A sorte está lançada.
Amanhã, 135 milhões de brasileiros deverão escolher seu novo presidente e, por mais feio que pareça e por pior que seja a sonoridade, muito provavelmente teremos que nos acostumar com o uso de uma palavra incomum: presidenta.
A julgar pelo andar da carruagem, Dilma será eleita amanhã, para dar continuidade, como no futebol, a um time que está ganhando.
A bem da verdade, não um time. Mas um país inteiro. Um povo inteiro de Joãos, Josés, Severinos e Silvas. Que passaram a ser tratados e considerados como "nunca antes na história desse país, cidadãos de primeira linha. Não gente de segunda classe.
E não pelo fato de estarem comprando carros e dando sua salutar contribuição para o engarrafamento geral do trânsito nos grandes núcleos urbanos. Nem por estarem contribuindo para o caos aéreo, tantas vezes usado como referência do discurso de Serra.
Não acho que o povo esteja sendo tratado melhor porque pode ter acesso à máquina de moer gente, e sonhos, do consumo de mercado. Ok, isso também é importante, e já dizia Lênin, se o capitalismo tem alguma coisa de boa, é o nível de conforto e bem estar que ele pode nos proporcionar. E, já que ninguém é de ferro, para o bem ou para o mal, quem não deseja esse conforto material e bem-estar postiço.
Mas o povo passou a perceber-se importante. Se houve uma grande reforma ou revolução promovida pelo governo Lula, alguém ainda haverá de confirmar um dia, em alguma pesquisa, essa modificação foi na consciência de si mesmo do povo brasileiro.
Algo parecido com a consciência de classe para si, e não apenas do conceito sociológico de classe em si, marxiana.
***
Por isso, Dilma na cabeça.
E nem me venham dizer que só o povão dos grotões e das profundezas de cafundó estará votando em Dilma.
Funcionários públicos de várias categorias, de várias carreiras, alguns até de carreira típica de Estado, são exemplo de eleitores de Dilma. Até porque se lembram amargamente do período do governo peessedebista, em que além de ficarem sete anos sem qualquer aumento ou correção salarial (o que fez o próprio Supremo se manifestar, por ato contrário a preceito constitucional), viram a máquina pública ser completamente depreciada e o serviço que prestavam deteriorar-se, por falta de condições mínimas de prestação de um serviço de qualidade aceitável e digna ao cidadão brasileiro.
Afinal, seguindo a filosofia impregnada na corrente neoliberal privatista, quanto pior, melhor. Quanto pior a qualidade do serviço, maior a reclamação e a grita do povo revoltado e mais fácil a entrega desses serviços aos empresários privados, espertalhões.
***
Mas, verdade seja dita. Mesmo com a vitória de Dilma, ainda está longe o dia que o Brasil será governado por um político de cunho efetivamente popular, e cuja plataforma de governo seja realmente destinada ao povo e à eliminação de todas as desigualdades e injustiças sociais, como lembrou em todo o transcorrer da primeira fase da campanha o candidato Plinio de Arruda Sampaio e seu PSOL.
***
Mudando de assunto e trazendo mais do mesmo: realizou-se ontem o debate da Globo. Não vi o IBOPE do programa. Não assisti ao debate.
No bar em frente ao prédio em que moro, a mesa grande de meus amigos pareceu-me, desde sempre, mais convidativa e aprazível.
Embora apoiada na geladeira, lá no canto, a televisão estava e passou toda a noite desligada.
Ainda arrisquei a pergunta: e o debate, ninguém vai ver??? Até agora estou aguardando a resposta.
Do Fernandinho, meu amigo e engenheiro da Usiminas, ouvi o comentário elucidativo: ninguém vai mudar o voto por causa de um debate. Todo mundo já escolheu seu candidato.
A menos que surgisse algo fora de série, que pudesse criar um fato novo, muito grave, ninguém vai mudar o voto agora.
Essa parece ser a opinião dominante. A sorte já estava lançada.
***
Da campanha que insisto e repito, teve um nível abaixo da crítica, devo mencionar terem me chegado às mãos e de eu ter podido ter acesso e ler, em meio a muita informação deturpada e mensagens desqualificadas e desqualificadoras, textos que homenageiam a inteligência de qualquer leitor.
Dentre esses textos, não poderia deixar de mencionar aqui a carta resposta a FHC, de autoria de Theotônio dos Santos, primor de análise do período de governo do PSDB e de quebra reestabelecendo a verdade que a máquina publicitária do período tentou desconstruir para substituir por uma outra história de ficção.
O texto publicado ontem no Valor Econômico, de Alberto Carneiro, deixando claras as razões que levaram o candidato Serra a perder o discurso, o rumo, as bandeiras, por ser um nacional-desenvolvimentista e um esquerdista por formação. Por esse motivo, e pelo fato de o PSDB só conseguir sobreviver se refundar-se como o substituto do PP, do PFL, do DEM, como um partido de direita, ainda que direita light, a derrota mais que previsível. E a possibilidade de Aécio, o menino do Rio. A direita simpática e moderna, pero no mucho. Ou por outra: ainda direita e popular apenas nas areias da orla carioca.
Também um texto que recebi da Andrea, a vermelhinha minha amiga, com uma análise sociológica do atraso da classe "bem" de nossa sociedade. Na mesma senda já descrita por Caio Prado Jr, da dualidade das relações brasileiras, moderna, cosmopolita e liberal, para as relações externas, e troglodita, selvagem e com prática e sangue de jagunço para as relações com as outras classes sociais que lhe servem de esteio.
***
Na Folha,hoje, Antônio Cícero enumera, de forma simples e brilhante, argumentos favoráveis à proposta de descriminalização do aborto, até o terceiro mês de gestação. Vale a leitura e a reflexão, independente de qualquer convicção religiosa que o leitor possua.
Tendo em vista que o tema aborto foi trazido ao centro do debate político pelo desespero de derrotado de Serra, cito-o aqui, como um dos textos imperdíveis.
É isso. A todos, um bom domingo de eleições.
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
de propagandas
A propaganda manda
que você compre
e rompe assim
o orçamento preparado
para cobrir a fome.
A propaganda manda sutil
e troca-se enfim
o prazer do alimento
pelo conforto inútil.
Final de campanha
Finalmente termina, na data de hoje, a campanha eleitoral que foi considerada a pior e a de mais baixo nível dos últimos pleitos em nosso país.
Alguns hão de se lembrar da eleição de 89, a primeira eleição direta para presidente do país, depois de 25 anos de obscuridade e ditadura.
Naquela eleição, coincidentemente, o tema do aborto pautou a campanha, ao menos em sua etapa final, introduzida pelo candidato caçador de marajás: Collor de Mello.
Na oportunidade também, a Globo tentava e tinha êxito em manipular a opinião pública, o que o fez em várias oportunidades.
Até hoje, tenho dúvidas a respeito da novela que passava na ocasião, e que quebrava recordes de audiência: "Que rei sou eu?"
Até hoje me pergunto se a novela foi propositadamente escrita e lançada para discutir as questões que faziam parte do discurso do candidato dos Marinho, ou se a emissora apropriou-se do conteúdo e, de carona no sucesso, começou a pressionar para que, no decorrer da campanha a novela se confundisse com as peças publicitárias de Collor de Mello.
A edição do debate final, feita por Alberico Souza Cruz e transmitida para os lares dos Simpsons desse Brasil afora, ilustra de forma primorosa o quanto o mal-caratismo de uns, somada à ingenuidade ou indiferença de outros pode causar estragos.
Só para sacudir a poeira da memória, naquela oportunidade estava começando a surgir, com grande destaque no cenário nacional, uma empresa de pesquisa de opinião pública, a Vox Populi que tinha, entre seus sócios proprietários, um cientista político aparentado com Collor.
Guru da campanha collorida, Marcos Coimbra e as pesquisas da Vox tornaram-se alvo da ira dos petistas, que promoveram um ato de vandalismo, invadindo e tentando depredar as instalações da empresa.
***
Vinte e um anos depois, tempo que marca até legalmente a conquista da maioridade - e, dir-se-ia, do juízo, a campanha eleitoral foi, em grande parte, pautada pelo tema do .... aborto.
Os grandes veículos de comunicação de massa utilizaram-se de todas as armas possíveis para influenciarem e tentarem manipular a opinião pública.
Temas já tornados frios pelo tempo, foram tirados do armário e requentados sem qualquer pudor. Jornais de grande circulação chegaram a publicar, como se verdadeira, uma ficha criminal de autenticidade duvidosa.
Confrontado pelas evidências de falsidade do pretenso documento, ao invés de vir a público retratar-se, com no mínimo o mesmo destaque da publicação original, o jornal candidamente admitiu apenas que não podia assegurar a autenticidade da ficha.
Revistas semanais, sempre muito atentas na defesa de seus interesses particulares, os quais costuma tenar apresentar como se fossem os interesses de todo país, procuraram, de toda forma, trazer para a luz, questões que já deveriam ter sido, desde que conhecidas há muito tempo, como caso de polícia, como o caso dos dossiês do fogo amigo peessedebista. E, de quebra, a quebra de sigilos fiscais.
E, mais uma vez, apenas que acusada agora de estar manipulando pesquisas e favorecendo ao PT e sua candidata, Marcos Coimbra e a Vox são vítimas da ira e de ataques dos correligionários do partido oponente.
Ou seja: parece-me que 21 anos não foram suficientes para que o sistema eleitoral evoluísse e que as campanhas se transformassem em espaço de debate sério de propostas e projetos de soluções para os problemas de nosso país.
Ou então, parece que neste período, não apenas o problema da inflação foi debelado, mas todos os demais problemas brasileiros, o que esvazia o conteúdo das campanhas, cada vez mais dominadas pelos marqueteiros - esses cerebrais senhores dos artifícios, mas pouco afeitos ao conteúdo de pólvora dos fogos.
Alguns hão de se lembrar da eleição de 89, a primeira eleição direta para presidente do país, depois de 25 anos de obscuridade e ditadura.
Naquela eleição, coincidentemente, o tema do aborto pautou a campanha, ao menos em sua etapa final, introduzida pelo candidato caçador de marajás: Collor de Mello.
Na oportunidade também, a Globo tentava e tinha êxito em manipular a opinião pública, o que o fez em várias oportunidades.
Até hoje, tenho dúvidas a respeito da novela que passava na ocasião, e que quebrava recordes de audiência: "Que rei sou eu?"
Até hoje me pergunto se a novela foi propositadamente escrita e lançada para discutir as questões que faziam parte do discurso do candidato dos Marinho, ou se a emissora apropriou-se do conteúdo e, de carona no sucesso, começou a pressionar para que, no decorrer da campanha a novela se confundisse com as peças publicitárias de Collor de Mello.
A edição do debate final, feita por Alberico Souza Cruz e transmitida para os lares dos Simpsons desse Brasil afora, ilustra de forma primorosa o quanto o mal-caratismo de uns, somada à ingenuidade ou indiferença de outros pode causar estragos.
Só para sacudir a poeira da memória, naquela oportunidade estava começando a surgir, com grande destaque no cenário nacional, uma empresa de pesquisa de opinião pública, a Vox Populi que tinha, entre seus sócios proprietários, um cientista político aparentado com Collor.
Guru da campanha collorida, Marcos Coimbra e as pesquisas da Vox tornaram-se alvo da ira dos petistas, que promoveram um ato de vandalismo, invadindo e tentando depredar as instalações da empresa.
***
Vinte e um anos depois, tempo que marca até legalmente a conquista da maioridade - e, dir-se-ia, do juízo, a campanha eleitoral foi, em grande parte, pautada pelo tema do .... aborto.
Os grandes veículos de comunicação de massa utilizaram-se de todas as armas possíveis para influenciarem e tentarem manipular a opinião pública.
Temas já tornados frios pelo tempo, foram tirados do armário e requentados sem qualquer pudor. Jornais de grande circulação chegaram a publicar, como se verdadeira, uma ficha criminal de autenticidade duvidosa.
Confrontado pelas evidências de falsidade do pretenso documento, ao invés de vir a público retratar-se, com no mínimo o mesmo destaque da publicação original, o jornal candidamente admitiu apenas que não podia assegurar a autenticidade da ficha.
Revistas semanais, sempre muito atentas na defesa de seus interesses particulares, os quais costuma tenar apresentar como se fossem os interesses de todo país, procuraram, de toda forma, trazer para a luz, questões que já deveriam ter sido, desde que conhecidas há muito tempo, como caso de polícia, como o caso dos dossiês do fogo amigo peessedebista. E, de quebra, a quebra de sigilos fiscais.
