quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Selic e a autonomia do BC: autonomia em relação a quem, cara pálida?

E, como se previa, saiu a elevação 0,5% da taxa Selic, na reunião do Copom, de ontem.
Interessante é o comunicado que informa que foi dado início ao processo de ajuste dos juros básicos necessário para conter a inflação próxima da meta estipulada.
Sinal, também, de que até o final do ano, a "aposta" (comando) do mercado financeiro deverá ser correta. Expectativa de taxa de juros no patamar de 12,25%.
***
Curiosa, se bem que nem tanto quando a gente deixa a ficha cair, a alegria dos ditos comentaristas econômicos ao anunciar e tecer considerações sobre a medida. Para alguns, ventrílocos sem qualificação do sistema financeiro, a postura apenas mostra que o Banco Central vai continuar mantendo sua autonomia no governo Dilma.
Autonomia em relação a quem, cara pálida? Ao governo, ao Ministério da Fazenda, à Presidência da República, à população ou ao mercado e seus iluminados analistas?
Porque então, se todo o mercado espera que a inflação VAI SUPERAR a meta neste ano de 2011, e prevê taxa de 12,25% ao final do ano, porque não peitar o mercado e todos que esperavam o aumento de 0,5% apenas, e promover um aumento já de 1 ponto percentual?
E deixar que, mais ao final do ano, a economia estivesse menos sujeita à elevações de preços, já esperada?
A quem interessa, além do mercado e de seus profissionais, um aumento escalonado que todos sabem é excelente para a colocação de papéis pós-fixados, de renda fixa, a curto prazo, todos dizem que 3 meses?
***
Não estou, longe de mim tal idéia, propondo aumento de juros ainda maiores. Apenas minha curiosidade é que me leva a querer saber porque, se se espera aumentos até o final de ano, deixar que o mercado guie o cronograma de tais aumentos?
Que autonomia é essa em relação ao mercado?
Não é à toa que os jornais só entrevistam os profiissionais que atuam no mercado financeiro, em bancos e assemelhados, deixando de ouvir professores de outras correntes de pensamento.
***
Alguns poderiam dizer que aumentos maiores, nesse momento, agravaria ainda mais a situação da atração de recursos externos, com impactos significativos no câmbio, o que é verdade.
Mas, pergunto ainda, insistente: com a manutenção da maior taxa real de juros do planeta, na casa dos 5,5% ao ano, já descontada a inflação prevista, o problema  já não está posto? É bom lembrar que os cálculos feitos por profissional do mercado, ligado à corretora Cruzeiro do Sul, indicam que o país localizado em segundo lugar na escala é a Austrália, com uma taxa no patamar de 1,9% ao ano.
Em síntese: mais do mesmo. E não sei se na direção correta, a julgar pela alegria do pessoal do mercado.

Nenhum comentário: