cálculo, considerando inclusive o comportamento dos preços no atacado, creio que não seria incorreto esperar o efeito de elevação subsequentte nos preços dos produtos de consumo no varejo e, portanto, elevação futura - e breve- para o INPC.
Razão que explica porque Lula, para não ser acusado de praticar uma política econômica equivocada e realimentadora da inflação, o que poderia lhe valer o mandato, praticou uma política tida como das mais ortodoxas.
Passados já 7 para 8 anos, pode-se afirmar que a política funcionou. A inflação foi contida e o país pode, depois de alguns anos patinando, até crescer.
***
Mas, nada me convence que, ao passar o governo para Dilma, que ele  fez sua sucessora, Lula não vai também passar as lições que aprendeu em seu tempo: mais que o crescimento, o principal trunfo político de seu governo e, talvez o grande responsável por sua invejável popularidade tenha sido a manutenção da estabilidade.
Estabilidade que se vê ameaçada, em especial pela variação de 11,32% assinalada em 2010, para o IGP-M, aumento ao qual se junta, no apagar das luzes desse ano, o aumento de 11,11% da passagem de ônibus, na cidade de São Paulo, onde a o preço vai a R$ 3,00, junto com o aumento da passagem de ônibus urbanos em Belo Horizonte, de mais de 6% em média, indo a passagem de R$ 2,30 para 2,45 reais.
Como a Folha assinala em seu caderno Cotidiano, de hoje, "o gasto com transporte público é um dos itens de grande peso no bolso dos consumidores. Qualquer mudança no valor da passagem provoca ..... forte pressão sobre a inflação."
***
Em Belo Horizonte, ainda haverá a segunda parcela do aumento aprovado no ano de 2009, do valor do IPTU, por força de correção dos valores da planta de imóveis da cidade. Alguns valores de IPTU, em especial da Zona Sul, para imóveis residenciais com mais tempo de construção poderão ter aumento de até 80%.
Isso sem contar com aumentos já esperados de passagens de ônibus que servem na região metropolitana, e os aumentos de sempre, do material escolar, das matrículas, etc.
***
Se Lula aprendeu e transmitir algo sobre o comportamento da economia a Dilma, começo a achar que o ano de 2011 será um ano de frustrações muito maiores que as que imaginava.
Na agenda: cortes significativos nos gastos públicos, elevação da taxa da Selic, de juros básicos de nossa economia. Elevação da inadimplência e corte no crediário, com os impactos decorrentes sobre a demanda agregada e o nível de crescimento e de emprego. Tudo por conta de se tentar retornar a inflação para níveis ditos civilizados.

Feed Back

FEED-BACK

                                               Múltipla escolha
                                               sem opção
                                               para desafogar
                                               tragédia de um mundo mecânico...

            Não fiz a prova da vida                                              
            não vi o absurdo ilógico                                           
            de um domínio mecânico                             
            ( e não reclamo,
            não discuto                                                   
            passei no vestibular                                       
            tornando-me vencedor
de um combate que não quis travar!)                                                          
Fiz apenas a opção
Eu, tecnocrata
trapo burocrata
robo...
alimentando num carimbo
uma humanidade extinta.

Dos Astros

Por ser de câncer, ascendente em leão
O meu inferno
Eterno
Sou eu e minha verdade

Sou eu a minha síntese
Sou eu a minha mentira
A minha contradição
Que não se resolve
Sou o conflito aflito
Que teima em se expandir
Como corrosão

Sou a dualidade
O eu que nega o mundo
Que desgoverna e muda
O mundo
Que se resume simples
A um eu solitário e irresolvido
Que se revela cada vez mais sem sentido
Em suas partes que nem mesmo se encaixam
Mundos e partes que refletem
Eu dividido.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A síntese do que é complexo: promessa de fim de ano

