domingo, 10 de outubro de 2010

Da propaganda na tv

Pois é! Não postei nada ontem, primeiro para poder dar descanso aos amigos e leitores. Depois, para poder acompanhar, de forma mais atenta à propaganda eleitoral e, quem sabe, ter mais munição e argumentos para algum novo comentário.
Pois bem, a verdade é que fiquei surpreso e impressionado.
Impressionado com a qualidade técnica dos programas e, em especial, devo admitir, com o programa de propaganda do Serra. Claro, não sou analista de publicidade e marketing. Estou comentando como telespectador, apenas.
Achei a qualidade boa, mas minha opinião não deveria servir a não ser como manifestação de um curioso.
Mas... se me impressionou a técnica, mais impressionado fiquei com a mensagem passada.
Afinal, o professor Serra havia prometido, nessa fase que antecede ao segundo turno, fazer uma campanha mais propositiva.
Confesso que consultei o Minidicionário Silveira Bueno, o Aurélio, até o Google, o pai dos burros da era informática, para descobrir o significado de propositivo. Tudo em vão.
Não vi, em nenhum lugar consultado, a existência ou o sinônimo  de propositivo. Por analogia, busquei então descobrir um sentido ao termo. Se propositivo deriva de proposta, então creio que o que o candidato estava insinuando é que, aproveitaria a campanha publicitária agora, para poder apresentar propostas. Claro, não haveria sentido se não fossem propostas de governo.
Então, acreditei que propositiva seria a campanha, por informar ao eleitorado, finalmente, e aproveitando que agora se afunilaram as opções, o que o candidato Serra vai querer propor. O que vai desejar fazer. Ou seja, o Plano de Governo de Serra.
Como aluno que fui, da Unicamp, sei bem da extrema competência e capacidade do Professor Serra, secretário de planejamento, ministro da mesma pasta nos governos peessedebistas tais como Montoro, Covas e FHC.
Entretanto, para minha surpresa, não vi proposta alguma. Todo o conteúdo do programa foi para falar do passado. Do passado do candidato, inúmeras vezes eleito deputado, senador, prefeito e governador.
Convenhamos, ter um candidato como o professor Serra para poder votar é, junto a outras, uma das vantagens de nascer e morar e poder votar em São Paulo. É o voto em um candidato que a gente sabe, vai ser um representante nosso na Câmara, capaz de valorizar nosso voto.
Mas, daí a, por ter sido eleito, passar todo o programa comparando-se à candidatura concorrente, posando de superior apenas porque a outra candidatura não foi testada nas urnas, é muito pouco até mesmo para a estatura do Serra.
Onde a proposição? Gato comeu? Escondeu-se, como foi escondida, envergonhada, a presença de FHC nas peças da campanha na primeira fase?
Sem ter motivos para defender a candidatura de Dilma que, de fato nunca concorreu a qualquer cargo eletivo, devemos lembrar que Dilma foi presidente do Instituto de Estatísticas do Rio Grande do Sul. Foi secretária do governo gaúcho, inclusive na estratégica área de energia. Foi Ministra, de duas pastas tanto quanto Serra. Com a diferença de que Serra, até por motivos que concordo e relacionados à exorbitante e vergonhosa política de juros que estava sendo praticada no ínicio do Plano Real, por discordar da política, Serra ficou contra o governo de que fazia parte. E foi defenestrado do governo para tentar uma candidatura de aventura, à prefeitura paulistana. De onde saiu derrotado.
No segundo mandato, como Ministro da Saúde sim, ele pode dizer que foi governo e brilhou.
Pois bem, Dilma foi Ministra do governo todo o tempo. E esteve todo o tempo ao lado, companheira e solidária, do presidente Lula.
Sem querer propor uma comparação aqui, entre um mandato e outro, ou os dois mandatos de Lula versus o de seu antecessor, é importante assinalar apenas que Dilma tem sim, experiência administrativa. E essa é a característica que conta, para quem quer ocupar o posto de principal executivo(a) do País.
Em resumo: de propositiva a propaganda de Serra não teve nada. Nada apresentou de proposta ou projeto, exceto as promessas anteriores, que Marina mesmo já havia denunciado como eleitoreiras e demagógicas.
De resto, também não vi proposta alguma no horário da candidata Dilma. Apenas promessas de continuar o PAC, continuar o governo Lula, etc.
Era hora de melhorar, em minha opinião, muitas das coisas boas que o governo Lula construiu, sem dúvida. Até mesmo o PAC que, muito anunciado, pouco avançou ou saiu do papel, a julgar pelos valores despendidos confrontados com os valores programados.
E cá para nós, se o Serra continuar, além de voltado ao passado, insistindo em mostrar como era carolinha; como era  bonitinho  fazendo primeira comunhão, ou seja, se continuar, mesmo que subliminarmente, trazendo a religião (e a questão do aborto) para a campanha, perdeu uma grande oportunidade de valorizar e honrar o que sempre representou e de honrar e valorizar seu passado. Acho.

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