A gente enterra tanta coisa
As nossas frustrações, nossos anseios
Nossas opiniões e nossos medos
A gente enterra na memória
As ilusões e até o caso de amor
Que mudaria nossa história
E desde o tempo mais antigo, a gente aprende
A enterrar o nosso umbigo e até um dente
E a enterrar no algodão
Até o grão de feijão, feito semente
Tem gente que enterra dinheiro
Na ilusão de que um dia
Venha a chover na nossa horta
E quem sabe então,
Trazida pela tempestade
A sorte bata à nossa porta
A gente ganhe um milhão
Ou talvez a felicidade
A gente enterra o trigo, o alimento
O cachorro enterra o osso
Para comer noutro momento
E sem mesmo saber o porquê
A galinha enterra o milho
Tem gente que enterra o filho
E junto enterra a vontade de viver
Até que um dia
O nosso ciclo se encerra
E sob a forma de poeira que nós somos
Deixamo-nos depositar junto à mãe terra
2 comentários:
Ah! Ja que agora esta afundando no meio digital renda-se ao twitter e divulgue as publicações lá! @samuelviterbo
Poema lindo, muito tocante!
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