E, mais uma vez, apenas que acusada agora de estar manipulando pesquisas e favorecendo ao PT e sua candidata, Marcos Coimbra e a Vox são vítimas da ira e de ataques dos correligionários do partido oponente.
Ou seja: parece-me que 21 anos não foram suficientes para que o sistema eleitoral evoluísse e que as campanhas se transformassem em espaço de debate sério de propostas e projetos de soluções para os problemas de nosso país.
Ou então, parece que neste período, não apenas o problema da inflação foi debelado, mas todos os demais problemas brasileiros, o que esvazia o conteúdo das campanhas, cada vez mais dominadas pelos marqueteiros - esses cerebrais senhores dos artifícios, mas pouco afeitos ao conteúdo de pólvora dos fogos.
Devaneios
PINTORESCO
Faço um traço
marco o compasso
mas não faço
nem um risco
e arrisco
só pensando
que pintando
iludido
estou num mundo
desconhecido.
Faço um traço
tento um risco
e nem rabisco
sei que faço
mas alegre
vou seguindo
vou pintando
colorindo.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
reminiscências dos 17 anos, que afinal, eu já tive um dia
AMANHECER
Os pássaros cantam
e me acordam
e vejo o amanhã nascer
sinto tudo clarear
vejo homens a sorrir, a caminhar,
apressados para seus trabalhos
discutindo o futebol de ontem
a festa do Sábado que vem.
Vejo janelas se abrindo
gente se levantando confiante
vejo alunos indo para escolas
míseros donos de nosso amanhã
O amanhã se faz hoje.
o sol saúda a terra
pede passagem à lua
vem sorrindo nos olhar
E começo a me arrumar
feliz e esperançoso
como o trabalhador ou o sol.
***
Enquanto isso ela dorme
me arrumo e saio
Silêncio. Não a acorde
Ela dorme ... feliz.
Digitando
Originalmente o nome era DATILOGRAFANDO, isso há 38 anos atrás.
Hoje, rebatizando, o nome adequado é Digitando:
Toin, bip, bip
toin, tá, tá, tá
bip, toin, tá!
São máquinas falando
matraqueando nos escritórios
Ninguém as entende
e elas continuam
toin, tá-tá-tá, bip,
toin, tá, bip, bip.
Vejo-as e me assusto
o mundo se resume nisto:
máquinas. Parece
que zombam de nós
que nem entender podemos
e elas continuam zombando
sarcásticas...
Bip, bip, tá, tá, tá,
bip, tá-tá, toin...
Cobranças em relação à Dilma e isenção
Meu filho Daniel interpelou-me ontem a respeito do comentário que postei, relativo à curiosidade de como o candidato José Serra vai conseguir atender a tanta promessa de campanha que vem fazendo, como a de elevar o valor do salário mínimo, conceder o 13° pagamento para a bolsa família, colocar dois professores em sala de aula e, ao mesmo tempo, cortar gastos públicos, reequilibrar as contas públicas para, como insistem os conservadores de plantão, poder criar uma folga que permita a redução da taxa de juros - a Selic.
Como nenhum filho é perfeito (risos!!!) e felizmente no caso de minha família, todos têm pensamento próprio e não são meros autômatos repetindo os pensamentos dos pais, meu filho questionou-me o fato de, em querendo ter um blog, segundo ele, o mínimo que eu deveria era ter isenção.
Perguntei-lhe o que ele queria dizer com a crítica e ouvi ele retrucar que eu deveria fazer o mesmo em relação às promessas de Dilma.
***
Provoquei: que promessas da Dilma?
Sem perder o rebolado, ele reconheceu não saber nem mesmo se a candidata fez alguma promessa.
E questionou, mas ela também fez promessas não?
Encerrando a conversa eu lhe respondi que não. Que me recorde, a candidata não fez qualquer promessa especial, ou específica.
Seu discurso foi, em minha avaliação, apenas no sentido de que iria continuar as obras e planos do governo a que serviu e a que pertenceu.
***
O que vimos na campanha da Dilma?
Ela prometer que vai continuar a tocar as obras do PAC.
Ela não disse nem a que ritmo, nem que obras prioritárias, apenas que irá tirar do papel as obras não iniciadas e dar continuidade às já em andamento.
Ela prometeu que vai fazer 500 UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento na Saúde. Quantificar é sempre perigoso, e aí está, na maior parte das situações o motivo para críticas e cobranças posteriores.
Mas, se considerarmos apenas a idéia e não o número, a idéia de fazer UPA ou transformar postos de saúde nestas unidades, a meu ver, de leigo e ignorante do tema, é perfeitamente factível. Não 500, mas 50???
***
A candidata prometeu continuar resgatando da pobreza milhões de famílias. Segundo ela, ampliando ainda mais a cobertura dos programas de benefícios sociais de que o governo Lula se pretende artifice e que tem seu carro chefe no bolsa família.
A candidata prometeu fazer uma política de cunho mais social. E prometeu que, para isso, vai continuar criando um ambiente que permita ao país continuar crescendo, de forma sustentada, como o governo de que ela participou logrou promover.
***
Se pensarmos bem, não houve projeto fura-fila. Não falou de obras, a não ser continuar tocando as ferrovias Transnordestina, Norte-Sul, etc. Falou em melhoria e construção de portos - não disse nem quais, nem quantos.
Não falou em trem-bala, nem em projetos mirabolantes, nem mesmo obras vinculadas aos eventos da Copa do Mundo, ou da Olimpíada.
Falou sim, de continuar abrindo escolas técnicas, e continuar dando ênfase ao Pro-Uni, estendendo sua cobertura.
***
Ou seja, falou muito mais do que Lula fez durante seu mandato, e ainda está fazendo, que de propostas novas. Quando prometeu muito foi dar sequência, dar continuidade.
Procurou, em minha opinião, de carona no governo de que fez parte, passar à população a questão que sempre foi objeto de cobrança no país: a de continuidade no que está dando certo e funcionando.
Falou em expansão, de forma até meio que descompromissada. Expansão de que, de quanto: números, metas, percentuais??? Habilmente, nada!
***
Enquanto isso, a campanha de Serra, desnorteada e sem bandeiras, começou elogiando Lula e seu governo ( e continua elogiando até as últimas peças publicitárias), prosseguiu adotando bandeiras do governo de Lula (aqui, corretamente, no sentido já mencionado de prosseguir fazendo o que vem mostrando que está certo!) e se enveredou por uma discussão de fundamentalismo religioso tão equivocada que acabou perdendo o foco e nem percebendo o vazio do discurso de Dilma.
Vazio, bem entendido, no sentido de que vago, impreciso e apenas calcado no que se fez e está sendo feito.
***
Perdido, o candidato Serra achou o tro-lo-ló e nele se emaranhou.
Pena, a campanha poderia ter sido muito melhor e o nível bem diferente.
É isso, meu filho. Tá aí postado o comentário sobre o discurso de Dilma que, sei, não te deixará satisfeito, e que você continuará classificando como parcial.
Apenas um detalhe: time de futebol, religião, opção sexual, política e ideologia, são questões de foro íntimo. A gente pode e tem o dever e o direito de defender. Mas não impor. E aqui mais uma vez um reparo: o impor não significa que, em tendo o poder, não posso agir como penso certo e acredito. Afinal, se tenho o poder supõe-se que tenha sido outorgado pelo povo e, portanto, gostem ou não, queiram ou não, isso é fruto da democracia em sua plenitude.
Impor que eu disse que não pode, é obrigar o outro a pensar como nós. Porque respeitar pensamentos divergentes é de lei. Nem se discute.
Como nenhum filho é perfeito (risos!!!) e felizmente no caso de minha família, todos têm pensamento próprio e não são meros autômatos repetindo os pensamentos dos pais, meu filho questionou-me o fato de, em querendo ter um blog, segundo ele, o mínimo que eu deveria era ter isenção.
Perguntei-lhe o que ele queria dizer com a crítica e ouvi ele retrucar que eu deveria fazer o mesmo em relação às promessas de Dilma.
***
Provoquei: que promessas da Dilma?
Sem perder o rebolado, ele reconheceu não saber nem mesmo se a candidata fez alguma promessa.
E questionou, mas ela também fez promessas não?
Encerrando a conversa eu lhe respondi que não. Que me recorde, a candidata não fez qualquer promessa especial, ou específica.
Seu discurso foi, em minha avaliação, apenas no sentido de que iria continuar as obras e planos do governo a que serviu e a que pertenceu.
***
O que vimos na campanha da Dilma?
Ela prometer que vai continuar a tocar as obras do PAC.
Ela não disse nem a que ritmo, nem que obras prioritárias, apenas que irá tirar do papel as obras não iniciadas e dar continuidade às já em andamento.
Ela prometeu que vai fazer 500 UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento na Saúde. Quantificar é sempre perigoso, e aí está, na maior parte das situações o motivo para críticas e cobranças posteriores.
Mas, se considerarmos apenas a idéia e não o número, a idéia de fazer UPA ou transformar postos de saúde nestas unidades, a meu ver, de leigo e ignorante do tema, é perfeitamente factível. Não 500, mas 50???
***
A candidata prometeu continuar resgatando da pobreza milhões de famílias. Segundo ela, ampliando ainda mais a cobertura dos programas de benefícios sociais de que o governo Lula se pretende artifice e que tem seu carro chefe no bolsa família.
A candidata prometeu fazer uma política de cunho mais social. E prometeu que, para isso, vai continuar criando um ambiente que permita ao país continuar crescendo, de forma sustentada, como o governo de que ela participou logrou promover.
***
Se pensarmos bem, não houve projeto fura-fila. Não falou de obras, a não ser continuar tocando as ferrovias Transnordestina, Norte-Sul, etc. Falou em melhoria e construção de portos - não disse nem quais, nem quantos.
Não falou em trem-bala, nem em projetos mirabolantes, nem mesmo obras vinculadas aos eventos da Copa do Mundo, ou da Olimpíada.
Falou sim, de continuar abrindo escolas técnicas, e continuar dando ênfase ao Pro-Uni, estendendo sua cobertura.
***
Ou seja, falou muito mais do que Lula fez durante seu mandato, e ainda está fazendo, que de propostas novas. Quando prometeu muito foi dar sequência, dar continuidade.
Procurou, em minha opinião, de carona no governo de que fez parte, passar à população a questão que sempre foi objeto de cobrança no país: a de continuidade no que está dando certo e funcionando.
Falou em expansão, de forma até meio que descompromissada. Expansão de que, de quanto: números, metas, percentuais??? Habilmente, nada!
***
Enquanto isso, a campanha de Serra, desnorteada e sem bandeiras, começou elogiando Lula e seu governo ( e continua elogiando até as últimas peças publicitárias), prosseguiu adotando bandeiras do governo de Lula (aqui, corretamente, no sentido já mencionado de prosseguir fazendo o que vem mostrando que está certo!) e se enveredou por uma discussão de fundamentalismo religioso tão equivocada que acabou perdendo o foco e nem percebendo o vazio do discurso de Dilma.
Vazio, bem entendido, no sentido de que vago, impreciso e apenas calcado no que se fez e está sendo feito.
***
Perdido, o candidato Serra achou o tro-lo-ló e nele se emaranhou.
Pena, a campanha poderia ter sido muito melhor e o nível bem diferente.
É isso, meu filho. Tá aí postado o comentário sobre o discurso de Dilma que, sei, não te deixará satisfeito, e que você continuará classificando como parcial.
Apenas um detalhe: time de futebol, religião, opção sexual, política e ideologia, são questões de foro íntimo. A gente pode e tem o dever e o direito de defender. Mas não impor. E aqui mais uma vez um reparo: o impor não significa que, em tendo o poder, não posso agir como penso certo e acredito. Afinal, se tenho o poder supõe-se que tenha sido outorgado pelo povo e, portanto, gostem ou não, queiram ou não, isso é fruto da democracia em sua plenitude.
Impor que eu disse que não pode, é obrigar o outro a pensar como nós. Porque respeitar pensamentos divergentes é de lei. Nem se discute.
O futebol, a ética e/ou a falta dela, no Jornal da Globo
Voltei de meu cochilo justo na hora em que William Waack apresentava os gols da quarta feira. Era o último quadro do jornaleco televisivo que ele e Christiane Pelajo apresentam todas as noites, antes do programa cada vez mais insurpotável (e sem audiência) do Jô.
Para a apresentação dos gols, como de praxe, chamaram a presença e colaboração de um comentarista esportivo da emissora. Não fiquei sabendo o nome do comentarista, ainda no torpor da sonolência.
