segunda-feira, 15 de novembro de 2010

De esporte, amigos e futebol

Meu amigo, Fernando Henrique, manda um email pedindo minha opinião sobre uma reflexão feita por ele, do caráter, ou falta dele, do povo brasileiro.
Cruzeirense apaixonado por futebol e por seu time, o Fernando ficou revoltado com o que aconteceu sábado, contra o Corínthians.
Alega que não houve o pênalti no Ronaldo. Talvez chateado com o fato de Ronaldo ser praticamente cria do Cruzeiro, ficou chateado com o que ele classificou como malandragem do Fenômeno.
A partir daí, revoltou-se com quem tirou sarro da derrota de seu time, alegando que perder roubado ainda é mais divertido.
Ok, Fernando. Embora tenha revisto o lance por vários ângulos e não sendo juiz de futebol, confesso que achei sim que foi pênalti. Como acho que teve sim, um pênalti no Thiago, que o juiz não deu.
E vendo o comentário do Márcio Rezende no Globo Esporte, achei que teve sim, três impedimentos mal marcados em que o juiz beneficiou o Corínthians. E teve um impedimento do jogador do Corínthians que não houve.
Dos três do Cruzeiro, um não tinha lá muito perigo, mas é verdade que os outros dois levavam muito perigo.
Mas... e daí? Há já alguns dias eu havia postado que o campeonato estava já todo armado para o Corínthians ser o grande campeão.
Até site da Fifa comenta o clube paulista e sua liderança; faz elogios, etc. Pode-se dizer, são coisas do futebol.
Mas não são. São coisas do dinheiro e do fato de que o patrocínio de Ronaldo custa caro. Ronaldo é um fenômeno de mídia e marketing. E quem bancou sua vinda para o clube paulista não vai perder a chance de ter o devido retorno, com Ronalducho ostentando a faixa de campeão nacional.
Ainda mais no ano do centenário do Coringão, que não ganhou nada esse ano. Pelo menos até agora. E até que a grana acabe de fazer aquilo que em campo o time não consegue fazer.
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E falando em juiz, o sul-coreano que inverteu a bola da Sheila também conseguiu o mesmo efeito que o juiz do jogo do Corínthians contra o Cruzeiro.
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Mas, ao menos no domingo, o esporte venceu. E ganhou do dinheiro, da grana, da malandragem, da torcida toda para o mal-caráter que o Alonso volta e meia não consegue esconder e deixa aflorar.
A RBR, campeã de marcas do ano, tem agora o piloto campeão.
Fosse na Ferrari, e Vettel não estaria comemorando e, talvez outro nome teria se sagrado campeão da temporada.
Mas a equipe da Red Bull honrou o esporte. A competição. A vitória pelo mérito do vitorioso e não pelo jogo forjado de "equipe", eufemismo para encobrir a malandragem, a sacanagem. O desrespeito com os torcedores e com aqueles que gostam do esporte e de comemorar a derrota honrada, mais que a vitória no tapetão ou, pior, com a desmoralização.
Desmoralização e desrespeito maior, primeiro com o campeão de araque, que se submete ao papel ridículo de vencedor de uma armação, que não lhe dá a glória e nem devia dar os louros...
Desrespeito também com o piloto companheiro, aquele que podia ter tido uma conquista que foi subtraída pelo contrato milionário e pela ganância. Companheiro que pode nunca mais repetir a oportunidade de sair vitorioso. Mas, que comprova que, especialmente na Ferrari, piloto não é nada mais que mero empregadinho. E tratado como tal...
Assim foi com Schumacher e Rubinho; assim foi com Alonso e Massa.
E de golpe em golpe, deu RBR. Para reabilitar o esporte e deixar a todos que gostam da competição honesta com a sensação, tola e ingênua, mas com a sensação de que, pelo menos de vez em quando, as linhas tortas do destino, conduzem aos resultados mais corretos.
Sem armação, sem picaretagem e sem dinheiro.
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Fernando, sou tentado a concordar com você, que nosso caráter macunaímico fica escancarado a cada fato como o que te deixou irritado, para falar de forma delicada, no sábado.
Mas não é verdade.
Como o caso do automobílismo ilustra; o do voley e outros, como o do espertinho do futebol americano, a questão não é brasileira de origem e nascimento.
Ela é do mundo onde levar vantagem para ser o vencedor; vencer a qualquer custo passou a ser o único objetivo. Porque como "dizia o meu avô, de segundo até o último é tudo igual".
Mentira, mas o prêmio e a fama da conquista, e a grana do prêmio e os contratos milionários vão para a mão do que ganhou, mesmo sem merecer.

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