segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Retorno

Já recuperado, estou de volta. Nem sei se alguém sentiu a minha falta. Mas, para os que passaram por aqui, voltei bem, com o olho já recuperado. E voltei afiado.
Não voltei rico, porque o Congresso não aprovou meu aumento de 62%. A bem da verdade nem pleiteei.
E aqui no Brasil a coisa é tão confusa e complicada, que a gente nem sabe como começar a fazer qualquer comentário a respeito desse aumento, sem ter, primeiro, de fazer vários considerandos.
Porque, a rigor, não sou contra o deputado ou senador, ganharem 26 mil reais, equivalentes a um Ministro do Supremo. Afinal, se há três poderes no Estado de Direito, e um deles é o Poder Legislativo, que faz conjunto com o Executivo e o Judiciário, não pode haver qualquer razão para que o salário das mais altas autoridades do Poder 1, seja diferente do Poder 2, ou 3.
Dito diferente: não se justifica, por qualquer argumento que o Judiciário ganhe mais do que os principais mandatários do Legislativo ou do Executivo. E convenhamos que, um ministro ganhar 10 ou 11 mil reais é brincadeira de mau gosto.
Por isso eles se encastelam em 8 ou 10, ou até mais Conselhos de Administração de empresas governamentais, onde vão mamar muito mais, como alguns emails que circurlam e circularam por aí, indicando o salário pago aos Conselheiros da Petrobrás.
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Mas, se concordo com o aumento, há também que dizer, antes que me apedrejem: aumento de mais de 60% no Brasil de hoje, é um acinte. Não tem justificativa. Afinal, a inflação acumulada no período 2007-2010 não ultrapassou os 20, 22 por cento.
E o salário mínimo briga para ter um aumento de 10%, se tanto.
Então, concordo que é um absurdo e um abuso, legilslar em causa própria e, pior, para atribuir-se um aumento que a causa trabalhadora no país nunca poderá sonhar em ter.
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Mas, o problema é mais complexo, sem dúvida. O Congresso aprova o salário para toda a próxima legislatura. E, sendo assim, não dá para afirmar que o Congressista se deu aumento. Ele votou e aprovou o aumento para aquele colega que foi eleito pelo povo para o próximo mandato. Nem sempre quem aprovou o aumento irá usufruir dele...
E, sabendo disso, o povo deveria pensar mais vezes, muito mais, antes de votar e em quem...
Mas o povo não sabe disso, ou não tem a informação ou não tem memória e... a grande imprensa prefere não alertar, não avisar. Porquê?
Para não perder a manchete de fim de ano e o assunto que ela sabe, irá render páginas e páginas de comentários e servirá para ele ficar repercutindo ad nauseam, num período em que não há muita notícia, nem novidade... época de festas e fim de ano.
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E o assunto é tão complexo, que entra-se numa contradição. O salário dos nobres congressistas fica congelado 4 anos. E quando fica defasado em relação a outros poderes, e deve ser corrigido para a eles se igualar, o que é justo, o aumento é absurdamente elevado.
Porque?
Porque o outro Poder, ou Poderes, consegue se atribuir, dada a sua autonomia constitucional assegurada, aumentos muito maiores que o que seria normal, e que a imprensa não noticia, por falta de interesse ou medo... Afinal, ninguém gosta muito de ficar mexendo e dando notícias a respeito de quem amanhã pode ser o encarregado de julgar seu processo ou sua causa...
Sim, refiro-me, particularmente ao Judiciário.
Esse Poder que é o menos transparente de nossa República...já que a Justiça é cega e a toga é negra...
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Mas são tantos os argumentos que devem ainda ser listados aqui  no blog, para o comentário ser correto e justo, que não vou me esticar mais nessa nota. Farei outra, dando sequência a esse tema.

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