segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um pouco de cada coisa, inclusive de índices de preços e suas alterações

Dezembro. E com a chegada do fim-de-ano vão se encerrando as competições, os torneios, os campeonatos. Antes, já havia sido a Fórmula 1. Semana passada a temporada dos torneios profissionais de tênis, com a vitória na final do Masters Cup de Federer sobre Nadal. No tênis, terminou também a Copa Davis, com a França sendo derrotada pela Sérvia.
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No futebol, chegou ao fim o Campeonato Brasileiro, com a vitória justa do melhor time, ou do mais regular, durante toda a competição.
Na verdade, vitória da seriedade, mesmo que coroando um futebol de resultados. Mais regular, mas não mais bonito.
Enfim, vitória do time do melhor técnico em atividade no país, embora não do mais simpático. Ou talvez até por isso mesmo.
Parabéns a Muricy Ramalho, o verdadeiro símbolo desse Fluminense vitorioso.
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Terminam as programações esportivas nas telas da televisão, têm início os vários e mesmos shows de fim de temporada. E com os shows, as várias retrospectivas. E as infindáveis listas de melhores. Melhores nos esportes, na televisão. Nas telas de cinema. Melhor evento. Melhor show. Melhor livro.
Parece que tudo conspira para que as pessoas não fiquem trancadas em casa e ganhem a liberdade das ruas ou dos shoppings.
E saiam aos gastos.
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Enquanto isso, a presidenta Dilma acaba de definir os nomes dos integrantes de seu ministério, como sempre, com a participação ostensiva de nomes vinculados ao PMDB. Em maior número até mesmo que os nomes de partidários do PT, sigla vitoriosa nas últimas eleições.
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Na economia, Mantega insiste na necessidade de contenção de gastos públicos, de forma a reduzir as necessidades de financiamento do setor público. A previsão é que, ao gerar superávits mais expressivos, caia a necessidade do governo tomar recursos junto aos setores privados, situação que permitiria, pela menor demanda de dinheiro, o início de uma redução da taxa de juros da economia brasileira.
Em complemento, a redução da atratividade de nossa remuneração serviria para desestimular, parcialmente, o influxo de capital externo, permitindo uma estabilização de nosso câmbio.
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No horizonte, a proposta de Mantega, colocada como balão de ensaio nesse final de governo Lula, mas seguramente uma das questões que irão retornar à discussão no início do próximo governo: a discussão da alteração da metodologia de cálculo da inflação no país.
A proposta apresentada pelo Ministro, em hora inadequada, trata de expurgar dos índices de preços as variações mais voláteis de alimentos e outros produtos, como combustíveis, causadores de inflação de oferta.
Em um momento em que a inflação dá sinais de certo recrudescimento, claro que uma proposta como a do ministro provoca instabilidade e incertezas. O tipo de ambiente de instabilidade que um governo em início de mandato, exatamente pelo que representa de novidade,  não precisa de reforçar.
E, de mais a mais, o expurgo da variação do preço de alimentos pode vir a afetar pesadamente a cesta básica de consumo, trazendo prejuízo para todos os trabalhadores e suas famílias. Ao afetar o INPC, acarreta perdas ou pode vir a significar redução de correções salariais para todas as categorias de trabalhadores, por ser esse índice o que define o reajuste de salários.
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Se a intenção do ministro era tranquilizar o mercado quanto ao rigor com que o novo governo vai tratar as questões ligadas a salários e remunerações, ao menos em seu início, o tiro saiu pela culatra. E os agentes do mercado e seus porta-vozes, aproveitaram-se para manter o fogo contra o ministro e suas idéias.
A ponto de o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em entrevista, classificar esse tipo de proposta de extremamente prejudicial aos trabalhadores.
O certo é que se a idéia era abrir a discussão e sua necessidade, a oportunidade não foi a melhor. Mas reconhecida essa falha, há que se admitir, como já o fizeram as autoridades econômicas de outros países, ser muito sujeito a instabilidades e muito volátil querer seguir um programa de metas inflacionárias, adotando como índice base para a fixação das metas, um agregado sobre o qual a autoridade não exerce total controle.
Ou seja, por apresentarem variações muito significativas, por força de circunstâncias que não dependem de condições ligadas à demanda, os preços de alimentos levam a que o programa de metas internalize uma instabilidade que nada tem a ver com seu objetivo, gerando a necessidade de correções muito aleatórias das taxas de juros.
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Mas, a questão crucial não é alterar o cálculo dos preços ao consumidor e do custo da cesta básica. E sim, alterar a variável - essa sim, expurgada-, a servir de referência para o programa de metas, para que a população trabalhadora não se sinta ludibriada e tenha condições de mensurar as perdas de que é vítima.
E, uma vez que o pontapé inicial já foi dado pelo ministro, em relação a essa questão de indicadores de preços, é sempre bom também trazer para o debate a idéia de desvincular a correção de tarifas e preços de serviços públicos do comportamento do IGP, como tem sido até agora.
Ou seja, é necessário alterar também a forma de fixação de preços desse tipo de serviços, de forma a promover a radicalização da proposta de desindexação de nossa economia.
Da mesma forma que, para fazer evoluir esta idéia,  é importante que o governo venha a colocar também em discussão a remuneração das aplicações em cadernetas de poupança que, por terem juros assegurados, distorcem as taxas de outras aplicações financeiras do mercado.
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Fim de ano. Festas. E calmaria no noticiário, apenas invadido, como em outros anos, pelos estragos causados por chuvas, enchentes e inundações. Tomara que, dessa vez com menores prejuízos, em especial, de vidas humanas.

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