Com promessas renovadas de quem quer parar de fumar, ou perder peso, ou começar a fazer ginástica, ou ainda de fazer uma poupança para poder fazer uma viagem ou comprar um carro, está chegando o Ano Novo.
Que todos desejamos de Paz, Esperança e Êxitos. Mas, principalmente muita Saúde.
Claro, se os 180 milhões da Mega-Sena da virada também resolvessem nos fazer uma visista, não seria nada mal.
À taxa de juros de 1% ao mês, daria um rendimento de 1 milhão e oitocentos mil reais por mês. Só esse rendimento já equivaleria a um prêmio (bom) de loteria. E daria para mudar a vida de muita gente. Para o bem ou para o mal.
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Nesta época de sonhos e projeções, vejo nas reportagens de televisão muita gente prometendo, se ganhar o prêmio maior, ajudar aos carentes e necessitados.
No Fantástico ontem, uma senhora chegou a mencionar a criação de algum tipo de asilo, para ajudar aos mais necessitados.
Também eu já tive, um dia, o desejo de ganhar uma bolada semelhante, e também eu já pensei em montar um asilo. Melhor, dois. Um para idosos. Outro para crianças.
E confesso que em nenhum instante a idéia de tentar ajudar alguém necessitado foi usada como moeda de troca, uma espécie de promessa, tipo: se eu ganhar eu prometo... para tentar corromper os céus.
A questão é que somos mesmos solidários. Ou temos em nós, essa vontade de ser solidários, ao menos no discurso.
Razão porquê, enquanto não ganhamos nas loterias (várias) da vida, ficamos inertes. Não nos movemos nem mesmo para levar alguma contribuição para os incontáveis asilos já existentes, instituições que não ficaram apenas na vontade e no desejo, esperando a sorte dar as caras...
Instituições como, por exemplo, o Núcleo Caminhos para Jesus, que cuida e já cuidou de centenas de crianças vítimas de paralisia cerebral.
E poucos sabem que a contribuição pode ser feita, até mesmo por meio de uma autorização para a Cemig ou para a companhia telefônica, incluir na conta mensal de cobrança do serviço, uma parcela a ser destinada à instituição.
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Falamos demais e fazemos bem pouco. Tal qual o governo, de quem cobramos muito. E, tal qual nos comportamos em relação ao condomínio em que moramos, sabemos ver os defeitos e erros. Sabemos dar as sugestões que melhorariam e embelezariam ou manteriam nosso prédio em ordem e em perfeito funcionamento. E, quando ainda nos ocorrem as sugestões, passamos ao síndico(a), de quem começamos a cobrar atitudes. Incapazes de nós mesmos nos oferecermos para fazer algo. Para ajudar. Para prestarmos uma contribuição efetiva para a nossa comunidade.
Para não generalizar, digamos que eu falo demais e faço pouco, bem menos que o que poderia fazer. Embora saiba cobrar, tenha soluções a apresentar, e também, se ganhasse na loteria faria um mundo de sonhos...
Ou seja, talvez eu não fizesse nada. E, o dinheiro da loteria me permitisse apenas pagar para que outros fizessem por mim.
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Moro vizinho a uma comunidade carente, com pessoas necessitadas, analfabetas, gente que talvez precisasse de apenas alguém para, de vez em quando trocar idéias, conversar. Sou formado, professor, tenho condições de alfabetizar alguém. Tenho condições de dar orientação, palestras. De tentar ajudar de alguma forma aquelas pessoas a superarem as suas agruras, mesmo que sem o emprego de bens materiais, de grana.
Às vezes, estar perto, ouvindo, aconselhando, proporcionando alguma atividade lúdica ou cultural, como a preparação de uma peça de teatro, algum evento musical, algum coral, pode ser mais importante e mais gratificante para todos os envolvidos: os ajudados e nós mesmos.
Mas, transferimos essa possibilidade de nosso apoio e contribuição a outros. E nada fazemos.
Muitas vezes, sem perceber transferimos essas ações e nossa capacidade de contribuirmos com soluções para a melhoria da vida de quem nos cerca para o governo. Nesse caso, ou julgamos que toda a questão se reume a um problema devalores e recursos financeiros ou apenas usamos essa argumentação como desculpa, para não termos que nos comprometer.
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Nesses momentos, cobramos do governo como do síndico, a quem não somos capazes de oferecer ajuda, embora sejamos críticos ácidos.
E, aproveitando que janeiro vem aí, e com ele também nos chegam milhares de boletos de cobranças de impostos, cada vez mais exorbitantes(?), cada vez mais numerosos, é importante a reflexão. Afinal, é com esse recurso (que poderia ser o de uma loteria!) que passamos a procuração para que o governo faça, em nosso nome, a solidariedade que somos pródigos em anunciar, mas....
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