quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Carnaval em BH: Drama ou farsa?

Em Belo Horizonte, o prefeito decide hoje o local de realização dos desfiles carnavalescos da cidade.
Antes, na Avenida Afonso Pena, os desfiles foram transferidos desde o ano de 2003 para a Via 240, perto do Bairro São Gabriel, local plano, amplo, e não fosse a distância do centro da cidade, muito bom para a realização desse tipo de evento.
Mas, a distância impede que a grande maioria do pessoal que fica para passar o carnaval em nossa cidade se desloque para aquela via.
Afinal, é preciso se lembrar que a concorrência com o carnaval que a televisão nos traz do Rio (Globo) ou de Salvador (Bandeirantes) é muito desigual. Primeiro porque seja na tevê, seja na Via 240, quem vai para ver, não participa, apenas assiste.
E, convenhamos, fica difícil convencer alguém de que está participando de algo, do qual é mero espectador passivo. Por essas e outras, acho que o Carnaval, cada vez mais show, é cada vez menos POPULAR.
Exceto nos bailões públicos e de entrada franca, reabilitados, por exemplo aqui em BH, aos quais eu sempre me referi como carnaval PraPular.
O drama é que, nenhuma televisão, mesmo as aqui instaladas e até oficiais, coloca a transmissão dos desfiles de BH em sua programação. No máximo, dão alguns flashes dos desfiles, o que é muito pouco. Ação desestimulante ao carnaval da capital e que, reforça a impressão de que o Carnaval daqui é muito fraco.
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Mas, voltando à questão do local do desfile, blocos caricatos - a verdadeira diferença e tradição de nosso carnaval, e escolas de samba (cópias e arremedos muito pobres do carnaval carioca), desejam a realização do carnaval no Boulevard.
Claro, a opinião não é, como não poderia ser diferente, felizmente, unânime. Há representantes e líderes carnavalescos que acreditam que, enquanto o nível do carnaval não melhorar bastante, o melhor é manter o carnaval belohorizontino longe do centro, e longe de um local que, por sua localização e imponência, exigiria, no mínimo, uma certa qualidade.
A maioria dos blocos e sua associação, ao contrário, desejam o Boulevard, e cobram, da Prefeitura, além da definição de local, uma ampliação da dotação orçamentária para os desfiles.
Isso, sem contar que, até essa data, há agremiações que não comprovaram os gastos feitos no carnaval de 2010. Ou seja, a irresponsabilidade continua a mesma, pelo lado de uns. E a vontade de avançar em recursos públicos escassos, também, em outros.
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Por outro lado, o Carnaval no Boulevard traria o problema, segundo alegam os que transitam pelo local, da montagem das arquibancadas para a assistência, o que implicaria no fechamento de pistas ao trânsito. Além do transtorno para os que passam pela região, nos dias de desfile.
E é aqui que eu queria chegar. Porque desde o primeiro momento que se falou na construção da via verde, ligando o centro da cidade ao Centro Administrativo, foi também apresentado o projeto da construção do boulevard. E, desde aquele momento, entre outras manifestações, foi citada a utilização do espaço para a apresentação dos desfiles carnavalescos. A volta do carnaval ao centro da cidade foi, desde sua apresentação, uma das propostas e idéias utilizadas para angariar a simpatia da população para o projeto.
E, se assim foi, porque não se planejou o problema da construção das arquibancadas, desde aquele instante?
Se o carnaval, tanto quanto as chuvas de verão e o próprio verão sempre vêm, com pontualidade britânica, a cada ano, porque não planejaram e propuseram, desde aquele primeiro momento, soluções que não trouxessem esse tipo de elemento complicador e de desculpas para a decisão e utilização do espaço.
Ou seja, mais uma vez a incompetência. A incúria.
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Lembro hoje, sem saudade, do caos que era o trânsito da Av. Getúlio Vargas, na zona central do Rio, para a armação das arquibancadas.
E lembro da eleição de Brizolla, em 1982 e de sua primeira obra, para muitos que o criticavam, inclusive a grande imprensa, um verdadeiro cemitério de Odorico Paraguassu e sua Sucupira: o Sambódromo.`
É, às vezes, dá saudades de certos políticos que enxergavam um pouco mais adiante de seu tempo.

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