sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quem será o campeão?

No fim de semana em que se decide o vencedor do Campeonato Brasileiro de 2010, vários foram os programas, debates, colunistas, jornais e órgãos da midia em geral, que desviaram suas atenções dos jogos em si, para discutir, mais uma vez, o formato do campeonato.
Dessa feita, por força da quantidade de denúncias, suspeitas, anúncios de pagamento de malas brancas e pretas, de suborno ambas.
Umas dando a entender a possibilidade de suborno para que um time ou um conjunto de homens, entregue o jogo para o adversário, para prejudicar a terceiros interessados ou beneficiários potenciais do resultado.
Outras significando um possível suborno para que o profisisonal se esforce mais, e corra mais para cumprir a obrigação para a qual ele já é regiamente recompensado. Ou seja, para levar a que o profissional, o homem, o jogador dê mais que aquilo que ele já deveria estar fazendo, até para justificar seus ganhos.
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E porque surge isso? Porque alguns times, já sem condições de disputarem o título, ou sem qualquer pretensão estarão em campo apenas para cumprir tabela. E, nesse caso, irão fazer corpo mole, o que não aconteceria se estivessem visando ainda algum objetivo.
Isso aconteceria apenas devido à fórmula do campeonato, que não seria na forma do mata-mata.
Ora, tirando o fato de que pensar assim não respeita a integridade e honestidade e profissionalismo do jogador, porque o mesmo não ocorre nos campeonatos muito mais bem organizados, disputados na Europa?
Porque lá os jogadores são mais sérios???
Claro que não. Primeiro porque a tabela lá é mais bem elaborada. E mudar a tabela aqui no Brasil, parece ser algo impossível de ser feito. Porque não deixar para as rodadas finais os jogos entre adversários regionais, cuja rivalidade não levaria nunca ninguém levantar qualquer suspeita de entrega de resultado?
A única resposta séria é que ou não interessa para que se prospere exatamente esse tipo de dúvidas e situações, ou o que dá no mesmo, para que, ao final, acabe sendo alterada a forma da disputa. Para o mata-mata. Porque nesse tipo de competição, o melhor não é necessariamente o vencedor. Basta que aconteça um lance de sorte, de que o futebol está recheado...
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Ora, mas e antes de chegar a fase de mata-mata, não poderia um time já perceber sua pouca chance de passar à fase seguinte e, daí amolecer ou perder o embalo?
Porque é muito fácil olhar para o jogo do Fluminense contra o São Paulo ou contra o Palmeiras e bradar ao olhar o resultado: foi sujeira. Teve marmelada. O time paulista entregou o jogo.
Mas, mesmo se houvesse essa tal entrega, qual o castigo maior teria para o time derrotado: perder e ficar acomodado com a derrota ou levar uma balaiada homérica, vergonhosa?
Será que algum torcedor do São Paulo, que torcia para seu time perder, ficou satisfeito com a derrota tão desastrosa. Perder de 4??? E no futuro, que história as estatísticas mostrarão: que o time do São Paulo não quis jogar? Ou que foi humilhado?
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Mas, é mais fácil falar da "entrega do jogo", especialmente se o time que está sendo pretensamente prejudicado é o Corínthians todo poderoso, com todo seu marketing e todos os comentaristas e repórteres esportivos torcedores.
Porque esses repórteres não criticaram também o corpo mole do Santos, por exemplo, que depois de estar vencendo por 2 a zero, sofreu a virada e a derrota. Porque não falaram de outros times que também foram derrotados, e que muitas vezes perderam por estarem seus jogadores se empenhando menos, por cansaço ou por desinteresse ou medo de uma contusão, desnecessária?
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Insisto: nem sempre os times que têm o suporte da torcida e da imprensa são os que têm melhor estrutura. Aliás, por seu gigantismo, muitas vezes transformam-se nos mais usados por maus administradores. E, por isso, não conseguem reunir condições para serem as principais equipes, as melhores, com mais destaques, capazes de ganharem campeonatos de longa duração, de pontos corridos.
Mas, por terem o apoio da mídia, que sempre vê a oportunidade que a grande torcida representa em termos de audiência, patrocínio e etc. a imprensa prefere que eles tenham a chance de chegar lá, assegurada.
E daí a lenga-lenga do mata-mata.
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Depois de 38 rodadas, domingo sai o campeão. Quem vai ganhar, não sei. Mas quem merece, por tudo que fez ao longo do torneio é o time que teve como seu comandante a seriedade e competência de um profissional da qualidade de Muricy Ramalho. Por mais murrinha que o técnico possa parecer ser.

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