quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Quando tive o controle de mim

O que me faz assim etéreo
É ser só abstração
Conjunto de nadas, um nunca
Poeira, vulto, assombração
Sonhos que não se cumpriram
Capítulo de negações

Mas teve um dia,
Houve um momento fugaz
Mais de um momento por certo
Em que não fui apenas espectro
E tal qual grãos de areia
Que o vento sopra no deserto

Sem qualquer abstração

Fui substantivo concreto

E foram instantes tão caros
Que eu sequer me dei conta
Que foram essas horas raras
Os momentos em que fui rei
Dono de minha vontade
Soberano dos caminhos que pisei

Vivi?  hoje eu me indago
Tão pouco o tempo em que tive nas mãos o controle
Remoto, tão distante
Vivi ou mais outra vez foi só sonho?
O que construí, ou criei?

Sombras, alegorias
Fantasias irreais
Que parece sempre ficarem
Flutuando em meio ao caminho
Flutuando sem pouso
Levado pelo vento cortante e frio
Pacote bêbado de nadas
Que se desfaz no ar
E se nega
Nunca eterno
Sem eira nem beira
Nem fim.

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