Apresentaram os gols das quatro partidas da noite e, embora não me lembro, devem ter tecido mais mil e um elogios ao artilheiro eleito o Garoto do Placar da noite, no programa que sucede à transmissão futebolística e antecede ao Jornal.
Ontem, o escolhido, para variar foi Ronaldo. O Fenômeno. Menos talvez pelo gol em si. Mais pelo fato de ser sempre o escolhido.
Tudo bem. Vi alguns lances, passes de calcanhar, corridas... Até mesmo uma escapada e um pique que um garoto de 20 anos teria dificuldade em protagonizar, Ronaldo tentou. Tentou não, deu. Alcançou a bola e, bisonhamente, acabou caindo ao chão, dentro da área, já ao final do jogo. Sob as vistas de Maldonado, que nem se preocupou em disputar diretamente o lance.
Mas, ontem Rafael Moura do Goiás marcou duas vezes, no empate que seu time conseguiu arrancar, ao final do jogo, contra o Avaí, pela Sulamericana.
Claro, ao fazer dois gols na casa do adversário, o Avaí sai com grandes chances de passar para a fase semi-final, disputa que será travada com o vencedor do jogo decisivo entre Palmeiras e o Galo.
***
Mas não era do jogo do Goiás, nem da Sulamericana, nem de meu GALO, nem de Obina, nem de Ronaldo que eu queria tratar.
Meu assunto é o jornal e a ética. Ou falta dela.
Porque mostrados os gols, os lances; feitos os comentários, surgiu o comentário irônico do William. Fulano, e o lance do jogo Palmeiras e Atlético?
O lance? Vamos descrevê-lo. A bola foi lançada à esquerda do ataque palmeirense, onde estava Lincoln. O ex-atleticano recebeu, invadiu a área e foi calçado por Jorge Campos, zagueiro atleticano.
Incontinente, o juiz apontou a marca da cal. Pênalti.
E aí, o auxiliar de linha, ou segundo árbitro, nomes mais glamorosos que estão agora utilizando para se referir ao bandeirinha chamou a atenção do juíz.
Ouvindo a transmissão do jogo pelo rádio, momentos antes, lembro que o locutor da Itatiaia ("a rádio do futebol de Minas"), comentou que o bandeirinha poderia estar delatando ao juiz algum lance de agressão que ele tivesse visto.
Mas não. Terminada a conferência entre os árbitros, o juiz resolveu voltar atrás em sua decisão e anulou a marcação do pênalti.
Admitindo o erro, o bandeirinha, que não havia levantado seu instrumento de trabalho, contou ao juiz que a posição do jogador Palmeirense era de total e completo impedimento.
***
O lance foi mostrado mais uma vez pela Globo. A preocupação, entretanto, foi de mostrar: que houve o pênalti. Dois: que o bandeirinha não havia levantado a bandeira para assinalar o impedimento enquanto a jogada se desenvolvia. Três: que só depois do pênalti marcado, o bandeirinha faz a observação ao juiz. E, finalmente, que o juiz volta atrás.
Mais uma vez na tela, focaram o bandeirinha correndo sem levantar o bastão.
E o que fizeram, tanto o comentarista da Globo, quanto o apresentador com ar estupidificado?
Elogiaram a postura e o comportamento; a hombridade e a humildade do juiz de linha que reconheceu que errou e recuou em seu erro?
Fizeram algum tipo de comentário deixando claro quão raro é esse procedimento, tanto na vida em geral, quanto no futebol, uma vez que ao admitir seu erro, o juiz pode dar ensejo até mesmo a uma punição, por admitir uma falha clamorosa?
Não!
O que vi e ouvi, confesso que de certa forma com um misto de decepção e nenhuma surpresa, foi o comentarista chamar a atenção para que houve sim o impedimento. Ponto!
Ponto não, vírgula. Mas ele não deu nada.
E o irônico e "gozador"Waack (até o nome dá sono!) perguntando se o bandeirinha não ficou foi arrependido, já que o lance não foi um lance morto, tendo consequências mais graves e decisivas???
***
Posso estar enganado, afinal estava ainda meio grogue de sono, mas no ar, a imagem que me passou foi a de que estavam, de certa forma, culpando o juiz por ter voltado atrás. Afinal, se já tinha mesmo seguido a jogada, o certo era tocar para a frente...
Minha impressão é que estavam criticando a situação que, afinal, prejudicou e impediu a vitória - não especificamente do Palmeiras, mas de um time de São Paulo.
***
Neste momento, e com essa sensação, lembrei de todos os especialistas que insistentemente, recomendam não ter aparelho de televisão instalado no quarto de dormir, de forma a que nada possa vir a perturbar que se tenha um sono reparador e confortante.
Recomendação que se estende em um arco de alianças que engloba tanto a classe de cientistas do sono, de médicos, em um espectro, quanto a visão mais esotérica, por exemplo, do feng shui.
E, sem ficar fazendo caraminholas quanto à questão de por onde passou a ética naquele patético final de jornal, desliguei a tevê e fui dormir.
Lamentando, por um lado, não ter dormido direto. Por outro, agradecendo por ter podido desligar o aparelho e deixar de contribuir para o processo de distribuição de renda, da minha renda para a Cemig.
Para a apresentação dos gols, como de praxe, chamaram a presença e colaboração de um comentarista esportivo da emissora. Não fiquei sabendo o nome do comentarista, ainda no torpor da sonolência.
Apresentaram os gols das quatro partidas da noite e, embora não me lembro, devem ter tecido mais mil e um elogios ao artilheiro eleito o Garoto do Placar da noite, no programa que sucede à transmissão futebolística e antecede ao Jornal.
Ontem, o escolhido, para variar foi Ronaldo. O Fenômeno. Menos talvez pelo gol em si. Mais pelo fato de ser sempre o escolhido.
Tudo bem. Vi alguns lances, passes de calcanhar, corridas... Até mesmo uma escapada e um pique que um garoto de 20 anos teria dificuldade em protagonizar, Ronaldo tentou. Tentou não, deu. Alcançou a bola e, bisonhamente, acabou caindo ao chão, dentro da área, já ao final do jogo. Sob as vistas de Maldonado, que nem se preocupou em disputar diretamente o lance.
Mas, ontem Rafael Moura do Goiás marcou duas vezes, no empate que seu time conseguiu arrancar, ao final do jogo, contra o Avaí, pela Sulamericana.
Claro, ao fazer dois gols na casa do adversário, o Avaí sai com grandes chances de passar para a fase semi-final, disputa que será travada com o vencedor do jogo decisivo entre Palmeiras e o Galo.
***
Mas não era do jogo do Goiás, nem da Sulamericana, nem de meu GALO, nem de Obina, nem de Ronaldo que eu queria tratar.
Meu assunto é o jornal e a ética. Ou falta dela.
Porque mostrados os gols, os lances; feitos os comentários, surgiu o comentário irônico do William. Fulano, e o lance do jogo Palmeiras e Atlético?
O lance? Vamos descrevê-lo. A bola foi lançada à esquerda do ataque palmeirense, onde estava Lincoln. O ex-atleticano recebeu, invadiu a área e foi calçado por Jorge Campos, zagueiro atleticano.
Incontinente, o juiz apontou a marca da cal. Pênalti.
E aí, o auxiliar de linha, ou segundo árbitro, nomes mais glamorosos que estão agora utilizando para se referir ao bandeirinha chamou a atenção do juíz.
Ouvindo a transmissão do jogo pelo rádio, momentos antes, lembro que o locutor da Itatiaia ("a rádio do futebol de Minas"), comentou que o bandeirinha poderia estar delatando ao juiz algum lance de agressão que ele tivesse visto.
Mas não. Terminada a conferência entre os árbitros, o juiz resolveu voltar atrás em sua decisão e anulou a marcação do pênalti.
Admitindo o erro, o bandeirinha, que não havia levantado seu instrumento de trabalho, contou ao juiz que a posição do jogador Palmeirense era de total e completo impedimento.
***
O lance foi mostrado mais uma vez pela Globo. A preocupação, entretanto, foi de mostrar: que houve o pênalti. Dois: que o bandeirinha não havia levantado a bandeira para assinalar o impedimento enquanto a jogada se desenvolvia. Três: que só depois do pênalti marcado, o bandeirinha faz a observação ao juiz. E, finalmente, que o juiz volta atrás.
Mais uma vez na tela, focaram o bandeirinha correndo sem levantar o bastão.
E o que fizeram, tanto o comentarista da Globo, quanto o apresentador com ar estupidificado?
Elogiaram a postura e o comportamento; a hombridade e a humildade do juiz de linha que reconheceu que errou e recuou em seu erro?
Fizeram algum tipo de comentário deixando claro quão raro é esse procedimento, tanto na vida em geral, quanto no futebol, uma vez que ao admitir seu erro, o juiz pode dar ensejo até mesmo a uma punição, por admitir uma falha clamorosa?
Não!
O que vi e ouvi, confesso que de certa forma com um misto de decepção e nenhuma surpresa, foi o comentarista chamar a atenção para que houve sim o impedimento. Ponto!
Ponto não, vírgula. Mas ele não deu nada.
E o irônico e "gozador"Waack (até o nome dá sono!) perguntando se o bandeirinha não ficou foi arrependido, já que o lance não foi um lance morto, tendo consequências mais graves e decisivas???
***
Posso estar enganado, afinal estava ainda meio grogue de sono, mas no ar, a imagem que me passou foi a de que estavam, de certa forma, culpando o juiz por ter voltado atrás. Afinal, se já tinha mesmo seguido a jogada, o certo era tocar para a frente...
Minha impressão é que estavam criticando a situação que, afinal, prejudicou e impediu a vitória - não especificamente do Palmeiras, mas de um time de São Paulo.
***
Neste momento, e com essa sensação, lembrei de todos os especialistas que insistentemente, recomendam não ter aparelho de televisão instalado no quarto de dormir, de forma a que nada possa vir a perturbar que se tenha um sono reparador e confortante.
Recomendação que se estende em um arco de alianças que engloba tanto a classe de cientistas do sono, de médicos, em um espectro, quanto a visão mais esotérica, por exemplo, do feng shui.
E, sem ficar fazendo caraminholas quanto à questão de por onde passou a ética naquele patético final de jornal, desliguei a tevê e fui dormir.
Lamentando, por um lado, não ter dormido direto. Por outro, agradecendo por ter podido desligar o aparelho e deixar de contribuir para o processo de distribuição de renda, da minha renda para a Cemig.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Curiosidade que não quer calar
Tendo que trabalhar no primeiro ano de mandato com o Orçamento aprovado pela legislatura anterior, baseado em projeto de lei orçamentária encaminhado pelo executivo cujo mandato está se esgotando, como o Serra terá condições de elevar o salário mínimo - sem trazer maiores transtornos para as contas da Previdência - para os 600 reais que ele tem prometido e se comprometido a fazer?
***
Como, ao mesmo tempo, ele vai promover o corte de gastos públicos, destinado a obter a redução do grau de endividamento e permitir a redução da Selic, atualmente sua grande preocupação e, em minha humilde opinião, preocupação correta, pelo menos no que se refere à redução da Selic?
***
Como vai aumentar os recursos utilizados do orçamento da seguridade social, para pagar o 13° do Bolsa Família, o que nos remete à questão já mencionada na primeira dúvida, do rombo da Previdência e da questão de como financiar esse gasto?
***
Como vai duplicar as despesas com Educação, em orçamento onde as despesas para essa área já estão contidas pela aprovação de DRU´s, que tolhem a verba destinada exatamente a essa pasta? Em tempo: DRU são as desvinculações das receitas da União, que permite que a Constituição não seja obedecida, no que tange ao que é tratado como engessamento, a saber: obrigar a alocação de um percentual fixo para certas áreas, como a Educação.
***
Porque o Serra não se comprometeu em investir em Educação o montante que Plínio pediu que ele se comprometesse a adotar em todos os debates em que esteve presente, e que levou o candidato do PSOL à constatação de que o candidato Serra e seu discurso merecessem qualquer análise séria?
***
Como Serra vai duplicar o número de professores em sala, dobrando os gastos mais volumosos na área de Educação, que é, fora o lucro dos empresários (custo econômico, pela definição de fatores de produção) o gasto com pessoal?
***
Como o professor Serra que tratou seus colegas de profissão e carreira a pão e água, razão das várias greves do professorado público em São Paulo, sempre remunerando aquém do requisitado irá conseguir recrutar profissionais para trabalharem nessa área, para a qual ele sempre mostrou tanto desdém?
Quem irá querer trabalhar para um professor que já deu provas evidentes de não ser bom patrão?
E que qualidade de profissionais irá se prestar a trabalhar a salários que são considerados de fome?
