sábado, 15 de janeiro de 2011

Opinião e comentários de romances de2 Prêmios Nobel, latinos

Termino a leitura de Travessuras da Menina Má, de Mário Vargas Llosa, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura de 2010.
O livro trata da história de uma grande paixão, que atormenta o personagem principal desde o período de sua adolescência, no bairro de Miraflores, em Lima, Perú, até o início de sua velhice.
Para nos contar a história desse amor, que se revela como paixão desenfreada a maior parte das vezes, o autor toma como pano de fundo o Perú, dos anos 50, onde tudo tem início e, especialmente a França, para onde o personagem Ricardo se muda, concretizando o grande sonho, conquistando a grande ambição de sua vida.
Assim, enquanto a história da paixão vai sendo descrita, como pano de fundo vai também se descortinando um panorama que envolve dos impactos da revolução cubana na Paris de início dos anos 60, ao movimento estudantil de Maio de 68; do surgimento do rock and roll e a avassaladora onda beatnik que fez com que Londres se tornasse substituta de Paris como centro irradiador de cultura, ao período do movimento hippie do Flower Power. Sem deixar de, volta e meia, fazer referência à implantação das ditaduras no continente sul-americano e aos movimentos que surgiram para lhes dar combate nos anos 70.
Confesso que, sabendo da trajetória política e da guinada à direita do autor, temia a forma que ele abordaria esses eventos, preocupação que percebi exagerada, uma vez que o principal foco do romance e o que nos arrebata é mesmo a descrição da paixão, da história de amor maldito que o livro encerra.
Colocando em destaque o fato de que, enquanto a paixão é arrebatadora porque insana, e se impõe a tudo e a todos, o amor por ser mais consciente, é fruto de uma construção deliberada, mais racional, o que lhe dá um caráter mais tranquilo. Menos transgressor.
***
Se gostei do romance, não há, entretanto, como deixar de compará-lo com o romance de amor explícito de outro grande escritor sul-americano, também vencedor do Nobel, em 1982, Gabriel Garcia Marquez e seu O Amor nos Tempos do Cólera.
Para confessar, ao final, que prefiro este livro do colombiano, à boa história da Menina Má, de Llosa.

Nenhum comentário: