quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Selic e a volta da montanha russa

Ainda sob efeito das águas de verão, e os estragos provenientes da combinação explosiva de inépcia governamental, especulação imobiliária e a força da natureza reagindo contra a agressão que vem sofrendo da civilização humana, de forma descontrolada há muitos anos, encontra-se reunido o COPOM, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil.
A reunião, primeira do ano, teve início ontem e marca a estréia de Alexandre Tombini na presidência do Conselho e do Banco.
Em sua sequência, nessa quarta-feira, deve ser anunciada a nova Selic para vigorar pelos próximos 45 dias, até a realização de nova reunião.
Para o mercado financeiro, a Selic deve sofrer uma elevação de 0,5% indo para os 11,25% ao ano. Argumentam que a última ata do Copom, realizada em dezembro de 2010 já sinalizava a necessidade de elevação dos juros, como forma de se combater a escalada da inflação que alcançou 5,9%, portanto, bem acima da meta de 4,5% de inflação esperada para 2010.
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Por outro lado, há sempre a questão de a elevação dos juros trazer mais prejuízos que benefícios à economia brasileira, o principal deles, o fato de servir para atrair maior quantidade de dólares para o país, em momento que o governo investe pesado no sentido de impedir a sequência de desvalorização da moeda americana.
A ampliação do diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo pode alimentar ainda mais o influxo de dólares, que ao baratear a moeda americana, traz prejuízos grandes à nossa indústria, à nossa competitividade e à nossa conta de transações correntes.
Um segundo problema é que, o custo fiscal de políticas para impedir a redução do valor do dólar é muito alto. Ou seja, ao converter os dólares que aqui chegam em reais e trocar esses recursos por títulos públicos, o governo paga taxas muito maiores que aquelas que poderá obter pela aplicação, no exterior e a taxas muito mais reduzidas pela aplicação desses dólares.
Pior que tudo isso é que os indicadores que medem a inflação podem não apresentar qualquer arrefecimento, tendo em vista os impactos sobre os preços, tanto dos impostos de início de ano, quanto de elevação de materiais escolares, matrículas, mensalidades, típicas do período. Também contribuem para a manutenção dos patamares inflacionários a elevação de tarifas de serviços públicos, como as passagens de transporte coletivo, de grande impacto nos índices, a elevação dos produtos típicos de verão, além da influência das chuvas, não apenas sobre os gêneros alimentícios, com destaque para os hortifruti. Afinal, as estradas por onde escoam a produção estão, pelo menos no Sudeste, parcialmente destruídas, o que encarece o custo de transporte e comercialização.
Enfim: aguardemos para ver se o mercado, mais uma vez acerta, ou se o Banco Central, mais uma vez mostra-se obediente às ordens dos setores que ele devia regular. Mas de quem acaba sendo capturado.

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