Reconheço e admito uma dificuldade muito grande de sintetizar minhas idéias e meus pitacos. É que os assuntos que seleciono são complexos e sempre há novas abordagens e novos ângulos para que eles sejam observados.
Então, tentando abrir a discussão, ou no mínimo, provocar uma reflexão mais ampla, acabo escrevendo verdadeiros tijolaços que, muitas vezes, até afastam aos interessados na leitura.
Por isso assumi comigo o compromisso, que é minha promessa de fim de ano, de resumir, reduzir, condensar o que eu gostaria de tratar.
Ou desdobrar um tema em vários capítulos e vários posts, de forma a proporcionar uma leitura mais agradável e mais light, como convém a esses tempos que estamos vivendo da leveza e ligeireza do conteúdo, sem deixar perder, se  possível, a clareza, a objetividade e, afinal, a idéia que queria expor.

ABORTO, RESPEITO À VIDA E A QUESTÃO DA MAIORIDADE PENAL

Em Belém, uma menina mãe, já nem tão menina assim, depois de esconder toda sua gravidez de sua família e de dar a luz a um menino, enfiou a criança num saco plástico e arremessou por um muro de 2 metros.
Em São Paulo, dois menores, um de 14 e outro de 16 anos, em meio a uma briga ou desentendimento no bar, atiraram em um homem que tentou intervir para por fim à discussão.
Em Recife, uma menina de 11 anos de idade morreu por overdose, com as primeiras suspeitas indicando que seu namorado, de 15 anos, seria o responsável  pelo fornecimento da droga.
Também no estado de São Paulo, dois menores, segundo o programa Brasil Urgente, da Band, roubaram um motoboy e o torturaram por um bom tempo, usando uma faca, em show de violência gratuita.
A quantidade de menores, meninos e meninas, nas ruas, correndo com saco de cola, ou pior, com cachimbo de crack, e o número de menores nos sinais de trânsito, fazendo malabarismos entre os automóveis e arriscando a vida em troca de um vintém é como as estatísticas de crescimento da economia brasileira, só ascendentes.
***
Substituindo ao Datena, o titular do programa, o jornalista ou repórter reclama da hipocrisia de nossas leis e pede que seja alterada a lei da maioridade penal ou da idade de responsabilidade criminal.
Alegava ontem que, apto a votar, o adolescente de 16 anos pode também ser responsável por seus atos.
Em outros países, a idade criminal é menor ainda, como o caso da Alemanha, onde situa-se nos 14 anos.
Na Inglaterra, dois meninos,de 10 anos de idade foram condenados à pena de morte por um crime cometido em 1993, quando sequestraram e mataram  um garoto de apenas 2 anos de idade.
***
Os casos acima mostram que não basta a mudança da idade de inimputabilidade. Não basta reduzir a idade penal. Caso assim procedêssemos, dentro em breve, estaríamos tendo que discutir novas reduções, para 14, 12, 10 anos.
Também, há que se considerar que, com a quantidade de informações a que estão submetidos hoje, as crianças já perderam há muito a sua inocência, em todos os termos e sentidos, não apenas na questão da sensualidade, ou sexualidade.
E, cada vez mais, em minha opinião, é possível que testes psicológicos confirmem ou comprovem se havia ou não a exata noção do ato praticado, de seus riscos e de suas consequências ou efeitos, o que tornaria a questão da idade pouco importante. Afinal, quem compreende os efeitos do ato que está praticando, tenha a idade que tiver, poderia responder por suas consequências.
***
Mas, a verdade é que já passou da hora de a sociedade brasileira realizar um debate franco, honesto, desideologizado e sem a influência da questão religiosa, de foro íntimo, para poder dar tratamento de política pública a questões como a do preparo para essa sociedade gerar novos menores, saudáveis.
Ou seja: a começar da discussão do aborto, da possibilidade de sustento digno de uma criança, incluindo aí a questão da educação e de sua formação, até chegar à questão da maioridade penal e da responsabilização de menores por seus atos de violência.
Afinal, em lares desfeitos, onde a violência é a norma, não a exceção; nas ruas das cidades, sendo tratados como párias; abandonados nos sinais, sem poderem frequentar escolas, ou pior, frequentando escolas onde irão reproduzir toda a violência que sempre os acompanhou, a pergunta que não quer calar é se a nossa sociedade está mesmo respeitando a vida.
Um bom início é, sempre, começar pelo início de tudo, e trazer à luz a discussão interrompida pelas eleições do tema tabu do aborto.

