quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Inflação pelo IGP-M, aumento das passagens: o que será de 2011?

Sempre acreditei, e manifestei essa opinião em várias oportunidades, que em parte, a explicação para a política econômica conservadora adotada por Lula, no início de seu mandato em 2003 se devia à necessidade de agir, com rigor, para combater a inflação herdada do governo FHC, então bastante elevada.
Não a inflação do INPC, mas aquela medida pelo IGP-M, calculado pela FGV e que, além da inflação do aluguel, é também a série de preços que serve de base para o cálculo de correção de vários preços públicos, como água, luz, etc.
Em minha opinião, mesmo não sendo o índice que indica a elevação do preço dos bens de consumo e do custo de vida, expresso pelo INPC, índice calculado pelo IBGE e usado como medida da inflação oficial para o governo e como base para as correções salariais, é o IGP-M que melhor expressa a autêntica inflação do país.
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Pela metodologia de cálculo, considerando inclusive o comportamento dos preços no atacado, creio que não seria incorreto esperar o efeito de elevação subsequentte nos preços dos produtos de consumo no varejo e, portanto, elevação futura - e breve- para o INPC.
Razão que explica porque Lula, para não ser acusado de praticar uma política econômica equivocada e realimentadora da inflação, o que poderia lhe valer o mandato, praticou uma política tida como das mais ortodoxas.
Passados já 7 para 8 anos, pode-se afirmar que a política funcionou. A inflação foi contida e o país pode, depois de alguns anos patinando, até crescer.
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Mas, nada me convence que, ao passar o governo para Dilma, que ele  fez sua sucessora, Lula não vai também passar as lições que aprendeu em seu tempo: mais que o crescimento, o principal trunfo político de seu governo e, talvez o grande responsável por sua invejável popularidade tenha sido a manutenção da estabilidade.
Estabilidade que se vê ameaçada, em especial pela variação de 11,32% assinalada em 2010, para o IGP-M, aumento ao qual se junta, no apagar das luzes desse ano, o aumento de 11,11% da passagem de ônibus, na cidade de São Paulo, onde a o preço vai a R$ 3,00, junto com o aumento da passagem de ônibus urbanos em Belo Horizonte, de mais de 6% em média, indo a passagem de R$ 2,30 para 2,45 reais.
Como a Folha assinala em seu caderno Cotidiano, de hoje, "o gasto com transporte público é um dos itens de grande peso no bolso dos consumidores. Qualquer mudança no valor da passagem provoca ..... forte pressão sobre a inflação."
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Em Belo Horizonte, ainda haverá a segunda parcela do aumento aprovado no ano de 2009, do valor do IPTU, por força de correção dos valores da planta de imóveis da cidade. Alguns valores de IPTU, em especial da Zona Sul, para imóveis residenciais com mais tempo de construção poderão ter aumento de até 80%.
Isso sem contar com aumentos já esperados de passagens de ônibus que servem na região metropolitana, e os aumentos de sempre, do material escolar, das matrículas, etc.
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Se Lula aprendeu e transmitir algo sobre o comportamento da economia a Dilma, começo a achar que o ano de 2011 será um ano de frustrações muito maiores que as que imaginava.
Na agenda: cortes significativos nos gastos públicos, elevação da taxa da Selic, de juros básicos de nossa economia. Elevação da inadimplência e corte no crediário, com os impactos decorrentes sobre a demanda agregada e o nível de crescimento e de emprego. Tudo por conta de se tentar retornar a inflação para níveis ditos civilizados.

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