quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A internet a serviço da campanha suja

Pena que estejamos chegando a esse nível. Ou não. Apenas devemos lamentar e constatar que, em meio a tanto  lixo que propaga, a internet, claro, acabaria se prestando a fazer a parte suja, rasteira da campanha eleitoral. Afinal, que a internet é uma excelente fonte de consulta, pesquisa e informação, muita gente já comentou.
Mas, por ser aberta, e livre, permite também que muito lixo seja divulgado. Informações falsas, infundadas.
Talvez não pudesse ser diferente no calor de uma campanha eleitoral. E tome emails.
De Serra mandando a polícia militar rechaçar e, depois, reprimir, com violência, a manifestação de professores paulistas, em greve.
E daí, a mensagem de que Serra acabou com a educação em São Paulo.
Do outro lado, a mensagem, sempre com o pedido, espalhe para sua lista de contatos, de que Dilma está reivindicando o seu direito, de ter uma indenização, a chamada bolsa guerrilha.
Olha, minha memória não permite dizer se as fotos da polícia militar avançando contra os professores foi no governo Serra ou no seu antecessor. Mas, estou seguro de que houve sim, movimento de professores, inclusive com paralisação e greve, reivindicando aumento salarial e melhorias das condições de trabalho em São Paulo.
Embora professor de origem, a política de remuneração adotada por Serra, para com seus colegas de ofício não criou satisfação na categoria. Muito pelo contrário.
Agora, o que me surpreende é a mensagem contra a Dilma, que acha um absurdo e critica o fato de ela estar exercendo um direito que é dela.
Que democrata que poderia estar criticando uma pessoa por estar exercendo um direito, característica principal de um Estado de Direito?
Por favor: baixar o nível assim é demais.
Porque uma coisa é ser contrário à lei, e querer discuti-la ou até revogá-la; ou aceitando os argumentos que embasam a sua aprovação, querer discutir limites mais rigorosos à sua aplicação. Em especial, no tocante a valores de indenização.
Outra bem diferente é ser contrário ao exercício do direito. E criticar esse exercício, apenas porque a pessoa não precisa ou tem mais que o que está pretendo obter.
A mesquinhez e mediocridade de quem é a origem desses emails é tal que não percebe que se trata de algo muito maior que o mero valor pecuniário- por maior ou menor que ele seja - mas a luta pelo reconhecimento de um prejuízo sofrido e já reconhecido como lesivo.

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