Delírios

DELÍRIOS

Passei pela porta aberta
trombando no vidro escuro
fazendo soar o alarme
não se alarme se ouviu sirene
nem se viu polícia a cavalo
em meio ao zoológico.
Passei pela porta aberta
e me vi no azul do mato
voando com asas de couro
ornamentadas de ouro
o pouco que não enviei à Inglaterra
impedindo com heroísmo
o despotismo imperialista
eu, Napoleão, destarte
seu criado, Bonaparte.

Ponto Cruz

Ponto cruz
ponto de partida
ou de chegada
ponto da lotação
ou o ponto do relógio da entrada
ponto de exclamação
ou o ponto de encontro da moçada

Ponto de interrogação
ponto de dor
ponto de encruzilhada
de cruzamento perigoso
movimentado bem no meio da estrada

Ponto que segue ponto
em linha reta
até o fim do mundo
e não se limita
não cabe em um verso
por ser maior
da dimensão do universo

que é infinito
porque, no fundo,
é só mais um ponto disperso.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Mega-Sena e o significado da solidariedade!!! E os impostos do Ano Novo

Com promessas renovadas de quem quer parar de fumar, ou perder peso, ou começar a fazer ginástica, ou ainda de fazer uma poupança para poder fazer uma viagem ou comprar um carro, está chegando o Ano Novo.
Que todos desejamos de Paz, Esperança e Êxitos. Mas, principalmente muita Saúde.
Claro, se os 180 milhões da Mega-Sena da virada também resolvessem nos fazer uma visista, não seria nada mal.
À taxa de juros de 1% ao mês, daria um rendimento de 1 milhão e oitocentos mil reais por mês. Só esse rendimento já equivaleria a um prêmio (bom) de loteria. E daria para mudar a vida de muita gente. Para o bem ou para o mal.
***
Nesta época de sonhos e projeções, vejo nas reportagens de televisão muita gente prometendo, se ganhar o prêmio maior, ajudar aos carentes e necessitados.
No Fantástico ontem, uma senhora chegou a mencionar a criação de algum tipo de asilo, para ajudar aos mais necessitados.
Também eu já tive, um dia, o desejo de ganhar uma bolada semelhante, e também eu já pensei em montar um asilo. Melhor, dois. Um para idosos. Outro para crianças.
E confesso que em nenhum instante a idéia de tentar ajudar alguém necessitado foi usada como moeda de troca, uma espécie de promessa, tipo: se eu ganhar eu prometo... para tentar corromper os céus.
A questão é que somos mesmos solidários. Ou temos em nós, essa vontade de ser solidários, ao menos no discurso.
Razão porquê, enquanto não ganhamos nas loterias (várias) da vida, ficamos inertes. Não nos movemos nem mesmo para levar alguma contribuição para os incontáveis asilos já existentes, instituições que não ficaram apenas na vontade e no desejo, esperando a sorte dar as caras...
Instituições como, por exemplo, o Núcleo Caminhos para Jesus, que cuida e já cuidou de centenas de crianças vítimas de paralisia cerebral.
E poucos sabem que a contribuição pode ser feita, até mesmo por meio de uma autorização para a Cemig ou para a companhia telefônica, incluir na conta mensal de cobrança do serviço, uma parcela a ser destinada à instituição.
***
Falamos demais e fazemos bem pouco. Tal qual o governo, de quem cobramos muito. E, tal qual nos comportamos em relação ao condomínio em que moramos, sabemos ver os defeitos e erros. Sabemos dar as sugestões que melhorariam e embelezariam ou manteriam nosso prédio em ordem e em perfeito funcionamento. E, quando ainda nos ocorrem as sugestões, passamos ao síndico(a), de quem começamos a cobrar atitudes. Incapazes de nós mesmos nos oferecermos para fazer algo. Para ajudar. Para prestarmos uma contribuição efetiva para a nossa comunidade.
Para não generalizar, digamos que eu falo demais e faço pouco, bem menos que o que poderia fazer. Embora saiba cobrar, tenha soluções a apresentar, e também, se ganhasse na loteria faria um mundo de sonhos...
Ou seja, talvez eu não fizesse nada. E, o dinheiro da loteria me permitisse apenas pagar para que outros fizessem por mim.
***
Moro vizinho a uma comunidade carente, com pessoas necessitadas, analfabetas, gente que talvez precisasse de apenas alguém para, de vez em quando trocar idéias, conversar. Sou formado, professor, tenho condições de alfabetizar alguém. Tenho condições de dar orientação, palestras. De tentar ajudar de alguma forma aquelas pessoas a superarem as suas agruras, mesmo que sem o emprego de bens materiais, de grana.
Às vezes, estar perto, ouvindo, aconselhando, proporcionando alguma atividade lúdica ou cultural, como a preparação de uma peça de teatro, algum evento musical, algum coral, pode ser mais importante e mais gratificante para todos os envolvidos: os ajudados e nós mesmos.
Mas, transferimos essa possibilidade de nosso apoio e contribuição a outros. E nada fazemos.
Muitas vezes, sem perceber transferimos essas ações e nossa capacidade de contribuirmos com soluções para a melhoria da vida de quem nos cerca para o governo. Nesse caso, ou julgamos que toda a questão se reume a um problema devalores e recursos financeiros ou apenas usamos essa argumentação como desculpa, para não termos que nos comprometer.
***
Nesses momentos, cobramos do governo como do síndico, a quem não somos capazes de oferecer ajuda, embora sejamos críticos ácidos.
E, aproveitando que janeiro vem aí, e com ele também nos chegam milhares de boletos de cobranças de impostos, cada vez mais exorbitantes(?), cada vez mais numerosos, é importante a reflexão. Afinal, é com esse recurso (que poderia ser o de uma loteria!) que passamos a procuração para que o governo faça, em nosso nome, a solidariedade que somos pródigos em anunciar, mas....