***
Qual o nível de qualidade da educação pode-se esperar de um governo de quem, depois de promover um processo de avaliação de professores, para justificar que eles não mereciam melhores remunerações, desqualificando-os à frente da população do estado bandeirante, acabou tendo que admitir que esses professores permanecessem em sala de aula, por falta de tempo de recrutamento de outros mestres e, talvez até de interessados?
***
Como Serra vai criar o Ministério da Segurança, criar uma Força Especial de patrulhamento da fronteira, etc., inchando a máquina pública que ele mesmo condena ter sido já suficientemente inchada por Lula?
***
Como o economista Serra critica a elevação do preço da carne, e de gêneros alimentícios, tratando tais aumentos como se fossem decorrentes de descaso das políticas agrícolas e pecuária do governo Lula, quando todo o setor produtivo tem mostrado satisfação por estar elevando sua produtividade, exceto algumas queixas localizadas de verba de custeio e financiamento de safra decididas com atraso, mas asseguradas. Ou seja, em condições de permitir o agricultor plantar com recursos próprios, para obter o financiamento governamental, compensatório, em meio ao processo produtivo?
Repito, como Serra critica a alta do preço de produtos que toda a mídia aponta como sendo de responsabilidade da demanda?
***
Por que houve aumento de demanda externa por carne, no momento em que o gado foi em grande parte abatido por falta de estímulo ao setor, inclusive com o abate de matrizes, por falta de consumo?
Como pode a demanda externa da melhoria da condição de vida de povos como os chineses, ser responsabilidade da política do governo Lula?
E, no âmbito interno, como o economista nega a crescente elevação de demanda que encarece sim o preço dos produtos a que, pela vez primeira a população dita mais carente está tendo acesso?
***
Serra vai conseguir responder a minhas indagações privatizando para obter recursos extraordinários? Vendendo patrimônio público, financiado com recursos de gerações de brasileiros, e com perspectivas de lucro (caso contrário ninguém irá desejar tal patrimônio!)? Ou vai fazer uma reforma tributária ou propor a aprovação de uma reforma que irá elevar em muito a carga que hoje já se considera exagerada?
Ou vai demitir funcionários públicos para enxugar a máquina, debilitando a capacidade de o Estado proporcionar serviços públicos à população e fortalecendo os argumentos dos que criticam a inoperância e incapacidade de atuação do mesmo Estado falido?
Ou Serra pretende se tornar o oposto do que sempre quis ser? Transformar-se naquilo que sempre combateu, um mentiroso? Demagogo? Que faz um discurso agora com a certeza de que, em ganhando, não precisará de cumprir suas promessas?
***
Mas, a julgar pelas pesquisas, porque tanta preocupação de minha parte com quem não deve, felizmente para minhas dúvidas e minha tranquilidade, ganhar?
***
Como, ao mesmo tempo, ele vai promover o corte de gastos públicos, destinado a obter a redução do grau de endividamento e permitir a redução da Selic, atualmente sua grande preocupação e, em minha humilde opinião, preocupação correta, pelo menos no que se refere à redução da Selic?
***
Como vai aumentar os recursos utilizados do orçamento da seguridade social, para pagar o 13° do Bolsa Família, o que nos remete à questão já mencionada na primeira dúvida, do rombo da Previdência e da questão de como financiar esse gasto?
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Como vai duplicar as despesas com Educação, em orçamento onde as despesas para essa área já estão contidas pela aprovação de DRU´s, que tolhem a verba destinada exatamente a essa pasta? Em tempo: DRU são as desvinculações das receitas da União, que permite que a Constituição não seja obedecida, no que tange ao que é tratado como engessamento, a saber: obrigar a alocação de um percentual fixo para certas áreas, como a Educação.
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Porque o Serra não se comprometeu em investir em Educação o montante que Plínio pediu que ele se comprometesse a adotar em todos os debates em que esteve presente, e que levou o candidato do PSOL à constatação de que o candidato Serra e seu discurso merecessem qualquer análise séria?
***
Como Serra vai duplicar o número de professores em sala, dobrando os gastos mais volumosos na área de Educação, que é, fora o lucro dos empresários (custo econômico, pela definição de fatores de produção) o gasto com pessoal?
***
Como o professor Serra que tratou seus colegas de profissão e carreira a pão e água, razão das várias greves do professorado público em São Paulo, sempre remunerando aquém do requisitado irá conseguir recrutar profissionais para trabalharem nessa área, para a qual ele sempre mostrou tanto desdém?
Quem irá querer trabalhar para um professor que já deu provas evidentes de não ser bom patrão?
E que qualidade de profissionais irá se prestar a trabalhar a salários que são considerados de fome?
***
Qual o nível de qualidade da educação pode-se esperar de um governo de quem, depois de promover um processo de avaliação de professores, para justificar que eles não mereciam melhores remunerações, desqualificando-os à frente da população do estado bandeirante, acabou tendo que admitir que esses professores permanecessem em sala de aula, por falta de tempo de recrutamento de outros mestres e, talvez até de interessados?
***
Como Serra vai criar o Ministério da Segurança, criar uma Força Especial de patrulhamento da fronteira, etc., inchando a máquina pública que ele mesmo condena ter sido já suficientemente inchada por Lula?
***
Como o economista Serra critica a elevação do preço da carne, e de gêneros alimentícios, tratando tais aumentos como se fossem decorrentes de descaso das políticas agrícolas e pecuária do governo Lula, quando todo o setor produtivo tem mostrado satisfação por estar elevando sua produtividade, exceto algumas queixas localizadas de verba de custeio e financiamento de safra decididas com atraso, mas asseguradas. Ou seja, em condições de permitir o agricultor plantar com recursos próprios, para obter o financiamento governamental, compensatório, em meio ao processo produtivo?
Repito, como Serra critica a alta do preço de produtos que toda a mídia aponta como sendo de responsabilidade da demanda?
***
Por que houve aumento de demanda externa por carne, no momento em que o gado foi em grande parte abatido por falta de estímulo ao setor, inclusive com o abate de matrizes, por falta de consumo?
Como pode a demanda externa da melhoria da condição de vida de povos como os chineses, ser responsabilidade da política do governo Lula?
E, no âmbito interno, como o economista nega a crescente elevação de demanda que encarece sim o preço dos produtos a que, pela vez primeira a população dita mais carente está tendo acesso?
***
Serra vai conseguir responder a minhas indagações privatizando para obter recursos extraordinários? Vendendo patrimônio público, financiado com recursos de gerações de brasileiros, e com perspectivas de lucro (caso contrário ninguém irá desejar tal patrimônio!)? Ou vai fazer uma reforma tributária ou propor a aprovação de uma reforma que irá elevar em muito a carga que hoje já se considera exagerada?
Ou vai demitir funcionários públicos para enxugar a máquina, debilitando a capacidade de o Estado proporcionar serviços públicos à população e fortalecendo os argumentos dos que criticam a inoperância e incapacidade de atuação do mesmo Estado falido?
Ou Serra pretende se tornar o oposto do que sempre quis ser? Transformar-se naquilo que sempre combateu, um mentiroso? Demagogo? Que faz um discurso agora com a certeza de que, em ganhando, não precisará de cumprir suas promessas?
***
Mas, a julgar pelas pesquisas, porque tanta preocupação de minha parte com quem não deve, felizmente para minhas dúvidas e minha tranquilidade, ganhar?
Aos Urubus - nada a ver com o Flamengo
AOS URUBUS
Pobres urubus
que voam alto
lá no céu
Pobres urubus
que voam sobre nossas cabeças
despejando sobre nós
detritos de carniça
Pobres urubus
que infestados de germes
mas sem outra solução
avançam uns contra os outros
e lutam desesperados
por um pouco de carniça
Pobres, mais pobres ainda
dos urubus da terra
que não só brigam
fazem guerra
por um pedaço de carniça
e não percebem
que nesta luta louca
tornam-se responsáveis
pelo mal dos germes
Pobres dos urubus do chão
que escolhem a morte como opção.
Notículas - que terminam em discussão de impostos
Bate, às vezes, uma saudade do Kafunga e suas geniais tiradas.
No Brasil o errado é que tá certo. O certo tá errado.
Lembro-me de meu amigo/irmão, o Luiz Fernando, de Sampa: isso aqui é uma fuzarca. Até o traficante vicia. O gigolô se apaixona.
E a Juíza de Direito da Comarca de Esmeraldas diz que o Bruno deveria estar solto, por ter residência fixa; já não poder pressionar qualquer testemunha; porque o namorado da Mércia Nakashima, está em liberdade.
Em relação a essa assunto, minha opinião coincide com a do Marquinhos, com quem pego carona para o trabalho: mas... errado está o Mizael, acusado pela morte da Mércia, estar solto.
Total inversão de valores...
***
Lendo a nota postada ontem, sobre a questão da Previdência, alguns colegas vieram comentar e acabaram por apresentar uma sugestão. Repasso a sugestão, da Vera e do Fernando Baiano: elevar a idade mínima para aposentadoria. Em contrapartida, reduzir a jornada de trabalho, conforme projeto de lei esperando para ir a plenário no Congresso, para votação.
Bem entendido: redução da jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais, sem redução da remuneração.
***
Comemorou-se, ontem, a cifra recorde alcançada pela arrecadação de impostos em todas as instâncias administrativas (federal, estadual e municipal), de 1 trilhão de reais, medida pelo impostômetro.
Confesso que gostaria que a imprensa noticiasse o evento de forma mais completa, dando tanto destaque para os números, quanto para a metodologia que permite cálculo tão preciso.
Claro está que a comemoração é sempre irônica, com o sentido da crítica mais que qualquer outro fundamento.
E, claro, para mim, a necessidade de se discutir uma reforma tributária no país.
Urge desonerar a produção. Urge desonerar a folha de salários, de forma a aumentar impostos.
Mas, cuidado!
Desonerar a folha de salários não pode ser confundido com flexibilização da legislação trabalhista.
A busca da competitividade que permita ampliar nossas exportações não pode ser alcançada nos transformando a todos em uma grande China, onde os trabalhadores não têm salários dignos, nem qualquer tipo de rede social de proteção implantada para dar-lhes um mínimo de segurança e tranquilidade.
Por outro lado, as grandes fortunas têm de ser pesadamente tributadas. Também deverá ser estabelecido um imposto pesado sobre a transmissão de herança, salvo se os recursos da herança forem canalizados para a instituição de alguma fundação, fiscalizada por organismos sociais de controle, e com a finalidade precípua de realizar algum trabalho de cunho social, aqui considerado como investimento em educação, pesquisa e tecnologia, concessão de bolsas de estudo nos vários níveis, concessão de financiamentos de pequena monta para incentivo à implantação de pequenos e micronegócios.
Nem me incomodaria que os herdeiros fosse regiamente remunerados, por ocuparem cargos de gestão ou mesmo nos conselhos de tais fundações. Ou seja: ganhariam o suficiente para terem vida de nobres, e ajudariam ao Estado a ter mais instrumentos para a prática do combate aos pobres.
***
Mas, não fica aí a reforma tributária que deveria ser feita. Imposto de renda com alíquotas mais progressivas e em maior número. Imposto pago com nota a parte, e de valor agregado, nos negócios de varejo. E, na minha opinião o mais importante deles: o imposto sobre movimentação financeira, o antigo CPMF.
Esse imposto, o único que o Congresso se apressou para eliminar, até hoje me deixa dúvidas: tal pressa foi tão somente uma atitude política adotada para retirar ao Presidente Lula e seu governo recursos financeiros, reduzindo seu espaço de manobra e de realização de políticas de cunho social, ou até mesmo populista?
Ou foi medo do único imposto que, efetivamente conseguia não deixar de fora nenhum contribuinte.
Afinal, a CPMF, cujo final foi muito comemorado pela grande imprensa, era o imposto que alcançava desde o político, até o maior facínora, o traficante, o contrabandista, o golpista de colarinho branco, azul, multicor, etc.
***
Quando se inicia a discussão sobre a carga tributária e até mesmo uma reforma nesta área, sempre tem alguém que apresenta, como contraponto, a questão da utilização dessa carga de tributos. Sempre alguém critica o mal emprego de verbas públicas, e sempre a discussão se perde, pela mistura proposital de assuntos. Afinal, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Não que eu não pense que devemos na sociedade brasileira, discutirmos os gastos públicos e, em especial, a forma de controle desses gastos. Mas, isso não impede de tratar-se a questão da política tributária como independente e autônoma. Senão a arrecadação deixa de ser aprimorada, e até torna-se irracional e excessiva, por força de a discussão não poder se desenvolver.
***
E essa discussão é muito importante.
