quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Várias, variadas

Leio no portal do IG que o país está atravessando uma fase bastante promissora para seu desenvolvimento, conhecida por bônus demográfico.
O conceito se refere ao fato de que a PEA, sigla que representa a população economicamente ativa do país, ou seja, a sua oferta de trabalho, ultrapassou a parcela de população dependente.
Trocando em miúdos: a população entre 15 e 64 anos de idade, e apta a entrar no mercado de trabalho evoluiu de um contingente de 70 milhões em 1980, para 130 milhões de habitantes nos dias de hoje.
A previsão, segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é de que alcance, até 2030, um total de 150 milhões.
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Os demógrafos citados na reportagem,cujo site endereço eletrônico encontra-se abaixo, mencionam ser esse um momento rico para nossa economia, embora de duração limitada.
 http://economia.ig.com.br/brasil+tem+15+anos+para+colher+bonus+da+forca+de+trabalho/n1237814998689.html

Estimam que dure mais, pelo menos, 15 anos, de um total de 50 a 60 anos que dura, em média, o fenômeno.
Mas, algumas condições têm de ser atendidas para que o país possa aproveitar esse bônus, de forma positiva.
A primeira e mais importante, que a economia continue apresentando uma taxa de crescimento do PIB estimada em, no mínimo, 5% ao ano até o ano de 2025. Caso contrário, a economia não terá condições de absorver a chegada ao mercado de trabalho desse contingente e, ao invés de um efeito positivo, as consequências poderão acarretar o problema mais grave, de desemprego.
Estreitamente vinculada a essa condição, há uma segunda: a necessidade de um esforço de melhoria das condições educacionais e de qualificação da mão-de-obra no país.
Tal esforço deveria se traduzir por um verdadeiro e autêntico mutirão, de toda a sociedade, em prol da ampliação dos gastos de investimento em educação e, principalmente, a preocupação com a sua qualidade.
Só assim, com o foco prioritário na questão educacional e de formação e qualificação profissional, o país teria condições de evitar o gargalo da escassez de força de trabalho para atender as demandas de uma indústria cada vez mais intensiva em conhecimento e informação.
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Educação torna-se, assim, tema preferencial a merecer a atenção e a integrar, não só a agenda política, mas a própria agenda do governo recém-eleito, conforme já o solicitava desde o primeiro turno das eleições o candidato Plínio Arruda Sampaio, como uma das principais bandeiras de seu partido, o PSOL.
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Mas, quais as explicações para tanto otimismo?
Uma primeira, e evidente resposta, o país passa a contar com um número maior de pessoas produzindo e gerando riquezas e renda que aqueles que apenas consomem a riqueza gerada. Em termos econômicos, aumenta a capacidade de geração de excedente do país, o que, se bem aproveitado poderá gerar um fluxo maior de investimentos, tanto privados como públicos.
Estes, por força da elevação da arrecadação; aqueles, por força, e dependendo de o governo agir da forma proposta por Keynes, na manutenção de um ambiente econômico capaz de reduzir as incertezas do ambiente econômico e estimular os investimentos empresariais.
E, como parte desse ambiente de estímulo ao investimento encontra-se, claro, a expansão do consumo que a maior renda pode alavancar, e que não significa prescindir também da conquista de novos e maiores mercados externos.
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Um detalhe curioso: porque a previsão de apenas mais 15 a 20 anos, para um período que se estende em média, a 50-60 anos?
A resposta é que o país já vivencia o bônus há dez anos, desde a virada do século, embora só tivesse começado a crescer para aproveitar esse incentivo, a partir de 2004, no governo Lula.
Além disso, o país já está apresentando um processo de envelhecimento de sua população de tal ordem que, a partir de 2025, quando alcançará a menor proporção de PEA/população dependente, a tendência é o número de pessoas na fase da terceira idade começar a se tornar mais significativo.
E, com esse crescimento, o valor de gastos com a questão da seguridade social e com a saúde pública, cada vez menos preocupada com a problemas ligados à mortalidade infantil e mais focada nos idosos.
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Daí, mais uma vez, voltar ao tema. A necessidade de o governo Dilma ter que abrir um espaço para, de forma séria, racional e desapaixonada, discutir alterações no nosso sistema previdenciário e nas regras de aposentadoria, sem prejuízo daqueles que já participam do sistema.

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