NATAL

O NASCIMENTO DE JESUS


Na gruta em Belém,
na manjedoura
-          não em berço esplêndido,
dourado!
Nasceu Jesus!

            Nasceu o Menino
            simples
            como germina a semente
            como nasce uma flor no campo
            como surge uma estrela-guia
            como brota o fruto do Amor
            e brilha faiscando nos olhos inocentes
            das crianças

Destino traçado
vida definida:
ser o signo do Amor
                        Que encargo há maior na vida,
                        que do mundo ser o Salvador?
                        que fortuna mais ingrata a de Jesus
                        nascido, para morrer na cruz?
No coração dos homens
a cada instante
surge uma centelha divina
brilha uma luz que ilumina
nasce em novo mistério
um Jesus que anuncia 
a mesma mensagem de Paz,
que se renova a cada dia:
em votos de um eterno Natal!

Observações da vida

FILHOGAME

Meu filho quer voar galáxias
E conquistar extra-terrestres
Em batalhas virtuais

Minhas filhas são duas
E viajam pela rede mundial
Em busca de cyber novelas
Que repetem foto-novelas de minha infância

Minha mulher ouriça os cães
Limpa a gaiola dos canários
Enquanto planeja a próxima reforma
Da mobília da varanda

No bar
Meus amigos cantam
Regados a cerveja gelada

Prudente em meu canto
Observo o barulho de freio do ônibus
Que pára no ponto
Prá recolher mais passageiros.

Rito de Amor

RITO DE AMOR

Deixar-te penetrar
                                   minha cratera
                                   e jorrar larva
                                   por entre as pernas
                                   molhadas de prazer
Deixar-te adentrar
minhas entranhas
e transformar este vulcão sedento
na explosão feérica
de gozo e pus
                                                           Lançar adrenalina
                                                           no estalo seco de um beijo
                                                           e borbulhar o sangue
                                                           na temperatura máxima
                                                           da ebulição
Deixar-me quedar
o corpo em brasa
e adormecer à noite
em meio às cinzas.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dezembro, mês de aniversário de BH

                                 CIDADE PRIMAVERA

Passeando à tarde na cidade
por trilhas de árvores
em floração
sob um céu de inverno
de um azul intenso
sob um sol imenso
de verão

Sigo a primavera
que chegou mais cedo
transformando as ruas em jardins
e tingindo a paisagem de cores tantas
quantas são as plantas, os jasmins

Sinto as ruas transformadas em passarelas
vejo ipês de cores múltiplas e belas
de flores rosadas, roxas, amarelas
que preenchem de harmonia e luz este cenário,
homenageando a jovem BH
no ano de seu centenário.

Sensações

                                                   LIBERDADE

                                                           Poder voar
                                                           nas asas da imaginação
                                                           (como se fosse um filme de TV)
                                                           cavalgando sonhos
                                                           como o tropel da cavalgada
                                                           das noites de amor
                                                           ao lado da mulher amada)
                                              
                                                           Deixar-se quedar no espaço
                                                                       no tempo
                                                                       no vácuo
                                                           onde a gravidade é impotente
                                                           e não interrompe a aceleração vertiginosa
                                                           capaz de romper limites...
                                                           a unidade do corpo
                                                           que aprisiona o espírito andarilho
                                  
                                                           Qual cavaleiro errante
                                                           buscar a realização do GRAAL
                                                           Como Quixote
                                                           bater-se contra as amarras
                                                           deixando-se seduzir apenas
                                                           pela busca perene da paz
                                                          
                                                           Como o montanhês
                                                           absorver o espírito das minas,
                                                           que tolhido pela cadeia de serras verdejantes
                                                           introjeta suas aspirações sublimes
                                                           e recolhido em seu interior
                                                           liberta-se na conquista do universo
                                                           invade o mundo das idéias
                                                           onde alcança a abstrata expressão
                                                           de seu autodomínio
                                                           local mais recôndito
                                                           em que paira majestosa a idéia
                                                           triunfal da liberdade.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Greve nos aeroportos, de quem a responsabilidade?

Infelizmente, entre o patrão e o empregado, toda a força e, consequentemente, todo o direito assiste sempre ao patronato.
Se o patrão, em busca de ganho de produtividade, reduz o número de trabalhadores e esses passam a trabalhar em seu limite, ninguém toma conhecimento, a imprensa não noticia.
Mas, se o empregado, em seu limite, destrata o cliente, provoca algum transtorno, cria algum atrito, se envolve em algum acidente, certamente o dedo acusador irá sempre se voltar para o empregado. Afinal, mais que o fato de o cliente ter sempre razão, há que se considerar que todos devem primar pelo tratamento de respeito, pela boa educação, pela cortesia.
E, se responsabilizado por algo mais grave que possa ter ocorrido, sempre será lembrada como causa do evento indesejado, a falha humana. Infelizmente, como o homem ou mulher que opera o instrumento, ou a máquina, ou que responde pelo serviço e sua qualidade não é o patrão, mas o trabalhador, sempre a causa de algum incidente é, naturalmente do trabalhador.
Em alguns casos, mais graves, chega-se ao cúmulo de se argumentar que, se estava trabalhando além de seus limites, além de sua capacidade, se estava cansado, com déficit de atenção, ou qualquer coisa que o valha, o trabalhador deveria recusar cumprir a ordem e não tentar forçar a barra para atender à determinação de seu empregador.
No caso de ocorrência de acidentes, sempre alguém por ignorância ou até mesmo por puro cinismo, ainda utiliza o argumento de que melhor ficar vivo, ou não ter sob sua responsabilidade alguma perda de vidas, que manter o emprego.
***
Mas, no caso de acidentes de aviação, ou no caso de acidentes com caminhoneiros ou motoristas de ônibus, só para citar alguns casos, ou ainda outro caso recente, no caso de algum erro cometido dentro de um hospital, por um agente estressado e exausto por noites indormidas em razão de plantões dobrados, poucas vezes a opinião pública é informada das condições de trabalho daquele que cometeu a falha humana. E, se há mortes e perdas de preciosas vidas, o mais comum é que os órgãos de imprensa e da grande mídia, se limitem a falar do erro humano, do operador, da enfermeira ou assistente, do condutor, que afinal de contas foi a causa direta e imediata que deu origem ao infausto.
Embora de quando em vez, alguma notícia ou reportagem até tente levantar o outro lado da história, e cite as condições desumanas de trabalho a que eram submetidos os trabalhadores, citando e responsabilizando o empregador pelo estado de coisas criado e que gerou a catástrofe, logo, logo, essa linha de investigação é abandonada e o nome da empregadora desviado das manchetes para o ostracismo.
***
Ninguém busca aprofundar as razões de tanto erro ou falha humana. Às vezes, nem falha tão humana assim, quando se sabe que, muitas vezes, a falha em um sistema ou máquina ou artefato qualquer, já devidamente comunicada por seu operador a quem de direito, não foi devidamente considerada ou tratada. O resultado? O operador do artefato que não está operando com 100% de estabilidade ou segurança, tem de desviar seu foco de sua tarefa, para começar a se preocupar em controlar e acompanhar o andamento e funcionamento do aparelho que, ao invés de ajudá-lo, passa a ser apenas mais um estorvo a consumir sua energia.
***
Mas, deixemos de lado essas questões, e nos voltemos para a questão da ameaça de greve dos trabalhadores aeroviários. A imprensa, e toda a opinião pública, reclama e xinga o fato de a ameaça de paralisação das atividades, ou o início das famosas operações padrão se darem exatamente no período de festas natalinas. Ou seja: em prejuízo de toda a população brasileira que, como bem lembrou o presidente Lula, está tendo a oportunidade de fazerem suas estréias em viagens aéreas, para comemorarem o Natal em casa, com suas famílias.
Ora, parece que até nisso o pobre ou mais desprivilegiado é sempre o punido. Logo agora, que está melhorando de vida, vem alguém e quer impedir de ele aproveitar um pouco de conforto e sossego. E ainda mais em uma época do ano como a de Natal, com seus reclames e musiquinhas que impõem, a todos nós, o cultivo da solidariedade.
Festa da solidariedade, festa da reunião e congraçamento em família. Festa que o pobre está sendo privado, porque a classe trabalhadora resolveu chantagear a sociedade...
CHANTAGEAR. Foi essa a expressão que vi usada ontem em um comentário de repórteres de uma emissora de muito prestígio local.
***
E embora muito se fale e argumente, em alguns instantes até reconhecendo o direito e o mérito da luta dos trabalhadores, o que me causa espanto é que a notícia nunca é dada por inteiro. O que mantém a todos nós na ignorância, e na crítica pela crítica à classe trabalhadora.
Tudo isso, claro, contribui apenas para que a opinião pública se volte contra a classe trabalhadora.
