Há mais, bem mais de um motivo para explicar o afluxo de dólares para nosso país e a desvalorização, temerária, da moeda americana.
Sem dúvida alguma, a taxa de juros básica, o nível da Selic, é um deles, talvez o principal.
E, sabendo-se que o governo necessita financiar seus gastos, em especial, aqueles vinculados ao pagamento dos juros da dívida mobiliária, em volume bem superior ao do superávit primário realizado, identifica-se o motivo que leva, paradoxalmente, à elevação constante dos juros.
Paradoxal porque, ao mesmo tempo que eleva os juros para atrair quem queira emprestar-lhe os recursos poupados (as famílias e agentes que aplicam suas economias na compra de títulos públicos) e consegue os recursos que necessita, acaba por elevar o montante de despesa com pagamento de juros (já que ele, goverrno, é o principal devedor da economia brasileira), o que repõe, no período seguinte a necessidade de captar recursos para pagar a despesa elevada com juros e etc.
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E, se obter superávit primário (a poupança do governo para pagar os juros) é importante para reduzir as necessidades de financiamento do setor público, é importante lembrar que, cortar demais os gastos públicos é, em contrapartida e de forma direta e inquestionável, serviços em menor quantidade e, embora nem sempre, mas com certeza, algumas vezes, prestar serviços de pior qualidade ao público, de forma geral.
Então, embora pareça simples seguir a receita de analistas econômicos que pouco entendem de economia e se nutrem dos conselhos de economistas de formação ortodoxa, e que invariavelmente passa pelo corte de gastos, a verdade é que esse corte é a fórmula mais rápida de se reduzir a intervenção governamental no domínio econômico. Como consequência: a vitória da visão liberal de uma economia de laissez faire, e da economia entregue ás forças e leis do mecanismo regulador do mercado, com as consequências nefastas que isso pode acarretar, em termos de distribuição de renda e riqueza, de justiça social e equidade.
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Mas, com o país exportando commodities como soja, carne, alimentos, frutas, minérios de toda espécie e até petróleo (mais a longo prazo), há aí também um influxo significativo de dólares que não pode ser desprezado e que, em outros países e outras décadas, deu amparo inclusive à criação da teoria da doença holandesa (aquela de um país que se especializa em produção de produtos de menor valor agregado e em sua exportação, em volume tão elevado, que provoca a entrada de muita moeda estrangeira. Essa, ao sofrer desvalorização pelas ação das forças do mercado, gera em consequência um barateamento das importações, o que acarreta uma concorrência predatória e deletéria para a indústria do país exportador).
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Outro motivo de atração de dólares se deve às perspectivas e ampliação de oportunidades lucrativas de aplicação de recursos em uma economia que tem, simultaneamente, uma carência nítida de investimentos em infra-estrutura de toda espécie e ao lado da realização de eventos de grande expressão (e demanda de obras de infra-estrutura), como a realização de uma Copa do Mundo (2014) e de uma Olimpíada (2016).
Ou seja, no Brasil, até por ser uma economia não madura, muito ainda há que ser feito, e muita oportunidade de lucros ainda se evidencia no horizonte. Bem ao contrário da situação de economias maduras, mais desenvolvidas, e atravessando crise de oportunidades para novas e lucrativas inversões.
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Ora, se a entrada de dólares então se faz em ritmo acelerado, e preocupa, há que se perceber que nem todo o afluxo de dólares se explica pela existência de fatores vinculados a fraquezas e desequilíbrios da economia brasileira, senão exatamente se vinculam a suas potencialidades e sua dinâmica.
Claro está então que, continuar batendo na mesma tecla da necessidade de se promover corte de gastos públicos para possibilitar a redução das taxas de juros e daí a redução da entrada de dólares no país, tem muito mais o caráter ideológico ou revelador da ignorância do proponente, que a proposta de medidas de políticas mais consistentes.
Entre as medidas de maior consistência, talvez devessem ser incluídas aquelas mais vinculadas a alguma espécie de controle do fluxo de capitais, como por exemplo, a do estabelecimento de um período mínimo de permanência do capital estrangeiros em nosso país, dependendo esse tempo, da aplicação dada a esse capital.
Um comentário:
Que texto confuso. Como a economia é complicada...
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