Correndo o risco de estar chovendo no molhado, e falando obviedades acacianas, o problema é que, quem mais paga e, portanto, mais reclama da carga escorchante de impostos é exatamente a classe média.
E, curiosamente, quem mais reclama da ausência do Estado, seja reclamando da ausência de estradas em condições de rodagem, das ruas esburacadas, da ausência de transporte público de massa, minimamente decente; quem reclama da falta de assistência médica de alta qualificação, da distribuição de remédios mais eficiente e a preços mais acessíveis; quem reclama da falta de banda larga mais barata para poder ligar seu computador e baixar (pirateando???) os filmes da internet; quem reclama da falta de infra-estrutura que permita o melhor desempenho e eficiência de suas empresas, médias ou pequenas é a classe média. Exatamente a que mais paga.
Mas, inverta a questão: por ser a que mais demanda serviços públicos, é a classe que mais reclama a que teria mesmo a responsabilidade de pagar a maior cota.
Claro está que a distribuição dessa carga tem que ser mais justa. Daí a necessidade de discussão, mesmo que você que está acessando e lendo essas notas não concorde com nenhuma da minhas propostas ou idéias.
No Brasil o errado é que tá certo. O certo tá errado.
Lembro-me de meu amigo/irmão, o Luiz Fernando, de Sampa: isso aqui é uma fuzarca. Até o traficante vicia. O gigolô se apaixona.
E a Juíza de Direito da Comarca de Esmeraldas diz que o Bruno deveria estar solto, por ter residência fixa; já não poder pressionar qualquer testemunha; porque o namorado da Mércia Nakashima, está em liberdade.
Em relação a essa assunto, minha opinião coincide com a do Marquinhos, com quem pego carona para o trabalho: mas... errado está o Mizael, acusado pela morte da Mércia, estar solto.
Total inversão de valores...
***
Lendo a nota postada ontem, sobre a questão da Previdência, alguns colegas vieram comentar e acabaram por apresentar uma sugestão. Repasso a sugestão, da Vera e do Fernando Baiano: elevar a idade mínima para aposentadoria. Em contrapartida, reduzir a jornada de trabalho, conforme projeto de lei esperando para ir a plenário no Congresso, para votação.
Bem entendido: redução da jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais, sem redução da remuneração.
***
Comemorou-se, ontem, a cifra recorde alcançada pela arrecadação de impostos em todas as instâncias administrativas (federal, estadual e municipal), de 1 trilhão de reais, medida pelo impostômetro.
Confesso que gostaria que a imprensa noticiasse o evento de forma mais completa, dando tanto destaque para os números, quanto para a metodologia que permite cálculo tão preciso.
Claro está que a comemoração é sempre irônica, com o sentido da crítica mais que qualquer outro fundamento.
E, claro, para mim, a necessidade de se discutir uma reforma tributária no país.
Urge desonerar a produção. Urge desonerar a folha de salários, de forma a aumentar impostos.
Mas, cuidado!
Desonerar a folha de salários não pode ser confundido com flexibilização da legislação trabalhista.
A busca da competitividade que permita ampliar nossas exportações não pode ser alcançada nos transformando a todos em uma grande China, onde os trabalhadores não têm salários dignos, nem qualquer tipo de rede social de proteção implantada para dar-lhes um mínimo de segurança e tranquilidade.
Por outro lado, as grandes fortunas têm de ser pesadamente tributadas. Também deverá ser estabelecido um imposto pesado sobre a transmissão de herança, salvo se os recursos da herança forem canalizados para a instituição de alguma fundação, fiscalizada por organismos sociais de controle, e com a finalidade precípua de realizar algum trabalho de cunho social, aqui considerado como investimento em educação, pesquisa e tecnologia, concessão de bolsas de estudo nos vários níveis, concessão de financiamentos de pequena monta para incentivo à implantação de pequenos e micronegócios.
Nem me incomodaria que os herdeiros fosse regiamente remunerados, por ocuparem cargos de gestão ou mesmo nos conselhos de tais fundações. Ou seja: ganhariam o suficiente para terem vida de nobres, e ajudariam ao Estado a ter mais instrumentos para a prática do combate aos pobres.
***
Mas, não fica aí a reforma tributária que deveria ser feita. Imposto de renda com alíquotas mais progressivas e em maior número. Imposto pago com nota a parte, e de valor agregado, nos negócios de varejo. E, na minha opinião o mais importante deles: o imposto sobre movimentação financeira, o antigo CPMF.
Esse imposto, o único que o Congresso se apressou para eliminar, até hoje me deixa dúvidas: tal pressa foi tão somente uma atitude política adotada para retirar ao Presidente Lula e seu governo recursos financeiros, reduzindo seu espaço de manobra e de realização de políticas de cunho social, ou até mesmo populista?
Ou foi medo do único imposto que, efetivamente conseguia não deixar de fora nenhum contribuinte.
Afinal, a CPMF, cujo final foi muito comemorado pela grande imprensa, era o imposto que alcançava desde o político, até o maior facínora, o traficante, o contrabandista, o golpista de colarinho branco, azul, multicor, etc.
***
Quando se inicia a discussão sobre a carga tributária e até mesmo uma reforma nesta área, sempre tem alguém que apresenta, como contraponto, a questão da utilização dessa carga de tributos. Sempre alguém critica o mal emprego de verbas públicas, e sempre a discussão se perde, pela mistura proposital de assuntos. Afinal, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Não que eu não pense que devemos na sociedade brasileira, discutirmos os gastos públicos e, em especial, a forma de controle desses gastos. Mas, isso não impede de tratar-se a questão da política tributária como independente e autônoma. Senão a arrecadação deixa de ser aprimorada, e até torna-se irracional e excessiva, por força de a discussão não poder se desenvolver.
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E essa discussão é muito importante.
Correndo o risco de estar chovendo no molhado, e falando obviedades acacianas, o problema é que, quem mais paga e, portanto, mais reclama da carga escorchante de impostos é exatamente a classe média.
E, curiosamente, quem mais reclama da ausência do Estado, seja reclamando da ausência de estradas em condições de rodagem, das ruas esburacadas, da ausência de transporte público de massa, minimamente decente; quem reclama da falta de assistência médica de alta qualificação, da distribuição de remédios mais eficiente e a preços mais acessíveis; quem reclama da falta de banda larga mais barata para poder ligar seu computador e baixar (pirateando???) os filmes da internet; quem reclama da falta de infra-estrutura que permita o melhor desempenho e eficiência de suas empresas, médias ou pequenas é a classe média. Exatamente a que mais paga.
Mas, inverta a questão: por ser a que mais demanda serviços públicos, é a classe que mais reclama a que teria mesmo a responsabilidade de pagar a maior cota.
Claro está que a distribuição dessa carga tem que ser mais justa. Daí a necessidade de discussão, mesmo que você que está acessando e lendo essas notas não concorde com nenhuma da minhas propostas ou idéias.
Sobre flores - poema
FLORES
Havia flores na sala
Na sala de visita havia flores.
Num canto bacias gigantescas
com folhas em toda plenitude
Folhas verdes, gigantescas
que pareciam sorrir
protegidas do mal
incapaz de atingi-las.
Por isso, havia flores na sala
Com pouco sol, mas muito amor
com pouco ar e exíguo espaço
que cresciam felizes, sadias
Num canto flores pequenas
coloridas, serenas
assinalando o tempo,
em que as visitas disputavam o espaço com as flores...
da sala de visitas.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Previdência, aposentadoria e envelhecimento - os dilemas da 3a idade
Foi divulgado hoje o superavit primário histórico obtido pelo governo, no mês de setembro - até por efeito da capitalização da Petrobrás.
Do total de recursos extraídos da população (via carga tributária) e não devolvidos em serviços (os tais contingenciamentos e economias...), em descumprimento à finalidade última do papel do sistema tributário e do governo (aquele que se pretendia "do povo, para o povo, etc."), 26 bilhões, pouco mais, pouco menos, transformam-se em superávit primário.
***
Superávit primário é o eufemismo que a grande imprensa utiliza para dizer que o dinheiro que o povo pagou e não teve benefício vai servir para beneficiar os portadores de títulos da dívida mobiliária interna, os bancos, as grandes fortunas, esses que são os únicos favoráveis à manutenção de uma taxa de juros estratosférica, comparada ao resto do mundo, de 10,75% ao ano.
Porque, para quem viu o debate ontem, por exemplo, ou já ouviu o candidato Serra, pessoalmente, nem ele é favorável a taxas tão exorbitantes, que estão estrangulando as pequenas e médias empresas, a indústria nacional e, de quebra os setores exportadores.
***
Mas, do total do superávit gerado, de responsabilidade do Tesouro, do Banco Central e da Previdência, ressalta um número, identificado em alguns sites, como sendo um déficit de 9,2 bilhões de reais, de responsabilidade da Previdência.
No ano, o valor do déficit previdênciário atinge a cifra de 39,8 bilhões até setembro.
Somando a essa informação as notícias dos conflitos que estão gerando o caos na França, motivados por mudanças propostas e aprovadas nas casas legislativas, em relação à Previdência, conclui-se que o problema é sério e deveria ser, esse sim, objeto de questionamento e debates por parte dos candidatos a Presidência da República.
***
Sobre o tema, órgãos do próprio governo já sugerem a necessidade de se promover mudanças destinadas a permitirem uma reforma da Previdência, capaz de asssegurar a sua persistência e continuidade no tempo, tendo em vista a questão crucial de seu financiamento. O problema é que, dado o envelhecimento da população brasileira, a Previdência terá problemas para continuar pagando os benefícios - por mais tempo de vida após o emprego.
***
As opções apresentadas são: aumento do tempo de permanência no trabalho com aumento de tempo de contribuição; aumento das alíquotas de contribuição; perda do valor das aposentadorias, justamente no momento em que as pessoas estão mais necessitadas de uma renda real estável.
A tendência indica que a opção mais plausível é a de elevação da idade mínima para aposentadoria, em todo o mundo.
Importante frisar: o problema não é de má gestão, nem de corrupção, nem de empreguismo ou qualquer coisa que os mais apressados poderiam supor, em se tratando de Brasil e de nossa tradição e experiência.
O problema é em escala global e, volta e meia, noticia-se a preocupação de países desenvolvidos promoverem mudanças em seu sistema de seguridade social.
***
Pesquisando o blog da coluna de Ricardo Setti, no endereço veja.abril.com.br, extraí os seguintes dados para tempo de idade mínima para aposentadoria em países diversos. Ao lado da idade requerida, entre parêntesis, a idade que se pretende seja exigida, no futuro próximo.
Bélgica, Itália, Suécia e Portugal - tempo de idade mínima 65 anos, sem previsão de mudanças;
Reino Unido, Holanda, Espanha e Dinamarca - 65 anos (alteração para 67)
República Checa, Hungria, Romênia, Bulgária e Suíça - idade entre 61 e 64 anos.
Na França, a reforma aprovada altera a idade de 60 para 62 anos.
***
Analistas observam que o problema maior e mais significativo, razão mesmo das reações vistas na França, situam-se menos na questão da definição de uma idade mínima, e mais na questão de aumento no tempo de contribuição, que tornará cada vez mais difícil ser alcançado para a concessão do benefício.
Mas, além da França, há a recomendação da União Européia de elevação da idade mínima para 70 anos, até 2060, para seus 27 países membros.
A questão, que se reproduz em nosso país, embora em menor escala, tem a ver com o fato de, enquanto hoje existem 4 trabalhadores para cada aposentado, a expectativa é que em 2060 a proporção de trabalhadores ativos para cada aposentado caia para 2 para 1.
***
Aqui no Brasil, atualmente, para cada idoso, temos 10 pessoas em idade produtiva, o que torna nossa situação mais tranquila, mas nem por isso, menos preocupante.
Ademais, ao contrário da posição de alguns estudos e estudiosos do assunto, que praticamente suprimem qualquer foco mais humanistico, por uma abordagem meramente contábil-financeira, há que se levar em conta, em nosso país, uma série de características que envolvem, inclusive a própria qualidade de trabalho aqui existente.
Destaca-se nesse tipo de estudos o economista Fábio Giambiagi do BNDES, autor de um estudo previdenciário feito praticamente sob encomenda para os interesses do sistema financeiro, que propõe a elevação da idade mínima de aposentadoria de maneira ampla e irrestrita, sem levar em conta, por exemplo, os trabalhadores que exercem atividades que demandam grande esforço físico.
Esses, aos 50 anos, pouco mais, já sentem os efeitos do desgaste a que foram submetidos, podendo transformarem-se em alvo de acidentes e doenças, por força de prolongamento do seu período laboral.
