quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Curiosidade que não quer calar

Tendo que trabalhar no primeiro ano de mandato com o Orçamento aprovado pela legislatura anterior, baseado em projeto de lei orçamentária encaminhado pelo executivo cujo mandato está se esgotando, como o Serra terá condições de elevar o salário mínimo - sem trazer maiores transtornos para as contas da Previdência - para os 600 reais que ele tem prometido e se comprometido a fazer?
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Como, ao mesmo tempo, ele vai promover o corte de gastos públicos, destinado a obter a redução do grau de endividamento e permitir a redução da Selic, atualmente sua grande preocupação e, em minha humilde opinião, preocupação correta, pelo menos no que se refere à redução da Selic?

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Como vai aumentar os recursos utilizados do orçamento da seguridade social, para pagar o 13° do Bolsa Família, o que nos remete à questão já mencionada na primeira dúvida, do rombo da Previdência e da questão de como financiar esse gasto?

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Como vai duplicar as despesas com Educação, em orçamento onde as despesas para essa área já estão contidas pela aprovação de DRU´s, que tolhem a verba destinada exatamente a essa pasta? Em tempo: DRU são as desvinculações das receitas da União, que permite que a Constituição não seja obedecida, no que tange ao que é tratado como engessamento, a saber: obrigar a alocação de um percentual fixo para certas áreas, como a Educação.
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Porque o Serra não se comprometeu em investir em Educação o montante que Plínio pediu que ele se comprometesse a adotar em todos os debates em que esteve presente, e que levou o candidato do PSOL à constatação de que o candidato Serra e seu discurso merecessem qualquer análise séria?
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Como Serra vai duplicar o número de professores em sala, dobrando os gastos mais volumosos na área de Educação, que é, fora o lucro dos empresários (custo econômico, pela definição de fatores de produção) o gasto com pessoal?

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Como o professor Serra que tratou seus colegas de profissão e carreira  a pão e água, razão das várias greves do professorado público em São Paulo, sempre remunerando aquém do requisitado irá conseguir recrutar profissionais para trabalharem nessa área, para a qual ele sempre mostrou tanto desdém?
Quem irá querer trabalhar para um professor que já deu provas evidentes de não ser bom patrão?
E que qualidade de profissionais irá se prestar a trabalhar a salários que são considerados de fome?

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Qual o nível de qualidade da educação pode-se esperar de um governo de quem, depois de promover um processo de avaliação de professores, para justificar que eles não mereciam melhores remunerações, desqualificando-os à frente da população do estado bandeirante, acabou tendo que admitir que esses professores permanecessem em sala de aula, por falta de tempo de recrutamento de outros mestres e, talvez até de interessados?

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Como Serra vai criar o Ministério da Segurança, criar uma Força Especial de patrulhamento da fronteira, etc., inchando a máquina pública que ele mesmo condena ter sido já suficientemente inchada por Lula?

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Como o economista Serra critica a elevação do preço da carne, e de gêneros alimentícios, tratando tais aumentos como se fossem decorrentes de descaso das políticas agrícolas e pecuária do governo Lula, quando todo o setor produtivo tem mostrado satisfação por estar elevando sua produtividade, exceto algumas queixas localizadas de verba de custeio e financiamento de safra decididas com atraso, mas asseguradas. Ou seja, em condições de permitir o agricultor plantar com recursos próprios, para obter o financiamento governamental, compensatório, em meio ao processo produtivo?
Repito, como Serra critica a alta do preço de produtos que toda a mídia aponta como sendo de responsabilidade da demanda?
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Por que houve aumento de demanda externa por carne, no momento em que o gado foi em grande parte abatido por falta de estímulo ao setor, inclusive com o abate de matrizes, por falta de consumo?
Como pode a demanda externa da melhoria da condição de vida de povos como os chineses, ser responsabilidade da política do governo Lula?
E, no âmbito interno, como o economista nega a crescente elevação de demanda que encarece sim o preço dos produtos a que, pela vez primeira a população dita mais carente está tendo acesso?
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Serra vai conseguir responder a minhas indagações privatizando para obter recursos extraordinários? Vendendo patrimônio público, financiado com recursos de gerações de brasileiros, e com perspectivas de lucro (caso contrário ninguém irá desejar tal patrimônio!)? Ou vai fazer uma reforma tributária ou propor a aprovação de uma reforma que irá elevar em muito a carga que hoje já se considera exagerada?
Ou vai demitir funcionários públicos para enxugar a máquina, debilitando a capacidade de o Estado proporcionar serviços públicos à população e fortalecendo os argumentos dos que criticam a inoperância e incapacidade de atuação do mesmo Estado falido?

Ou Serra pretende se tornar o oposto do que sempre quis ser? Transformar-se naquilo que sempre combateu, um mentiroso? Demagogo? Que faz um discurso agora com a certeza de que, em ganhando, não precisará de cumprir suas promessas?

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Mas, a julgar pelas pesquisas, porque tanta preocupação de minha parte com quem não deve, felizmente para minhas dúvidas e minha tranquilidade, ganhar?

Um comentário:

Unknown disse...

O Serra está igual ao Ademir Lucas na eleições municipais para prefeitura de Contagem em 2008, prometendo fazer milagres onde não tem santo, Ademir lucas vendo que não iria ganhar a eleição prometeu luz de graça para todo o povo de Contagem. O serra se ganhar a eleição não vai fazer nada que está prometendo e ainda vai por a culpa no governo passado, em exemplo: não deu para aumentar o salario minimo para R$ 600,00 pq o governo anterior (Lula) deixou um grande deficit para o nosso governo.