terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Cenas de amor

Cenas

Pede-me um sorriso
Dou de ombros
Já não sou o que era há pouco
Em meio à profusão de carícias
E lençóis
Pronto prá ganhar a rua
Ajeito os óculos
Espreito pela última vez
A penumbra que recobre teu vulto branco
Observo-a como jamais o fizera antes
Através do reflexo do espelho
Para além do toucador
Em cuja memória ressoa teus gemidos
E sussurros
Pela fresta da janela entreaberta
Penetra o ruído dos automóveis
Das freadas bruscas no sinal de trânsito
Cujos reflexos invadem o quarto
E explodem na parede
em pulsares verdes-vermelhos
que me conduzem de volta
à agitação da vida das ruas
fazendo contraponto com teu corpo
ainda envolto no torpor do amor.

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