quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ministério, Paulistério? - O que esperar?

Dilma termina de compor seu Ministério. Para os mineiros, apenas um cargo de Ministro, na cota dos amigos. Desnecessário dizer que o povo de Minas não se sentiu prestigiado, o que explica a grita até histérica de alguns jornalistas e setores da sociedade, ao menos da capital. Afinal, o indicado foi  derrotado na tentativa de se eleger em um pleito que não poderia ser chamado majoritário, dadas suas características bem mais próximas de uma eleição proporcional.
Do ponto de vista de seu próprio partido, cuja máquina ele controla, é importante lembrar que o novo Ministro Fernando Pimentel foi, para algumas correntes, apontado como o grande responsável pela perda da prefeitura de BH, nas eleições de 2008, dada sua equivocada, desastrada e ingênua idéia de se compor com o governo estadual de oposição. Mais ainda, foi ele também o responsável por dividir o partido, o que deu brecha para que a seção mineira fosse atropelada, senão sofresse uma intervenção branca, da Nacional, tendo de engolir goela abaixo a que o cabeça de chapa fosse de outro partido: o senador Hélio Costa do PMDB.
E muitos se lembrarão de que a própria campanha de Pimentel foi claramente divisionista, não citando o candidato a governador, nem a vice. E não citando-os, até que tivesse sido "convencido", na reta finalíssima da campanha, a subir em palanque e aparecer em fotos junto aos outros dois candidatos.
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Conhecimento e capacidade para conduzir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ninguém nega que tenha, e seu curriculo profissional e acadêmico o comprova, como também o confirma sua boa passagem pela Prefeitura de Belo Horizonte.
E tomara que tenha êxito em sua gestão, especialmente em área que será um ponto nevrálgico para nossa economia e nosso país, em face da situação internacional e de nosso câmbio.
Mas, a reclamação pela não indicação de Patrus Ananias para um cargo de relevância, ele que foi jogado na jaula dos leões ao ser "solicitado" a sair como candidato a vice-governador, e de outros nomes de Minas, esquece que a própria presidenta é de Minas. E se Minas ocupa o assento mais elevado, não haveria razões para tanta crítica, mesmo que velada. Ou não?
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Alguns vão se lembrar de que a história de Dilma foi, em sua maior parte, construída no Rio Grande do Sul. Ora, essa junção Minas e Rio Grande do Sul, até históricamente já se mostrou bastante eficiente e profícua, ao menos desde 30.
Mas, deixada essa parceria de lado, o que se vê é que Dilma não fez um Ministério gaúcho.
Para alguns críticos, mais mordazes, o que ela montou foi um paulistério. Será?
Mas, paulistério foi o que montaram Fernando Henrique e também Lula em seu governo. Ou essa era a acusação frequente.
Não estaria então, na hora de certo tipo de pessoas e jornalistas pararem para se perguntar, se a posição privilegiada de São Paulo não se deve a outras questões, como por exemplo, estar lá o maior colégio eleitoral? Não é São Paulo o estado mais populoso do país? Os principais responsáveis pela geração do PIB brasileiro? Estar em São Paulo algumas das melhores escolas e universidades do país, como a USP, a Unicamp, a UFSCAR, o ITA, a FGV, para citar apenas algumas?
Reconhecer esse fato, não significa que outros estados e Minas, em especial, também não tenham destaques, em várias áreas. E, dadas as suas características, até estatisticamente São Paulo deveria ter mais nomes e até mais indicados mesmo que os demais, para qualquer que fosse o Ministério.
Não é por aí que a análise deve ser empreendida, porque inócua. Vazia.
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Em minha opinião, o que caracteriza mais o Ministério Dilma é a sua preocupação, para o mal ou para o bem, de incorporar maior quantidade de mulheres na equipe. Não que as mulheres não sejam suficientemente competentes e preparadas para ocupar as pastas. Mas, o sexo ser um elemento definidor da escolha é que pode ser problema. Porque há tantos homens ruins como há mulheres e tantos bons, quantas. A questão não é nem essa de nomes ruins, mas de nomes certos para as posições certas. Esse deve ser o primeiro e principal critério de indicação.
E aqui, outra questão que me preocupa no Ministério Dilma: os partidos, parece, impuseram e obtiveram êxito em várias indicações já vazadas pela mídia. Alguns até com comportamento e postura questionável, como o caso da apresentação de nota de festa comemorativa em motel dentre aquelas destinadas a justificarem ressarcimento de despesas junto à Mesa da Câmara.
Ou o caso que nos vem do PSB e seu indicado mais recente.
Por fim, uma última característica do governo Dilma é uma certa idéia de continuismo. Se não de cargos, de nomes, que rodiziaram. E aliados a esses nomes do governo anterior, alguns nomes de expressão acanhada, pelo menos em termos de frequência dos grandes eventos que a mídia promove para projetar e manter no estrelato um conjunto de políticos em todas as esferas e instâncias do poder.
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De qualquer forma, mais pelo povo brasileiro e por nosso país, que essa equipe permita-nos  a todos os críticos queimar a nossa língua. E façam o governo contribuir para melhorar as condições de vida dos brasileiros e as condições de funcionamento de nossa sociedade e nossa economia (nessa ordem!!!)
Ou, como acho, Dilma já fará reformas antes mesmo de abril de 2012 (quando o prazo de desincompatibilização para as eleições municipais começa a ser contado).

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