Mas, o que devia ser dito? Que a negociação da categoria com as empresas aéreas já vem desde setembro? Que o impasse na negociação deve ter sido em torno da discussão dos números, já que a inflação, projetada para algo perto de 6% deve ser o limite máximo que os patrões resolveram conceder, se tanto?
E o que devem desejar os trabalhadores? Algo mais que a inflação, já que o número de passageiros aumentou, a receita das companhias áereas cresceu significativamente, a qualidade do serviço não melhorou (até os lanchinhos que antes faziam valer a viagem aérea, viraram pão e água!), e duvido que as empresas aéreas tenham aumentado muito seu quadro de pessoal e contratado muito mais funcionários.
Ou seja: cada trabalhador está trabalhando para atender a um número maior de clientes; cada aeroviário está ajudando a empresa a lucrar bem mais que apenas a inflação. E para quem vai esse aumento de produtividade, algumas vezes justificado apenas pela venda de mais assentos, possibilitada pela redução de espaço livre entre as poltronas?
***
Depois de estarem negociando já há três meses, sem êxito, a categoria ameaça fazer uma greve. Sim, ninguém discorda que em uma época ruim: Natal. Fim de Ano. Trazendo prejuízo e desconforto para várias pessoas que nada têm com o problema. Será que não têm mesmo???
Afinal, é para elas que o serviço está cada vez piorando mais sua qualidade. Embora muito não sintam, ou não saibam disso, já que viajam pela vez primeira de avião.
A pergunta que não quer calar é: se não fosse para incomodar ao público, os passageiros em algum momento, em outra oportunidade, iriam saber ou ao menos discutir, ou obter informações a cerca da situação a que são expostos esses trabalhadores das companhias aéreas?
Vejamos: mesmo agora que todos estão se sentindo ameaçados e reclamando da paralisação e dos transtornos daí decorrentes, o que e imprensa tem feito, além de noticiar as filas extensas e os atrasos intermináveis de vôos? A imprensa se preocupou em mostrar o que está em discussão ou na pauta de negociação? A imprensa foi atrás da informação de elevação de vendas, ganhos e rendas das companhias aéreas e o quanto elas querem repassar disso para os verdadeiros responsáveis por toda essa geração de lucros?
Ou a grande midia apenas mostra a indignação de quem está esperando sem o que fazer em nossos terminais, esperando vôos que vão sendo, um após o outro adiados, remarcados ou simplesmente cancelados?
Mesmo nessa hora, a idéia é criticar a quem: à categoria chantagista ou às empresas? Até mesmo quando a culpa é da empresa, que nem mesmo atende à regulamentação em vigor, e sob cuidado da Anac. Esse é o caso de um senhor alemão que a internet noticiou que reclamava que estava há 20 horas aguardando e, nesse intervalo, não recebeu nada nem para se acomodar em algum local, nem para se alimentar.
Feita a reportagem, que mostra a indignação do turista e nos causa indignação a todos nós a dúvida é: a culpa desse mal tratamento é dos funcionários paralisados ou da empresa aérea que tem a responsabilidade de gastar seus recursos para impedir a ocorrência dessas situações?
Claro que da companhia. Mas, a reportagem atrela essa reclamação a toda a movimentação dos trabalhadores espertalhões, oportunistas e gananciosos.
***
Pois bem, mesmo depois de toda essa balbúrdia e até de expedição pela Justiça de medida que impede a continuidade do movimento, ao menos nessa época de festividades, o que a negociação evoluiu?
Pelo que se noticia, continua o impasse: os aeroviários solicitando 15% de aumento, as empresas oferecendo 8%.
Sem querer ser adivinho, parece claro que esse não era sequer o índice oferecido antes do tumulto ter início. E, mesmo depois de tanto alarde, convenhamos, é bem aquém do ganho de produtividade das companhias aéreas. Isso, porque agora as atenções estão voltadas para a negociação, inclusive as da Justiça.
E há quem não perceba que a categoria é que está, como sempre, sendo tratada com pouco caso, para não dizer destratada. Desrespeitada.
***
Mas, esperemos. Impedida de continuar o movimento, o sindicato está remarcando novo movimento paradista para 3 de janeiro, o início das férias de verão e das viagens das famílias em busca do merecido descanso e lazer. Algumas até voltando das festas familiares do fim de Ano.
Não sou Nostradamus, nem me pretendo tal. Mas posso, com muita pouca margem para equívoco, prever que vai ter alguém na imprensa dizendo que a categoria se aproveita do momento de férias, lazer e descanso para chantagear a população, que nada tem com a situação.
Volto a afirmar: se a população é vítima. Mais vítima ainda são os trabalhadores. Mas, para esses, dificilmente se voltam as atenções da mídia. Afinal, quem banca os gastos vultosos de publicidade são as aéreas....
Óbvio que isso torna o jogo muito desigual.