Violência nas Escolas

A morte por um fio. Ou por uma faca.
Tenho já há algum tempo, identificado um aumento do número de problemas que afetam aos jovens que chegam a minhas salas de aula, e que se tornam meus alunos.
Embora tentando trocar idéias a respeito, principalmente com outros colegas que trabalham com as mesmas turmas, e na mesma instituição que eu, falta-nos mais embasamento para estendermos nossas discussões e aprofundarmos na análise do fenômeno.
Falta a participação, a presença na discussão, a palavra e os conhecimentos técnicos especializados de algum colega da área de comportamento psicológico, do comportamento psico-social. Ou até mesmo maior investimento por parte das instituições de ensino, no desenvolvimento de equipes de atendimento psico-social direcionado aos alunos.
O que tenho visto é que aumentou, nos últimos anos, o número de atestados e pedidos de afastamento temporário das atividades de sala, o famoso atendimento temporário domiciliar, de jovens com problema de transtorno bipolar, com depressão e com outros tipos de problemas que não sei precisar ou identificar, e pior, nem o que fazer para tentar contribuir e ajudar a sanar.
***
E, num ambiente onde se avalia. Em uma sociedade em que cada vez mais a competição é levada às últimas consequências, e que apenas valoriza, acata e respeita os vitoriosos.
Onde a pressão por se destacar é tão avassaladora, que alguns, como Fausto, vendem a alma ao diabo, para conquistar nem que seja 15 minutos de fama e prestígio.
Bem, dá para entender, sim, o porque do aumento da violência dentro de sala de aula.
E não apenas entre os próprios colegas, porque aí nós teríamos que ampliar a discussão para trazer as opiniões de sociólogos, religiosos, médicos, etc.
Mas, assusta-me mais o aumento da violência contra aquele que representa sim, a autoridade contra a qual se quer ou se deve voltar, em momento de grande cobrança e stress.
A violência contra quem encarna a figura do pai, autoritário, avesso ao diálogo; do que exercita o seu poder de forma equivocada ou exagerada; do que tenta o diálogo, ou até mesmo representa a sua tábua de salvação; do que te cobra posturas e comportamentos que você sabe dever seguir, mesmo que reagindo a tal conscientização. Contra aquele que por saber mais, a ponto de estar tentando te transmitir o que sabe, representa tudo que o outro almeja ser e saber e se sente muitas vezes incapacitado para se tornar.
Enfim, são várias as questões envolvidas. E embora algumas possam ser identificadas, dentro de sala, falta-nos aos professores, muita vezes, condições e conhecimentos para tal identificação e para a adoção de medidas que a situação requer.
Por isso, casos como o do Rio Grande do Sul, em que um aluno espancou uma coordenadora de curso, ou caso como o recente assassinato a facadas de um colega de profissão, querido por seus alunos, mas que não identificou ou não teve orientação de como agir com um aluno, reconhecidamente com dificuldades comportamentais.
***
À família de Kassio, colega, professor de Educação Física, casado com dois filhos pequenos, rendo minhas homenagens e meus sentimentos.