quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais crédito, menos risco e juros menores! E viva a concorrência bancária...

Informações divulgadas hoje pelo Banco Central a respeito da situação das operações de crédito do Sistema Financeiro, mostram dados que poderiam parecer bastante contraditórios, à primeira vista.
No entanto, não há nada paradoxal no conteúdo. Como já temos mostrado em outros comentários, aliás, bem ao contrário.
Senão vejamos: o saldo das operações de crédito cresceu 20,5 % no ano de 2010, alcançando a cifra de 1,7 trilhão, correspondente a 46,6% do PIB.
Embora expressivo o aumento, em termos de participação relativa no PIB, o valor ainda mostra ser bastante acanhado, quando comparado a capacidade de alavancagem de sistemas financeiros de economias mais avançadas.
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Por outro lado, também caiu a inadimplência do sistema, ou seja, reduziu o risco de crédito e, por conta dessa queda, os bancos puderam diminuir os juros cobrados sobre os empréstimos, certo? (como diria Gerson, o canhotinha de ouro da Seleção de 70, certo?)
Aliás, consta em qualquer manual razoável de economia, a lei da procura e da oferta: se o produtor fornece sua mercadoria a preço mais baixo, irá vender maior quantidade. O que deixa de ganhar no preço, ganha na quantidade maior vendida. Seu retorno e sua rentabilidade se elevam e o preço para o público fica menor.
É a grande conquista do Mercado Livre.
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Pois bem, segundo o BC, subiram os juros em dezembro e, já em juro os primeiros indícios apontam para uma elevação das taxas nas linhas de crédito para o público: cheque especial, etc.
A explicação é clara: subiram os juros, a Selic, ou seja o custo do dinheiro que os bancos têm de nos pagar para captar. Com um "funding" mais caro (no caso de empréstimo, a matéria prima mais cara), o produto final fica também mais caro.
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Mas, os juros só se elevaram em janeiro agora, na primeira reunião do COPOM da Dilma, e no último trimestre do ano passado a Selic se manteve estável.
Além disso, como é curiosa a capacidade de transmissão da política monetária (a elevação da Selic), para o funcionamento bancário e a economia, QUANDO SE TRATA - E TÃO SOMENTE, DE ELEVAÇÃO DOS JUROS.
Quando o BC reduz a Selic, surge um gap temporal, um lagging, um atraso até que a taxa retroceda na ponta do tomador.
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Alguma novidade? Não, tendo em vista o fato de que os bancos formam um grande e sólido mercado oligopólico, com o comportamento típico desses mercados onde a concorrência é "só para inglês ver". E que, nos dias de hoje, só acredita no funcionamento da famosa lei da procura e da oferta dos manuais de economia, típica de mercados concorrenciais perfeitos, o saci pererê, os duendes amigos de Rumpelstiltskin, e o espírito sempre infantil e imaturo de Peter Pan, o Capitão Gancho, a Fada Sininho e as crianças da terra do Nunca.

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