Na mesma situação encontram-se aqueles trabalhadores que desenvolvem trabalhos em condições de repetição de movimentos, ou que exigem características como acuidade visual e reflexos, ou cuja atividade se desenvolve em ambiente de trabalho em condições inadequadas.
***
Ou seja: o problema existe e é sério. E tem de ser objeto de debate por toda a sociedade, em especial para que se encontrem soluções capazes de preservar o sistema de solidariedade representado pelo regime de repartição adotado hoje no sistema previdenciário brasileiro, bem superior à proposta de capitalização, que tanto atrai os arautos do liberalismo e do capitalismo de mercado.
Do total de recursos extraídos da população (via carga tributária) e não devolvidos em serviços (os tais contingenciamentos e economias...), em descumprimento à finalidade última do papel do sistema tributário e do governo (aquele que se pretendia "do povo, para o povo, etc."), 26 bilhões, pouco mais, pouco menos, transformam-se em superávit primário.
***
Superávit primário é o eufemismo que a grande imprensa utiliza para dizer que o dinheiro que o povo pagou e não teve benefício vai servir para beneficiar os portadores de títulos da dívida mobiliária interna, os bancos, as grandes fortunas, esses que são os únicos favoráveis à manutenção de uma taxa de juros estratosférica, comparada ao resto do mundo, de 10,75% ao ano.
Porque, para quem viu o debate ontem, por exemplo, ou já ouviu o candidato Serra, pessoalmente, nem ele é favorável a taxas tão exorbitantes, que estão estrangulando as pequenas e médias empresas, a indústria nacional e, de quebra os setores exportadores.
***
Mas, do total do superávit gerado, de responsabilidade do Tesouro, do Banco Central e da Previdência, ressalta um número, identificado em alguns sites, como sendo um déficit de 9,2 bilhões de reais, de responsabilidade da Previdência.
No ano, o valor do déficit previdênciário atinge a cifra de 39,8 bilhões até setembro.
Somando a essa informação as notícias dos conflitos que estão gerando o caos na França, motivados por mudanças propostas e aprovadas nas casas legislativas, em relação à Previdência, conclui-se que o problema é sério e deveria ser, esse sim, objeto de questionamento e debates por parte dos candidatos a Presidência da República.
***
Sobre o tema, órgãos do próprio governo já sugerem a necessidade de se promover mudanças destinadas a permitirem uma reforma da Previdência, capaz de asssegurar a sua persistência e continuidade no tempo, tendo em vista a questão crucial de seu financiamento. O problema é que, dado o envelhecimento da população brasileira, a Previdência terá problemas para continuar pagando os benefícios - por mais tempo de vida após o emprego.
***
As opções apresentadas são: aumento do tempo de permanência no trabalho com aumento de tempo de contribuição; aumento das alíquotas de contribuição; perda do valor das aposentadorias, justamente no momento em que as pessoas estão mais necessitadas de uma renda real estável.
A tendência indica que a opção mais plausível é a de elevação da idade mínima para aposentadoria, em todo o mundo.
Importante frisar: o problema não é de má gestão, nem de corrupção, nem de empreguismo ou qualquer coisa que os mais apressados poderiam supor, em se tratando de Brasil e de nossa tradição e experiência.
O problema é em escala global e, volta e meia, noticia-se a preocupação de países desenvolvidos promoverem mudanças em seu sistema de seguridade social.
***
Pesquisando o blog da coluna de Ricardo Setti, no endereço veja.abril.com.br, extraí os seguintes dados para tempo de idade mínima para aposentadoria em países diversos. Ao lado da idade requerida, entre parêntesis, a idade que se pretende seja exigida, no futuro próximo.
Bélgica, Itália, Suécia e Portugal - tempo de idade mínima 65 anos, sem previsão de mudanças;
Reino Unido, Holanda, Espanha e Dinamarca - 65 anos (alteração para 67)
República Checa, Hungria, Romênia, Bulgária e Suíça - idade entre 61 e 64 anos.
Na França, a reforma aprovada altera a idade de 60 para 62 anos.
***
Analistas observam que o problema maior e mais significativo, razão mesmo das reações vistas na França, situam-se menos na questão da definição de uma idade mínima, e mais na questão de aumento no tempo de contribuição, que tornará cada vez mais difícil ser alcançado para a concessão do benefício.
Mas, além da França, há a recomendação da União Européia de elevação da idade mínima para 70 anos, até 2060, para seus 27 países membros.
A questão, que se reproduz em nosso país, embora em menor escala, tem a ver com o fato de, enquanto hoje existem 4 trabalhadores para cada aposentado, a expectativa é que em 2060 a proporção de trabalhadores ativos para cada aposentado caia para 2 para 1.
***
Aqui no Brasil, atualmente, para cada idoso, temos 10 pessoas em idade produtiva, o que torna nossa situação mais tranquila, mas nem por isso, menos preocupante.
Ademais, ao contrário da posição de alguns estudos e estudiosos do assunto, que praticamente suprimem qualquer foco mais humanistico, por uma abordagem meramente contábil-financeira, há que se levar em conta, em nosso país, uma série de características que envolvem, inclusive a própria qualidade de trabalho aqui existente.
Destaca-se nesse tipo de estudos o economista Fábio Giambiagi do BNDES, autor de um estudo previdenciário feito praticamente sob encomenda para os interesses do sistema financeiro, que propõe a elevação da idade mínima de aposentadoria de maneira ampla e irrestrita, sem levar em conta, por exemplo, os trabalhadores que exercem atividades que demandam grande esforço físico.
Esses, aos 50 anos, pouco mais, já sentem os efeitos do desgaste a que foram submetidos, podendo transformarem-se em alvo de acidentes e doenças, por força de prolongamento do seu período laboral.
Na mesma situação encontram-se aqueles trabalhadores que desenvolvem trabalhos em condições de repetição de movimentos, ou que exigem características como acuidade visual e reflexos, ou cuja atividade se desenvolve em ambiente de trabalho em condições inadequadas.
***
Ou seja: o problema existe e é sério. E tem de ser objeto de debate por toda a sociedade, em especial para que se encontrem soluções capazes de preservar o sistema de solidariedade representado pelo regime de repartição adotado hoje no sistema previdenciário brasileiro, bem superior à proposta de capitalização, que tanto atrai os arautos do liberalismo e do capitalismo de mercado.
Não é esta minha terra
terra de Neruda?
que muerto estás
mas vive en suyos poemas
Não é este o sangue
que me corre nas veias
arteriais del Prata?
(No está mais acá
el gran poeta
e a la luna ya no se
cantán mas versos.)
Não é este o momento alegre
de cantar versos em língua pátria
quando a poesia tornou-se vazia
e minha inspiração
?adonde estás?
O que tem de pior no discurso eleitoral
De meu ponto de vista, a postura de um candidato que renega o estreitamento das relações de amizade e comércio com países vizinhos.
Ao atacar as relações com a Venezuela de Chaves, a Bolívia de Evo, o Equador, o que Serra faz é confundir o povo, a nação amiga e irmã, com o seu representante de turno.
Ou adota a postura de quem julga - e condena o povo por suas escolhas, que reputa equivocadas, já que em todos esses países vizinhos, gostemos ou não das atitudes adotadas, tem havido eleições e o povo tem votado nos líderes criticados; ou então, depois de ter encontrado refúgio no Chile, há muitos anos atrás, Serra jogou fora parte de sua própria formação e origem (como economista).
Parece também remar contra a idéia que permitiu à Europa, com todas as dificuldades históricas de guerras e etc., tentar superar suas divergências para transformar-se em uma única e forte comunidade.
Ou seja: parece pensar que o que é bom para os países que toma como exemplos de democracia e tolerância, e desenvolvimento, não deve funcionar para nosso continente.
Posiciona-se contrário à integração latino-americana.
E utiliza o discurso de respeito aos direitos humanos e de acusação à postura de pretensos ditadores vizinhos para combater a política do governo Lula, em alinhamento com interesses de países como Estados Unidos, que estão longe de serem exemplos de respeito à vida, aos direitos humanos.
Utiliza também a questão da segurança, e acertadamente a do tráfico de drogas e de armas, para acusar esses países de estarem sendo a origem e a fonte de estímulo á invasão de drogas em nosso país.
Mas nada fala do consumo de drogas do mercado americano, que insiste em prosseguir apesar de toda a segurança e políticas de segurança que aquele país logrou estabelecer.
Nem da situação do México, cada vez mais assolado pela ação criminosa do tráfico, talvez influenciado pela ajuda perniciosa que os traficantes que lá atuam merecem de autoridades do país vizinho.
Em minha opinião, o pior no discurso do candidato do PSDB é o risco de romper a nossa posição, duramente conquistada, de não alinhamento automático, e de uma postura soberana e autônoma, em relação às grandes questões que nos afetam e à toda humanidade.
Ao atacar as relações com a Venezuela de Chaves, a Bolívia de Evo, o Equador, o que Serra faz é confundir o povo, a nação amiga e irmã, com o seu representante de turno.
Ou adota a postura de quem julga - e condena o povo por suas escolhas, que reputa equivocadas, já que em todos esses países vizinhos, gostemos ou não das atitudes adotadas, tem havido eleições e o povo tem votado nos líderes criticados; ou então, depois de ter encontrado refúgio no Chile, há muitos anos atrás, Serra jogou fora parte de sua própria formação e origem (como economista).
Parece também remar contra a idéia que permitiu à Europa, com todas as dificuldades históricas de guerras e etc., tentar superar suas divergências para transformar-se em uma única e forte comunidade.
Ou seja: parece pensar que o que é bom para os países que toma como exemplos de democracia e tolerância, e desenvolvimento, não deve funcionar para nosso continente.
Posiciona-se contrário à integração latino-americana.
E utiliza o discurso de respeito aos direitos humanos e de acusação à postura de pretensos ditadores vizinhos para combater a política do governo Lula, em alinhamento com interesses de países como Estados Unidos, que estão longe de serem exemplos de respeito à vida, aos direitos humanos.
Utiliza também a questão da segurança, e acertadamente a do tráfico de drogas e de armas, para acusar esses países de estarem sendo a origem e a fonte de estímulo á invasão de drogas em nosso país.
Mas nada fala do consumo de drogas do mercado americano, que insiste em prosseguir apesar de toda a segurança e políticas de segurança que aquele país logrou estabelecer.
Nem da situação do México, cada vez mais assolado pela ação criminosa do tráfico, talvez influenciado pela ajuda perniciosa que os traficantes que lá atuam merecem de autoridades do país vizinho.
Em minha opinião, o pior no discurso do candidato do PSDB é o risco de romper a nossa posição, duramente conquistada, de não alinhamento automático, e de uma postura soberana e autônoma, em relação às grandes questões que nos afetam e à toda humanidade.
debate bocas
O debate ontem foi na Record. Serra mais agressivo, muito próximo da faixa de desespero. Dilma, mais contida, bem mais contida, talvez já ciente da diferença apontada nas pesquisas de intenção de voto, que a favorece.
***
Mais uma vez, Dilma mostrou uma dificuldade muito grande de se expressar, de sair do script preparado. A ponto de embaralhar e se confundir com os termos a empregar ao tratar do tema da questão prisional ou penitenciária, no país.
Como na anedota de quem desmarca a reunião agendada para a sexta-feira, por não saber como se redige o dia da semana, preferiu voltar atrás e alterar a estrutura da frase. Menos mal. Logo em seguida se recuperou e empregou a expressão desejada.
Pode-se argumentar que essa dificuldade é comum, e que o importante é o conteúdo transmitido, bem mais que a forma.
Mas é bom lembrar que pode transmitir insegurança.
***
Já Serra embora tivesse demonstrado mais facilidade com as palavras, e maior domínio de palco, mostrou também, por outro lado, falta de conteúdo. Não fora assim, não insistiria, por duas ou três vezes, em mencionar a postura ambivalente, dúbia da sua oponente, trazendo como ilustração a questão, mais uma vez, do aborto.
Subliminarmente o candidato tentava passar e continuar marcando a sua opositora como a imagem que dela tentaram vender, relativa a criancinhas.
Coitada da Dilma! Na juventude, por comunista ou subversiva, comia criancinhas. Agora, em idade mais madura deseja a sua morte.
O que aconteceu? Congestão? A comida lhe fez mal?
***
Por várias vezes o candidato Serra trouxe à baila a questão de a presidente do Conselho de Administração da Petrobrás ter aprovado, durante seu mandato, a privatização da exploração do petróleo, por meio de leilão de lotes de áreas a serem exploradas por empresas privadas, em total de 108, das quais 53 estrangeiras.
