O Conselho de Política Monetária - COPOM, que se reúne agora no início do mês de dezembro vai adotar que tipo de comportamento, em relação à taxa de juros?
São tantos os comentários que vêm do mercado, relativos à expectativa de recrudescimento da inflação em 2011, que chego a me perguntar se não se pode começar a esperar uma elevação da SELIC, já a partir de dezembro.
E como previsão é mesmo um chute, eu arriscaria a dizer que, mesmo não concordando com esse tipo de política, o Copom deverá elevar a taxa de juros básica da economia em 0,5%.
Os motivos?
Primeiro para conter as expectativas frente à inflação, que deverão ganhar reforço tendo em vista os gastos de final de ano.
Outro motivo é dar uma folga à nova diretoria do BC e à nova equipe econômica e novo governo. Afinal, depois de se comprometer em reduzir as taxas de juros, durante o período eleitoral, não seria uma atitude muito interessante que o governo Dilma se instalasse tendo que adotar a medida que ela condenou.
Poderia ser alegado que, ao contrário, a adoção de uma política monetária restritiva poderia servir, de vez, para tranquilizar os mercados. Neste caso, a elevação da taxa de juros, mesmo que onerosa, seria tomada como um aceno do novo governo quanto à sua seriedade na manutenção da estabilidade econômica.
É um argumento.
Mas a tomada de medidas impopulares e merecedoras de críticas de setores econômicos não vinculados às finanças, já nessa altura, seria vista pelos agentes econômicos da mesma forma, já que ninguém em sã consciência acreditaria que, qualquer medida tomada nesse apagar das luzes do governo Lula, não tivesse já sido precedida por uma consulta à Dilma.
Por fim, a elevação de juros iria na mesma direção de outras medidas que já começaram a ser adotadas e/ou anunciadas, como a de corte dos gastos públicos em até 20 bilhões; fixação de salário mínimo no patamar de R$ 540,00; e, mais recentemente, uma tentativa de tornar mais difícil o endividamento das pessoas físicas, pela redução do prazo de financiamento no cartão de crédito.
Afinal, a obrigatoriedade de amortizar um mínimo de 15% do valor da fatura, no primeiro momento, e 20% no final do ano, sinaliza claramente a preocupação do governo em conter a expansão do crédito e da demanda de consumo a ele associada.
Quanto à preocupação com o endividamento das famílias, a explicação pode ser tanto vinculada à tentativa de reduzir a demanda agregada, não colocando mais combustível na fogueira dos preços, como atrelada à preocupação com uma possível elevação dos níveis de inadimplência, o que poderia trazer problemas de liquidez para o setor financeiro, na esteira de uma bolha de ativos.
Isso, justo em um momento em que a liquidez internacional começa a dar sinais de estar novamente entrando em colapso, com os recentes episódios da Irlanda, Portugal, e outras economias européias.
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