Ninguém é ingênuo. As empresas de comunicação são, antes de mais nada, empresas. Capitalistas. Visam lucro. E é inegável que várias prestam um serviço de utilidade pública muito importante. Mas, aqui estou chovendo no molhado. Afinal, elas são concessões do poder público exatamente para prestarem utilidade pública.
E, como empresas capitalistas, que tenham lá seus interesses, eu entendo. Caso do Estadão, que perdeu a vergonha e acabou revelando a todos o que já era suficientemente conhecido. O Estadão apóia o Serra. E não vejo mal algum nisso, já que acho o Serra preparado. Competente. Mesmo que venda uma imagem que não agrada muito nem a seus seguidores.
Acho até que é melhor o jornal admitir e deixar claro a quem apóia, para que todos possam ponderar o que ele publica a respeito de cada um dos candidatos. Só acho que deve dar espaços semelhantes a cada um deles. Inclusive aos considerados adversários.
O mesmo penso da Folha, jornal que assino há mais de 30 anos. A Folha que sempre foi simpática ao Maluf, mesmo negando apoiá-lo. O problema é que a gente percebia, nas entrelinhas.
Poucos discordarão de que a Folha estava apoiando o Serra. E continua.
Também não vejo problema aí. O Estado de Minas, dos Diários Associados e, junto com o Correio da capital federal, os carros-chefes daquele Condomínio, apoiou o Aécio. Escancaradamente. Como o Tempo e o Jornal Pampulha também o fizeram apoiando o Serra e Aécio e Anastasia.
Mas, se entendo, não consigo ficar calado com a alteração de postura da Folha. E não é de agora, ou por causa das eleições.
Vem já desde a mudança ou reformulação do projeto editorial, quando dispensaram o Professor Paulo Nogueira Batista Jr., professor da FGV, Representante do Brasil no FMI.
Pois a tal reformulação acabou com o caderno de Economia. Criou um tal de Mercado, muito mais moderninho, mais ligado ao Marketing.
Nada contra mudar. Ao contrário. Mas querer trocar textos mais sérios, por outros, considerados mais light, é de doer.
E nem foi só o professor. A Ilustrada mudou, para pior, em minha opinião. E o caderno de domingo, Ilustríssima, também sofreu uma repaginação. Ficou mais moderninha, mais fácil de ser lida, até porque com muito menos conteúdo.
Em minha opinião, tirando a Rosely Sayão, no caderno Equilíbrio; o professor Pasquale Cipro, com suas sempre oportunas colunas de português e o impagável e cada vez mais divertido Zé Simão, ficou muito pouco. O Clóvis Rossi, a coluna do Elio Gaspari e uma ou outra, que são muito pouco, para quem já teve, só na minha área de Economia, o próprio Serra, o Inácio Rangel, a professora Maria da Conceição Tavares, e tantos outros.
É uma pena.
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