Apenas em bloco posterior, quando o assunto já se desviara para outro tema, a candidata, voltando ao tema do petróleo, lembrou que o marco regulatório da exploração do petróleo foi uma das heranças do governo FHC.
Ou seja, sem dar a ênfase que reputo merecida, a candidata assumiu que o que fez foi cumprir a lei e, nesse sentido, permitir que o país tivesse a sua produção de petróleo ampliada.
Mas, perdeu a ênfase. Perdeu o instante. Perdeu, inclusive e mais importante, a oportunidade de fazer uma declaração contundente de suas convicções democráticas, como as do PT, no cumprimento e no respeito ás leis e ao marco regulatório, por pior que pudesse considerá-lo, em vigor.
Está certo que resvalou nessa questão, quando disse que para o pré-sal seu partido preocupou-se em alterar o marco que define as condições de exploração, trazendo-o de volta à responsabilidade exclusiva da Petrobrás.
***
Preocupada em pespegar no PSDB a pecha de privatista, ficou mais preocupada em mencionar a entrevista da segunda-feira na Folha, em que o candidato derrotado ao governo capixaba, correligionário do Serra, atacou o modelo de exploração do petróleo do pré-sal, adotado pelo PT, defendendo a volta da prática anterior.
Por várias vezes, mencionou Luís Paulo Veloso Lucas, apenas para que o Serra deixasse claro que não tem autonomia e luz própria, não pensando pela cabeça de ninguém, embora possa escutar as opiniões divergentes.
Também insistente, e inócua, a tática de continuar afirmando que o nome da Petrobrás seria alterado, retirando e substituindo o bras, brasileiro, por um brax, mais internacional.
***
Parece que a assessoria de Dilma - se é que a candidata utiliza o recurso do ponto eletrônico, se distrai e perde a oportunidade. Apenas no bloco seguinte de sua declaração de autonomia e independência, a candidata apontou o óbvio: a inadequação de Serra a seu próprio partido, em questões cruciais. E, ao invés de explorar essa questão, claramente vinculada à dificuldades que o candidato teria para aprovar matérias no Congresso, podendo não contar com o apoio nem de seus partidários, partiu para outras considerações.
***
Em minha opinião Dilma tentou ser elegante e, acertou no momento em que atacou a agressividade, a falta de elegância e a soberba e arrogância de Serra.
Mencionou que para governar o país, o candidato deve ser mais humilde e reconhecer que depende de outros e não sabe tudo.
Tanto acertou que Serra não se defendeu. Não podia. Fez ouvidos moucos.
***
E acertou também quando, mesmo tentando não deixar o nível do debate se desqualificar, mencionou que Serra rasgou a declaração que fez e registrou em cartório, de que não abandonaria o mandato de Prefeito de São Paulo, pela metade.
Mais uma vez, Serra mudou o assunto, sem ter como se defender, ele que provocara a questão de a candidata falar uma coisa e, logo em seguida, mudar.
Referia-se ao MST e, para espanto meu, o antigo líder da UNE mostrou que envelheceu ou que mudou de idéia, agora na defesa dos direitos de propriedade, de forma mais retrógrada. Inclusive, valendo-se da invasão e LAMBANÇA que o MST patrocinou, ao invadir a fazenda onde a Cutrale praticava a velha e conhecida prática da grilagem, mesmo tendo sido ordenada pela Justiça a desocupar a área.
Serra apelou para a lambança do MST que, em minha opinião perdeu o juízo e a oportunidade de denunciar a grilagem da empresa. Embora seja questão para outra discussão, não posso deixar de dizer aqui, que dono de um discurso que privilegia a produção agrícola e a possibilidade de acesso a terra para quem deseja produzir alimentos, o MST meteu os pés pelas mãos ao destruir produção de frutas, laranjas, Alimentos.
***
Dilma retrucou mais uma vez com acerto, ao lembrar da tragédia e carnificina de Eldorado dos Carajás, mas deixou que a questão se resvalasse para discussão de menor relevância.
***
Em síntese: mais uma vez, poucas foram as propostas apresentadas, se alguma. O que se viu foi a continuidade de um debate requentado, que tem como principal finalidade desqualificar o opositor que apresentar idéias e soluções. Ou discutir questões de fundo para o país.
Entretanto, fico me perguntando: quem ou quantos assitiram ao debate?
Quantos que, assistindo ao debate, não estavam apenas na posição de claque, esperando para ouvir o discurso conhecido de seu escolhido e não interessado em contrapor nenhuma proposta do oponente, com suas convicções?
***
Afinal, o debate ajuda a decidir o seu voto? Alterou o voto de alguém ontem, ou nos debates travados antes?
Fica no ar a dúvida: tal como as pesquisas, o debate tem condição de alterar o voto de quem já se definiu e, parece, vai levar a candidata Dilma a se tornar a primeira presidenta do país?
Por que, pelo andar da carruagem, só a explosão de uma bomba muito destruidora, e por isso mesmo muito implausível, poderia mudar o ambiente que vai se conformando, para a alegria de uns e desespero de outros.
***
Mais uma vez, Dilma mostrou uma dificuldade muito grande de se expressar, de sair do script preparado. A ponto de embaralhar e se confundir com os termos a empregar ao tratar do tema da questão prisional ou penitenciária, no país.
Como na anedota de quem desmarca a reunião agendada para a sexta-feira, por não saber como se redige o dia da semana, preferiu voltar atrás e alterar a estrutura da frase. Menos mal. Logo em seguida se recuperou e empregou a expressão desejada.
Pode-se argumentar que essa dificuldade é comum, e que o importante é o conteúdo transmitido, bem mais que a forma.
Mas é bom lembrar que pode transmitir insegurança.
***
Já Serra embora tivesse demonstrado mais facilidade com as palavras, e maior domínio de palco, mostrou também, por outro lado, falta de conteúdo. Não fora assim, não insistiria, por duas ou três vezes, em mencionar a postura ambivalente, dúbia da sua oponente, trazendo como ilustração a questão, mais uma vez, do aborto.
Subliminarmente o candidato tentava passar e continuar marcando a sua opositora como a imagem que dela tentaram vender, relativa a criancinhas.
Coitada da Dilma! Na juventude, por comunista ou subversiva, comia criancinhas. Agora, em idade mais madura deseja a sua morte.
O que aconteceu? Congestão? A comida lhe fez mal?
***
Por várias vezes o candidato Serra trouxe à baila a questão de a presidente do Conselho de Administração da Petrobrás ter aprovado, durante seu mandato, a privatização da exploração do petróleo, por meio de leilão de lotes de áreas a serem exploradas por empresas privadas, em total de 108, das quais 53 estrangeiras.
Apenas em bloco posterior, quando o assunto já se desviara para outro tema, a candidata, voltando ao tema do petróleo, lembrou que o marco regulatório da exploração do petróleo foi uma das heranças do governo FHC.
Ou seja, sem dar a ênfase que reputo merecida, a candidata assumiu que o que fez foi cumprir a lei e, nesse sentido, permitir que o país tivesse a sua produção de petróleo ampliada.
Mas, perdeu a ênfase. Perdeu o instante. Perdeu, inclusive e mais importante, a oportunidade de fazer uma declaração contundente de suas convicções democráticas, como as do PT, no cumprimento e no respeito ás leis e ao marco regulatório, por pior que pudesse considerá-lo, em vigor.
Está certo que resvalou nessa questão, quando disse que para o pré-sal seu partido preocupou-se em alterar o marco que define as condições de exploração, trazendo-o de volta à responsabilidade exclusiva da Petrobrás.
***
Preocupada em pespegar no PSDB a pecha de privatista, ficou mais preocupada em mencionar a entrevista da segunda-feira na Folha, em que o candidato derrotado ao governo capixaba, correligionário do Serra, atacou o modelo de exploração do petróleo do pré-sal, adotado pelo PT, defendendo a volta da prática anterior.
Por várias vezes, mencionou Luís Paulo Veloso Lucas, apenas para que o Serra deixasse claro que não tem autonomia e luz própria, não pensando pela cabeça de ninguém, embora possa escutar as opiniões divergentes.
Também insistente, e inócua, a tática de continuar afirmando que o nome da Petrobrás seria alterado, retirando e substituindo o bras, brasileiro, por um brax, mais internacional.
***
Parece que a assessoria de Dilma - se é que a candidata utiliza o recurso do ponto eletrônico, se distrai e perde a oportunidade. Apenas no bloco seguinte de sua declaração de autonomia e independência, a candidata apontou o óbvio: a inadequação de Serra a seu próprio partido, em questões cruciais. E, ao invés de explorar essa questão, claramente vinculada à dificuldades que o candidato teria para aprovar matérias no Congresso, podendo não contar com o apoio nem de seus partidários, partiu para outras considerações.
***
Em minha opinião Dilma tentou ser elegante e, acertou no momento em que atacou a agressividade, a falta de elegância e a soberba e arrogância de Serra.
Mencionou que para governar o país, o candidato deve ser mais humilde e reconhecer que depende de outros e não sabe tudo.
Tanto acertou que Serra não se defendeu. Não podia. Fez ouvidos moucos.
***
E acertou também quando, mesmo tentando não deixar o nível do debate se desqualificar, mencionou que Serra rasgou a declaração que fez e registrou em cartório, de que não abandonaria o mandato de Prefeito de São Paulo, pela metade.
Mais uma vez, Serra mudou o assunto, sem ter como se defender, ele que provocara a questão de a candidata falar uma coisa e, logo em seguida, mudar.
Referia-se ao MST e, para espanto meu, o antigo líder da UNE mostrou que envelheceu ou que mudou de idéia, agora na defesa dos direitos de propriedade, de forma mais retrógrada. Inclusive, valendo-se da invasão e LAMBANÇA que o MST patrocinou, ao invadir a fazenda onde a Cutrale praticava a velha e conhecida prática da grilagem, mesmo tendo sido ordenada pela Justiça a desocupar a área.
Serra apelou para a lambança do MST que, em minha opinião perdeu o juízo e a oportunidade de denunciar a grilagem da empresa. Embora seja questão para outra discussão, não posso deixar de dizer aqui, que dono de um discurso que privilegia a produção agrícola e a possibilidade de acesso a terra para quem deseja produzir alimentos, o MST meteu os pés pelas mãos ao destruir produção de frutas, laranjas, Alimentos.
***
Dilma retrucou mais uma vez com acerto, ao lembrar da tragédia e carnificina de Eldorado dos Carajás, mas deixou que a questão se resvalasse para discussão de menor relevância.
***
Em síntese: mais uma vez, poucas foram as propostas apresentadas, se alguma. O que se viu foi a continuidade de um debate requentado, que tem como principal finalidade desqualificar o opositor que apresentar idéias e soluções. Ou discutir questões de fundo para o país.
Entretanto, fico me perguntando: quem ou quantos assitiram ao debate?
Quantos que, assistindo ao debate, não estavam apenas na posição de claque, esperando para ouvir o discurso conhecido de seu escolhido e não interessado em contrapor nenhuma proposta do oponente, com suas convicções?
***
Afinal, o debate ajuda a decidir o seu voto? Alterou o voto de alguém ontem, ou nos debates travados antes?
Fica no ar a dúvida: tal como as pesquisas, o debate tem condição de alterar o voto de quem já se definiu e, parece, vai levar a candidata Dilma a se tornar a primeira presidenta do país?
Por que, pelo andar da carruagem, só a explosão de uma bomba muito destruidora, e por isso mesmo muito implausível, poderia mudar o ambiente que vai se conformando, para a alegria de uns e desespero de outros.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Prelúdio
Passo o dia trabalhando
e você, até poderia dizer que me vendi
talvez reclamasse ao ver
o nó da gravata, torto.
Transformo-me em máquina
e tento achar a minha tecla de cifrão
e você, que eu procuro pela noite
parece se encontrar com ela no infinito
Sinto sua falta
Gostaria de estar com você
te conhecendo melhor
te curtindo, essa cabeça
que avança em ritmo de abertura
Passo as noites sozinho
e você talvez se deite em frente
ao aparelho de TV e adormece
( e dormindo
não podes saber que te busco).
Despindo as fantasias
Jogue fora a fantasia
veja o que sobrou de nós
o que restou de mil planos
dos enganos, mil fracassos
o que restou dos abraços
destes braços, do calor
o que ficou dos projetos
destruídos, só rancor.
o que ficou destes anos
das neuroses deste amor
Jogue fora a fantasia
prá esquecer o que passou
e enterrando o passado
resgatar o que sobrou
jogue fora a fantasia
para vivermos afinal
jogue fora a fantasia
vamos viver o real.
domingo, 24 de outubro de 2010
Esportiva
Tenho que admitir que 4 a 3 é um placar que todos nós, atleticanos, não imaginávamos possível de acontecer, nem mesmo em nossos momentos de maior devaneio.
E tenho de admitir também meu alívio, ao final do jogo, quando percebi que não ia se configurar a frase que ficou martelando minha cabeça, ao menos a partir dos 32 minutos do segundo tempo. A frase que diz que jogamos como nunca e o resultado foi como sempre.
Não foi. O resultado não foi o mesmo das últimas partidas, embora ... por pouco.
Sou atleticano há muito tempo e muito seguro de minha paixão, para poder admitir que demos muita sorte.
OK, ganhamos e nem foi com gol de mão roubado, aos 48 minutos do segundo tempo.
A mim não me agrada e eu não concordo com a frase de que para vencer vale tudo. Por uma razão simples. Não é uma mera frase. Arrisca ser a expressão de uma filosofia ou uma postura de vida.
Consagrada há muito tempo como a lei de Gerson, embora o nome seja uma homenagem talvez injusta a um garoto propaganda ingênuo (como garoto propaganda!, vamos deixar claro!)
Ganhamos com sorte, e dizem que os vencedores têm que ser bafejados mesmo pelos Deuses.
Menos mal.
Deu Galo!! E saímos, finalmente, da região em que Vanderlei Luxemburgo nos colocou e nos deixou: o rebaixamento.
Como ainda não está nada assegurado, vale o alerta. Por que jogamos como time grande no primeiro tempo e depois como time pequeno, de segunda categoria, no tempo final?
Porque no segundo tempo corremos todos para a defesa, protagonizando um agoniante e terrível ataque contra defesa.
Porque parece que, apesar dos gritos de Dorival Júnior, à beira do campo, mandando o time avançar e jogar, nós vimos o time, em campo, adotar o complexo de cachorro vira-latas, de que nos falava Nélson Rodrigues?
E tenho de admitir também meu alívio, ao final do jogo, quando percebi que não ia se configurar a frase que ficou martelando minha cabeça, ao menos a partir dos 32 minutos do segundo tempo. A frase que diz que jogamos como nunca e o resultado foi como sempre.
Não foi. O resultado não foi o mesmo das últimas partidas, embora ... por pouco.
Sou atleticano há muito tempo e muito seguro de minha paixão, para poder admitir que demos muita sorte.
OK, ganhamos e nem foi com gol de mão roubado, aos 48 minutos do segundo tempo.
A mim não me agrada e eu não concordo com a frase de que para vencer vale tudo. Por uma razão simples. Não é uma mera frase. Arrisca ser a expressão de uma filosofia ou uma postura de vida.
Consagrada há muito tempo como a lei de Gerson, embora o nome seja uma homenagem talvez injusta a um garoto propaganda ingênuo (como garoto propaganda!, vamos deixar claro!)
Ganhamos com sorte, e dizem que os vencedores têm que ser bafejados mesmo pelos Deuses.
Menos mal.
Deu Galo!! E saímos, finalmente, da região em que Vanderlei Luxemburgo nos colocou e nos deixou: o rebaixamento.
Como ainda não está nada assegurado, vale o alerta. Por que jogamos como time grande no primeiro tempo e depois como time pequeno, de segunda categoria, no tempo final?
Porque no segundo tempo corremos todos para a defesa, protagonizando um agoniante e terrível ataque contra defesa.
Porque parece que, apesar dos gritos de Dorival Júnior, à beira do campo, mandando o time avançar e jogar, nós vimos o time, em campo, adotar o complexo de cachorro vira-latas, de que nos falava Nélson Rodrigues?
Tudo que é sólido desmancha no ar
Ao chegar hoje ao supermercado para fazer as compras do que ainda faltava, fui chamado pelo João.
Queria que, na volta, eu pudesse responder-lhe uma pergunta. Mas queria ter tempo para formular melhor sua dúvida.
Em minha volta, foi direto: a frase tudo que é sólido desmancha no ar, que ele leu no Manifesto tem conteúdo filosófico ou econômico?
Expliquei-lhe, em breves palavras e na medida que é possivel, parado em pé na esquina onde João vende suas revistas e jornais, o conceito de dialética. E ilustrei com exemplos de economia, em especial, a questão tão cara a Marx, da classe capitalista que, quanto mais desenvolve suas forças, mais ajuda a desenvolver, também - e por isso mesmo, os germes de sua posterior derrocada.
Mas eu podia usar como ilustração a agressão ao Serra, no Rio de Janeiro. Aquela da fita crepe, ou outro objeto qualquer, até agora o melhor exemplo de OVNI jamais identificado.
Porque é inegável que, entre o peso de 0,5 quilo, alegado pelo candidato, ou os 2 kg mencionados pelo seu companheiro de chapa, o candidato a vice Índio, há um distância tão grande quanto a distância entre a bolinha de papel e a imagem digitalizada, gravada, decomposta quadro a quadro e analisada pelo professor de jornalismo gráfico, no Rio Grande do Sul.
Está lá no blog de Paulo Henrique Amorim, o Conversa Afiada, para quem quiser ver: o objeto não identificado que acerta a cabeça de Serra não vem de nenhuma direção antes de alcançá-lo, nem vai para nenhuma outra direção depois do choque com a cabeça do candidato.
Em suma: analisado os quadros anteriores e imediatamente posterior, o que se chocou contra o candidato aparece apenas, e tão somente, no quadro em que há o pretenso choque.
Está aí o exemplo vivo de que tudo que é sólido, mesmo que seja uma fita crepe, pode se desfazer no ar. Pelo menos em campanha eleitoral no Brasil.
Ainda bem que o ombudsman da Folha admite que o jornal mesmo, e ele pessoalmente, não está convencido que a imagem captada pelo celular do jornalista da própria Folha mostrasse realmente qualquer objeto.
Ainda na Folha há um texto excelente de um professor de física có smica. Ali ele comenta a descoberta de uma nova galáxia, tão distante de nosso planeta - mais de 13 bilhões de anos-luz, que pode ser que a luz, agora captada seja de uma galáxia que já não existe mais. Que já se desfez, no ar. Ou já se transformou em outra coisa.
Ao ler a nota, lembrei-me de Jostein Gaarder, filósofo que ganhou destaque por seu famoso O mundo de Sofia. Em seu livro, ao final, discute exatamente essa mesma questão: a de que, dado que a luz leva tempo para chegar a nossos olhos, podemos estar vendo hoje, no universo, coisas que já existiram - e mandaram sua energia para nós - a muitos anos atrás, e já inexistentes hoje.
O que me remeteu a Shakespeare: há mais coisas entre o céu e a terra, que supõe a nossa vã filosofia.
Queria que, na volta, eu pudesse responder-lhe uma pergunta. Mas queria ter tempo para formular melhor sua dúvida.
Em minha volta, foi direto: a frase tudo que é sólido desmancha no ar, que ele leu no Manifesto tem conteúdo filosófico ou econômico?
Expliquei-lhe, em breves palavras e na medida que é possivel, parado em pé na esquina onde João vende suas revistas e jornais, o conceito de dialética. E ilustrei com exemplos de economia, em especial, a questão tão cara a Marx, da classe capitalista que, quanto mais desenvolve suas forças, mais ajuda a desenvolver, também - e por isso mesmo, os germes de sua posterior derrocada.
Mas eu podia usar como ilustração a agressão ao Serra, no Rio de Janeiro. Aquela da fita crepe, ou outro objeto qualquer, até agora o melhor exemplo de OVNI jamais identificado.
Porque é inegável que, entre o peso de 0,5 quilo, alegado pelo candidato, ou os 2 kg mencionados pelo seu companheiro de chapa, o candidato a vice Índio, há um distância tão grande quanto a distância entre a bolinha de papel e a imagem digitalizada, gravada, decomposta quadro a quadro e analisada pelo professor de jornalismo gráfico, no Rio Grande do Sul.
Está lá no blog de Paulo Henrique Amorim, o Conversa Afiada, para quem quiser ver: o objeto não identificado que acerta a cabeça de Serra não vem de nenhuma direção antes de alcançá-lo, nem vai para nenhuma outra direção depois do choque com a cabeça do candidato.
Em suma: analisado os quadros anteriores e imediatamente posterior, o que se chocou contra o candidato aparece apenas, e tão somente, no quadro em que há o pretenso choque.
Está aí o exemplo vivo de que tudo que é sólido, mesmo que seja uma fita crepe, pode se desfazer no ar. Pelo menos em campanha eleitoral no Brasil.
Ainda bem que o ombudsman da Folha admite que o jornal mesmo, e ele pessoalmente, não está convencido que a imagem captada pelo celular do jornalista da própria Folha mostrasse realmente qualquer objeto.
Ainda na Folha há um texto excelente de um professor de física có smica. Ali ele comenta a descoberta de uma nova galáxia, tão distante de nosso planeta - mais de 13 bilhões de anos-luz, que pode ser que a luz, agora captada seja de uma galáxia que já não existe mais. Que já se desfez, no ar. Ou já se transformou em outra coisa.
Ao ler a nota, lembrei-me de Jostein Gaarder, filósofo que ganhou destaque por seu famoso O mundo de Sofia. Em seu livro, ao final, discute exatamente essa mesma questão: a de que, dado que a luz leva tempo para chegar a nossos olhos, podemos estar vendo hoje, no universo, coisas que já existiram - e mandaram sua energia para nós - a muitos anos atrás, e já inexistentes hoje.
O que me remeteu a Shakespeare: há mais coisas entre o céu e a terra, que supõe a nossa vã filosofia.
Poema- a treva que engoliu o sonho
A TREVA QUE ENGOLIU O SONHO
Cadê o doce
que estava aqui?
Gato comeu
Alguém correu
Eu sei que o doce desapareceu
Alguém comeu
E não fui eu
Que ainda mantenho esse gosto amargo
Na boca maldita
Escancarada, à noite banguela
Onde se reflete o céu
E a escuridão
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Não me perguntem por quem os sinos dobram
Tomo emprestada a frase de Hemingway, extraída de uma das passagens mais geniais e que mais me emocionaram, para comentar a morte trágica do rapaz atingido por um taco de beisebol na Livraria Cultura, em São Paulo.
OK, a morte é o objetivo e fim último, sem trocadilho, de nossa existência terrena. E o que o rapaz fora um dia, já estava morto desde a data da agressão sofrida.
Mas, ainda assim, a morte nessas circunstâncias choca, ao menos a mim. E o que tem de chocante é que escancara, para todos nós, a fragilidade da vida.
Todos sabemos disso, claro. Mas nada como, às vezes, sermos chamados à razão e tomarmos o susto que nos faz perceber que episódios como o de Henrique Pereira Carvalho, 22 anos, poderiam, podem acontecer a qualquer um de nós. A qualquer momento.
Não sei quem era Henrique. Não sei quem são seus pais.
Mas não me pergunte, porque choro por dentro. E porque o homenageio.
Os sinos dobram por todos nós.
OK, a morte é o objetivo e fim último, sem trocadilho, de nossa existência terrena. E o que o rapaz fora um dia, já estava morto desde a data da agressão sofrida.
Mas, ainda assim, a morte nessas circunstâncias choca, ao menos a mim. E o que tem de chocante é que escancara, para todos nós, a fragilidade da vida.
Todos sabemos disso, claro. Mas nada como, às vezes, sermos chamados à razão e tomarmos o susto que nos faz perceber que episódios como o de Henrique Pereira Carvalho, 22 anos, poderiam, podem acontecer a qualquer um de nós. A qualquer momento.
Não sei quem era Henrique. Não sei quem são seus pais.
Mas não me pergunte, porque choro por dentro. E porque o homenageio.
Os sinos dobram por todos nós.
Se é para privatizar...
Já não sangram
minhas veias
meus rios de ouro
ricos
Já não brotam meus risos
no clarão dos dentes
da prata
preta.
Já não sangram
as veias
velhas
vencidas
latino-americanas
vendidas.
pivete na esquina
Pivete na esquina
investindo contra os carros
avançando nos sinais
conduzindo nas mãos sujas,
balas, doces, biscoitos
chicletes, drops, jornais.
No jornal outra manchete
estampando o trombadinha
Pivete, corre pivete
puxa o canivete pro fiscal
corre em direção à avenida
foge do policial
e tal qual fera ferida
resiste prá não perder a vida.
No barraco um choro novo
sinaliza mais um pivete no mundo
pobre, sem futuro ou esperança
tudo bem, na mais perfeita bonança
na zona sul otimista
o out-door comemora:
ano internacional da criança.
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